1. INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO
O acidente vascular cerebral (AVC) é uma doença que tem prevalência cada vez
maior, principalmente em países que têm grande população de idosos. Nos Estados
Unidos, o AVC é responsável por 550.000 hospitalizações e 150.000 mortes anualmente
e representa a terceira causa de morte, sendo a principal doença incapacitante.1,2 No
Canadá, o AVC acomete 50.000 pacientes por ano e a taxa de incidência aumenta
exponencialmente com o aumento da idade dos indivíduos, sendo responsável por 7%
das mortes neste país.3
Dois terços dos AVCs isquêmicos são causados pela aterosclerose das artérias
intra e extra-cranianas. Esta enfermidade leva a uma isquemia cerebral por estenose ou
oclusão in situ e principalmente por embolização de material da placa de ateroma. Os
êmbolos de origem cardíaca constituem o terço restante das causas de AVC isquêmico.
Outras causas menos freqüentes de AVC são as vasculites, anormalidades
hematológicas, displasia fibromuscular, dissecções extra-cranianas da artéria carótida,
entre outras.2
Dentre as causas de AVC por aterosclerose, é estimado que o acometimento da
carótida seja responsável por 20 a 30% dos AVC ocorridos nos Estados Unidos. 3 Os
fatores de risco identificados para o desenvolvimento de estenose carotídea por placa de
ateroma estão associados à idade, sexo, hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemia e
tabagismo.4
A estenose carotídea pode ou não apresentar sintomas. Entre os sintomas da
estenose carotídea estão o acidente isquêmico transitório (AIT), AIT ocular, disfunção
progressiva intelectual e o AVC.5 Nestes pacientes sintomáticos, com estenose
importante de carótida, o risco de AVC chega a 32%.6 O AIT é o sintoma que
geralmente caracteriza a estenose carotídea, porém muitas vezes o primeiro sinal de
estenose carotídea é o próprio AVC ou a oclusão carotídea. Para aqueles pacientes que
têm estenose carotídea significativa assintomática, a taxa anual de AVC varia entre 2%
a 5%. A evolução da estenose carotídea assintomática para a oclusão desta artéria é
imprevisível e pode oferecer grandes riscos ao paciente, já que o AVC pode ocorrer no
primeiro ano em 20% dos pacientes que têm oclusão carotídea, e em 1,5% a 5% nos
anos seguintes.3
2
Diversos estudos demonstraram que a endarterectomia carotídea, a cirurgia para
corrigir lesões vasculares extracranianas e que tem por objetivo a prevenção do AVC, é
justificada por ser uma alternativa mais eficaz e efetiva em estenoses importantes que o
tratamento
clínico
com
medicamentos
anticoagulantes
ou
antiplaquetários
isoladamente.5,6 Outro método utilizado para a correção da estenose carotídea é a
angioplastia de carótida, que durante a última década foi usado para o tratamento de
pacientes de alto risco cirúrgico.7-9
A Angioplastia Transluminal Percutânea (ATP) foi idealizada por Dotter e
Judkins em 1964, sendo utilizada para tratamento de lesões ateroscleróticas
periféricas.12,13
A técnica inicial para angioplastia foi sofrendo modificações
importantes e, em 1974, Gruntzig e Hopff tornaram o método mais seguro, conseguindo
bons resultados com baixo índice de complicações.13
A Angioplastia consiste basicamente na dilatação do segmento arterial ou
venoso que esteja estenosado ou obstruído, por meio de cateter com balão inflável em
sua extremidade, através de cateterismo percutâneo. O baixo índice de morbidade e
índice de mortalidade próximo de zero são as principais vantagens da utilização dessa
técnica.13
Baseado nos bons resultados com a técnica intervencionista percutânea na artéria
coronária e na circulação periférica, um passo natural revolucionário seria a aplicação
deste procedimento no nível cerebrovascular.14
O primeiro artigo a descrever a angioplastia na artéria carótida foi publicado em
199315, e a partir daí os resultados obtidos com a angioplastia de carótida têm sido
comprovados por diversos estudos.16 Porém, a angioplastia carotídea era utilizada
apenas em pacientes em que a endarterectomia seria contra-indicada, como por exemplo
em lesões ateroscleróticas altas, lesões actínicas, reestenoses e outras situações de difícil
manejo cirúrgico.17 A limitação da angioplastia devia-se aos resultados de estudos
clínicos que comparavam a endarterectomia com a angioplastia e demonstraram que a
última apresentava elevada taxa de acidente vascular cerebral, o que a tornava muito
inferior a endarterectomia carotídea.11,18
Os elevados índices de AVC concomitantes a realização da angioplastia
carotídea eram decorrentes de êmbolos, placas provenientes da própria lesão
aterosclerótica. Entretanto, recentes melhorias na tecnologia da construção do stent
(prótese metálica endovascular) e a introdução de dispositivos de proteção cerebral para
prevenir a embolização têm melhorado significativamente os resultados da angioplastia
3
de carótida.18 Na última década, a angioplastia de carótida tem sido investigada para o
tratamento de doença oclusiva de carótida, com baixas taxas de AVC e
mortalidade.7,8,11,16,17,32
Theron et al
19
foram os primeiros a introduzir a idéia de proteção cerebral
endovascular em 1987. Este utilizava um balão de oclusão distal à lesão durante o
procedimento de angioplastia. Nos últimos anos esta técnica ganhou popularidade e
consequentemente aumentou o número de angioplastias carotídeas.
