E S P E C IA L COM U NIC AÇ ÃO #1 Tudo sobre a carreira em marketing Nas últimas décadas, poucas áreas de uma empresa mudaram tanto quanto o marketing. Entenda quais são os novos desafios e paradigmas da carreira em marketing no século 21. D e nada adianta uma empresa ter o presidente mais visionário ou a fábrica mais eficiente se ela não tem uma boa estratégia para vender seus produtos. Vai se sair melhor sempre quem der mais atenção ao consumidor! Enquanto clientes satisfeitos falam bem da empresa para os amigos, e eles também acabam se tornando futuros compradores, isso acontece de modo inverso com os clientes insatisfeitos: eles falam mal do produto para os amigos, que perdem o interesse na compra. Mas como identificar e satisfazer as necessidades dos consumidores? Qual a melhor maneira de organizar a comunicação com eles? Quem cuida disso nas companhias é o marketing, junto com as equipes de vendas e publicidade. São esses profissionais que cuidam do relacionamento entre cliente e empresa em todos os momentos. Sabe quando um comercial de cheeseburger com batata frita deixa você com água na boca? Ou quando você vai passear no shopping e compra por impulso um perfume na promoção? Esse é o resultado de estratégias criadas por um profissional de marketing, colocados em prática pelo responsável pela venda do produto.São funções bastante complexas, que envolvem conhecimento de mercado e uma boa dose de ousadia. Hoje em dia, com a revolução originada pela internet e acelerada pelas redes sociais, muitas verdades do marketing estão sendo desafiadas. O que significa o Facebook, o Instagram, o Whatsapp, as bikes compartilhadas? As grandes empresas estão confusas. Muita coisa precisa ser redefinida, e será papel do Marketing entender isso antes de todo mundo. Nesse Especial Comunicação #1, você conhecerá mais de perto o dia-a-dia dos diferentes profissionais de marketing, as semelhanças e diferenças no que fazem, e quais os desafios que a área tem pela frente. O que eu vou fazer de diferente amanhã? Conheça Vitor Vizeu, que aos 26 anos lidera o departamento de Marketing de um dos sites de e-commerce que mais cresce no Brasil A os 26 anos, formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora e cursando MBA em Marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Vitor Viseu é diretor de comunicação da Chico Rei. Criada em 2008, a marca foi uma das primeiras a acreditar no potencial do e-commerce e desde o início vende camisetas apenas pela internet. A aposta parece ter dado muito certo: atualmente, o site conta com uma média mensal de 300 mil acessos, a página do Facebook O que eu vou fazer de diferente amanhã? tem mais de 740 mil curtidas e o perfil no Instagram já passou dos 36.000 seguidores. Outros números, como a base de clientes cadastrados que já está na casa dos seis dígitos e vendas realizadas para mais de 2400 cidades de todos os estados brasileiros além de 30 países diferentes, também impressionam. No final de 2014, a marca atingiu um crescimento de 80% em vendas em relação a 2013, média quase dez vezes maior que a geral do e-commerce no Brasil. Liderar o departamento de marketing da Chico Rei, que conta com uma equipe própria para atender todas as demandas, é o desafio diário de Vitor. Ele começou a se preparar para o mercado de trabalho ainda na faculdade: “Durante dois anos, fui membro da empresa júnior de Comunicação Social, onde fiz parte dos departamentos de Marketing e Recursos Humanos, lidando com clientes reais. Durante cerca de um ano, trabalhei com produção de vídeos. Em seguida, comecei na Chico Rei como estagiário. Estou completando cinco anos na empresa, acumulando histórias e experiências que acompanham o crescimento da marca”, conta. Segundo ele, para conseguir atingir todos os objetivos, a área de Marketing é dividida em vários setores, como assessoria de imprensa, gerenciamento de projetos, social media, marketing, parcerias, mídia e redação. Todos os segmentos contam com planejamento a curto, médio e longo prazo, que são totalmente alinhados com os objetivos da empresa: “Trabalhamos para suprir de forma estratégica as necessidades globais do negócio. Todos os setores têm vital importância para o cumprimento das metas, e o setor de Comunicação e Marketing é mais uma peça dessa engrenagem. Usando um exemplo prático e figurativo: se a Chico Rei tem como um de seus objetivos para 2015 um aumento de 80% da base de clientes na faixa de 23 a 35 anos, o Marketing precisa apresentar propostas de soluções práticas para tal. Por isso, nosso setor tem a necessidade de trabalhar de forma inteligente, criativa e maleável”. O que eu vou fazer de diferente amanhã? Liderança e inovação Ser o responsável final pelas ações de comunicação e marketing de uma marca com objetivos ambiciosos e que vem tendo um crescimento exponencial nos últimos 8 anos faz com que a rotina de Vitor seja cheia de desafios, entre os quais ele destaca dois: manter os colaboradores motivados e felizes com o trabalho desenvolvido, e a busca constante pelo novo. “Uma das principais filosofias da Chico Rei parte de um princípio de relação completa entre trabalho e funcionários, onde todos precisam estar satisfeitos com o que é produzido. Já a busca por inovação faz parte do nosso dia a dia. Trabalhamos com o objetivo de nos reinventarmos estrategicamente e por isso estamos sempre fugindo da tal zona de conforto”, fala. transformar em realidade? A busca por novidades e a necessidade de ser um profissional resiliente me motiva muito”. Marketing eficiente Entre os fatores críticos que levaram a Chico Rei a ter um desempenho em vendas muito superior que a média geral do Brasil, Vitor aponta o conhecimento de mercado, a linha de produtos e a excelência em distribuição e logística como os três principais. E é justamente nesses desafios que ele encontra a sua maior motivação e inspiração: “Acho muito bacana terminar um A presença do markerting para alavancar cada um deles é visível: “Atuamos em e-commerce desde um tempo em que não era uma realidade tão aquecida, o que nos permitiu estar um passo a frente, sobretudo na identificação de mudanças de panorama e demandas. Por consequência, essa identificação de demandas fez com que desenvolvêssemos produtos sinceros para um público-alvo muito amplo e plural. dia com meus objetivos cumpridos, mas já com a cabeça pensando: o que eu vou fazer de diferente amanhã? Quais ideias mirabolantes eu vou ter e quais delas vou conseguir Por fim, nada disso seria possível se não tivéssemos um sistema de logística eficiente, o que, mais uma vez, é fruto do nosso conhecimento de mercado: lá em 2008, ainda havia O que eu vou fazer de diferente amanhã? um bloqueio muito grande por parte do público quando o assunto era comprar pela internet. Assim, trabalhamos para eliminar essas barreiras com processos que facilitassem a vida dos clientes, como entrega rápida e um sistema de trocas confiável”, explica. O poder da internet “Sem a internet, certamente teríamos uma marca bem diferente da que temos hoje.”, comenta Vítor ao falar sobre a importância do ambiente digital para a Chico Rei. Desde o começo, a ideia sempre foi criar um negócio online, pela possibilidade de maior abrangência em um espaço de tempo mais curto: “Felizmente, sempre acreditamos no potencial desse meio. Nossa primeira venda foi feita para Fortaleza, no Ceará, o que já de início serviu para mostrar que a internet quebrava muito facilmente algumas barreiras. Além disso, é fundamental citar que nosso contato com o público-alvo é feito basicamente através de meios digitais, então esse ambiente tem uma parcela de importância enorme em nosso posicionamento, característica que é fundamental para o sucesso da Chico Rei”, ressalta. As ações de marketing digital são dividas em duas vias principais, conversão