neopositivismo e filosofia da linguagem

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NEOPOSITIVISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
NEOPOSITIVISM AND PHILOSOPHY OF LANGUAGE
Mateus Ramos Cardoso1
RESUMO:
Duas são as razões principais da revolução linguística verificada na filosofia: a) a
convicção de que muitas discussões filosóficas são devidas a uma insuficiente clareza e
à falta de precisão da linguagem; b) o desejo de descobrir uma linguagem universal e
um critério de significação absoluto, válido para todas as disciplinas cientifica e
filosóficas.
Palavras-chave: Revolução linguística. Filosofia. Disciplina cientifica.
ABSTRACT:
Two are the main reasons of linguistic revolution checked in philosophy: a) the
conviction that many philosophical discussions are due to insufficient clarity and lack of
precision of language; b) the desire to discover a universal language and an absolute
criterion of meaning, valid for all scientific and philosophical disciplines.
Keywords: Linguistic revolution. Philosophy. Scientific discipline.
INTRODUÇÃO
O século XIX, por herança do iluminismo, foi fortemente marcada pela Ciência.
Que vinha sendo a grande redentora, fomentando a mentalidade de que seriam
resolvidos todos os problemas. Mas no final do mesmo século, têm se uma crise na
ciência, as idéias de Newton são colocadas em questão, por Einstein. O mesmo acontece
com a Matemática e a Geometria, a obra de Russel da nova direção à matemática,
rompendo com a matemática Euclidiana.
Toda essa transformação leva a um total descrédito da ciência e da matemática.
A problemática atinge de certa forma a filosofia, pois se utiliza informações da ciência e
a linguagem da matemática. Com isso começou-se a rever a maneira de fazer filosofia,
1
Matêus Ramos Cardoso. Filósofo, Especialista em Ética e Ciência da Religião. Mestrando em
Filosofia na Ufrgs – RS. E-mail: [email protected]
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precisando abandonar a linguagem da ciência e da matemática. Com isso surge a
filosofia da linguagem.
Alguns manuais não realizam a distinção entre a filosofia da linguagem e o
neopositivismo. Outros ainda, distinguem a filosofia analítica, da filosofia da linguagem
e do neopositivismo. No trabalho se realizará a distinção entre a filosofia analítica do
neopositivismo, baseado na grande maioria dos manuais.
O artigo iniciará mostrando as noções gerais, as características e as origens de
ambos os movimentos, tentando aplainar o caminho para que o leitor possa melhor
compreender o trabalho, de forma geral.
Os autores serão divididos em dois grupos: neopositivismo ( Wittgenstein,
Carnap e Popper) e os analíticos ( Moore, Ayer e Russel). Embora haja divergências nas
divisões dos autores, pois não ficam claros os seus posicionamentos.
O artigo será concluído com as influências dos movimentos geraram, o que é de
grande enriquecimento para a filosofia.
O MOVIMENTO ANALÍTICO E SUA TRAJETÓRIA
Inegavelmente também a importância e o desenvolvimento que a ciência
lingüística teve em nosso século contribuíram para chamar a atenção dos filósofos para
a linguagem.
O movimento analítico percorre uma larga trajetória, e pode-se distinguir seu
desenvolvimento em três etapas:
1ª. O primeiro estágio é o da construção da filosofia analítica com sua
fisionomia própria. Inicia-se com Moore, que introduz a prática da análise lógica de
linguagem para classificar os problemas da filosofia. E se desenvolve com Russel e
Wittgenstein, que são os fundadores da nova filosofia, e sob cuja tendência se encontra,
de um ou outro modo, as subseqüentes correntes. Constitui a chamada escola de
Cambridge.
2ª. O segundo estágio forma a corrente do neopositivismo ou positivismo lógico,
que surge como escola independente com os autores do círculo de Viena e o círculo de
Berlim pelos anos 1920 e 1930. Recebe a influência direta do primeiro Wittgenstein e
assume o método de análise da linguagem e o simbolismo lógico, já elaborado por
Russell para estabelecer os fundamentos do conhecimento cientifico mediante uma
linguajem lógica ou ideal unificado. Sua atitude peculiar é a de uma rejeição radical da
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metafísica e de qualquer conhecimento que supere os dados da ciência empírica; a
filosofia se reduzirá a uma lógica do conhecer cientifico.