20
Recentemente,
diversos dispositivos capazes de capturar essas partículas embólicas foram
desenvolvidos,
reduzindo
drasticamente
as
complicações
perioperatórias
do
procedimento.17,20,23,28,39
A endarterectomia carotídea ainda permanece como tratamento de escolha para
prevenção do acidente vascular cerebral na maior parte dos pacientes com doença
oclusiva de carótida, e isto está documentado por grandes estudos multicêntricos,
randomizados. Entretanto, a angioplastia carotídea tem sido indicada como uma
alternativa eficaz à endarterectomia carotídea. 11,18
Hoje, na angioplastia de carótida utiliza-se stent e o filtro que impede a
embolização de fragmentos para o cérebro, tornando o procedimento uma alternativa tão
eficaz quanto a cirurgia de endarterectomia carotídea, e além disso, consagrando-o
como um método menos invasivo.10,11
Entretando, a angioplastia percutânea transluminal tem sido utilizada
predominantemente em pacientes de alto risco com comorbidades que elevam os índices
de complicações se tratados pela cirurgia convencional. Com a evolução tecnológica
desses stents e dos filtros de proteção cerebral já é possível demonstrar que o
procedimento pode ser utilizado em todos os pacientes com indicação de
revascularização cerebral.
Nesse estudo, resultados iniciais da técnica endovascular e a utilização de filtro
de proteção cerebral são demonstrados. Assim mesmo, ainda são necessários estudos de
longo prazo para verificar a ocorrência e a sobrevida livre destas intercorrências nos
pacientes tratados.
4
2. OBJETIVOS
Analisar os resultados do tratamento endovascular das lesões carotídeas com
utilização de stent e filtro de proteção cerebral nos pacientes operados pelo Serviço
de Cirurgia Vascular Periférica e Endovascular (CVPE), em Florianópolis/SC.
Analisar as variáveis descritivas e intercorrências (acidente vascular cerebral
perioperatório e óbito).
Verificar associações entre as variáveis descritivas e intercorrências.
5
3. MÉTODO
3.1 Desenho
Trata-se de um estudo clínico observacional, descritivo. O estudo comparou os
resultados pré e pós-procedimento para determinar se a técnica é vantajosa e eficaz para
o paciente quanto aos resultados pós-operatórios e o grau de reestenose.
3.2 Local
As angioplastias carotídeas observadas foram realizadas na Clínica Imagem e na
Clínica SOS Cárdio. Os pacientes participantes do estudo foram também submetidos
aos exames de seguimento na Clínica Imagem. Todas essas Instituições já têm prática
rotineira nesses procedimentos, sendo, portanto, adequados e tendo o suporte necessário
para estas intervenções.
3.3 Amostra
Foram analisados os indivíduos submetidos à angioplastia de carótida com filtro
de proteção cerebral nas Instituições envolvidas, não havendo qualquer seleção prévia
dos pacientes.
