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Líbia
País do norte de África, limitado a norte pelo Mar Mediterrâneo, a leste pelo Egito e pelo Sudão, a
sul pelo Chade e pelo Níger e a oeste pela Argélia e pela Tunísia. Sua capital é Trípoli. Cidades: Trípoli
(997.065), Benghazi (622.148), Misratah (511.628) (2006). A grande maioria da população vive na faixa
costeira do Mar Mediterrâneo. É o país com o maior IDH da África (0,847) e um dos três do continente que
apresentam IDH alto (os outros dois são Seicheles e Maurícia).
Geografia
Banhada pelo Mar Mediterrâneo e ladeado pelo Egito e pela Tunísia, a Líbia divide-se em três
regiões geográficas: a Cirenaica, a Tripolitânia e o Fezzan. Ao longo da costa, o clima é mediterrânico, mas o
interior é o deserto muito seco do Saara, de onde por vezes sopra um siroco quente, seco e carregado de
poeira (conhecido no país como ghibli). No deserto também são comuns tempestades de poeira de
areia. Os recursos naturais principais do país são o petróleo, o gás natural e o gesso.
Economia
A economia da Líbia, orientada por princípios socialistas, depende, basicamente, do sector
petrolífero, preenchendo cerca de um quarto do PIB (que é de US$ $92.62 bilhões - 2010). Os rendimentos
proporcionados pelo petróleo, e o facto de a população ser reduzida, faz com que este país tenha um dos
maiores rendimentos per capita da África. Contudo, há uma deficiente distribuição desses rendimentos,
vivendo as classes mais baixas que chegam a apresentar dificuldades na obtenção de alimentos, devido,
também, a restrições nas importações.
Demografia
Total: 6,2 milhões (2013), sendo árabes líbios 97%, berberes, africanos e turcos 3%. Densidade: 3,15
hab./km2. População urbana: 88%. População rural: 12%. Crescimento demográfico: 2% ao ano (2008).
Fecundidade: 3,5 filhos por mulher (2008). Expectativa de vida M/F: 72/76 anos (2008). Mortalidade
infantil: 18 por mil nascimentos (2008). Analfabetismo: 18% (2008). IDH (0-1): 0,840 (2008).
História
Antigo assentamento de povos tão díspares quanto os fenícios, os romanos e os turcos, a Líbia
recebeu seu nome dos colonos gregos, no século II antes da era cristã.
Durante grande parte de sua história, a Líbia foi povoada por árabes e nômades berberes, e
somente na costa e nos oásis estabeleceram-se colônias. Fenícios e gregos chegaram ao país no século VII
a.C. e estabeleceram colônias e cidades. Os fenícios fixaram-se na Tripolitânia e os gregos na Cirenaica. Os
cartagineses, herdeiros das colônias fenícias, fundaram na Tripolitânia uma província, e no século I a.C. o
Império Romano se impôs em toda a região, deixando monumentos admiráveis.
A Líbia permaneceu como província romana até ser conquistada pelos vândalos em 455 d.C. Após
ser reconquistada pelo Império bizantino, continuador do romano, a região passou a ser dominada pelos
árabes em 643. Os árabes estenderam a área cultivada em direção ao interior do deserto do Saara.
Durante pouco mais de três séculos, os berberesalmôadas mantiveram o domínio sobre a região
tripolitana, enquanto a Cirenaica esteve sob o controle egípcio. No século XVI, os otomanos ocuparam e
unificaram o território, estabelecendo o poder central em Trípoli. A autoridade turca, entretanto, mal
passava da região para além da costa, que servia de base corsária.
Dois séculos mais tarde, o reinado da dinastia Karamanli, que dominou Trípoli durante
120 anos, contribuiu para assentar mais solidamente as regiões de Fezã, Cirenaica e
Tripolitânia, e conquistou maior autonomia. Em 1835, o Império Otomano restabeleceu o controle sobre a
Líbia, embora a confraria muçulmana dos sanusis tenha conseguido, em meados do século, dominar os
territórios da Cirenaica e de Fezã (interior do país).