e posicionamento de marca, que direcionam todo o trabalho do departamento. Isso porque as vendas são feitas 100% através do site e assim, é preciso trabalhar a estratégia de marketing digital de forma efetiva para gerar interesse em produtos e levar cada vez mais pessoas a acessarem o ambiente de negócios. Paralelamente, o meio digital é usado para reforçar o trabalho de branding, por meio de um contato estreito com o público alvo: “No meio online, onde focamos grande parte de nossos esforços, as coisas acontecem muito rápido. Tendências mudam o tempo todo e nós precisamos estar atentos para nos adequarmos ao que o mercado exige no momento”. Apesar da rotina de muito trabalho e responsabilidades, Vitor diz que está aonde sempre quis chegar: “Hoje eu faço o que eu gosto. Faço as mesmas coisas que eu faria se não estivesse trabalhando. Não sei muito bem quanto termina o trabalho e começa o lazer. Às vezes as coisas até se misturam por serem tão correspondentes”, finaliza. Como escolher que carreira seguir na área de Marketing? Especialistas falam sobre as possibilidades e dão dicas para te ajudar a decidir qual caminho escolher V ocê já parou para pensar que praticamente tudo o que nos rodeia é representado por uma marca? Seja de um produto ou de um serviço, ela sempre está buscando um lugar de destaque na cabeça do consumidor. Se você quer trabalhar com isso, uma ótima escolha é a área de Marketing. Como escolher que carreira seguir na área de Marketing? Graduada em Psicologia e com MBA em Marketing, a Diretora de RH do Yahoo para a América Latina, Cecília Pinaffi, destaca que para conseguir colocar em prática suas estratégias de marketing, visando a otimização de resultados, uma empresa deve contar com o apoio de diferentes parceiros como agências de publicidade e de relações públicas, além de profissionais em diversas áreas de atuação: “Dependendo da estratégia e ação, a área de Marketing pode contar com pessoas focadas em comunicação, análise de dados, trade marketing, mídias sociais, psicologia, dentre outras inúmeras especialidades”, ressalta. Outra ótima dica é falar com profissionais das áreas que já estejam inseridos no mundo corporativo para entender o dia a dia de uma empresa e saber o que esperar para alinhar as expectativas com a realidade do mercado. Um ponto de destaque da carreira em marketing é que os seus profissionais podem trabalhar em todos os tipos de empresa, o que garante uma ampla possibilidade de atuação: “A boleira precisa fazer marketing do seu produto para aumentar suas vendas, assim como grandes corporações. Mesmo as ONGs precisam fazer marketing para arrecadar fundos”, destaca. Como escolher? Na hora de decidir qual dessas áreas seguir, o jovem deve levar em conta suas características e interesses pessoais. Cecília diz que o autoconhecimento é o melhor caminho para fazer a escolha certa: “É importante entender se ele acredita que é criativo e tem habilidade com design, se aprecia observar o comportamento humano ou entender tendências de negócio”. Além dos diversos segmentos em que é possível atuar, há diferentes formas de atuação dentro do Marketing. As principais são: 1. analista / gerente de inteligência de mercado ou de inovação: acompanha tendências, movimentos dos concorrentes e mudanças no comportamento do consumidor; Como escolher que carreira seguir na área de Marketing? 2. analista / gerente de marketing e comunicação: é o responsável por cuidar do relacionamento dos clientes com a marca em todas as etapas; 3. analista / gerente de trade marketing: cuida da comunicação dos pontos de venda de uma empresa. É ele quem orienta como fazer uma promoção numa Durante o bate-papo, André explicou que é possível ser um profissional mais generalista, que atua como um “faz tudo” em pequenos negócios ou um gestor em contextos com equipes maiores. Também é possível se tornar um especialista de diferentes canais e estratégias virtuais com grande nível de complexidade, como SEO (Search Engine Optimization), mídias sociais, Facebook Ads e email marketing, por exemplo. loja, por exemplo; 4. analista / gerente de vendas e comercial: elabora estratégias de venda, monitora o que acontece em cada região e treina os vendedores. Além das diferentes funções, Ana lembra que os profissionais de Marketing Digital podem atuar em diversas frentes de negócio: “Tanto na área comercial quanto na área de atendimento ao cliente nossos talentos são experts no assunto”, exemplifica. A Carreira no Marketing Digital Um mercado ainda muito novo e em constante mudança, onde a capacidade de aprender rápido é o principal motor. Para entender um pouco mais sobre as peculiaridades e possibilidades da carreira no marketing digital, conversamos com André Siqueira, Diretor de Marketing e Co-founder da Resultados Digitais e com Ana Rezende, Diretora de Gestão de Talentos da startup. Onde trabalhar? Assim como acontece no trabalho com o marketing tradicional, um jovem que escolhe trabalhar na área digital também pode encontrar um emprego em empresas de diferentes setores, tipos e tamanhos: “Não existe uma limitação clara. O que muda muito de empresa para empresa é a estrutura e os canais utilizados, que dependem do público e produto”, destaca André. Como escolher que carreira seguir na área de Marketing? Segundo ele, entre as possibilidades para um início promissor, as mais comuns são: começar colocando a mão na massa em uma empresa pequena, que dê bastante autonomia e liberdade; criar um projeto próprio, como um blog pessoal, para acelerar bastante o processo de aprendizado; fazer estágio em uma empresa com práticas maduras de Marketing Digital, que também pode ser um caminho, apesar de em geral dar menos abertura para explorar do zero e ter menos margem de erro. Como o mercado é muito dinâmico, o aprendizado tende a ficar por conta de testes e experiências próprias, além de formas mais alternativas de educação, como a participação em eventos, leitura de blogs e pesquisas: “Não considero que seja um requisito ter uma educação formal com foco em marketing digital. Mas é um aprendizado sempre muito bem vindo, principalmente para entender a base conceitual do Marketing e agregar isso às técnicas mais práticas para formar um arsenal poderoso”, comenta André. O planejamento de carreira varia muito de empresa para empresa, mas dentro da RD, Ana destaca que a meritocracia é um dos pilares de crescimento: “Os profissionais que estiverem alinhados com os nossos valores e entregando suas metas podem chegar muito longe”, finaliza. Quais habilidades são essenciais em um profissional de marketing? Especialista e profissional com experiência na área dão dicas para os jovens que têm interesse em exercer essa função em uma grande empresa se prepararem desde já Q uando se assiste a um comercial de algum produto ou serviço da TV, é comum pensar que trabalhar fazendo isso deve ser simples e divertido, como a linguagem usada ali. Mas não é bem assim. Meses antes daquela publicidade, a empresa realizou uma série de estudos para definir como divulgar a novidade da melhor maneira, que públicos seriam atingidos, o que os concorrentes fizeram antes, em quanto tempo este investimento em publicidade vai se pagar, entre outros pontos. E quem pensa nisso é o profissional de marketing. Quais habilidades são essenciais em um profissional de marketing? Os jovens que desejam trabalhar na área precisam ter algumas competências um tanto abrangentes, até mais do que o necessário em outras carreiras executivas. Isso por que, ao mesmo tempo em que ele deve ser criativo, caraterística bastante subjetiva, também precisa ter familiaridade com matemática, na mesma proporção! A seguir, o gerente de marketing de categoria do Boticário, Ricardo Gritsch, e o professor do programa Certificate in Marketing Management do Insper, Giancarlo Greco, dão algumas dicas para quem se interessa pela função: 1. ter bastante curiosidade os profissionais de marketing não desligam: mesmo quando estão passeando no shopping no tempo livre, ou folheando uma revista na cama, ficam analisando comportamentos e tendências de consumo. Por que tal produto foi um sucesso, e o outro um fracasso? Por que lançaram tal produto agora? O que achei desse produto que acabei de testar? Será que isso agradaria o consumidor da minha marca? Que impacto essa novidade tem no meu negócio? São perguntas que ele se faz o tempo todo. “Você tem que gostar de bater perna na rua, de entrar nas lojas e ficar analisando o ambiente e os clientes. Se viajar para outra cidade, deve ficar com o radar sempre ligado”, afirma o gerente de marketing do Boticário. 