3.3.1 Critérios de Inclusão
Todos os pacientes portadores de estenose carotídea foram submetidos à
avaliação pré-operatória pelo Serviço de Cirurgia Vascular, esta consiste em exames
laboratoriais de rotina, avaliação da função cardíaca pelos médicos do corpo clínico do
Serviço de Cardiologia (com exames por ele julgados necessários), avaliação da função
neurológica pelo Serviço de Neurologia e avaliação pré-anestésica feita através do
Serviço de Anestesia. Exames específicos para condições particulares de cada caso
foram realizados de acordo com a necessidade. Foram incluídos no estudo pacientes
portadores de estenose carotídea de 75% ou superior assintomáticos e aqueles com 50 a
6
75% ou superior de estenose carotídea sintomáticos, que foram submetidos à
angioplastia, e que aceiraram participar desse estudo. Os participantes tomaram
conhecimento do estudo através do próprio pesquisador e do consentimento informado,
que continha todas as informações necessárias àqueles que aceitaram participar da
pesquisa.
3.3.2 Critérios de Exclusão
Pacientes que não preenchem critérios de inclusão. A qualquer tempo anterior ao
ato cirúrgico ou após a realização deste, foram excluídos os pacientes que se recusaram
ou desejaram ser retirados do estudo. Os participantes que desejaram desistir do estudo
entraram em contato com o pesquisador responsável ou com o pesquisador principal,
cujos telefones e e-mails constam no consentimento informado.
3.4 Duração do Seguimento
Os pacientes tiveram seguimento, após alta hospitalar, no primeiro mês após o
procedimento. O Eco Color Doppler das carótidas foi realizado em todos pacientes para
verificação de estenose da artéria submetida à angioplastia e também para análise das
carótidas contralaterais. Foi considerada estenose residual aquela que persistir após o
procedimento e reestenose aquela que aparece em 30 dias após a angioplastia. Nos casos
em que se fizesse necessário, foi também realizada arteriografia das carótidas para
confirmação dos resultados do Eco Color Doppler e planejamento terapêutico.
3.5 Procedimentos
3.5.1 Pré-operatório
1. Avaliação de qual a indicação do paciente submetido à angioplastia, suas
comorbidades.
2. Os pacientes que permaneceram no estudo foram submetidos ao Eco Color
Doppler de carótidas para avaliação do grau de estenose, características da placa
de ateroma, condições anatômicas desses vasos e características também das
artérias não afetadas.
7
3. Os pacientes que permaneceram no estudo foram submetidos à arteriografia de
carótidas, que visa avaliar o grau de estenose, características da placa de
ateroma, circulação colateral dessas artérias, circulação cerebral cruzada e
demais considerações técnicas.
3.5.2 Técnica
A técnica para realização da angioplastia segue os princípios do cateterismo
arterial. Todos os pacientes foram antiagregados com AAS (ácido acetilsalicílico) e
Clopidogrel antes do procedimento. Há monitorização das funções vitais durante todo o
procedimento. O paciente é submetido à anestesia local associado sedação endovenosa.
Seguem-se os seguintes passos:
• Realiza-se a punção arterial percutânea via artéria femoral direita
preferencialmente, tipo Seldinger.
• Passagem do introdutor valvulado em artéria femoral.
• Cateterização seletiva da artéria carótida comum para realização de
angiografia digital das artérias carótidas, artérias vertebrais e artéria intracerebral.
• Utiliza-se, nesse momento, heparina sódica na dosagem de 5000 – 7500 UI,
administradas através do próprio cateter ou por via endovenosa.
• Cateterização seletiva da artéria carótida externa na passagem do fio guia
(0,35J).
• Posicionamento do cateter guia MP ou introdutor longo até a artéria carótida
comum.
• Posicionamento do sistema de proteção cerebral (Filtro EZ ou AngioGuard
RX) em carótida interna, distal a lesão, em seguida faz-se abertura do filtro.
Filtro de proteção cerebral tipo Boston Scientific EZ®
• Administra-se atropina endovenosa.
Filtro de proteção cerebral tipo AngioGuard RX®
8
• Passagem do stent auto expansível (Wallstent® da empresa Bostonscientific®
ou Precise® da empresa Johnson and Johnson®) seguido pela sua abertura no
local da lesão.
Wallstent®
Precise®
• Faz-se, então, angioplastia com cateter balão e após angiografia de controle
pelo cateter guia e, em caso de estenose residual, repete-se a angioplastia com
balão de tamanho adequado.
• Nova angiografia de controle seguido de angiografia digital cerebral final.