3º. O terceiro estágio constitui os desenvolvimentos ulteriores da filosofia
analítica, que vai desde os anos 1950 a nossos dias. A tendência mais importante dela é
dos neo-analistas da chamada escola de Oxford, que conectam com Moore e o segundo
Wittgenstein e, rejeitando a análise reducionista da linguajem do positivismo lógico,
retornam a dar validez a linguajem comum com seus diferentes usos para denotar
valores da realidade. É uma tendência menos dogmática e mais aberta a problemas
filosóficos e inclusive metafísicos. Esta corrente floresce também na América junto com
os positivistas lógicos (Carnap, Hempel, etc).
CARACTERÍSTICAS
Cabe a princípio realçar a falta de unanimidade em realizar a distinção entre o
Neo-positivismo e a Filosofia da Linguagem. Há autores que não realizam essa
estrutura, outros ainda separam a Filosofia da Linguagem da Filosofia Analítica. No
trabalho se adotara a divisão mais comum, entre o Neo-positivismo e a Filosofia da
Linguagem, que é sinônimo da Analítica.
O Neo-positivismo também conhecido como positivismo lógico, ou ainda
empirismo lógico. Tem seu início com o círculo de Viena, apresentado sobre tudo duas
características: a aversão da metafísica e a valorização das ciências empíricas e da
lógica (matematização).
Essa valorização das ciências empíricas chega a ponto de criar uma filosofia da
ciência, que quer ser como a ciência tendo um método e o mesmo rigor científico. Desta
forma a exploração da realidade é tarefa da ciência, cabendo a filosofia ser a
metodologia da ciência. Para esse grupo de filósofos “o problema da filosofia (...), não é
´o que é real?`, ´Qual é o conteúdo do ser?`, mas ´o que pretendes dizer
propriamente?`.”2
Levando em conta a falta de unidade entre os comentadores, pode-se dizer que
Ernst Mach, Moritz Schlick, Ludwig Wittgeinstein, Rudolf Carnap, Hans Reichenbach
e Karl Popper são filósofos neo-positivistas.
2
ROVOGHI, S. V. História da Filosofia contemporânea: do século XIX à neoescolástica. 2. ed.
São Paulo: Loyola, 2001. p. 474
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Na filosofia analítica também conhecida como filosofia da linguagem ou
filosofia científica. Apresentam o mesmo pensamento quanto à função do filósofo, que
é a analise do que é adquirido pela ciência, pois os problemas da filosofia estão ligados
ao significado de certos termos, ou seja, está em esclarecer termos.
Em ambos os movimentos se apresenta a necessidade de se apresentar um
critério de verificação experimental como um critério supremo de significação.
Enquanto no neo-positivismo o único saber válido é o da ciência, a filosofia
analítica não mantém essa afirmação. Para a analítica não existe um único modelo
lingüístico capaz de oferecer a única representação sensata do mundo real, a função da
filosofia entre em destaque aí, pois ele é responsável em submeter a analise as diferentes
formas lingüísticas. Essa idéia busca seus fundamentos nos princípios do segundo
Wittgeinstein.
Com controvérsias afirmam-se como filósofos da linguagem: George Edward
Moore, Alfred Jules Ayer, Friedrich Waismann, Gilbert Ryle, Jonh Wisdom, Jonh
Langshaw Austin e Peter Frederik Strawson.
ORIGEM (GEOGRÁFICA E FILOSÓFICA)
A filosofia analítica surge na Inglaterra com a obra de Moore e Russel, que
adquire sua fisionomia característica com Wittgenstein estendendo-se em diversas
escolas e grupos, sobre todo o mundo anglo-americano, constituindo uma das correntes
de filosofia dominantes em nosso século.
O nome geral de filosofia “analítica” provém de análisis, que significa
separação, decomposição ou divisão das partes de um todo, ou de um composto em seus
elementos, como há, por exemplo, a análise química.