2. saber se comunicar bem as pessoas que trabalham nessa área transitam mais que a média dos colegas nos outros setores da empresa. A interação com a equipe financeira, jurídica e com os técnicos que criam produtos ou serviços é intensa. Sem falar do contato com a agência de publicidade, que tem outra cabeça. “É preciso ter facilidade de falar em público, sendo objetivo e claro nas suas apresentações, assim como deve conseguir conversar de maneira técnica com o engenheiro e ajudar a criar um comercial com a garotada da agência de publicidade”, diz o professor do Insper. Se isso for uma barreira, vale procurar livros e cursos no mercado para treinar! 3. desenvolver familiaridade com números por muito tempo, as empresas pouparam o profissional de marketing da necessidade de provar os resultados da sua área em números. Certamente, é mais desafiador para este profissional mensurar o resultado de um consumidor Quais habilidades são essenciais em um profissional de marketing? satisfeito do que para um financeiro apresentar a conta de um corte de gastos. Mas agora a situação mudou. Cada vez mais, as empresas exigem desses profissionais a capacidade de mensurar tudo relacionado a seu universo – como o impacto das campanhas nas redes sociais, por exemplo – e a justificar suas ideias em números. E não adianta contar com a área financeira. O próprio setor deve ser capaz de fazer seus cálculos. 4. falar bem pelo menos um outro idioma se a própria palavra “marketing” não ganhou tradução do inglês em português, imagine outras que aparecem no cotidiano desse profissional. “Briefing”, “brainstorm”, “marketplace”, “mailing”, “branding”, “franchising”… A lista de expressões usadas em inglês é infinita. Trata-se de uma comunicação quase bilíngue, e isso é tão natural, que o profissional nem sente que está falando em outro idioma. Portanto, ter fluência em inglês é uma obrigação. Recomendase também ser fluente em espanhol, porque, como o Brasil faz parte da América Latina, em quase todas as empresas multinacionais a língua é bastante usada nas reuniões entre os executivos da região. 5. entender de redes sociais não adianta só gostar de passar horas no Facebook e no Twitter, olhando as atividades dos amigos. O profissional de marketing precisa saber como as redes funcionam, o que é um grande desafio, pois as regras mudam todo ano, e a publicidade cada vez mais migra para a internet. Além de monitorar constantemente a atividade do público nas redes e as interações com a página da marca, é necessário fazer presente na vida do consumidor levando conteúdo de qualidade para ele – seja com textos, imagens, vídeos ou campanhas. Fazer com que a marca de fato converse com seu consumidor nas redes. Como isso é algo totalmente novo, poucas empresas e profissionais sabem fazer direito. Por isso, é um diferencial competitivo para o jovem que gosta do assunto e consegue dominá-lo. Como planejar a carreira em marketing? Com experiências de destaque no mercado e na academia, Daniela Khauaja explica como você pode se preparar para ser um profissional de marketing mais completo D urante os seus mais de 20 anos de carreira no marketing, Daniela Khauaja já passou por empresas como Ambev, Unilever e a multinacional farmacêutica Boehringer Ingelheim. Atualmente, é professora de cursos Pós Graduação In Company e Extensão da FIA e coordenadora acadêmica de Pós-Graduação da ESPM, em São Paulo. Como planejar a carreira em marketing? Experiências na faculdade O seu conhecimento de mercado e a vivência dentro do ambiente acadêmico permitem que ela tenha uma visão global sobre a carreira em marketing: “Para quem quer segui-la, o mais recomendado é fazer uma faculdade em Administração porque assim vai ter uma visão mais abrangente do que é um negócio e qual é o papel do marketing. Se o jovem souber deste o início que o seu foco é esse, o ideal é escolher uma faculdade que tenha um viés para a área. O Insper, por exemplo, tem um direcionamento mais financeiro, a FGV [Fundação Getúlio Vargas] mais geral e a ESPM [Escola Superior de Propaganda e Marketing] é mais focada em marketing”, comenta, citando alguns dos cursos mais reconhecidos. Aproveitar a faculdade para desenvolver competências e capacitar-se para o mercado de trabalho pode ser um grande diferencial na hora de começar a carreira em marketing: “Hoje a concorrência está muito grande. Recomendo que o jovem procure ter o máximo de experiência possível desde o início. As empresas juniores podem ser excelentes para ganhar visão prática. Já o universitário que gosta mais de conceitos e de estudar, pode fazer iniciação cientifica. Também indico que busquem estágios a partir do quinto período para começar a ter alguma vivência de empresa e para aprender a como se comportar no ambiente corporativo”, indica. Apesar de recomendar a graduação em Administração para quem quer seguir carreira em marketing, Daniela deixa claro que essa não é uma escolha totalmente definitiva e única. Ela mesma se formou em Comunicação Entre as competências que devem ser desenvolvidas em um profissional de marketing desde o início da sua formação, Daniela destaca a habilidade interpessoal, o foco em resultados e a capacidade analítica: “Vou trabalhar com Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, pela PUC Rio (Pontifícia Universidade Católica), e depois fez muitas especializações na área de marketing. marketing porque não gosto de números: esquece! Marketing precisa muito trabalhar com números, foco em resultado e visão de negócios. É necessário ser capaz de enxergar o todo Como planejar a carreira em marketing? da organização e como você pode influenciar no resultado desse todo. A capacidade analítica é essencial para analisar e transformar informações em coisas úteis, não se perder e tomar decisões relevantes. Também é preciso muita interação com outras áreas da organização, sendo um bom negociador, porque quem entrega o produto final ou serviço geralmente não é o profissional de marketing”. uma pós com assunto mais específico. Nesse caso, acho que 10 anos depois de formado seria um bom tempo para fazer um MBA e reciclar o conhecimento. Já para quem não fez administração mas quer trabalhar com marketing, indico o MBA para ganhar a base necessária. Outra possibilidade é buscar uma pós ou MBA no exterior, para discutir conceitos de uma outra maneira e em um outro nível”, diz. Pós-graduação ou MBA em marketing? Esse intercâmbio é visto como uma experiência muito positiva na área de marketing, já que este profissional precisa ter a capacidade de conseguir ver o mundo com o olhar do outro: “Muitas vezes você vai vender produtos para a classe A e é classe C, precisa se comunicar com um público gay e é hétero. A experiência internacional A resposta para essa pergunta vai depender da formação acadêmica. Segundo Daniela, a principal diferença entre as duas possibilidades é que no MBA o mais importante é observar se a escola está oferecendo o conteúdo básico de administração, como finanças, marketing, projeto