Em 1911, sob o pretexto de defender seus colonos estabelecidos na Tripolitânia, a Itália declarou
guerra ao Império Otomano e invadiu o país. Fato que iniciou a Guerra Ítalo-turca. A seita puritana islâmica
dos sanusis liderou a resistência, dificultando a penetração do Exército italiano no interior. A Turquia
renunciou a seus direitos sobre a Líbia em favor da Itália no Tratado de Lausanne ou Tratado de Ouchy
(1912). Em 1914 todo o país estava ocupado pelos italianos que, no entanto, como os turcos antes deles,
nunca conseguiram afirmar sua autoridade plena sobre as tribos sanusi do interior do deserto.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os líbios recuperaram o controle de quase todo o território, à
exceção de alguns portos. Terminada a guerra, os italianos empreenderam a reconquista do país. Em 1939,
a Líbia foi incorporada ao reino da Itália. A colonização não alterou a estrutura econômica do país, mas
contribuiu para melhorar a infraestrutura, como a rede de estradas e o fornecimento de água às cidades.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o território líbio foi cenário de combates decisivos. Entre
1940 e 1943 houve a campanha da Líbia entre o Afrikakorps do general alemão Rommel e as tropas
inglesas. Findas as hostilidades, o Reino Unido encarregou-se do governo da Cirenaica e da Tripolitânia, e a
França passou a administrar Fezã. Essa nações mantiveram a Líbia, sob forte governo militar, até que a
Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a independência do país no primeiro dia de 1952, data a
partir da qual foi adotado o nome Reino Unido da Líbia. O líder religioso dos sanusis, o emir Sayyid Idris alSanusi, foi coroado rei com o nome de Idris I (1951-1969).
Depois de sua admissão na Liga Árabe, em 1953, a Líbia firmou acordos para a implantação de
bases estrangeiras em seu território. Em 1954, houve a concessão de bases militares e aéreas aos norteamericanos. A influência econômica dos Estados Unidos e do Reino Unido, autorizados a manter tropas no
país, tornou-se cada vez mais poderosa. A descoberta de jazidas de petróleo em 1959 constituiu, no
entanto, fator decisivo para que o governo líbio exigisse a retirada das forças estrangeiras, o que provocou
graves conflitos políticos com aquelas duas potências e com o Egito. Em 1961 tem início a exploração do
petróleo.
A nova história da Líbia começou em 1969, quando um grupo de oficiais radicais islâmicos derrubou
a monarquia e criou a Jamairia (República) Árabe Popular e Socialista da Líbia muçulmana militarizada e de
organização socialista. O Conselho da Revolução (órgão governamental do novo regime) era presidido pelo
coronel Muammar al-Khadafi. O regime de Muammar Khadafi, chefe de Estado a partir de 1970,
expulsou os efetivos militares estrangeiros e decretou a nacionalização das empresas, dos bancos e dos
recursos petrolíferos do país.
Em 1972, a Líbia e o Egito uniram-se numa Confederação de Repúblicas Árabes, que se dissolveu
em 1979. Em 1984, a Líbia e o Marrocos tentaram uma união formal, extinta em 1986.
Khadafi procurou desencadear uma revolução cultural, social e econômica que provocou graves
tensões políticas com os Estados Unidos, Reino Unido e países árabes moderados (Egito, Sudão). Apoiado
pelo partido único, a União Socialista Árabe, aproveitou-se da riqueza gerada pela exploração das grandes
reservas de petróleo do país para construir seu poderio militar e interferir nos assuntos dos países vizinhos,
como o Sudão e o Chade (Tchad). O Chade foi invadido pela Líbia em 1980.
Depois da Guerra do Yom Kippur, a Líbia levou seus parceiros árabes a não exportar petróleo para
os Estados que apoiaram Israel. Opôs-se à iniciativa do presidente egípcio Anwar al-Sadat, de restabelecer a
paz com Israel, e participou ativamente, junto com a Síria, da chamada "frente de resistência" em 1978.
Seu apoio à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) se intensificou, e a cooperação com os
palestinos se estendeu a outros grupos revolucionários de países não árabes, que receberam ajuda
econômica líbia.
A rejeição a Israel, as manifestações antiamericanas e a aproximação com a União Soviética, por
parte da Líbia, geraram sérios conflitos na década de 1980. As relações da Líbia com os Estados Unidos se
deterioraram quando, em 1982, os Estados Unidos impuseram um embargo às importações de petróleo
líbio.
