A QUESTÃO DO REALISMO NA FILOSOFIA DE KARL POPPER 2

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A QUESTÃO DO REALISMO NA FILOSOFIA DE KARL POPPER
Rafael Silva Sousa (bolsista do PIBIC/UFPI), Gerson Albuquerque de A. Neto
(Orientador, Depto de Filosofia – UFPI)
1. INTRODUÇÃO
Esse trabalho pretende apresentar uma defesa ao realismo científico baseado no
pensando do filósofo austríaco naturalizado britânico Karl Raimund Popper; mostrando,
consequentemente, a ‘’solução’’ que Popper pretende dar ao problema da indução. Assim,
mostraremos com Popper, que diferentemente dos positivistas lógicos, a metafísica pode
cumprir um relevante papel na evolução do conhecimento.
Após questionar sobre as possibilidades de haver verdade ou validade em enunciados
baseados no princípio de indução, Popper vai propor um novo um método que é de extrema
importância para garantir a credibilidade das teorias científica, a falseabilidade, como princípio
de distinção da racionalidade científica. Podemos dizer que esse método é utilizado como
critério de demarcação entre ciência, pseudociência e metafísica. Assim Popper mostrará seu
caráter realista tentando fugir de um idealismo ou subjetivismo nas teorias científicas.
Com Popper, as chamadas ‘’verdades’’ científicas deixaram de ser absolutas ou
definitivas para se tornarem provisórias. Isso porque sua principal preocupação em filosofia e
em ciência deve ser com a verdade e a busca pela verdade, deixando a justificação fora do
alvo principal. Para Popper, devemos ver, descobrir e tentar resolver problemas mais urgentes,
propondo teorias verdadeiras que cheguem a um ponto mais perto da verdade do que nossos
antecessores.
Em meio a uma vasta oferta de modelos racionais que dão objetivo à ciência –
verdade, poder explicativo, verossimilhança, capacidade preditiva e manipulativa ao nível
observacional etc., - Popper se candidata a oferecer um modelo racional de ciência,
construindo uma teoria da ciência na qual a indução não tem papel algum. E essa filosofia de
Popper, não deixou de produzir diversas reações críticas, como o foi o caso das reações de
Thomas Kuhn, Lakatos e Feyeranbend, que rejeitaram a ideia de um único método aplicado a
toda a ciência e que poderia ser responsável por seu progresso. Porém, um posicionamento
crítico faz parte de todo campo epistemológico poppeano; e, certamente, Popper não esperava
outra coisa, como ele mesmo nos disse: ‘’Posso estar errado e vocês podem estar certos, mas
por um esforço poderemos nos aproximar da verdade’’ (Popper, 1972, p.39).
2. METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada através de leituras sistemáticas, levantamento e fichamentos
de textos, a fim de aprimorar o pensamento científico e a compreensão dos problemas
apresentados no projeto; ampliação e aprofundamento da pesquisa bibliográfica conforme a
necessidade do projeto; redação de artigos visando sistematizar e apresentar os resultados
encontrados.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na história da filosofia contemporânea não era raro o aparecimento de Popper
associado ao neopositivismo, ou até mesmo, como membro do círculo de Viena. Porém, assim
como Wittgenstein, Popper jamais fez parte desse círculo de pensadores do século XX. Podese dizer que, estes o consideravam mais como um opositor oficial das ideias do círculo de
Viena, como afirmava Neurath, oposição que se justificava pelo seu critério de demarcação
entre ciência e não ciência, o critério da falseabilidade, que substituiu o critério da verificação
utilizado pelos vienenses que segundo o qual só te sentido as proposições que podem ser
verificadas empiricamente; pela substituição da teoria da indução pelo método dedutivo da
prova; pela interpretação da probabilidade; e, principalmente, pela rejeição à noção
antimetafísica dos vienenses ao olhar a metafísica como progenitora de teorias científicas.
Para os positivistas lógicos, a única fonte válida de justificação das teorias científicas
eram a observação e a experimentação, a experiência humana seria a fonte de todo o
conhecimento científico. De acordo com Popper, a ciência não se baseia na indução, ao invés
disso, ela progride através da "falsificação" de teorias. Para ele é preciso que se faça uma
investigação lógica da hipótese para que a teoria seja testada várias vezes e de várias formas.