e operações. Isso porque no MBA, a grade deve ter uma base sólida de te faz começar a olhar a sua cultura com outra visão. administração. Já na pós-graduação isso não precisa acontecer. É claro que ninguém consegue se despir totalmente do Quem escolhe fazer uma em Design, por exemplo, poderá ter que é, mas é preciso tentar”. na sua grade somente disciplinas focadas nesse tema. O mercado de trabalho “Acredito que quem fez administração com foco em marketing não deve fazer MBA logo depois da faculdade, porque seria ver mais do mesmo com outro olhar. Indicaria As transformações que aconteceram ao longo das últimas décadas dentro do marketing mostraram que tudo pode mudar a qualquer momento. Por isso, é preciso estar sempre Como planejar a carreira em marketing? com muita vontade de aprender e atento ao que acontece no mundo: “A carreira em marketing é um constante aprendizado e cheia de novidades. Precisamos ser agente dessa mudança e não só se adaptar ao que vem de novo. Ainda fazemos isso muito pouco no Brasil”. porque o sujeito de marketing é um integrador. Organizações grandes geralmente preveem isso, para que o jovem vá para áreas diferentes até chegar na sua área desejo, tornando-se um profissional mais completo”. “Quanto mais você sobe, mais se torna o gestor” Daniela avalia que até 2014 o mercado de marketing no país estava super aquecido e conta que até participou de alguns painéis para discutir a falta de profissionais na área: “De lá para cá houve uma quebra abrupta. Hoje temos empresas dispensando funcionários. Em curto prazo a perspectiva não é animadora, mas acredito que daqui há 3 anos, o mercado esteja estabilizado e não fique nem 8 nem 80”, diz. Em grandes empresas, a estrutura da área de marketing mais comum é aquela em que o profissional começa como analista ou assistente, se torna gerente de marca ou produto (júnior, pleno ou sênior), depois gerente de marketing ou grupo de produtos, diretor de marketing e finalmente, VP (Vice-presidente) de marketing: “O gerente de marca não precisa saber gerenciar pessoas, mas ele deve ter habilidade interpessoal para lidar com outras áreas. Para ela, essas mudanças podem aumentar a fidelidade dos profissionais pelas suas empresas, fazendo com que eles tenham ciclos de 4 a 5 anos em uma mesma organização, um bom período para ter aprendizados e aplicá-los. Já um gerente de marketing precisa ter a capacidade de direcionar um número muito maior de marcas e uma equipe grande, ou seja, tem que se tornar um gestor com muita Durante esse tempo, ela diz que é positivo que o profissional tenha experiências em ouras áreas, mas não imprescindível: “Existem empresas que prezam isso e outra não. É bom capacidade de gerenciar pessoas. Um diretor e VP precisam ser bons sujeitos de recursos humanos no sentido de saber fazer com que uma equipe trabalhe bem pra ele e para a empresa”, finaliza. Como planejar a carreira em marketing? Em uma agência, a lógica é parecida, com cargos em níveis gerenciais, de diretoria e vice-presidência. Ao crescer na carreira, são exigidas maiores habilidades de gestão do profissional para que ele coordene equipes, lide com clientes e campanhas nacionais e internacionais, e as responsabilidades, que variam de acordo com a área, também aumentam. Como a internet mudou a carreira em marketing? Carolina Terra, especialista em marketing digital, explica as transformações que tem obrigado o profissional de comunicação a se reinventar A o longo do tempo, a maneira como se faz marketing mudou. Mudou para acompanhar as transformações do ambiente econômico e tecnológico, e para seguir as tendências comportamentais da sociedade. A última grande virada começou a ser desenhada nos anos 90, com o surgimento da internet e o início da massificação dos computadores pessoais. Como a internet mudou a carreira em marketing? Essa grande rede proporcionou um aumento exponencial nas conexões existentes entre as pessoas, facilitando o acesso ao conhecimento, além da rápida difusão e compartilhamento de informações. E foi assim que as marcas se viram diante de um cenário completamente novo onde os clientes passaram a poder expressar a sua opinião abertamente e interagir entre si. Basicamente, a internet permitiu que todos produzissem conteúdo e consumissem ideias, horizontalizando qualquer tipo de informação. “Tudo muda radicalmente” É assim que Carolina inicia a sua fala sobre como a internet influenciou a maneira como as empresas chegam até os consumidores e a carreira em marketing. Ela atuou em empresas como FIAT, Vivo, MercadoLivre e Agência Ideal, onde atendeu clientes como Google, McDonald’s, Pepsico e Nike. Sua última experiência foi como gerente de mídias sociais do grupo Nestlé. Atualmente, dá aulas de pósgraduação em Comunicação Digital na USP (Universidade de São Paulo), da FIA (Fundação Instituto de Administração) e da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado). Entre as principais mudanças na forma de fazer marketing antes e depois do surgimento da internet, Carolina Terra, pesquisadora e consultora em marketing digital, destaca três – a interatividade, a participação e a importância do consumidor: “Na comunicação tradicional, ter uma via de mão dupla é muito mais difícil do que na comunicação digital, que permite a participação do usuário e o inclui na Segundo ela, antes não havia a preocupação do que era falado entre os consumidores. Agora, porém, essa validação e endosso é muito relevante para as marcas e o conteúdo gerado pelo próprio cliente passa a ser o ponto crucial para o sucesso do marketing. sua estratégia de marketing e relacionamento. Além disso, a voz do consumidor pode se tornar mais importante do que as das empresas ou de uma instituição.” Para acompanhar as mudanças, os profissionais tiveram que se adaptar à nova realidade e mudar a sua mentalidade: “Antes, pensava-se muito mais no marketing como uma Como a internet mudou a carreira em marketing? ferramenta de comunicação de massa, impactante. Era um tiro com bala de canhão. Hoje, é preciso refletir sobre como inspirar, encantar e envolver o usuário para que ele fale bem. Ter um consumidor falando bem de um produto, serviço ou experiência vale muito mais do que qualquer propaganda feita pela própria empresa”, comenta. Trabalhar com marketing digital é pensar em estratégias que envolvam relacionamento, pessoas, histórias e desejos: “O profissional de marketing sempre teve que trabalhar com resultados e saber o retorno do investimento. Hoje, a grande pressão é ter estratégias que realmente encantem e não sejam um tiro no pé. De repente, você programa uma campanha que dá totalmente errado e vira uma crise. O ponto chave é acertar no relacionamento com o consumidor para que ele seja a sua vitrine e o seu motor de marketing. O boca a boca se profissionalizou com o digital.”, fala Carolina. O caminho até o consumidor Antes de pensar em ótimas estratégias de marketing é preciso ter certeza de que o serviço prestado é excelente e de que o negócio está funcionando: “Grandes crises nas redes sociais surgem a partir da opinião negativa de algum usuário. É preciso que tudo esteja em perfeito funcionamento para que isso se desdobre no digital e acabe aparecendo.” Na hora de pensar no que pode ser feito na internet, as possibilidades são muitas: postagens em redes sociais, anúncios no Google, otimização, e-mail marketing, blog, landing page… Para saber quais escolher, o mais importante para a marca é conhecer o seu público alvo a fundo: “É preciso saber que mídias ele consome e em que locais ele está presente, para conseguir uma comunicação customizada. Não faz sentido oferecer a mesma coisa para todos os consumidores, é preciso criar algo que faça a diferença no dia a dia de cada um”. Para isso, é preciso utilizar ferramentas de monitoramento e de rastreamento, e o profissional de marketing deve ter uma boa capacidade analítica: “As estratégias não devem ser definidas a partir de dados sóciodemográficos, mas sim comportamentais. Por onde ele navega? Que tipo de página ele curte?”