Short communication ISSN: 2238-1945 Influência da composição da microbiota gastrintestinal na imunomodulação de indivíduos com fissura labiopalatina Por: Marcos Roberto Tovani PALONE, Thaieny Ribeiro da SILVA, Narciso Almeida VIEIRA, Gisele da Silva DALBEN As pesquisas neste campo vêm desde a elaboração da teoria da higiene, investigando os eventos microbianos com repercussão positiva sobre a saúde do ser humano. Acreditase que a microbiota possua a capacidade de modificar o futuro imunológico do indivíduo, prevenindo o desenvolvimento de doenças alérgicas. O intestino humano constitui a maior massa de tecido linfóide do corpo e, a partir da sua colonização, bactérias Gram-negativas, como Escherichia coli e Bacteroides spp, e Gram-positivas como Lactobacillus spp e Bifidobacterium spp, atuam como fonte de antígenos e imunomoduladores inespecíficos, estimulando a resposta imune local e sistêmica, bem como influenciando o número e a distribuição da população de células do tecido linfóide associado ao intestino (Palone et al., 2013). Os microrganismos da microbiota da orofaringe como os Gram-positivos Actinomyces spp, Lactobacillus spp, Bifidobacterium spp e os Gram-negativos Prevotella spp, Haemophilus spp, Porphyromonas spp, Fusobacterium spp são importantes fontes de infecções, especialmente entre pessoas cujas defesas das vias aéreas estão prejudicadas por deformações anatômicas, idade e debilidade imunológica, uso de álcool, drogas e tabaco (Palone et al., 2013) A fissura labiopalatina é uma malformação craniofacial que promove perda de continuidade nos tecidos labiais, alveolares e palatinos da maxila, necessitando de procedimentos cirúrgicos para reabilitação estética e funcional. Com a comunicação entre as cavidades bucal e nasal ocorrem perdas de alimentos pelo nariz ou sua aspiração, podendo causar também, além de infecção respiratória, as otites de repetição, características estas inerentes às fissuras com envolvimento do palato (Figura 1), Esp. em Odontopediatria, Mestrando em Ciências da Reabilitação no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo, Bauru, Brasil. Endereço para correspondência: Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais- Seção de Odontopediatria e Saúde Coletiva Rua Silvio Marchione, 3-20 – Vila Universitária CEP 17012-190 – Bauru – SP. Telefone (14) 32358141/Fax (14) 3234-7818 Email: [email protected] Esp. em Odontopediatria, Mestra em Ciências da Reabilitação, Doutoranda em Ciências da Reabilitação no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo, Bauru, Brasil. Esp. em Imunologia e Análises Clínicas, Mestre e Doutor em Doenças Tropicais, Laboratório do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo, Bauru, Brasil Esp. em Odontopediatria, Mestra em Ciências da Reabilitação, Doutora em Patologia Bucal, Cirurgiãdentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo, Bauru, Brasil. Belo Horizonte, MG, v.03, n.06, dez. de 2013 108 Short communication ISSN: 2238-1945 contribuindo sobremaneira para a alteração da microbiota do trato gastrintestinal destes indivíduos (Palone et al., 2013). Figura 1- Fissura com comprometimento do palato. Fonte: Silva T. R., 2011. Diversos estudos realizados in vitro enalteceram a capacidade diferenciada de grupos ou elementos bacterianos em ativar células do sistema imune. Verificou-se que bactérias Gram-negativas e Gram-positivas induzem diferentes padrões de resposta das células dendríticas e células apresentadoras de antígenos. Entretanto, mesmo in vitro, os mecanismos de resposta do sistema imune às bactérias e seus componentes não foram esclarecidos, tendo sido observadas diferentes respostas dependendo do tipo específico de célula apresentadora de antígeno e do tipo específico de espécie bacteriana. Contudo, há ainda diversas dúvidas a serem sanadas por meio de descobertas sobre os eventos microbianos que envolvem o trato gastrintestinal, associado ao seu efeito imune regulador. O desafio é descobrir o tempo e as características dos eventos bacterianos capazes de modificar o futuro imunológico do indivíduo com fissura e possivelmente interferir em eventos iniciais de forma a garantir o estabelecimento de uma microbiota gastrintestinal mais benéfica para o hospedeiro. Referências PALONE, MRT; SILVA, TR.; VIEIRA, NA; DALBEN GS. Microbiota do trato gastrintestinal de crianças com fissura envolvendo o palato. Revista Microbiologia in foco, São Paulo, 2013 (no prelo). SILVA, TR. Relação oclusal em pacientes com fissura completa de lábio e palato unilateral, de acordo com a presença de bandeleta de Simonart e técnica cirúrgica. 2011. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação Universidade de São Paulo: Bauru. Belo Horizonte, MG, v.03, n.06, dez. de 2013 109