• Recolhe-se o filtro e em seguida retira-se o sistema.
3.6 Parâmetros Analisados
Do pré-operatório:
•
Idade;
•
Tabagismo;
•
Comorbidades relevantes (diabete, hipertensão arterial sistêmica, coronariopatia,
infarto agudo do miocárdio prévio, revascularização do miocárdio prévia,
doença broncopulmonar obstrutiva crônica e dislipidemia);
•
Grau de estenose homolateral e contralateral;
•
Indicação da cirurgia;
•
Tempo de internação hospitalar;
•
Tempo de internação em Unidade de Terapia Intensiva;
•
Cirurgia prévia de carótida;
•
Farmacoterapia;
Do trans-operatório:
•
Local da angioplastia;
•
Local da punção;
9
•
Classificação ASA;
•
Materiais utilizados;
•
Complicações (bradicardia, espasmo arterial, AVC, óbito, obstrução arterial
aguda, fibrilção atrial);
•
Presença e porcentagem de estenose residual.
Do pós-operatório:
•
Complicações (hematoma, AVC, IAM);
•
Necessidade de reintervenção;
•
Óbito.
Do acompanhamento:
•
Presença e porcentagem de reestenose;
•
Sintomas de estenose carotídea.
3.7 Aspectos Éticos
Este estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, em
novembro de 2005.
Todos os pacientes foram esclarecidos quanto ao procedimento da angioplastia e
assinaram o consentimento informado (Anexo 1). Os pacientes preencheram todos os
critérios de inclusão e não apresentaram critérios de exclusão.
10
4. RESULTADOS
Foram estudados 41 pacientes portadores de estenose carotídea nos quais foram
realizados 42 angioplastias carotídeas com filtro de proteção cerebral, no período de
agosto de 2003 a setembro de 2005.
A maioria era do sexo masculino, num total de 23 paciente (Tabela 1).
TABELA 1 – Distribuição dos pacientes submetidos à angioplastia
carotídea quanto ao sexo. Florianópolis, 2005.
Sexo
n
%
FEMININO
18
43,9
MASCULINO
23
56,1
Total
41
100,0
Fonte: Base de dados Angioplastia de Carótida: SOSCárdio/Imagem
A idade dos pacientes variou de 53 a 83 anos, sendo a média de idade de 68,9 e a
mediana de 70 anos.
Quanto aos fatores de risco associados, 37 pacientes eram hipertensos, 19 eram
diabéticos e 18 eram coronariopatas (Tabela 2).
TABELA 2 – Distribuição dos fatores de risco associados nos pacientes
submetidos à angioplastia carotídea. Florianópolis, 2005.
Fatores de Risco Associados
n
%
HAS*
37
33,3
Diabetes Mellitus
19
17,1
Dislipidemia
18
16,2
Coronariopatia
18
16,2
Tabagismo
11
9,9
IAM** prévio
5
4,5
DPOC***
3
2,7
Fonte: Base de dados Angioplastia de Carótida: SOSCárdio/Imagem
*Hipertensão Arterial Sistêmica
** Infarto Agudo do Miocárdio
*** Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
11
De acordo com a classificação ASA, 31(75,6%) pacientes foram considerados
de alto risco para a intervenção, que são aqueles classificados graus III ou IV. (Tabela3)
TABELA 3 - Distribuição dos pacientes de acordo com a classificação
ASA*. Florianópolis, 2004.
ASA*
n
%
II
10
24,3
III
21
51,2
IV
10
24,3
41
100,0
Total
Fonte: Base de dados Angioplastia de Carótida SOSCárdio/Imagem
*American Society of Anesthesiologists
Dos 41 pacientes submetidos à angioplastia 28 (68,3%) eram sintomáticos,
isto é, sofreram AVC prévio, acidente vascular transitório, amaurose fugax ou possuíam
placa ulcerada. Os outros 13 (31,7%) pacientes possuíam estenose crítica, detectada em
exame de imagem.
O período de internação dos pacientes angioplastados variou de 1 a 5 dias,
com uma média de 2 dias de internação por paciente. Após o procedimento, os pacientes
eram levados a UTI e permaneceram no local em média 20 horas, sendo que a maior
parte dos pacientes permaneceu por um período mínimo de 12 horas.
O local da lesão da carótida avaliado no pré-operatório por Angiografia ou ECO
Doppler está relacionado na Tabela 4.