. Como a internet mudou a carreira em marketing? Ter um conhecimento maior sobre os consumidores significa poder traçar estratégias mais assertivas e personalizadas. Mas, para saber se tudo está saindo conforme o planejado, só existe uma forma: medindo e avaliando os resultados por meio de métricas. Essas métricas são definidas de acordo com o objetivo de cada marca ou campanha: “Quem vai escolher o conjunto de parâmetros que melhor atende é o estrategista do digital. Por exemplo, em uma ação de promoção, as métricas poderiam ser o volume de pessoas que foram até a loja e a porcentagem de aumento do faturamento. Em outras ações, a métrica pode ser simplesmente visibilidade. Muitas ONGs quando fazem uma campanha definem como aspecto mais importante ter aquela causa ou ideia saindo na boca de um influenciador”, comenta. O conteúdo é rei A preocupação em produzir um conteúdo que seja relevante deve ser prioridade no dia a dia de um profissional que trabalha com marketing digital: “Se não for assim, você não vai engajar e nem envolver ninguém. A premissa é sempre ter um bom conteúdo e um excelente serviço.” No Brasil, temos todos os cenários. Existem marcas iniciantes que ainda não aprenderam a lidar com a internet; marcas que são muito avançadas e aproveitam todo o potencial da rede, entendem a lógica da participação do usuário e sabem envolvê-lo; e marcas com algumas iniciativas, mas com estratégias pontuais e não globais. “Estou vendo um esforço grande das marcas tentando usar a internet para se legitimar, se promover e encantar o usuário. Posso citar exemplos conduntes de marketing digital que são referência: Ponto Frio, Netflix, Itaú e McDonald’s, por exemplo”, finaliza. Como é a carreira em marketing digital? Formação, dia a dia, desafios... Conheça a experiência de quem sempre trabalhou com marketing digital e entenda o que é preciso para se tornar um bom profissional P ara entender melhor sobre como é a carreira em marketing digital, nada melhor do que conhecer quem já passou por várias experiências envolvendo a área. Empreendedor por natureza, Vinícius Mont Serrat criou o seu primeiro negócio na internet aos 16 anos. Aos 18 fundou a primeira agência especializada em mídias sociais de Minas Gerais e aos 22 se mudou para São Paulo, onde atuou na gestão e na estratégia de mídias digitais da Coworkers. Atualmente, com 24 anos voltou a empreender com o objetivo de mudar, pelo menos uma parte, do mundo. Como é a carreira em marketing digital? Para isso, lidera a Pocket Lab, que atende projetos de desenvolvimento e consultoria de marketing digital, e a DigiPocket com foco na educação de micro e pequenos negócios através da internet. pois os estudos não podem parar nunca. Estar sempre em busca de cursos online e presenciais para atualizações e ganho de conhecimento devem ser sempre uma das prioridades.” Formado em Administração, acredita que o curso foi a sua base para entender sobre negócios, finanças e marketing: “Isso é muito importante para você compreender o seu cliente, e assim poder comunicar o produto dele da melhor forma e saber avaliar se está havendo retorno sobre o investimento. O conhecimento técnico é importante, mas mais importante que isso é entender que o marketing digital precisa gerar lucro, pois só assim ele se torna sustentável.”, comenta Vinícius. O perfil ideal Entre as competências que um cargo na área de marketing digital exige, Vinícius ressalta algumas características: “É preciso ser multifuncional, proativo e atento a toda e qualquer novidade que surge, o tempo todo. Outra coisa importante é ser obcecado por metas e resultados, porque neste universo cada detalhe pode provocar mudanças enormes”, explica. Por outro lado, ele diz que é impossível generalizar e apontar qual seria a melhor formação para quem quer trabalhar com marketing digital, já que isso depende muito da área No dia a dia, o principal desafio desse profissional é conseguir acompanhar as transformações da tecnologia e de comportamento das pessoas, que acontecem em uma velocidade extremamente rápida e por vezes, até surreal: “Seguir essas mudanças faz com que você continue pela qual a pessoa se interessa: “Para a área de Business Intelligence (BI), por exemplo, ter formação acadêmica em Matemática ou Estatística, é um grande diferencial. De qualquer forma, o curso superior é apenas uma base geral, andando na frente e colhendo os melhores frutos. Outro desafio importante é ter foco no objetivo, e não desviar a atenção dele, pois isso pode te levar para longe do que foi combinado no início.” Como é a carreira em marketing digital? Empreendedorismo x grande agência Logo no início da sua carreira em marketing digital, em 2008, Vinícius montou a sua própria agência especializada, a I9 Social Media, junto com a sócia Mariana Veiga. “A fase inicial da empresa foi de educar um mercado que não conhecia as redes sociais, e muito menos sabia que ela poderia gerar negócios e lucro para suas empresas. Apesar da fase difícil, em pouco tempo os resultados alcançados nos deram visibilidade e credibilidade, e fizeram a empresa decolar e se tornar lucrativa.” Em busca de novos desafios, em 2012, Vinícius e Mariana decidiram vender a agência e aceitaram o convite de integrar a equipe da Coworkers: “Passamos dois anos trabalhando em um universo com muitas diferenças do que estávamos acostumados, mas com um mesmo interesse, em resultados palpáveis que fizessem valer a pena o investimento realizado. Durante este período, tive a oportunidade de liderar toda a operação da empresa, uma área até então pouco desbravada por mim - monitoramento e métricas -, além de gerenciar projetos e clientes diretamente. Em todos os casos, o intraempreendedorismo foi fundamental para me manter satisfeito profissionalmente, e para amadurecer a empresa onde eu estava.”, explica. Sobre as principais diferenças dessas fases da carreira, ele afirma que a principal é o paradoxal conflito entre o tempo livre e a liberdade: “Quando você é dono do próprio negócio, tem menos tempo livre, porém mais liberdade para fazer seus horários. Por outro lado, quando você trabalha em uma empresa como funcionário, você tem mais tempo livre, mas menos liberdade para fazer seus horários.” Para Vinícius, apesar das peculiaridades que envolvem a rotina de cada profissional e empresa, uma coisa nunca pode mudar para quem trabalha com marketing digital: o respeito e zelo pelo capital do cliente, independente do seu tamanho. É preciso entender que o principal foco deve ser solucionar o problema de quem te contrata, em busca da meta que foi traçada, seja ela qual for. Marketing digital no Terceiro Setor É importante ressaltar que um profissional de marketing digital também pode trabalhar em outros setores da Como é a carreira em marketing digital? sociedade. Para falar sobre isso, Vinícius comenta sobre o período em que trabalhou na Coworkers e participou de um projeto com a Fundação Fenômenos, criada pelo ex jogador de futebol e camisa 9 da seleção brasileira Ronaldinho, que tem como maior objetivo aumentar o IFB (índice de felicidade bruta) do Brasil, viabilizando outras ONGs a cumprirem seus objetivos: “Organizações do terceiro setor, apesar de não parecer, tem objetivos muito similares aos de outras empresas, ou seja, busca por aumentar seus recursos e engajar mais pessoas. A grande diferença é como elas fazem e transmitem isso para o seu público. Algo que conta a favor do terceiro setor, é a maior facilidade em contar histórias, e com isso engajar pessoas”. Para seguir carreira em marketing digital Unir a