Em resposta a vários atentados contra soldados americanos na Europa e às acusações de que o
governo líbio patrocinava ou estimulava o terrorismo internacional, o presidente Ronald Reagan ordenou,
em abril de 1986, um bombardeio da aviação americana a vários alvos militares em Trípoli e Bengazi, em
que pereceram 130 pessoas. Kadhafi, que perdeu uma filha adotiva quando sua casa foi atingida, mantevese como chefe político, mas sua imagem internacional deteriorou-se rapidamente.
Para tirar o país do isolamento diplomático, no início da década de 1990 o chefe líbio dispôs-se a
melhorar o relacionamento com as potências ocidentais e com as nações vizinhas. Em 1989, a Líbia
associou-se à União de Magreb, um acordo comercial dos Estados do norte da África. Em 1991, durante a
Guerra do Golfo Pérsico, a Líbia adotou uma posição moderada, opondo-se tanto à invasão do Kuwait
quanto ao posterior uso da força contra o Iraque. Apesar de sua neutralidade no conflito, a Líbia se
manteve sob crescente isolamento internacional até meados da década. Em 1992 os Estados Unidos, o
Reino Unido e a França, com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, impuseram
pesados embargos ao comércio e ao tráfego aéreo líbio, porque o governo se negava a extraditar os dois
líbios suspeitos de terem colocado uma bomba num avião de passageiros norte-americano que
explodiu sobre Lockerbie, na Escócia, em 1988, e matou 270 pessoas (Atentado de Lockerbie). Este tipo de
sanção se repetiu nos anos seguintes, mas Khadafi tem desrespeitado o bloqueio aéreo militar viajando a
Nigéria e Níger, bem como enviando peregrinos a Meca em aviões de bandeira líbia.
Em 1993 a Líbia rompeu relações com o Irã, reagindo contra o crescimento do fundamentalismo
islâmico. Em 1994, os líbios retiram-se do Chade. As relações de Khadafi com os palestinos se deterioraram,
à medida que estes se mostraram dispostos a negociar uma paz com Israel, e em setembro de 1995 o
dirigente líbio anunciou a expulsão de 30 mil palestinos que trabalhavam na Líbia. A medida foi suspensa
depois da deportação de 1500 pessoas, e em outubro de 1996 Khadafi anunciou que estas seriam
indenizadas. O regime líbio tem enfrentado uma crescente resistência de parte de grupos religiosos
islâmicos, e em 1997 seis oficiais do exército foram fuzilados, acusados de espionagem. Tentando melhorar
sua imagem internacional, Khadafi admitiu a possibilidade de conceder a extradição dos dois agentes
acusados do atentado de Lockerbie, desde que não sejam julgados nos Estados Unidos da América ou no
Reino Unido.
O fim do isolamento inicia-se em 2003, a Líbia começa a normalizar suas relações externas, ao
aceitar a culpa pela explosão do avião que caiu em Locckerbie. Já em 2004, o governo concorda em
indenizar as famílias das vítimas da queda de um avião francês no Saara, em 1989 derrubado pela explosão
de uma bomba e pela explosão de uma discoteca em Berlim em 1986. O esforço dá resultado e vários
líderes mundiais visitam a Líbia. Em 2004, os EUA e s União Europeia suspendem parte das sanções contra o
país.
Primavera Árabe
A onda de manifestações populares no mundo árabe chega à Líbia em meados de fevereiro de
2011. Protestos em Benghazi contra a prisão de um ativista de direitos humanos se espalham pelo país,
incluindo Trípoli - mas a agitação popular na capital é dispersada. Diante da violenta resposta das forças de
Kadafi, a situação evolui rapidamente para um confronto armado. A deserção de policiais e soldados do
Exército é crucial para o avanço dos rebeldes, que, no início de março, controlam a maior parte da costa
leste e central e o porto de Misratah, terceira maior cidade, no oeste. Segundo a Liga Líbia pelos Direitos
Humanos, 6 mil pessoas morrem nas primeiras semanas de conflito. Outras 200 mil deixam o país, com
várias nações organizando operações de resgate de fugitivos. No fim de fevereiro, a ONU condena a
violação sistemática aos direitos humanos no país e exige o fim da violência. Muammar Kadafi e seu círculo
de aliados são alvo de sanções - embargo de armas, congelamento de bens e proibição de viagem.