A revolução na filosofia foi qualificada a filosofia analítica por seus mesmos
partidários na pequena obra introduzida por G. Ryle. Tal pretensão revolucionária se
refere, sobretudo, a mudança colocada na orientação da filosofia inglesa com o ressurgir
de uma nova forma de pensamento. Os ambientes intelectuais de Cambridge e Oxford
dominavam, nas últimas décadas do século passado e a primeira deste, o neo-kantismo e
neo-idealismo importados da Alemanha, cujo os representantes eram Green, Bradley,
Bosanquet, Mc Taggart, Ward e outros, sendo sua máxima figura o lógico e metafísico
Bradley. Era uma filosofia cultivada, sobretudo, por clérigos e aspirantes ao clero, que
veriam no espiritualismo idealista um apoio para a teologia e a religião. Mas com a
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secularização dos centros universitários, as gerações de estudiosos laicos aspiravam as
formas de pensamento em conformidade com as exigências das novas ciências e seus
métodos científicos. Surge grande reação contra o idealismo com a obra de Moore e
Russell, que constroem novos métodos de análise empírica combatendo e separando o
monismo idealista.
A Filosofia Analítica é o retorno da antiga tradição inglesa do empirismo e
nominalismo, como modesta análise dos fatos de experiência presentes na linguagem
proposicional e rejeitando simultaneamente a analise psicologista das sensações e de
idéias mentais de Locke e de Stuart Mill. E se desenvolvido sobre o chão do empirismo
anglo-saxão e antimetafísico, na direção da análise lógica e lingüística, seja de
linguagem comum ou a linguagem da ciência e da matemática, como uma filosofia que
tenta esclarecer a chave lógica e semântica dos resultados das ciências positivas.
NEO POSITIVISMO
O CARÁTER GERAL DA FILOSOFIA DE WITTGENSTEIN
A filosofia de Wittgenstein é antiteórica. É certo que em sua primeira fase ele
efetivamente produziu uma teoria da lógica e da linguagem, mas era uma teoria que
demonstrava sua própria falta de sentido. Depois de 1929, ele se absteve completamente
de teorizar. A tarefa da filosofia, como ele dizia agora, não era jamais explicar, mas
apenas descrever. Uma vez que a filosofia ocidental havia sido concebida
principalmente como uma busca de explicações num nível bem alto de generalidade,
sua obra se situava à margem da tradição.
Wittgenstein não era um cético. A razão pela qual rejeitou a teorização filosófica
não era o fato de ele considera-la demasiado arriscada e sujeita a erro, mas o de
acreditar que esta era a maneira errada de filósofos trabalharem. “A filosofia não
poderia, e não deveria tentar, emular a ciência”3. Este é um ponto de afinidade com
Kant.
Seu método consistia em conduzir qualquer teoria filosófica de volta ao ponto
em que se originou, o que poderia ser alguma prática rotineira bastante simples,
observável na vida dos animais, mas tornada ininteligível pela exigência de uma
justificação intelectual.
3
BUNNIN, N. Compêndio de filosofia. São Paulo: Loyola, 2002, p. 682
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A explicação do grande apelo de sua obra da segunda fase não é só estilística.
Ele está pondo por terra uma tradição filosófica que remonta à antiguidade. Esta é uma
maneira de tratar o passado encontrado em muitas outras disciplinas.
O “TRACTATUS LOGICO-PHILOSOPHICUS”
As teses fundamentais do Tractatus são as seguintes: "o mundo é tudo o que
acontece” (prop. 1); "o que acontece, o fato, é a existência dos fatos atômicos" (prop. 2);
"a representação lógica dos fatos é o pensamento" (prop. 3); "o pensamento é a
proposição exata" (prop. 4); "a proposição é uma função de verdade das proposições
elementares" (prop. 5); "a formula geral da função de verdade é [r, z, N(e)]: essa é a
fórmula geral da proposição" (prop. 6); "aquilo de que não se pode falar, deve-se
calar" (prop. 7).
A teoria da realidade corresponde à teoria da linguagem. Segundo o
Wittgenstein do Tractatus (ou como se diz, o "primeiro" Wittgenstein), a linguagem é
uma representação projetória da realidade. "Nós fazemos representações dos fatos"
(prop. 2.1). "A representação é um modelo da realidade" (prop. 2.12). E "o que a
representação deve ter em comum com a realidade para poder representa-la exatamente ou falsamente -, segundo o seu próprio modo, é a forma de representação"
(prop. 2.17).