A teoria deve ser comparada com outras teorias, buscando definir qual funciona melhor e
retrata um avanço na ciência.
Com isso Popper propõe um objetivo aparentemente mais modesto para a ciência:
‘’obter teorias de verossimilhanças cada vez maior, ou seja, teorias que contém mais verdade e
não mais falsidade do que suas antecessoras; ou teorias que, sem diminuir a verdade que
contêm, diminuem seu conteúdo de falsidade’’ (O’Hear, 1997, p.27).
A Falseabilidade de Popper, ou sua investida é, pois, o método encontrado para
demarcar o que é científico e o que é metafísico, mítico ou poético etc., substituindo o conceito
de verificabilidade do Círculo de Viena. Esse método se caracteriza por dar importância ao
aspecto criativo da ciência (a imaginação, intuição, a criatividade, a especulação) ao invés de
um modelo de inferência estritamente lógico e racional que aniquila por completo a metafísica.
Popper era um realista, ele acreditava que a função do cientista não seria estabelecer a
verdade de suas teorias, mas um grau de similaridade com a verdade. Com isso, segundo
Popper, quando teorias forem falseadas por testes empíricos será possível dizer que uma
teoria se assemelha mais à verdade do que outra, mesmo que as teorias se apresentem todas
falsas. Então, para Popper, progresso científico se dá através do erro e busca por teorias
melhores, aquelas que resistiram a severos testes: na medida em que um erro é encontrado e
eliminado, um passo é dado em direção à verdade; e, quanto maior o conteúdo de verdade
(correspondência com os fatos) maior a verossimilhança, maior aproximação à verdade.
Popper nos diz que a ciência progride através de teorias que são falseadas por
raciocínio dedutivo, mas não diz que todas as teorias ainda não falseadas são igualmente
boas. É claro, algumas teorias nãos melhores que outras. E para Popper, o critério para
decidirmos se uma teoria que uma teoria é melhor, preferível, é o fato de poder ser mais
facilmente falsificada.
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4. CONCLUSÃO
Então, de acordo com Popper, qualquer teoria genuína poderá ser falseável. Ela
poderá, através de testes, ser falsificada. Ou seja, ao lançarmos uma teoria científica a respeito
do mundo, ela correrá o risco de ser falseado, porque o mundo pode não ser da maneira como
a teoria diz. Para Popper, teorias não falsificáveis carecem de conteúdo empírico, elas podem
ser compatíveis com qualquer modo de ser do mundo. Então, através desse método crítico de
tentativa e erro para a ciência que podemos distinguir entre as teorias que são genuinamente
científicas e as que são apenas pseudocientíficas.
É a testabilidade das hipóteses científicas resolverá esse problema de demarcação
entre o que é ciência e pseudociência. Segundo Popper, teorias mais complexas apresentam
menores graus de testabilidade, pois podem ser mais difíceis de falsear. Portanto, mesmo que
a ciência nos mostre resultados indefinidamente aproximados, as construções teóricas simples
serão as preferíveis.
A consequência do falseamento é a busca contínua de novas teorias que pareçam ter a
possibilidade de nos dar uma melhor apreensão dos fatos. Portanto, podemos dizer que
Popper nos deu uma contribuição para a chamada ‘’epistemologia evolucionista’’; ao crer que
nosso conhecimento humano, tal como qualquer outro organismo no mundo, é fruto da
adaptação de um postulado do ambiente em que vivemos por intermédio da experiência.
5. REFERÊNCIAS
ARAÚJO DUTRA, Luiz Henrique de. Oposições Filosóficas: A epistemologia e suas polêmicas.
Florianópolis: Editora da UFSC, 2005.
HEGENBERG, Leônidas. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência. São Paulo:
EPU, 1973.
O’HEAR, A. (org.). (1997). Karl Popper: Filosofia e Problemas. São Paulo: Fundação Editora
da UNESP.
POPPER, Karl R.. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1972.
_____________.Conhecimento Objetivo: uma abordagem evolucionária. Belo Horizonte:
Itatiaia,1999.
_____________. Autobiografia Intelectual, São Paulo, Cultrix/Edusp, 1977.
______________. Conjecturas e refutações. Trad. Sérgio Bath. Brasília: Ed. Universidade de
Brasília, 1972.
Palavras-chave: Filosofia. Ciência. Falseabilidade.
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