No fim de fevereiro, o movimento rebelde se organiza politicamente em Benghazi, bastião da
oposição, com a criação do Conselho Nacional de Transição (CNT), que se autodeclara "a face política da
revolução". O núcleo do CNT é constituído pelos advogados de direitos humanos à frente dos primeiros
protestos. Seu líder, Mustafa Abdul Jalil, é o ex- ministro da Justiça de Kadafi. Ao anunciar a adesão ao CNT,
Abdul Jalil declara que Kadafi ordenou pessoalmente o atentado em Lockerbie. O ministro da segurança
pública, Abdul Fatah Younis, também deserta e se torna o comandante das forças rebeldes. Kadafi
responsabiliza os usuários de drogas, os terroristas islâmicos e as potências estrangeiras pela insurgência.
Em pronunciamento à TV, ele anuncia que nunca vai se render. Além do Exército, Kadafi conta com uma
brigada paramilitar de 20 mil homens leais e bem armados, tanques, helicópteros e aviões de guerra. No
começo de março, suas forças realizam a contraofensiva, amparada por ataques aéreos, chegando às
portas de Benghazi. Buscando evitar um massacre, o Conselho de Segurança da ONU aprova às
pressas, em 17 de março, uma resolução que autoriza o uso da força contra o governo Iíbio para
proteger os civis - fica proibida a ocupação terrestre. China, Rússia, Alemanha, Índia e Brasil se abstêm.
Dois dias depois, começa a intervenção militar na Líbia, liderada pelos EUA, pelo Reino Unido e pela França.
A Liga Árabe - exceto Argélia e Síria - aprova a ofensiva, e o Catar envia seis aviões de guerra para os
ataques.
A campanha de bombardeios, que passa para o comando da OTAN em 27 de março, institui uma
zona de exclusão aérea para os aviões líbios e enfraquece as forças pró-Kadafi. Com isso, os rebeldes
reafirmam o domínio sobre Benghazi e reconquistam, ainda em março, cidades estratégicas. Mas a
superioridade militar das forças de Kadafi impede o seu avanço. Os rebeldes pedem armas, que chegam à
Líbia por outras nações árabes. As batalhas mais intensas ocorrem em Misratah, sitiada pelas forças próKadafi. Mas os rebeldes asseguram o controle da cidade com a ajuda da Otan e a chegada de suprimentos
pelo mar. No fim de abril, a Otan começa a bombardear os centros de comando em Trípoli. Um ataque
mata um filho e três netos de Kadafi. Em maio, a Corte Internacional de Justiça (ICC) pede a detenção de
Kadafi, seu filho Saifal-Islarn, e o chefe do serviço de inteligência, por crimes contra a humanidade.
O Grupo de Contato da Líbia (LCG), criado em março durante reunião das potências mundiais, da
União Europeia e da Liga Árabe, começa a liberar em junho ajuda financeira ao CNT. No mesmo mês, a
França admite que forneceu armas aos rebeldes ao sul de Trípoli, procurando reverter o lento progresso no
campo de batalha. Em julho, o LCG, os EUA e o Reino Unido reconhecem o CNT como a legitima autoridade
de governo na Líbia - França e Liga Árabe já haviam reconhecido o CNT em março.
Após meses de impasse, as forças rebeldes entram em Trípoli, em 22 de agosto, e, no dia seguinte,
tomam Bab al-Aziaiya, o quartel-general de Kadafi. Um fator decisivo para o sucesso do ataque à capital
é a conquista de Zawíya, que priva o regime de petróleo refinado. Ao mesmo tempo, milícias berberes
armadas pelo Catar e ajudadas por forças especiais britânicas, avançam pelas Montanhas de Nafusa, no sul,
rompendo as defesas do regime. As forças leais a Kadafi oferecem pouca resistência e abandonam Trípoli
em 26 de agosto. Kadafi não é capturado. Sua esposa, uma filha e dois filhos fogem para a Argélia.
Morte de Kadafi
A saída de Kadafi de Trípoli marca a transferência de poder na Líbia para o CNT. Mas a declaração
formal de "libertação" só acontece no fim de outubro, depois da queda de Surt, cidade natal de Kadafi e
último bastião do regime. Kadafi é morto em 20 de outubro, em Surto O CNT afirma que ele foi pego no
fogo cruzado. Contudo, parte de seus momentos finais é gravada e as imagens dos seus ferimentos,
principalmente a marca de tiro a bala em sua cabeça, sugerem que ele foi sumariamente executado. A ONU
pede uma investigação transparente sobre a sua morte.