12
TABELA 4 – Distribuição da localização da lesão nos pacientes
submetidos à angioplastia carotídea. Florianópolis, 2005.
Localização da lesão
n
ACI*
38
ACC**
2
ACC + ACI
2
A. Vertebral
2
Oclusão Contra lateral
2
Estenose Bilateral
1
Fonte: Base de dados Angioplastia de Carótida: SOSCárdio/Imagem
*Artéria Carótida Interna
**Artéria Carótida Comum
Apenas um (2,4%) paciente possuía estenose crítica bilateral e foi submetido à
angioplastia bilateralmente. Três (7,3%) pacientes foram tratados pela angioplastia de
carótida por apresentarem reestenose após endarterectomia carotídea.
Através do exame de imagem foi detectado que dois (4,8%) pacientes possuíam
uma particularidade anatômica que é o tronco bovino e outros dois (4,8%) pacientes
possuíam lesão crítica de artéria vertebral.
Quanto ao tipo de stent, a proporção entre o Wallstent® e o stent Precise® é
representado na Tabela 5. Vale ressaltar que o número de stent é superior ao número de
pacientes, já que alguns pacientes possuíam mais de uma lesão aterosclerótica nas
artérias carótidas.
TABELA 5 – Distribuição das lesões ateroscleróticas nos pacientes
submetidos à angioplastia carotídea quanto tipo de stent utilizado.
Florianópolis, 2005.
Tipo de Stent
n
%
WALLSTENT®
30
68,1
PRECISE®
14
31,8
Total
44
100,0
Fonte: Base de dados Angioplastia de Carótida: SOSCárdio/Imagem
Quanto ao tipo de sistema de proteção cerebral, a proporção entre EZ Filter® e o
AngioGuard RX® utilizados nas angioplastias de carótida é demonstrada na Tabela 6.
13
TABELA 6 – Distribuição das angioplastias carotídeas quanto ao filtro de
proteção cerebral. Florianópolis, 2005.
Tipo de Filtro
n
%
EZ Filter®
34
80,9
AngioGuard RX®
8
19,1
Total
42
100,0
Fonte: Base de dados Angioplastia de Carótida: SOSCárdio/Imagem
Dos 41 pacientes do estudo, 8 (19,5%) pacientes apresentaram intercorrências
relacionadas ao procedimento. Nenhum paciente foi a óbito durante o procedimento e
durante o período de seguimento.
Um (2,4%) paciente apresentou-se bradicárdico no pós-operatório.
Um (2,4%) paciente apresentou fibrilação atrial durante o procedimento, foi
corrigido com Amiodarona após 24 horas na UTI.
Um (2,4%) paciente apresentou Obstrução Arterial Aguda na artéria ilíaca
direita durante o procedimento na passagem do introdutor. Foi corrigido com stent no
mesmo tempo cirúrgico.
Três (7,3%) pacientes apresentaram espasmo arterial durante o procedimento.
Durou de 10 a 20 minutos, sem seqüelas neurológicas.
Dois (4,8%) pacientes sofreram acidente vascular cerebral (AVC) durante o
procedimento. Destes pacientes, um apresentou AVC durante a passagem do fio guia,
isto é, no início do procedimento. Os sintomas (alteração no nível de consciência e
paresia esquerda) foram detectados no momento do procedimento. Na angiografia foi
detectado embolia da artéria frontal direita, artéria temporal direta e parietal direita. Na
mesma ocasião já foi realizada terapia fibrinolítica obtendo-se bom resultado sem
seqüelas neurológicas.
O segundo AVC ocorreu num paciente no momento da passagem do filtro de
proteção cerebral. O paciente evolui com hemiparesia direita e dislalia. A hemiparesia
foi tratada com fisioterapia e houve reversão completa do sintoma após um mês do
procedimento. Já o sintoma dislalia permaneceu pouco alterado após um mês de
seguimento.
14
TABELA 7 – Distribuição das intercorrências da angioplastia carotídea.
Florianópolis, 2005.