Assim, o pensamento ou proposição representa ou espelha projetivamente a
realidade. E a cada elemento constitutivo do real corresponde outro elemento do
pensamento. A realidade consta de fatos que se resumem em fatos atômicos, compostos
por seu turno de objetos simples. Analogamente, a linguagem é formada de proposições
complexas (moleculares), que pode ser dividida em proposições simples ou atômicas
(elementares), não ulteriormente divisíveis em outras proposições. Essas proposições
elementares constituem o correspondente dos fatos atômicos. E são combinações de
nomes, correspondentes aos objetos: "O nome significa o objeto. O objeto é o seu
significado (...)" (prop. 3.203).
A ANTIMETAFÍSICA DE WITTGENSTEIN
"A maior parte das proposições e das questões escritas em matéria de filosofia
não são falsas, mas insensatas. Por isso, não podem os de modo algum responder a
questões desse gênero, mas somente estabelecer a sua insensatez. A maior parte das
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questões e proposições de filosofia deriva do fato de não compreendermos a lógica da
nossa linguagem. (São questões do tipo da questão de se o bem é mais ou menos
idêntico que o belo.) e não há que se maravilhar que os mais profundos problemas não
sejam propriamente problemas" (prop. 4.003).
Assim, a filosofia se transforma de doutrina em atividade clarificadora das
afirmações das ciências empíricas, das tautologias lógicas e das assertivas matemáticas
e atividade dissolutória das pseudo-assertivas da metafísica.
Mas Wittgenstein se dá conta de que, embora a ciência represente
projetivamente o mundo, entretanto, além da ciência e do mundo, "há verdadeiramente
o inexprimível. Ele se mostra: é aquilo que é místico" (prop. 6.522). "O sentido do
mundo deve se encontrar fora dele. No mundo, tudo é como é e acontece como
acontece: nele não há nenhum valor - e, se houvesse, não teria nenhum valor (...)" (prop.
6.41). E "nós sentimos que, ainda que todas as possíveis perguntas da ciência
recebessem resposta, os problemas da nossa ida não seriam sequer arranhados. Claro,
não resta então nenhuma pergunta - e essa é precisamente a resposta" (prop. 6.52). "O
problema da vida se resolve quando se desvanece" (prop. 6.521). Nessas afirmações
consiste precisamente aquilo que é chamada a parte mística do Tractatus.
DIFERENÇAS
ENTRE
O
PRIMEIRO
E
SEGUNDO
WITTGENSTEIN
Duas alterações se fazem notar nas doutrinas de Wittgenstein, entre os períodos
inicial e final de seu pensamento. Em primeiro lugar, foi por ele abandonada a idéia de
que a estrutura da realidade determina a estrutura da linguagem, passando a ser sugerido
que realmente ocorre o contrário: nossa linguagem determina a concepção que temos da
realidade, porque através da linguagem é que são vistas as coisas. “Conseqüentemente,
deixou ele de acreditar que seja possível deduzir a preexistente estrutura da realidade a
partir da premissa segundo a qual todas as línguas têm certa estrutura comum.”4 Essa
alteração do ponto de vista solapa qualquer teoria que tente apoiar um padrão de
pensamento ou uma prática lingüística, tal como a inferência lógica, num alicerce
independente, colocado no real, se aquelas coisas (padrões de pensamento e práticas
lingüísticas) requerem qualquer justificação, ela deve estar no seu próprio interior
porque não há, externamente a elas, pontos de apoio independentes. Aquela espécie de
4
REALE, G. História da Filosofia. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1991, vol. 3. p. 659
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objetivismo é uma ilusão, produzida e sem dúvida pelo caráter não tranqüilizador da
explicação verdadeira, a de que qualquer apoio vem do centro, do próprio homem.
A segunda alteração doutrinária importante diz respeito à teoria da linguagem.
No tractatus havia ele sustentado que as línguas partilham de uma estrutura lógica
uniforme, que não se apresenta necessariamente à superfície, mas que pode ser
desvelada pela análise filosófica. As diferenças entre as formas lingüísticas pareciamlhe variações superficiais em torno de um tema único, nascido da lógica. Ao início de
seu segundo período de atividade filosófica, chegou a uma concepção diametralmente
oposta. A linguagem não tem uma essência comum ou, se a tiver, será mínima, incapaz
de explicar as relações entre suas várias formas. Estas se ligam entre si de maneira
apenas aproximada, como os jogos ou como rostos de pessoas que pertencem à mesma
família.
