os distintos usos do solo na área central da cidade de - Unifal-MG

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OS DISTINTOS USOS DO SOLO NA ÁREA CENTRAL DA CIDADE DE
POÇOS DE CALDAS (MG)
Mariana Medeiros Alves¹; Nathalia Oliveira Silva Costa², Alexandre Carvalho de
Andrade³
¹[email protected]; ²[email protected];
³[email protected]
¹Graduanda em Geografia (IFSULDEMINAS/Poços de Caldas)
²Graduanda em Geografia (IFSULDEMINAS/Poços de Caldas); bolsista PIBIC-FAPEMIG
³Professor do curso de Geografia do IFSULDEMINAS/Campus Poços de Caldas; Pesquisador
do Grupo de Estudos Regionais e Socioespaciais.
Introdução
Tendo em vista a inter-relação econômica e socioespacial entre a urbanização
e as atividades comerciais, Cleps (2004, p. 128) descreve que:
“A urbanização foi um importante instrumento para ampliar a
capacidade do comércio, pois, à medida que a cidade se expandia,
criavam-se novos pontos de atração para a localização dos novos
tipos de estabelecimento comerciais, ou seja, novas centralidades.“
O município de Poços de Caldas, com uma população de 163 mil habitantes
(IBGE, 2015), é considerado, dentro da rede urbana brasileira, como um “centro subregional”, e exerce significativa influência sobre municípios dos estados de Minas
Gerais e de São Paulo (IBGE: REGIC, 2007). Por seu contingente populacional e por
seu papel na rede urbana, Poços de Caldas é uma “cidade média”, e possui
expressiva diversificação econômica, sendo as principais atividades produtivas as
indústrias, a extração mineral, o turismo, o comércio e as prestações de serviços.
O objetivo deste trabalho é demonstrar como a área central de Poços de
Caldas, que historicamente tem no turismo uma atividade de significativa importância
para a economia e as relações socioespaciais, atualmente apresenta uma diversidade
de usos do solo, que reflete o crescimento populacional, as dinâmicas de apropriação
do espaço, e o aumento da importância da cidade na rede urbana regional.
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No contexto da área central de Poços de Caldas, serão elucidadas a presença
de um comércio diversificado, e a formação de “coesões” atreladas ao turismo e a
prestação de serviços no setor de saúde, que apresentam como indutores,
respectivamente, o conjunto formado pelo Parque Afonso Junqueira e a Praça Pedro
Sanches para o turismo, e a Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Poços de
Caldas para os serviços de saúde. Assim, para atingir os objetivos propostos neste
trabalho, foram realizadas análises no plano diretor municipal de Poços de Caldas, as
consultas bibliográficas e em recursos cartográficos, a produção de imagens, e os
trabalhos de campo em distintos setores da área central da cidade, em especial os
que apresentam formações de coesões atreladas ao turismo e aos serviços de saúde.
A área central da cidade de Poços de Caldas
Historicamente os atrativos turísticos estão alocados na área central de Poços
de Caldas, tais como as fontes de águas termais, os balneários hidrotermais (Termas
Antônio Carlos e Balneário Mário Mourão) e o teleférico. Tal situação propiciou, desde
o final do século XIX, a implantação de hotéis, restaurantes e espaços para práticas
culturais, de eventos e de recreação, neste setor da cidade, o que favorece a interação
dos visitantes com o cotidiano dos moradores (ANDRADE, 2011).
No centro da cidade, além dos atrativos e dos estabelecimentos de
hospedagens e de alimentação, existe uma expressiva infraestrutura de apoio a
atividade turística, composta por agências de receptivo, feiras de artesanato, lojas
especializadas em produtos locais e regionais, mercado municipal, e opções variadas
de entretenimento, tais como salas de cinema, teatros e centros culturais, bares com
música ao vivo, museu, dentre outras (figura 1).
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Figura 1 – Aspectos do setor mais turistificado do centro de Poços de Caldas. 1 – Loja
especializada na venda de produtos locais e regionais; 2 – Fachada do Palace Hotel, tendo em
seu térreo uma galeria especializada na venda de “souvenires” relacionados a Poços de
Caldas; 3 – Praça Pedro Sanches em uma tarde de sábado; 4 – Apresentação musical no
coreto da Praça Pedro Sanches, e venda de produtos infantis. Fonte: acervo dos autores.
Poços de Caldas possui relevante importância para a rede urbana regional,
provendo produtos e serviços para seus moradores e para os oriundos dos espaços
urbanos e rurais circunvizinhos. A maior parte dos estabelecimentos comerciais e de
prestações de serviços está alocada na área central, onde também se encontram os
principais atrativos e estabelecimentos de apoio a atividade turística. Esta situação
colabora para que o centro da cidade se estabeleça como um espaço de vivências de
moradores e visitantes, e, devido a isso, apresente distintas funções produtivas,
socioculturais e político-administrativas, que se materializam na paisagem urbana, por
meio de edificações, terminais de transportes, praças, vias, monumentos e fontes.
A população municipal, entre 1950 e 2015, cresceu de 25.237 para 163.677,
sendo 97,6% urbana (IBGE: Censo Demográfico 1950; Estimativa Populacional,
2015). Com isso, a disputa pelo espaço e os resultados de suas modificações
funcionais, refletem tanto na verticalização, com a difusão de prédios para fins
habitacionais e de prestações de serviços na área central (figura 2), mas também em
bairros como Jardim dos Estados, Country Club e Quisisana, quanto na expansão
urbana em direção às zonas sul, leste e oeste. Concomitante a estes processos, o
centro de Poços de Caldas se consolidou como espaço para circulação, consumo de
produtos e serviços, entretenimento, moradia, dentre outros fins.