Em 31 de outubro, data do término oficial da campanha da OTAN, o CNT nomeia para primeiroministro Abdurrahim El-Keib, um engenheiro eletrônico com carreira no exterior. Abdul Jalil se mantém na
chefia do CNT. O plano do novo governo é realizar em oito meses eleições para um Congresso Nacional que
vai eleger um primeiro-ministro e redigir a Constituição, além de submetê-la a referendo. Um ano depois,
os líbios devem escolher o Parlamento nas primeiras eleições multipartidárias. Uma missão da ONU,
aprovada em setembro, auxiliará no processo de transição.
O desafio mais urgente é desarmar as dezenas de milícias locais (katibas), que proliferaram na
revolução, e submetê-las a um comando central. A primeira grande crise entre o CNT e as katibas eclode
em julho, quando o comandante Younis é assassinado por forças rebeldes. As katibas operam com
independência nas vilas e cidades e resistem em abrir mão desse privilégio. Algumas delas foram cruciais
para o sucesso da ofensiva, e seus líderes agora pedem uma participação no governo que reflita a sua
influência durante a guerra. Do contrário, não depõem armas. O poder das katibas fica evidente com a
captura de Saifal-Islam, em 19 de novembro, pela milícia de Zintan. Seu comandante, Osama Al-Juwali,
anuncia que vai esperar a formação do gabinete para entregá-lo ao CNT.
Em 22 de novembro, Al-Juwali é nomeado ministro da Defesa. O comandante de Misratah,
FawziAbdelai, assume como ministro do Interior. Juntos, eles ficam encarregados de formar o Exército
nacional e a polícia. No fim de novembro, o CNT anuncia que Saifal-Islam será julgado em solo líbio - e não
no CNT em Haia, na Holanda.
Também está em discussão o papel que islamismo terá na Líbía pós-Kadafi. Na cerimônia de
proclamação da "libertação", Abdul JaJil afirma que a sharia (lei islâmica) será a base da legislação da
Líbia. Ele acrescenta que as leis que violarem a sharia não terão validade, citando como exemplo as
leis do casamento e do setor bancário. As declarações provocam inquietação no Ocidente, levando Abdul
Jalil a ressalvar que os Iíbios são muçulmanos moderados.
Na economia, a principal prioridade é normalizar a atividade petrolífera, a maior fonte de receita da
nação. Nas décadas recentes, as reservas provadas da Líbia mais que dobram, crescem de 22,8 bilhões de
barris em 1990 para 47 bilhões de barris em 2010. Porém, durante o conflito, a produção cai de 1,6 milhão
de barris diários para apenas 50 mil. As exportações recomeçam em setembro, e em novembro a
exploração atinge 600 mil barris/dia.
Fatos Recentes:
Nas primeiras eleições desde 1964, os líbios escolhem em julho os membros do Congresso Geral
Nacional (GNC), encarregado de nomear o governo interino que irá comandar a Líbia até as eleições gerais.
O partido liberal de centro, Aliança das Forças Nacionais (NFA), é o mais votado. O Partido da Justiça e do
Desenvolvimento (JDP), ligado à Irmandade Muçulmana, forma um bloco de oposição à NFA com o apoio
dos independentes, que são maioria no Parlamento (veja a composição parlamentar em Dados Gerais). O
GNC elege Mohammed Magariaf para presidente, em agosto, e Ali Zidan, um advogado de direitos
humanos, para primeiro-ministro, em outubro.
Em setembro, um ataque ao consulado dos EUA em Benghazi mata o embaixador e três outros
norte-americanos, em meio a protestos no mundo árabe contra um filme anti-islâmico feito nos EUA.
Washington caracteriza a ação de terrorismo e culpa o grupo radical islâmico Ansar al-Sharia, ligado à Al
Qaeda. O ataque chama a atenção para o amplo leque de milícias islâmicas que controlam Benghazi,
algumas moderadas, outras extremistas, que são responsabilizadas por uma onda de assassinatos de
policiais e chefes militares em 2013 e passam a sofrer forte reprovação da população local – logo após o
ataque, manifestantes destroem a base da Al-Sharia. O poder desses grupos também resulta da política do
governo em Trípoli que, sem contar com uma força policial, e um Exército unificados, delega a algumas
brigadas a tarefa de manter a segurança e intervir nos choques tribais. A instabilidade na região é agravada
pela ação de milícias em campanha por maior autonomia para a Cirenaica (veja o boxe abaixo).