Inevitavelmente, as pessoas perguntam que mensagem pode ser extraída da
filosofia de Wittgenstein. Se uma mensagem é uma teoria, então, como vimos, a
mensagem é que não há mensagem. Como qualquer outro filósofo, ele levou a busca
por compreensão além do ponto em que os critérios ordinários para a compreensão são
satisfeitos.
Se puder discernir uma única estrutura em sua filosofia, esta consiste em sua
rejeição de todo apoio ilusório, independente para nossos modos de pensamento.
Teorias rígidas do significado tratam as regras lingüísticas como autoridades
independentes às quais nós, que as seguimos, somos inteiramente subservientes. Mas
Wittgenstein afirma que isso é ilusão, pois o sistema de instrução e obediência envolve
uma contribuição de cada indivíduo, e pressupõe uma similaridade mental básica. Do
mesmo modo, a necessidade da matemática é algo que projetamos de nossa prática e
então erroneamente saudamos como o fundamento de nossa prática. Por certo, ele
estava rejeitando o realismo, mas seu tratamento das regras mostra que não
recomendava o convencionalismo em seu lugar. Sem dúvida, suas investigações
possuem uma estrutura, mas não a estrutura da filosofia tradicional.
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RUDOLF CARNAP (1891-1970). PONTO DE PARTIDA PARA SEU
PENSAMENTO.
Para Carnap a tarefa da filosofia não é a construção de teorias e sistemas, mas se
encontra em elaborar um método, para com ele peneirar as afirmações dos vários
campos do saber.
O novo método terá que realizar duas funções. A primeira será eliminar as
palavras desprovidas de significado e as pseudoproposições. A segunda função é
esclarecer os conceitos com significados, para poder dar um fundamento lógico as
ciências empíricas e a física.
MÉTODO DE VERIFICAÇÃO
Carnap acredita, que antes de tentar responder qualquer problema filosófico é
necessário responder a uma pergunta: “Em que consiste o significado de uma palavra,
de uma proposição?”5
Só há uma resposta para Carnap, o significado da proposição está no método de
sua verificação. Desta forma para a proposição significar alguma coisa deve
necessariamente tratar de um dado empírico. Já algo que estivesse além do empírico não
poderia ser dito, nem pensado e nem posto em questão.
O que seria o método de verificação? “O método de verificação consiste,
portanto, em se traduzir numa série de proposições experimentais a proposição cujo
significado se quer determinar. Quando não é traduzível de forma empírica, (...) ela não
é uma asserção e nada diz, a não ser uma série de palavras vazias; ela é simplesmente
sem sentido.”6
Com a aplicação do método de verificação chega-se a mesma conclusão de
Wittgeinstein. Dando valor só a linguagem científica enquanto a linguagem metafísica,
ética, religiosa, estética e literária só apresentam significado emotivo.
5
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 211
6
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 212
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METAFÍSICA E RELIGIÃO (DEUS)
Coloca a metafísica juntamente com a religião por chão, pois não é possível uma
visão do mundo, que de a chave para os problemas últimos. Carnap deixa claro que
nenhuma forma de compreender o mundo tem experiência do transcendente, ou seja,
daquilo que está além da experiência. Para Carnap “não existe, na verdade, nenhuma
filosofia como teoria, como sistema de proposições com características próprias, que
possa colocar-se ao lado da ciência”7.
Ou seja, a religião não passa de uma expressão medíocre do sentimento vital. O
termo Deus pode ser entendido em três sentidos. No primeiro chamado “sentido
mitológico”, aqui Deus é compreendido como um ser corpóreo, igual ao ser humano,
porém mais poderoso. Com o passar do tempo vai-se do mitológico primitiva para outra
imagem, ainda mitológica; em que se retira de Deus o corpo, mas ele possui o poder de
agir no mundo.
No segundo sentido, o “sentido metafísico”, retira-se todos os elementos
antropomórficos, apresentando-o como ´causa primeira` e ´ser absoluto`. Num terceiro
sentido “sentido misto”, a palavra Deus é o resultado da mistura dos dois primeiros
significados.