Figura 2 – Aspectos da área central de Poços de Caldas. 1 – Rua Assis Figueiredo no
cruzamento com a Rua Prefeito Chagas, onde fica evidente a diversidade comercial e até
mesmo a função residencial que o centro exerce (ponderado/articulado através do plano
diretor). No mesmo espaço há redes e franquias, coexistindo com edifícios residenciais. 2 –
Verticalização da área central, tendo funções residenciais, e em menor intensidade para
prestações de serviços. Fonte: acervo dos autores.
A prioridade para a implantação de estabelecimentos comerciais, em Poços de
Caldas, se dá geralmente na localização central ou em suas proximidades, devido ao
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potencial da área e a relação com o crescimento urbano, assim como as facilidades de
acesso pelos meios de transportes. Verifica-se, assim, os aspectos que contribuem
para a maior atração de comerciantes e consumidores, gerando um melhor
gerenciamento da área, criando centros comerciais, galerias, edifícios de escritórios,
agregando uma coesão no espaço voltado ao comércio diversificado e necessário a
cidade média, como bancos, comércios locais, grandes redes de franquias e
comércios de necessidades comuns, lojas de roupas, farmácias, lojas de brinquedos,
mercados, escritórios de contabilidade, advocacia, dentre outras prestações de
serviços (CLEPS, 2004).
De acordo com Correa (1997), o processo de “coesão” se dá na medida em
que há a formação de “áreas especializadas” no interior de um espaço urbano, como
ocorre, no contexto da cidade de Poços de Caldas, com a atividade turística, no
entorno da Praça Pedro Sanches e do Parque Afonso Junqueira, desde o início do
século XX, e, mais recentemente, com estabelecimentos ligados ao setor de saúde
nas imediações da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas. Nesta
área há centros médicos, consultórios especializados, laboratórios de análises clínica,
órgãos municipais ligados à saúde, dentre outras prestações de serviços nesse setor,
e também lojas que comercializam produtos cirúrgicos, farmácias e óticas (figura 3).
Figura 3 – Coesão de estabelecimentos comerciais e de prestações de serviços no setor de
saúde. 1 – Santa Casa (esquerda da imagem), o prédio ao final da rua é um centro médico
com diversos consultórios, e à direita da imagem há outros prédios com diversos atendimentos
médicos e com comércio especializado “em saúde”, como farmácia de manipulação, venda de
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produtos cirúrgicos, formando uma “coesão” na região. 2 – Loja de produtos voltados à saúde,
nas imediações da Santa Casa; 3 – Centro Médico, que, devido a presença de oftalmologistas,
abriga também uma ótica; 4 – Exemplo das mudanças de funções decorrentes das dinâmicas
socioespaciais. Construção que anteriormente tinha uso residencial, e atualmente tem uso para
prestação de serviços na área da saúde, neste caso consultórios. Fonte: acervos dos autores.
A aglomeração de estabelecimentos comerciais e de serviços de um mesmo
segmento atrai, para este espaço, o público consumidor, colaborando para a
consolidação das “coesões” (CORREA, 1997). Em Poços de Caldas, no ano de 2010,
os estabelecimentos de saúde privados eram 108 e os públicos 51 (IBGE, 2010),
sendo que a maior parte destes está situada nas imediações da Santa Casa, e atrai
pessoas do município, mas também das cidades e espaços rurais de sua área de
influência.
Considerações Finais
Poços de Caldas historicamente tem no turismo uma atividade de significativa
importância para a economia e as relações socioespaciais locais. Todavia, o
desenvolvimento de outras práticas produtivas, como a indústria, a extração mineral, o
comércio e a prestação de serviços, colaborou para que o município apresentasse
considerável crescimento populacional, em especial a partir da década de cinquenta
do século XX, quando os referidos processos econômicos ocorreram com maior
intensidade. Concomitante a isto, Poços de Caldas se firmou como uma importante
cidade média na rede urbana regional, atraindo habitantes de municípios vizinhos,
pelas mais diversas motivações.
Na área central da cidade, local onde se concentra a maior parte dos
estabelecimentos comerciais e de prestações de serviços, se desenvolvem as
coesões apresentadas neste trabalho, na área da saúde, sendo indutora a Santa
Casa, e no turismo, sendo indutor o conjunto formado pelo Parque Afonso Junqueira e
a Praça Pedro Sanches. A coesão é um fator importante para a cidade de Poços de
Caldas, e em especial para os comerciantes e consumidores, visto que a aglomeração
e a concentração de comércios e prestações de serviços “afins” facilitam o
funcionamento da área, por manter diferentes, porém interligadas e complementares
funções em um mesmo espaço, favorecendo inclusive a mobilidade. Porém, por outro
lado, a cidade apresenta um significativo adensamento na área central, que reflete a
multiplicidade de usos de seus espaços, e isto pode encarecê-la e mesmo reduzir sua
qualidade socioambiental em decorrência do aumento no trânsito, da poluição sonora
e do ar, dentre outras.
Referências
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ANDRADE, Alexandre Carvalho de. Crescimento populacional e transformações sócioambientais em municípios turísticos: o caso de Poços de Caldas (MG). Caderno
Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p.67-82, 2011.
CLEPS, Gleisa Daise Gumiero. O comércio e as cidades: novas territorialidades
urbanas. Sociedade e Natureza, 16 (30), p. 117-132, 2004.
CORRÊA, Roberto Lobato. Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1997.
IBGE: Regiões de Influência das Cidades (2007). Rio de Janeiro, 2008.
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