Em fevereiro de 2013, Ali Zidan anuncia que a nova Constituição será elaborada por uma
Assembleia Constituinte, sem definir a data da eleição.
Trípoli é palco de choques entre milícias, ataques e bombardeios frequentes a partir de meados de
2013 – entre os alvos, estão as embaixadas da França, em abril, e da Rússia, em outubro. A partir de março,
uma das milícias mais influentes do país, a brigada Escudo da Líbia, aliada ao bloco islâmico, cerca
ministérios e o Parlamento em Trípoli. Em junho, as forças de segurança desalojam o Escudo da Líbia em
Benghazi. A ofensiva busca restaurar a ordem na cidade depois que 35 manifestantes morrem em choques
com a milícia.
CRISE NO GOVERNO
Em maio, a pressão armada leva à aprovação de uma lei que impede ex-oficiais do alto escalão de
Kadafi de ocuparem cargos públicos – a medida afeta vários membros da NFA que serviram na ditadura. O
presidente Magariaf, um ex-embaixador, é forçado a renunciar. O berbere Nuri Abu-Sahmayn assume em
seu lugar.
PETRÓLEO
A exploração de petróleo atinge os níveis pré-revolução no início de 2013 (1,5 milhão de barris/dia),
mas cai drasticamente em agosto, privando o governo de sua maior fonte de receita. Protestos e greves
contra a corrupção e baixos salários, aliados à ação das milícias, bloqueiam os principais campos de
exploração e terminais de exportação. A produção é retomada no oeste em setembro, após acordo com a
milícia de Zintan. No leste, porém, o impasse continua porque algumas brigadas exigem autonomia na
produção e o governo não aceita negociar. As multinacionais congelam investimentos.
JULGAMENTOS
Em outubro, uma corte em Trípoli indicia Saif, mas a milícia de Zintan não o transfere para a capital,
decidindo realizar o seu próprio julgamento, iniciado um mês antes. A queda de braço pela custodia de Saif
também envolve o TPI, que exige sua extradição para Haia. Em outubro, o TPI autoriza o julgamento de
Abdullah al-Senussi na Líbia, encerrando disputa com o governo – ele foi capturado na Mauritânia e
deportado para a Líbia em 2012.
AL QAEDA
No início de outubro, um comando de forças especiais dos EUA captura na capital o militante da Al
Qaeda, Abu Anas al-Liby, suspeito de planejar os ataques contra as embaixadas norte-americanas no
Quênia e na Tanzânia (1998). Ele é transferido para os EUA, onde comparece em uma corte federal em
Nova York. A operação desagrada Ali Zidan, que pede para o julgamento ser realizado na Líbia.
Ainda em outubro, o primeiro-ministro Ali Zidan é sequestrado em Trípoli por uma milícia islâmica
local e libertado horas depois, num incidente que expõe a gravidade da situação da segurança no país. Ali
Zidan diz que a ação foi uma tentativa de golpe e acusa membros da Assembleia de planejar o sequestro.
MASSACRE
Em novembro, centenas de moradores protestam pacificamente em Trípoli, reivindicando a
retirada das milícias e a transferência da segurança para as forças oficiais. Ao chegar à sede de um desses
grupos, os manifestantes são atacados. Os enfrentamentos deixam 43 mortos e 460 feridos.
Sharia Em dezembro, o GNC anuncia que a sharia é a “fonte da legislação” na Líbia, em concessão
feita a grupos salafistas que reivindicavam a aplicação da lei islâmica.
Compilação feita a partir de:
- Almanaque Abril 2014, 40ª ed. São Paulo: Ed. Abril, 2014.
- Atlas National Geografic - África I, São Paulo: Ed. Abril, 2008.
- AQUINO, JACQUES, DENIZE, OSCAR. História das Sociedades: das sociedades modernas às sociedades
atuais, 32ª Ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1995.
- http://www.wikipedia.org
- http://www.indexmundi.com
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