Intercorrências
n
%
Óbito
0
0
AVC
2
4,8
Bradicardia
1
2,4
Espasmo Arterial
3
7,3
FA*
1
2,4
OAA**
1
2,4
Fonte: Base de dados Angioplastia de Carótida: SOSCárdio/Imagem
*Fibrilação Arterial
**Obstrução Arterial Aguda
O filtro de proteção cerebral foi analisado após o procedimento e em 3 (7,3%)
casos foram encontrados êmbolos macroscópicos no filtro. O que significa risco
aumentado de embolia cerebral caso a não fosse utilizado sistema de proteção cerebral
durante a angioplastia carotídea.
No seguimento de 30 dias após o procedimento, através do exame clínico e
exame de imagem Eco Doppler, foi verificado a localização do stent, a sua perviedade,
assim como possíveis reestenose.
Dos 41 pacientes acompanhados, apenas 1 (2,4%) não estava com a artéria
angioplastada pérvia. O exame deste paciente demonstrou oclusão da artéria
angioplastada, com stent trombosado, porém assintomático.
Não houve óbito no perioperatório e no acompanhamento de 30 dias, assim
como não houve nenhum caso de reestenose. (Tabela 8)
TABELA 8 – Distribuição das intercorrências da angioplastia carotídea
após 30 dias. Florianópolis, 2005.
Intercorrências
n
%
Oclusão
1
2,4
Óbito
0
0
Sequela de AVC
1
2,4
Reestenose
0
0
Fonte: Base de dados Angioplastia de Carótida: SOSCárdio/Imagem
15
5. DISCUSSÃO
O acidente vascular cerebral é a terceira causa de morte nos Estados Unidos e a
principal doença incapacitante. O AVC é causado por uma isquemia cerebral decorrente
da obstrução do fluxo sanguíneo cerebral. A aterosclerose é o principal fator
precipitante da estenose carotídea e dos êmbolos cerebrais.1-3 Um estudo recente
realizado na grande Florianópolis em que 730 pacientes acima de 65 anos foram
submetidos a ECO Doppler de carótidas, demonstrou estenose carotídea superior a 50%
em 32 pacientes.41
A aterosclerose é uma entidade degenerativa de gênese mutifatorial, com fatores
de risco bem definidos como idade, sexo, hipertensão, tabagismo, dislipidemia, diabetes
mellitus, sedentarismo. 4
A angioplastia carotídea emergiu na última década como uma alternativa a
cirurgia de
endarterectomia carotídea no
tratamento
da
estenose carotídea
significante.17,24 As vantagens potenciais de um procedimento pouco invasivo, com
risco cirúrgico reduzido e recuperação rápida, têm gerado um grande interesse por parte
dos médicos e pacientes.
Os estudos NASCET, ECST e ACAS identificaram pacientes que tiveram
resultados limitados ou não obtiveram vantagens da endarterectomia carotídea,
incluindo pacientes do sexo feminino, idosos, com doenças cardiovasculares e oclusão
da carótida contralateral. Estes pacientes se beneficiariam da angioplastia.5,6,11,29
Embora o seu uso em pacientes de alto risco mostrou-se satisfatório, a
angioplastia não teve ampla aceitação nos casos dos pacientes com baixo risco cirúrgico
por causa da disponibilidade da endarterectomia carotídea com excelentes resultados e
também pelo fato de a angioplastia oferecer risco de AVC embólico no
perioperatório.17,24,25
O procedimento da angioplastia carotídea produz quantidade significante de
partículas embólicas, já que a estenose de carótida é uma lesão produtora de êmbolos,
diferente da maior parte das lesões coronárias e periféricas, onde a limitação da
passagem pela obstrução é o principal problema. Por esta razão, lesões embólicas são
tradicionalmente consideradas contra-indicadas para a terapia endovascular.36
16
O embolismo relacionado a angioplastia permaneceu como o principal limitante
para o uso difundido dessa técnica para o tratamento da maior parte das doenças
oclusivas da artéria carótida. A atual taxa de eventos neurológicos no perioperatório
varia de 5 a 10% na maioria dos centros onde a angioplastia sem filtro de proteção
cerebral é realizada. Esta taxa torna-se inaceitável quando comparadas com os
resultados da endarterectomia convencional para pacientes de baixo risco cirúrgico e
ainda controverso para os pacientes de alto risco.20,24-26
Em 1987, Theron et al., pela primeira vez reportou um caso de sucesso de
angioplastia carotídea em que o risco de embolização cerebral foi reduzido por um
balão oclusivo utilizado durante o procedimento. Seu trabalho evidenciou o risco de
embolização associado à angioplastia, disseminando o desenvolvimento de grande
número de dispositivos de proteção cerebral. 8,19,26 O conceito de Theron agora tem sido
refinado com avançada tecnologia e similares resultados favoráveis.14,23
Conforme o trabalho experimental de Ohki et al., confirmou-se que
microêmbolos são liberados na maior parte das intervenções percutâneas carotídeas e
em cada estágio do procedimento. 8,22,26
A ocorrência de eventos neurológicos durante a angioplastia parece ser
diretamente proporcional ao tamanho da partícula e ao número de eventos embólicos.8,26
Torna-se claro assim que qualquer técnica que reduza o número ou o tamanho das
partículas embólicas deve reduzir as chances de déficits neurológicos relacionados a
angioplastia.