Mas para Carnap “nas três acepções acima o termo ´Deus` equivale a um
conceito semanticamente sem sentido, constituído pela reunião de quatro letras ao
acaso, sendo toda proposição em que ele entrar apenas uma ´proposição aparente`
(scheinsatz).”8
KARL POPPER: SUA ANÁLISE FILOSÓFICA
Popper é considerado um positivista lógico e grande expoente do Circulo de
Viena. Porém ele prefere ser chamado de critico do Circulo de Viena, e diz que, o que
lhe atraiu nesta Escola foi à atitude racional que caracterizava os filósofos.
Diferencia-se da posição de Carnap, Wittgenstein e outros neopositivistas
lógicos, principalmente não campo da epistemologia, no qual possui duas inovações:
primeiro no que se refere à concepção de ciência, e depois ao critério de demarcação
entre teorias cientificas e não cientificas, ou seja, empíricas e não empíricas.
7
MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000, vol. 1. p. 402
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 213
8
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CONCEPÇÃO POPERIANA DE CIÊNCIA
Ele critica o método indutivo de Bacon, o qual afirma que toda ciência parte da
observação e vai progredindo lentamente até chegar às teorias. Ele diz: “A
epistemologia empirista tradicional e a historiografia da Ciência – escreve Popper – são
profundamente influenciadas pelo mito baconiano de que toda ciência parte da
observação para, em seguida, caminhar lenta e cautelosamente para as teorias. Mas não
é assim. O primum (“ primeiro “) (lógico e genético) na edificação da ciência são os
problemas e, com eles, as hipóteses e as conjecturas, e não a observação”9.
CRITÉRIO DE DEMARCAÇÃO OU DE FALSIFICABILIDADE
Popper rejeitava o critério neopositivista de verificação experimental, o qual diz
que uma teoria para ser cientificamente aprovada deve ser verificável.
Como para ele todo o conhecimento é hipotético e conjetural (suposição), não
existe conhecimento absoluto. E que o aumento do conhecimento, principalmente o
cientifico consiste em aprendermos dos erros que cometemos.
Popper considera que uma teoria que não pode ser refutada por nenhum evento
concebível não é cientifica.Então para uma teoria ser considerada cientifica é
necessárias duas condições: ser falsificável, isto é, poder ser, em linha de principio,
desmentida ou contraposta. E ainda não ter sido considerada falsa de fato.
Portanto o critério de demarcação entre as teorias cientificas empíricas e as não
empíricas, como é o caso da metafísica, da religião, das éticas, não é a sua
verificabilidade, mas sim sua falsificabilidade.
CRÍTICAS A FALSIFICABILIDADE
Muitos criticaram Popper dizendo que na verdade o principio de falsificabilidade
pode distinguir apenas entre teorias falsas e teorias falsificáveis e não entre cientificas e
não cientificas, é o que afirma Mondin: “O principio de falsificabilidade pode distinguir
somente entre teorias falsas e teorias falsificáveis, não entre teorias cientificas e não
cientificas (metafísicas, éticas, religiosas, etc.). As teorias falsas são aquelas que,
9
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 270-271.
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submetidas aos devidos controles, caíram por terra (talvez de pois de terem sido aceitas
como verdadeiras por muitos séculos) ; as segundas são aquelas que continuam a
resistir”.10
Para ele as teorias falsas são aquelas que foram superadas e abandonadas depois
de serem submetidas a controles rigorosos, mesmo que já tivessem sido utilizados por
muitos séculos.
E as teorias falsificáveis são aquelas que continuam a resistir, sendo que para
Popper todos os conhecimentos humanos considerados como verdadeiro (científicos, os
comuns, religiosos, os éticos e os metafísicos) são falsificáveis.
FILOSOFIA ANALÍTICA
ALFRED JUNES AYER
Nos seus principais escritos como no pequeno livro Linguagem, verdade e
lógica, ele escreve a posição do circulo de Viena, mas que não se depara somente a esse
passo, tira das idéias neopositivistas todas as conseqüências que assim aplica a ética e a
teologia, isso para assim obter uma filosofia alternativa à metafísica tradicional.
O PRINCIPIO DE VERIFICAÇÃO.
É o critério usado para determinar a autenticidade e importâncias das premissas.
Esta possui varias formulações: a) Uma afirmação é verificável quando ela mesma
resulta uma afirmação de observação ou que implique em outras afirmações de
observação. b) Uma afirmação é indiretamente verificável quando em primeiro lugar
ela com outras premissas devem implicar uma ou mais informações verificáveis, e em
segundo quando as outras premissas não podem incluir afirmações que não sejam
analíticas ou diretamente verificáveis. c) As únicas proposições sensatas são as relativas
ao horizonte empírico, pois são hipóteses prováveis.