teoria e a prática é a chave para ser um excelente profissional da área. É preciso estudar muito, acompanhar as novidades do mercado, analisar o que tem dado certo e o que tem dado errado. Acompanhar e saber o que é tendência, o que é realidade e o que já se tornou passado. Ver como as pessoas se comportam em determinados ambientes, como engajar e como liderar grupos: “Estudar tudo isso te garante apenas 50% do que você precisa para ter sucesso. Os outros 50% estão na prática. Ela prova o que realmente dá certo ou não.”, afirma Vinícius. Por isso, se você quer seguir essa trilha profissional, a dica final é uma só: seja estudando ou praticando, comece a traçar o seu futuro agora. Marketing de A a Z: o vocabulário da profissão Conheça o significado dos termos mais usados no dia a dia de um profissional de marketing em um dicionário exclusivo organizado pelo Na Prática Q uando o quesito é vocabulário, toda profissão tem suas peculiaridades. No marketing não é diferente, e os profissionais da área costumam usar um jargão recheado de siglas e termos em inglês. Para ajudar quem é iniciante nesse mundo, o Na Prática preparou um dicionário com as expressões mais utilizadas pelos profissionais da área e seus respectivos significados. Confira a seguir: Marketing de A a Z: o vocabulário da profissão aida: cada letra significa uma das etapas de um modelo de conversão: Atenção, Interesse, Desejo e Ação. Ele é baseado no comportamento humano para tomada de decisão e utilizado para direcionar as ações do marketing de maneira mais focada em resultado. b2b: a expressão business-to-business é a denominação do serviço ou comércio trocado entre empresas, de empresa para empresa. b2c: a expressão business-to-consumer é a denominação do serviço ou comércio estabelecido entre uma empresa e um consumidor. brainstorming: a “tempestade de ideias” é uma dinâmica de grupo que visa explorar a potencialidade criativa dos indivíduos envolvidos para a resolução de um problema prédeterminado, para a criação de um planejamento ou para o desenvolvimento de novas ideias e projetos, por exemplo. A técnica propõe que as pessoas reunidas exponham seus pensamentos para que possam chegar a um denominador comum. Nenhuma ideia deve ser descartada ou julgada como errada ou absurda e todas devem estar na compilação do processo, para que a solução final seja escolhida. branding: é o conjunto de ações estratégicas que contribuem para o posicionamento e percepção de valor da marca de uma empresa perante aos seus consumidores. benchmarking: este processo se dá pelo estudo da concorrência e do mercado para incorporação de boas práticas ou aperfeiçoamento dos métodos que são utilizados pela empresa. Você avalia o que está sendo briefing: é o conjunto de informações, dados e instruções necessários para que uma tarefa seja executada. Dentro de uma agência de publicidade, por exemplo, é comum feito de melhor no mercado, tanto pelos seus concorrentes como por empresas de outro setor, como forma de melhorar os seus próprios processos. vermos a área de Atendimento, responsável pelo contato com os clientes, enviando briefings para a Criação, que irá desenvolver as peças gráficas da campanha. Marketing de A a Z: o vocabulário da profissão budget: na tradução, o termo significa orçamento. Budget da campanha, da área de marketing ou do cliente são algumas das aplicações que ele pode ter no dia a dia. case: é a descrição de um trabalho realizado nas áreas de relações públicas, propaganda, marketing e marketing digital, durante ou após a sua execução. É uma análise que inclui pontos positivos, ações feitas, resultados atingidos e avaliação da eficácia das operações. co-branding: é o nome dado para a estratégia de associação de duas grandes marcas para que elas se diferenciem ainda mais frente à concorrência. Um exemplo é a união do Bobs e do Ovomaltine para a produção de um milk shake de leite, cacau e malte. crm: é a sigla para Customer Relationship Management (Gestão de Relacionamento com o Cliente), que é o conjunto de programas e ferramentas que permitem que uma empresa acompanhe de forma organizada todas ações que fez com cada um de seus clientes e potenciais consumidores. De modo mais simples, uma CRM permite que todos os contatos feitos com determinada pessoa sejam visualizados de uma vez só. deadline: é o prazo para entrega ou conclusão de determinada tarefa ou projeto. fee: trata-se de um valor fixo mensal, pré-negociado como pagamento do cliente à agência pelo fornecimento de um pacote mensal de serviços. follow-up: expressão em inglês que significa fazer o acompanhamento de um processo após a execução de uma etapa inicial. kpi: o Key Performance Indicator (Indicador Chave de Performance) é usado para medir os resultados e o progresso com base nas metas determinadas. Os KPIs devem ser definidos de acordo com os objetivos finais do negócio, são métricas de controle. market growth rate: é a Taxa de Crescimento de Mercado que uma empresa teve em um período de tempo. Marketing de A a Z: o vocabulário da profissão market share: é o grau de participação de uma marca dentro de um mercado específico em termos de vendas de um produto ou serviço. Em ouras palavras, é a fração de mercado controlada por ela. vantagem competitiva: é um conjunto de características que permitem que uma empresa se diferencie da concorrência por entregar mais valor no ponto de vista dos clientes. proposta de valor: é conjunto de benefícios, tangíveis e intangíveis, que as empresas oferecem aos clientes viralizar: termo usado para definir ações de marketing que se espalham rapidamente, geralmente na internet, e caem no gosto popular. para satisfazer suas necessidades. É a razão pela qual os consumidores escolhem as suas marcas favoritas. O vocabulário do Marketing Digital prospect: é um possível cliente, que de alguma forma, já demonstrou interesse em determinado produto ou serviço. roi: a sigla para Return on Investment (Retorno sobre investimento) é a relação entre o dinheiro ganho ou perdido e o que foi investido nos esforços de marketing. segmentação: é a separação de uma base de contatos ou perfis levando em conta um critério pré-definido, por exemplo, a idade ou a profissão. target: expressão utilizada para se referir a um público alvo. O mundo online tem suas especificidades e por isso, os profissionais do marketing digital tem um vocabulário próprio: adwords: é o serviço de publicidade do Google, onde as empresas podem fazer anúncios que aparecem nas páginas de resultados de busca. automação: acontece quando as ações do marketing digital são feitas de forma automática para otimizar o trabalho e permitir maiores resultados em um curto espaço de tempo. O termo é muito utilizado para definir o contexto do disparo de uma sequência de e-mails para um público específico, dependendo do comportamento de cada um. Marketing de A a Z: o vocabulário da profissão black hat: são práticas antiéticas de SEO usadas para melhorar o posicionamento de determinado site dentro de buscadores como o Google. conversão: é a realização da ação desejada pela empresa por parte do usuário. Pode ser preencher um formulário, realizar uma compra, curtir uma página ou fazer um teste, por exemplo. cpc: o custo por clique é uma forma de cobrança de anúncios pagos que são feitos no Google ou no Facebook, por exemplo. Ele é realizado com base no número de cliques efetuados. cpa: o custo por aquisição também é uma forma de cobrança, porém, é baseada nas conversões realizadas. cta: a Call To Action, que na tradução literal significaria “chamada para ação”, é um comando passado que leva o usuário a executar determinada ação. Ela pode ser apresentada em botões, links ou banners. Geralmente são usados termos no imperativo como “Curta essa página”, “Clique aqui” ou “Baixe este especial”. edge