O filtro de proteção cerebral ideal deve ser simples e fácil de usar, radiopaco,
estéril e o mais atraumático possível, para que possa atravessar a lesão sem contato,
evitando destacar placas, que levaria a embolização cerebral. Finalmente, o filtro
deveria eliminar efetivamente partículas geradas pela dilatação. 14
Assim, o uso de dispositivos de proteção cerebral para prevenir a embolização
na angioplastia carotídea mudou drasticamente os resultados dessa técnica, como é
sugerido por vários estudos clínicos11, 20, 22
Em um ano de uso do filtro de proteção AngioGuard nos pacientes submetidos a
angioplastia a taxa de AVC, morte e Infarto Agudo do Miocárdio (5,8%) foram mais
baixas quando comparadas aos pacientes da endarterectomia carotídea (12,6%).11,21
Mathias32,37, demonstrou que o filtro de proteção cerebral reduz a taxa de AVC
perioperatório em 60% quando comparado a angioplastia sem o uso de proteção
cerebral.
17
Em nosso estudo, após a retirada do filtro de proteção cerebral, houve 3 casos
em que foi encontrado lesão macroscópica no filtro. Esta efetiva remoção de partículas
embólicas pode explicar o baixo número de complicações neurológicas nas
angioplastias com filtro de proteção cerebral no estudo.
Estudos clínicos têm avaliado que o uso de dispositivos de proteção cerebral
durante a angioplastia sugere uma taxa de eventos neurológicos (3%) mais baixa tanto
que a angioplastia carotídea sem filtro de proteção cerebral (5-10%) quanto a cirurgia de
endarterectomia convencional (3-5,8%).20,27,28
Porém, a manipulação da lesão na angioplastia é capaz de gerar fragmentos
embólicos durante qualquer parte do procedimento. Isto tem sido documentado em
diversos estudos clínicos e experimentais. 8,17,21,26,32
Um momento crítico do procedimento torna-se a passagem do filtro de proteção
cerebral, que precisa atravessar a lesão na artéria carótida interna, isto pode gerar
partículas embólicas com potencial risco de seqüelas neurológicas. Em nosso estudo,
houve um caso de AVC neste momento. O paciente evoluiu com hemiparesia direita e
dislalia, em três semanas a hemiparesia evoluiu com melhora completa do quadro e em
um mês de acompanhamento o paciente permaneceu com dislalia.
Outro momento de risco potencial para o deslocamento de partículas é a retirada
do filtro, quando este está repleto de material embólico; em nosso estudo não houve
nenhum caso em que isto aconteceu.
Um outro caso de AVC neste estudo ocorreu no início do procedimento, no
momento da passagem do fio guia, este tipo de caso é pouco descrito na literatura. O
paciente foi diagnosticado no momento da lesão, quando surgiu alteração do nível de
consciência e paresia esquerda. Os êmbolos encontrados em artéria frontal, artéria
temporal e artéria parietal direita pela angiografia foram prontamente revertidos com
terapia fibrinolítica.
Apesar dos dois casos de AVC ocorridos no perioperatório, em 30 dias de
acompanhamento, é fundamental comentar a ausência de óbito no perioperatório e no
seguimento de 30 dias do procedimento. Este resultado é comparável a um estudo de
um único centro em que foram avaliados 184 pacientes submetidos à angioplastia
carotídea com filtro de proteção cerebral, num período de 30 dias após o procedimento
em que a taxa de AVC com seqüelas e mortalidade foi de 2,7%.14
Outra intercorrência que pode acontecer durante o procedimento da angioplastia
é o espasmo vascular, que ocorre pela força radial aplicada no vaso pelo stent, pelo
18
balão de dilatação ou pelo próprio filtro de proteção cerebral.
