Na Líbia, um pedaço de Roma - Agência de Notícias Brasil

Propaganda
Agência de Notícias Brasil-Árabe - SP
07/07/2009 - 07:00
Na Líbia, um pedaço de Roma
Leptis Magna, a 120 quilômetros de Trípoli, é uma das mais bem preservadas ruínas
romanas do Mediterrâneo. Fundada no século 07 a.C. pelos fenícios, lá nasceu o
imperador Septimus Severus.
Alexandre Rocha, enviado especial
Trípoli – O imperador Septimus Severus, que governou Roma de
193 a 211 d.C., nasceu em 145 d.C. em Leptis Magna, situada na
costa da atual Líbia. A cidade, fundada no século 07 a.C. pelos
fenícios, era o maior enclave romano na região na época de
Severus e, sob seu reinado, atingiu o auge ao ser agraciada com
um amplo programa de obras.
Muitas dessas construções, e outras, anteriores e posteriores,
podem ser visitadas ainda hoje por quem vai à Líbia. Consideradas
umas das mais bem preservadas ruínas romanas do Mediterrâneo,
elas ficam cerca de 120 quilômetros a sudeste de Trípoli, a capital
do país, e o trajeto pode ser facilmente percorrido de carro.
Alexandre Rocha/ANBA
Guardas se protegem do
sol sob o Arco de Septimus
Severus
Para quem já conhece Roma, a Leptis Magna não deixa de espantar. Embora grandes
construções como o Coliseu e o Panteão estejam bem preservadas, a capital italiana foi
constantemente habitada desde a época dos césares, sendo que prédios foram erguidos em
cima de prédios e material de antigas edificações foi utilizado para a construção de novas.
Alexandre Rocha/ANBA
Latrinas nas Termas de
Adriano
Um bom exemplo disso é a Basílica de São Clemente, localizada
próxima ao Coliseu, em Roma. Escavações feitas sob a igreja do
século 12 descobriram uma mais antiga, do século 04, que, por sua
vez, foi construída sobre um templo do século 02, dedicado ao deus
persa Mitra, e uma casa Romana do século 01. Debaixo de tudo há
indícios que datam da época da República Romana, anterior ao
Império. E as escavações ainda continuam.
No caso da cidade na costa líbia isso não ocorreu. Nos séculos
seguintes ao reinado de Septimus Severus, segundo informações da Enciclopédia Britânica,
Leptis Magna entrou em decadência e, após a conquista árabe do Norte da África, no século 07
d.C., foi deixada ao abandono, não tendo sido habitada desde então. Isso garantiu a
preservação não só dos edifícios romanos, mas também de indícios de outras civilizações que
ocuparam a região, como os cartagineses e os númidas.
Para chegar à cidade basta acertar o transporte na recepção do hotel que você estiver em
Trípoli, ou então negociar diretamente com um taxista. O ideal é sair cedo e combinar um preço
que inclua a ida, o tempo de espera e a volta. Um giro rápido pelo sítio dura cerca de duas
horas, mas os mais minuciosos podem querer passar o dia.
Há, na entrada do parque, pequenas lanchonetes e lojas
souvenires, boas para quem quer se abastecer de água
refrigerantes, mas não para alguém que queira uma refeição
verdade. É bom levar boné e óculos escuros para se proteger
sol. O ingresso custa 6,00 dinares líbios, ou US$ 4,80.
de
ou
de
do
Alexandre Rocha/ANBA
Algumas estruturas merecem destaque, como o Arco de Septimus
Severus, logo na entrada, construção com quatro entradas em arco,
relevos e uma boa opção para fugir do sol. Com poucos turistas,
acaba sendo ponto de encontro dos guardas do parque.
Há também as Termas de Adriano, que ainda conservam quase
intactas as latrinas de mármore utilizadas em tempos imperiais; o
mercado; o Fórum e a Basílica, que embora não tenham mais teto,
ainda conservam as paredes e vários dos relevos e inscrições
originais. Algumas colunas da Basílica têm entalhes detalhados
retratando a vida do deus Dionísio e os doze trabalhos de Hércules.
Alexandre Rocha/ANBA
Coluna com relevos na
Basílica
O edifício mais impressionante, porém, é o anfiteatro, em ótimo
estado de conservação, e que poderia receber ainda hoje o show de
algum astro pop. Olhar do alto das arquibancadas para o palco, com
o Mediterrâneo ao fundo, é uma vista de tirar o fôlego, que por si só já
vale o passeio.
Leptis Magna faz parte da região antigamente conhecida como
Tripolitânia, que inclui a cidade onde hoje está a moderna Trípoli, e
Sabratha, outro enclave romano mais a noroeste. Em Trípoli também
podem ser vistas ruínas romanas. Dentro da medina, o centro histórico da capital, há o Arco de
Marco Aurélio, construído há mais de 1,8 mil anos.
Detalhe do Fórum
Mercado árabe
A medina é o lugar também para quem quer conhecer um “souk”, tradicional mercado árabe.
Entrando pelas muralhas da cidade antiga, a partir da Praça Verde, região central e ponto de
encontro de Trípoli, o mercado se espalha por vielas estreitas e as lojas estão instaladas em
prédios baixos pintados de branco. É o ponto para comprar artesanato típico.
O lugar mais interessante da medina, pelo menos do ponto de vista
turístico, é esse próximo à Praça Verde. Ao se caminhar mais para
o interior, os prédios tornam-se mais degradados e o comércio
passa a ser de bugigangas populares, desde tênis, roupas,
cigarros, passando por antenas parabólicas usadas e até produtos
para os cabelos.
Alexandre Rocha/ANBA
Barraca de lenços na
medina de Trípoli
Uma coisa curiosa no “souk” de Trípoli é que a cultura da
pechincha não é tão difundida quanto em outras cidades árabes
até muito mais exploradas pelo turismo. Dependendo do comerciante, o preço da mercadoria é
o que está marcado, e ponto final. Tentar um desconto, porém, não custa nada.
Aliás, a Líbia tem algumas diferenças em relação ao outros países árabes que exploram mais
fortemente o turismo e estão há mais tempo abertos para a economia global. Em primeiro lugar,
é mais raro encontrar pessoas que falem outra língua além do árabe, e dificilmente placas e
anúncios nas ruas, e até no aeroporto, têm indicações em outros idiomas. O líder Muammar
Kadafi é presença constante nos outdoors.
Alexandre Rocha/ANBA
São poucos também os hotéis de categoria internacional, o que faz
as diárias nos que existem serem bastante salgadas. Os motoristas
de táxi, salvo exceções, não parecem interessados em levar
vantagem do visitante na cobrança da corrida. Embora os carros não
tenham taxímetro, geralmente eles cobram um preço fixo para
determinada distância. O valor, no entanto, pode ser negociado.
Aqui barganhar nem
sempre dá certo
As praias são lindas e a costa é extensa. Em Trípoli, onde elas ficam
cheias, ir à praia é um programa de família e que geralmente envolve
um piquenique. A Líbia é um país conservador, então, embora não seja obrigatório o uso de
determinado tipo de roupa, é bom sempre optar por algo mais discreto. O consumo de bebidas
alcoólicas é proibido no país. Só há cerveja sem álcool.
http://www.anba.com.br/
www.inovsi.com.br
Download