rank: é um algoritmo do Facebook que determina a relevância das postagens das páginas e consequentemente, o que aparece ou não no feed de notícias de cada usuário da rede. Sua classificação é feita com base em três fatores: formato do post (link, vídeo, imagem ou texto), afinidade (número de interações anteriores com a página), tempo da publicação (quando mais antigos menores são as chances de aparecer). cro: é a sigla para Conversion Rate Optimization funil de vendas: é representado por uma pirâmide invertida que mostra os diferentes estágios em que os potenciais (Otimização da taxa de conversão). As estratégias CRO são focadas em aumentar a conversão dentro do site de uma empresa para que os visitantes se tornem clientes. clientes podem se encontrar durante o processo de venda. Até chegar ao processo de compra, os clientes podem passar pelas seguintes fases do funil: Descoberta, Interesse, Reconhecimento do Problema, Busca da Solução, Avaliação e Compra. Marketing de A a Z: o vocabulário da profissão growth hacking: ações coordenadas como parte de um esforço coletivo em direção a um único objetivo: crescer — ou, em outras palavras, aumentar números. Isso abre espaço para novas estratégias, metodologias e técnicas. Elas não necessariamente fogem do marketing, mas podem (devem) fugir do tradicionalismo. Assim, consequentemente, growth hacker é o cargo totalmente focado em gerar crescimento rápido na aquisição de clientes. Ele interage com diferentes setores da empresa e faz muitos testes para conseguir aumentar a base de clientes da forma mais efetiva possível. inbound marketing: também conhecido como “o novo marketing”, ele é focado em atrair potenciais clientes, conquistar a sua confiança e direcioná-los para o memento da venda. Para isso são usadas estratégias de criação de conteúdo relevante e de relacionamento. A ideia é conseguir fazer com que o cliente vá até a empresa e não o contrário. landing page: a “página de aterrisagem” pode ser qualquer porta de entrada de um site. No entanto, o termo é geralmente utilizado para definir uma página criada com um propósito específico, como por exemplo, fazer com que o usuário preencha um formulário para ganhar uma recompensa. lead: é a pessoa que deixou as suas informações em um formulário de contato, demonstrando interesse em determinada empresa. É considerado um potencial cliente, na etapa inicial do funil de vendas. marketing de conteúdo: é baseado em atrair o interesse dos consumidores por meio da produção de conteúdo relevante e customizado para um determinado público-alvo. É uma das estratégias utilizadas para fazer com que um potencial cliente caminhe pelo funil de vendas até, de fato, concretizar a compra. nutrição de leads: é uma automação que permite o disparo de uma sequência de e-mails depois que o usuário executa determinada ação. Por exemplo, caso ele baixe um Ebook sobre Intercâmbio, irá receber automaticamente uma série de e-mails com conteúdos relacionados ao tema. pageviews: é o número de visualizações das páginas de um site. Marketing de A a Z: o vocabulário da profissão remarketing ou retargeting: é a exibição de anúncios em diferentes páginas da web após a visita do usuário a um determinado site. Ao ler a sinopse de um livro, por exemplo, pode ser que depois ele apareça em forma de anúncio no seu Feed de notícias do Facebook. sem: sigla para Search Engine Marketing (Marketing para ferramentas de busca), que engloba uma série de estratégias de marketing feitas com o objetivo de promover um site nas páginas de resultados de buscadores como Google e Yahoo. seo: sigla para Search Engine Optimization (Otimização para buscadores), é o conjunto de técnicas e métodos que fazem com que um site melhore o seu posicionamento em mecanismos de busca para que alcance a primeira posição nos resultados quando determinada palavra chave é procurada. É uma das estratégias usadas no SEM. taxa de conversão: é a porcentagem de clientes que realiza a conversão desejada. Se a taxa de conversão de uma Landing Page for de 80%, significa que de cada 100 pessoas que visitaram a página 80 viraram Leads. teste a/b: acontece quando são feitas duas versões diferentes de uma página com o mesmo objetivo para avaliar qual têm um resultado melhor diante dos usuários. web analytics: é a coleta, análise e mensuração dos dados disponibilizados na Internet que tem como objetivo entender e melhorar a usabilidade do usuário e os resultados das ações feitas no site e em outros canais digitais. Como é feita uma campanha de marketing? Para a diretora de planejamento da Mullen Lowe, Marcia Amorim, conhecer bem o consumidor é sempre o começo de tudo T ornar as marcas queridas e reconhecidas pelo público-alvo é sempre um grande desafio para as agências de publicidade e departamentos de marketing das empresas. Em um mundo com tantas opções, ser a primeira escolha de um consumidor ou ser lembrada como um exemplo de sucesso no mercado é um desafio e tanto. E é aí que as campanhas de marketing entram. Como é feita uma campanha de marketing? Elas são planejadas e desenvolvidas para fazer com que uma empresa alcance diferentes objetivos, como aumentar a exposição da marca, conquistar uma fatia maior do mercado, aumentar as vendas de determinado produto ou se tornar referência para o seu público em um assunto, por exemplo. As metas podem ser diversas e são determinadas de acordo com os objetivos globais da empresa em questão. A campanha de marketing envolve uma série de ações, que devem estar alinhadas com a meta final. Em geral, ela envolve as seguintes etapas: definição do objetivo, definição do público-alvo, definição das mídias que serão utilizadas, definição do briefing, criação e acompanhamento do planejamento, monitoramento dos resultados e feedbacks do público, e mensuração final dos resultados. Com MBA em Marketing pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e experiência com o planejamento estratégico de campanhas de grandes marcas como Postos Petrobras, Casa & Vídeo, Sensodyne e BNDES, Marcia Amorim, diretora de Planejamento da Mullen Lowe, acredita que essa percepção do público é fundamental: “É preciso saber que antes de ser um consumidor ele é uma pessoa. E é essa pessoa, suas demandas e desejos, que precisamos entender para chegar a um insight e a uma melhor proposta de comunicação para a marca. A pesquisa e o entendimento do consumidor sempre tem que ser o começo de tudo. Sem isso, não faz sentido”, ressalta. Conexão para transmitir a mensagem certa Muito mais do que seguir os passos operacionais, os responsáveis pela criação de uma campanha de marketing Grandes campanhas de marketing envolvem o trabalho de muitas pessoas e diferentes áreas. Todas elas devem estar completamente alinhadas com a mensagem final da campanha e os objetivos a serem alcançados. É só assim que devem ter muita sensibilidade para entender o consumidor e conseguir captar o que ele quer ou precisa ouvir. Tudo sem adivinhações ou mágicas, mas com base em análises comportamentais e de dados. conseguem falar a mesma língua para se comunicarem de forma clara com o consumidor: “Hoje, com tantos pontos de contato e tantas possibilidades não podemos pensar em uma estratégia de forma desconectada”, comenta. Como é feita uma campanha de marketing? Entre os profissionais envolvidos, podemos destacar os que trabalham em agências publicitárias nos departamentos de planejamento, atendimento, criação e mídia, além dos especialistas em marketing das empresas. Também é preciso muita conexão no trabalho feito no mundo online e no off-line, para que ambos comuniquem a mesma coisa: “Acredito que as marcas que tem seu propósito, personalidade e estratégia bem definidas passam pouco por esse dilema. Mas, para isso, a marca precisa saber bem quem ela é”. Se isso estiver