17
No estudo houve três
(7,1%) casos de espasmos, porém os espasmos foram sempre temporários, resolvidos
dentro de 10 a 20 minutos, espontaneamente ou com tratamento clínico, não resultando
em seqüelas clínicas.
Apesar de este estudo ter como limitação um número reduzido de pacientes
quando comparado a grandes centros, ele teve resultados semelhantes, mostrando a
angioplastia carotídea com utilização do filtro de proteção cerebral como um método
seguro e com baixos índices de complicações neurológicas e morte. A baixa freqüência
total de AVC nos procedimentos estudados torna difícil concretizar o estudo como
adequado para poder detectar mudança no risco de AVC.
Por outro lado, este estudo confirma que o filtro de proteção cerebral pode ser
usado de maneira segura. É válido ressaltar que este estudo envolveu pacientes com
indicações clínicas de revascularização e nenhum foi excluído independente do seu
exame de imagem, isto é, não houve seleção prévia. Dessa maneira, consideramos os
resultados aceitáveis e encorajadores.
O número de pacientes recrutados no estudo SAPPHIRE é de 720, e esse
número á é capaz de alcançar resultados mais confiáveis, confirmando a angioplastia
com proteção cerebral como não inferior à cirurgia nos pacientes de alto risco. 11,16
O SAPPHIRE demonstrou também que a taxa de óbito, AVC ou IAM em 30
dias após a cirurgia foi 39% mais baixa nos pacientes que foram submetidos a
angioplastia quando comparados aos pacientes cirúrgicos. Embora o poder estatístico
deste estudo tenha sido considerável com o grande número da amostra, apenas o
objetivo de primeira análise foi alcançado, demonstrado a não inferioridade da
angioplastia carotídea com filtro de proteção cerebral comparada à endarterectomia.
Uma amostra maior deve ser utilizada para sustentar o segundo achado, o de
superioridade da angioplastia. Além disso, os resultados deste estudo não são
generalizados para pacientes de baixo risco cirúrgico, e estudos apropriados para este
tipo de amostra estão em desenvolvimento. 11
Os resultados em longo prazo da angioplastia carotídea têm sido pouco
documentados. Alguns autores relatam resultados em médio prazo com taxas de AVC e
morte menor que 3%. A maior parte desses estudos clínicos reporta apenas os resultados
dos pacientes de alto risco. Estes resultados estão sendo comparados a 50 anos de
experiência cirúrgica. 30,31
19
Apenas quatro estudos que incluíram mais de 100 pacientes demonstraram
resultados em longo prazo da angioplastia carotídea com seguimento de mais de três
anos. Em um deles, a vida livre de AVC em três anos foi de 79%, entretanto, foi de 92%
e 96% nos outros dois estudos. 32-35
Neste estudo, resultados iniciais da angioplastia de carótida são significantes.
Entretanto, ainda são necessários estudos de longo prazo para avaliar a sobrevida livre
de intercorrências nos pacientes tratados.
20
6. CONCLUSÕES
1. A angioplastia carotídea com filtro de proteção cerebral mostrou-se um método
seguro e eficaz no tratamento de estenose carotídea na nossa série.
2. Não houve diferença significativa entre os sexos dos pacientes, entretanto
predominou o sexo masculino, com uma mediana de idade de 70 anos. Trinta e
um pacientes (75%) foram considerados de alto risco para intervenção de acordo
com a classificação ASA. Dois pacientes (4,8%) sofreram AVC durante o
procedimento, porém apenas um paciente recebeu alta da UTI com seqüela
neurológica. Como desfecho clínico, não houve óbito perioperatório e no
período de 30 dias de acompanhamento. Apenas um paciente após 30 dias de
acompanhamento
permaneceu
com
dislalia,
sequela
neurológica
do
procedimento.
3. Não houve associação estatisticamente significativa entre sexo do paciente,
idade, localização da estenose carotídea e desfecho clínico.
NORMAS ADOTADAS
21
Este trabalho foi realizado segundo a resolução nº. 001/2001 aprovada em
reunião do Colegiado do Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal de
Santa Catarina em julho de 2001.
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