INTRODUÇÃO Cristalização: método que permite a obtenção de sólidos bastante puros. Forma-se o núcleo e então as moléculas são orientadas na rede cristalina de maneira extremamente seletiva, por isso, a cristalização deve ser lenta. Precipitação: a formação do núcleo ocorre de maneira rápida, arrastando impurezas para dentro do cristal. Nem sempre a cristalização permite obter um composto 100% puro; neste caso, pode-se fazer uma nova cristalização, ou seja, uma recristalização, que resulta num produto mais puro, embora com menor rendimento. Recristalização: é usada desde o tempo dos alquimistas e se mantém até hoje como o procedimento mais adequado para a purificação de sólidos. A purificação por recristalização baseia-se no fato de que a maioria dos sólidos é mais solúvel em um solvente a quente do que a frio. IMPUREZAS ESCOLHA DO SOLVENTE “Semelhante dissolve semelhante”. Esta frase resume o comportamento da solubilidade de um composto em determinado solvente. A solubilidade depende da polaridade, capacidade de ionização, formação de pontes de hidrogênio. Compostos polares ou iônicos: dissolvem-se em água ou em substâncias igualmente polares (álcoois, ácidos carboxílicos). R-OH, R-COH, R-CO-R, R-COOH e R-CONH2 } Álcool, aldeído, cetona, ác. carboxílico e amida } compostos capazes de formar pontes de hidrogênio: dissolvem-se em solventes hidroxílicos (água, álcoois), com exceção daqueles cuja parte alquílica da molécula é superior a quatro ou cinco átomos de carbono. Compostos apolares: dissolvem-se em éter etílico, benzeno, tolueno, hexano, ligroína, éter de petróleo e outros solventes não associados. Características de um bom solvente: • Dissolver grande quantidade da substância em temperatura elevada e pequena quantidade em temperatura ambiente ou abaixo dela. Solubilidade A B C Temperatura • Dissolver as impurezas a frio, ou então não dissolvê-las mesmo a quente. • Não reagir quimicamente com a substância de interesse. • Permitir boa formação dos cristais. • Ter ponto de ebulição mais baixo que a substância a ser cristalizada. • Ser facilmente removido dos cristais purificados na secagem. • Ser de baixa toxicidade, volatilidade, inflamabilidade e custo. Caso não haja como substituir um solvente muito volátil, inflamável, tóxico ou caro recomenda-se usar um condensador de refluxo. A melhor maneira para escolher o solvente mais adequado é realizar testes preliminares em tubo de ensaio com os solventes mais comuns, observando a ação do solvente a frio e à temperatura de ebulição, o volume necessário por grama de amostra e a formação de cristais durante o resfriamento. Quando um composto for muito solúvel em um solvente a frio e pouco solúvel em outro, mesmo a quente, pode-se usar o par de solventes para proceder a recristalização. A substância a purificar deve ser aquecida com o melhor solvente até a ebulição e adicionar o pior solvente, gota a gota, até aparecer uma leve turvação, desfeita pela adição de gotas do melhor solvente. DISSOLUÇÃO DO SÓLIDO Para minimizar as perdas do material por solubilização deve-se saturar o solvente em ebulição com o soluto. A substância a ser purificada é aquecida, sob agitação, com uma quantidade de solvente menor que a necessária para solubilizá-la totalmente, até a temperatura de ebulição. Adiciona-se mais solvente (também na temperatura de ebulição) em pequenas porções, agitando sempre, até que todo o material tenha se dissolvido. Soluções supersaturadas provocam a formação de uma espécie de óleo que não recristaliza quando o solvente esfria. Se isso ocorrer, deve-se tentar dissolver o óleo e deixar resfriar para tentar a recristalização. No caso da acetanilida, uma concentração maior que 5,5% pode formar o óleo. A utilização errônea de um solvente com ponto de ebulição mais baixo que o do soluto e alguns tipos de impurezas também provocam a formação do óleo. REMOÇÃO DE IMPUREZAS Esse procedimento só deve ser usado se permanecer material insolúvel, mesmo a quente ou se carvão ativo for usado. • Impurezas coloridas: geralmente substâncias orgânicas de peso molecular elevado que conferem cor à substância de interesse. Removidas pela adição de carvão ativo e posterior filtração. • Carvão ativo: 9 As impurezas são adsorvidas na superfície das partículas de carvão. 9 Deve-se empregar a mínima quantidade possível, visto que certa quantidade do composto de interesse também é adsorvida, provocando perdas. 9 Quantidade: 1 a 2% da massa da amostra. Se não for suficiente adicionar mais 0,5% até que as impurezas sejam removidas. 9 Se adicionado em porções é necessária uma quantidade menor. 9 Não deve ser adicionado sobre a solução em ebulição, pois provoca grande agitação da solução, podendo haver perda por derramamento. 9 Cuidado para não aspirar. O pó fino faz mal aos pulmões. • Impurezas insolúveis: substâncias que permanecem insolúveis mesmo na temperatura de ebulição do solvente. Removidos por decantação, filtração ou pipeta filtrante. • Decantação: 9 É o método mais simples. 9 As partículas assentam facilmente no fundo do frasco. 9 O sobrenadante é vertido em outro frasco, deixando o sólido. 9 Pipeta pré-aquecida (para evitar cristalização nas paredes da pipeta) pode ser usada para remover a solução quente. • Pipeta filtrante: 9 Usada se o volume da solução for menor que 10mL. 9 É necessário adicionar um excesso de solvente que posteriormente é removido por evaporação até que a solução volte a ficar saturada, para evitar a cristalização. • Filtração a quente: 9 Preferida quando carvão ativo é usado. 9 A solução deve ser levada à ebulição antes da filtração. 9 Funil de haste curta e papel de filtro pregueado devem ser previamente aquecidos. 9 A operação deve ser rápida. 9 Se houver formação de alguns cristais durante a filtração, uma quantidade mínima de solvente em ebulição é adicionada para redissolvê-los. O excesso de solvente é eliminado por evaporação.