10
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 274.
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CRITICA A TEOLOGIA E A ÉTICA.
Para ele a preposição que afirma a existência de Deus é sem sentido, pois, não é
necessária, não diz algo da realidade, e tampouco sintética, pois não se pode
experimentá-las, ou verificá-las.
Já na questão da ética, para ele as preposições de valores quando são
significativas são afirmações cientificas normais, do contrario são somente expressões
de emoção, que não podem ser verdadeiras nem falsas. O momento valorativo equivale
a um determinado tom de voz ou ao acréscimo de algum ponto de exclamação a uma
preposição declarativa normal.
A TAREFA DA FILOSOFIA.
Para Ayer esta será exclusivamente analítica, pois ela não pode dizer se uma
proposição é falsa ou verdadeira quando interpretar o sentido, mas tentará ver se existe
um sentido e o determinara com precisão. A filosofia buscará mediante as definições
usuais traduzir certas proposições que aparecem ambigüidade, está pois, a filosofia no
âmbito da analise de termos e a um horizonte lingüístico.
GEORGE EDWARD MOORE: SUA ANALISE FILOSÓFICA
Seu ponto em questão é da analise do significado de expressões empregados na
linguagem corrente e as empregadas nas proposições dos filósofos.
A linguagem corrente (do cotidiano) Moore aceita seus significados como
verdadeiros e os acha suficientemente claro. Mesmo que as proposições não possam ser
provadas ou contestadas, é melhor aceitá-las como verdadeiras, pois, caso contrario,
chegaremos a muitos paradoxos.
Enquanto as proposições dos filósofos além de terem necessidade de
investigação da linguagem empregada, é necessário indagar sobre sua verdade ou
falsidade.
Seu método analítico consiste numa pratica metodológica, constituída por
inúmeras regras. Um exemplo interessante da aplicação de sua analítica esta na obra
Princípios Éticos. Onde o autor elaborar uma doutrina objetivista da natureza da moral,
investigando o significado da palavra Bom.
Para Moore é noção simples (predicado básico) precisamente como o “amarelo”.
É noção simples, e que do mesmo modo como não há meio de explicar a alguém que
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ainda não o saiba o que é amarelo, também não há modo de explicar o que é bem.
Quando indagado o que é o bem ele diz: “bem” é algo que se intui.
CRÍTICAS
Foi considerado filósofo do senso comum por ser defensor deste conhecimento.
Também bastante criticado por seu método analítico, que seria mais fácil de seguir do
que expor, devido ao excesso de regras: „ O método analítico de Moore consiste mais
numa pratica metodológica do que propriamente num método rigorosamente elaborado.
Isso significa que não se possa averiguar o que seja seu método, mas é necessário
aceitar o fato de que ele não é constituído por uma série de regras, como o método
baconiano, por exemplo. Como conseqüência, toda exposição do pensamento de Moore
exige que se siga sua pratica. Em outros termos, é mais fácil seguir do que expor o
método de Moore”‟11.
BERTRAND RUSSEL: O PROBLEMA LÓGICO
São importantes na lógica as definições dos indivíduos, das classes, dos tipos e
das descrições. A propriedade dos indivíduos é serem membros de uma classe, e
propriedade das classes serem membros de um ou mais tipos. O individuo não é
membro de si mesmo, mas somente de um superior, dos tipos. Pedro é pescador que é
vinculado à associação dos pescadores de Santa Catarina, que é vinculada a nacional.
Existe diferença entre significação e denotação. Os nomes dos indivíduos
não só significam, mas também denotam alguma coisa, designam uma entidade real. Já
as classes e tipos somente possuem significação, são símbolos incompletos. Completos
são somente os que possuem a denotação e significação. Aqui está sua posição
aristotélica, somente existem os indivíduos, e com isso rejeita Platão no que diz respeito
às idéias universais.
As descrições, os títulos no apossem valor de nomes próprios, e por isso
não denotam nenhuma entidade real. Agora nomes próprios denotam o objeto real por
correspondência, por isso, as descrições são símbolos incompletos. O símbolo
incompleto tem a função de privar a função denotativa das proposições nas quais
figuram, com isso ele tenta varrer as entidades fantásticas.
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BARAÚNA, J. L. Coleção os Pensadores: Moore. São Paulo: Abril S. A. Cultural e Industrial
1980. p.04.
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O PROBLEMA DO CONHECIMENTO
Ele assume uma posição empirista, onde o conhecimento nos vê, a partir dos
dados sensoriais, onde ele as chama de sensu-data, tanto o senso comum como o
cientifico são construções lógicas tiradas dos dados sensíveis.
De Hume ele retira que a pessoa humana é um feixe de sensações que os chama
de particulares que o significado dos dados sensoriais. A pessoa também é uma certa
serie de experiências, onde cujos membros tem certa relação R entre si de modo que
uma pessoa pode ser definida como a classe de todas aquelas experiências que estão
unidas entre si pela relação R.
O corpo e alma são classes de dados sensoriais, tudo isso trata-se de uma
construção lógica tiradas dos particulares que não são nem mentais, e nem materiais,
mas neutros.
O PROBLEMA DA VERDADE
Sua concepção atomista do conhecimento, o problema da verdade é resolvido
com a doutrina da correspondência ( adaequatio intellectus et rei), “ adequação do
intelecto com a coisa”. De um lado os juízos e preposições e de outro a realidade
objetiva os eventos. Aqui entra alguns requisitos como a linguagem logicamente
perfeita , pois para Russel numa linguagem perfeita há identidade de estruturas entre o
fato afirmado ou negado.
INFLUÊNCIAS
DEIXADAS
PELOS
MOVIMENTOS
FILOSÓFICOS
A grande influência deixada pelo movimento do neo-positivismo é a própria
filosofia analítica, que se tornara independente. Do neo-positivismo ficara a aversão a
metafísica e a valorização das ciências empíricas e da lógica, causando uma
matematização da filosofia. Deixando a forte marca da filosofia como serva da ciência,
apenas esclarecendo conceitos.
Da visão da filosofia da linguagem, sobre tudo do neo-positivismo nasce a
filosofia da ciência, que tem por objetivo servir de ferramenta para a ciência.
Pela história e localização geográfica desses movimentos, vê-se a partir de 1945
até os dias de hoje a filosofia anglo-saxônica, quase reduzida a da língua inglesa, ser
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principalmente analítica. Não simplesmente simpatizando com esse dois movimentos,
mas realizando a pratica de uma filosofia de modo analítico. O que acabou se
espalhando por todo o mundo, influenciando o modo de se fazer filosofia.
A filosofia analítica sobre tudo abre as portas para a valorização da linguagem
dentro da epistemologia, valorizando o conhecimento e a linguagem.
CONCLUSÃO
Diante de um movimento de tamanha importância e de grandes influências, cabe
ressaltar a desvalorização da metafísica e das questões religiosas, em contra partida uma
super valorização da linguagem e da ciência. Chegando a tentativa de tornar uma
ciência, ou até, tornando a filosofia serva da ciência. Pois a atividade do filósofo se
resumiria a analisar termos da ciência.
A grande força desse movimento se dá nas regiões de língua inglesa. Que
merece grande atenção, pois com ele se dá inicio a um novo modo de se fazer filosofia.
Não será uma nova corrente de filósofos, mas essa forma analítica será um “método”
utilizado por diversas correntes filosóficas.
REFERÊNCIAS
BARAÚNA, J. L. Coleção os Pensadores: Moore. São Paulo: Abril S. A. Cultural e
Industrial, 1980. p.04.
BUNNIN, N. Compêndio de filosofia. São Paulo: Loyola, 2002.
GRAYLING, A.C. Wittgenstein. São Paulo: Loyola, 2002.
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas,
1997, vol. 3.
MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000.
MORENO, A.R. Introdução a uma pragmática filosófica. São Paulo: Unicamp, 2005.
PORTA, M. A. G. A filosofia a partir de seus problemas. São Paulo: Loyola, 2002.
REALE, G. História da Filosofia. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1991, vol. 3.
ROVOGHI, S. V. História da Filosofia contemporânea: do século XIX à neoescolástica. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
WITTGENSTEIN, L. Tractatus lógico-philosophicus. 3.ed. São Paulo: Edusp,2001.
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