claro, a única diferença entre estar no digital ou não serão as especificidades das próprias plataformas: “Por isso o trabalho do Planejamento é tão importante. Ele deixa tudo redondo para que a marca aja com coerência independente do meio onde está”. “Profundidade e inspiração devem estar presentes em todos os jobs. Sem o primeiro a gente acaba fazendo trabalhos inocentes e sem o segundo a gente fica chato”. Já a sua maior felicidade é poder ver o trabalho na rua, relembrando tudo o que precisou ser feito para que a campanha saísse: “Esse momento sempre faz meu olho brilhar”. Da concepção ao sucesso Na hora da criação de uma campanha de marketing é fundamental que o que já foi feito pela marca e pela categoria, além de inspirações de outras marcas – mesmo se forem de outros mercados – sejam levadas em conta para que o planejamento e desenvolvimento sejam mais assertivos: “Também é preciso pensar em quais são os insights humanos que podem nos trazer um bom caminho de diálogo com o consumidor”, fala Marcia. Classificar uma campanha de marketing como “um sucesso” Como diretora dessa área, Marcia conta que o seu maior desafio é manter o entendimento total de cada campanha e briefing sem deixar isso se tornar uma coisa chata: ou “aquela que não deu certo” depende do cumprimento dos seus objetivos. Cada empresa terá as suas métricas de acordo com o que deseja alcançar, por exemplo, mudar a percepção Como é feita uma campanha de marketing? do público em relação à marca ou acrescentar tributos que não eram percebidos anteriormente: “Além disso, a melhor medida do sucesso é quando as pessoas se apropriam de uma campanha, quando ela entra no cotidiano, no dia a dia e nas brincadeiras”, finaliza. Como é o trabalho com marketing de inovação? O gerente Rodrigo Azambuja, da Ambev, conta quais são suas principais atribuições e descreve o contato que tem com outros profissionais da empresa “N a Ambev, o marketing de inovação envolve tanto a criação de um novo produto, quanto o desenvolvimento de um produto antigo. Nosso objetivo é passar a mensagem certa através das nossas marcas, de forma que o consumidor entenda facilmente o recado”, explica Rodrigo Azambuja, gerente nacional dessa área na empresa. Rodrigo estudou engenharia de produção na PUC-Rio e começou a estagiar na Ambev em vendas. Morou um tempo fora, fez cursos de verão sobre negócios e marketing em Stanford e Harvard, depois voltou para a Como é o trabalho com marketing de inovação? empresa como supervisor de vendas. Logo tornou-se gerente da área no Rio de Janeiro e foi aos poucos ampliando seu escopo. do que o consumidor quer”, conta. “São atividades paralelas, que exigem mão na massa e planejamento”, acrescenta. “Em vendas, conquistei bagagem analítica e conhecimento comercial, que me deram um senso de liderança desde cedo”, diz. Hoje, ele gerencia as pesquisas de tendências do mercado global e a adaptação das informações que fazem sentido para a realidade brasileira. “Marketing tem um pouco de feeling, mas a base de tudo está em dados concretos.” A parte frustrante, afirma ele, é trabalhar muito tempo em cima de um conceito que pode não dar certo. “Muitas vezes, a gente se dedica a uma ideia por meses – desde a pesquisa até o próprio desenvolvimento de um produto – e, quando ele de fato é apresentado ao consumidor, vemos que não atende à demanda da forma como imaginamos no briefing.” Dia a dia da função Marcas inovadoras Segundo Rodrigo, uma parte do seu trabalho envolve a criação de um conceito, a partir de insights vindos de fora do Brasil, a elaboração de umbriefing e a reunião com uma agência parceira para o desenvolvimento de novos produtos. E outra parte, o acompanhamento semanal de produtos que já estão no mercado, com planos de ação para melhoras. A cerveja Skol é um exemplo de produto que foi revisto recentemente na Ambev. “Hoje, a Skol é uma marca muito mais forte do que há cinco anos. Nesse período, houve um trabalho de entendimento do real propósito da marca, que a gente chama de ‘brand ideal’. A gente se fez a pergunta: o que eu, como marca, quero passar para meu consumidor?”, explica. “Ao mesmo tempo em que temos que criar produtos inovadores, precisamos gerenciar e fazer o follow de projetos antigos de tempos em tempos, a fim de melhorar o padrão de uma campanha, por exemplo, e conseguir chegar mais perto Depois de muitas reuniões de criatividade, desenvolvemos um briefing redefinindo o propósito da marca: desta vez, focado no público jovem. “A partir do momento em que Como é o trabalho com marketing de inovação? chegamos a um ‘brand ideal’ poderoso e simples, começamos a criar plataformas para uma campanha muito mais efetiva, suportando que a Skol é mais do que uma cerveja, é um estilo de vida.” Se mesmo as marcas já consagradas ainda têm oportunidades de melhora, os produtos mais novos podem demorar um pouco a deslanchar. O energético Fusion, por exemplo, está em constante processo de definição do conceito. “É um produto novo, de 2 anos de idade, mas que esperávamos estar crescendo mais do que cresce hoje”, admite Rodrigo. Perfil do profissional Além de identificar o que é tendência no mercado global, faz parte do trabalho de um profissional de marketing de inovação antecipar o que o consumidor vai querer daqui a alguns anos. “Para isso, é preciso ter uma boa base analítica, estar sempre antenado nas novidades e por dentro de todos lançamentos dentro do seu setor, no Brasil e no mundo”, diz. Também é essencial saber lidar com gente e conhecer de perto como cada etapa do processo acontece, da formação de um conceito, aprovação, desenvolvimento, até o acompanhamento do produto. “É importante colocar a mão na massa – o que a gente chama de ‘managing by walking around’ – e ser paciente. Pode demorar um ano para colocar um líquido no mercado.” Como é o trabalho com trade marketing? O papel de Ricardo Cruz, gerente de canal da área de sorvetes Kibon, é traduzir o planejamento do marketing de mídia em ações para atingir o consumidor na loja Q uando a Carminha, personagem de destaque da novelaAvenida Brasil, tomou um picolé Magnum no horário nobre da TV aberta, provocou um pico de vendas impressionante do produto naquela semana. Mas o que pouca gente sabe é que, por trás dessa ação de marketing de mídia, há outras igualmente importantes que podem ter influenciado esse boom. Como é o trabalho com trade marketing? “Ações de ponto de venda e trade marketing também têm grande impacto no sucesso de um produto. Se ele tem um abastecimento relevante no varejo, um preço atrativo e está posicionado corretamente na loja, isso contribui paralelamente para o bom resultado”, diz Ricardo Cruz, que trabalha há seis anos na Unilever, onde já exerceu diferentes funções. Foco na execução Depois de ter passado pelas áreas de sabonetes e desodorantes, ele é atualmente gerente de canal da área de sorvetes Kibon. “Meu trabalho é elaborar estratégias de execução. A partir da análise de dados, penso na loja em que o produto vai ser vendido, num preço compatível ao mercado, no equipamento necessário para a distribuição e no cronograma das vendas.” Hoje, Ricardo se identifica muito mais com a função de trade marketing do que com a de marketing de produto. “Respondo para a diretoria comercial da companhia, embora tenha forte ligação com o marketing. Esta área desenha uma estratégia para a categoria sorvetes, e eu tento traduzir o plano em ações para o consumidor, como visibilidade no ponto de venda.” A habilidade que mais desenvolveu em trade marketing é a visão analítica para tomadas de decisão baseadas em números. “As empresas têm investido cada vez mais em tecnologia para isso – banco de dados, leitura de dados de vendas, institutos de pesquisa que nos atendem com monitoramento de ponto de venda e informações sobre o consumidor”, afirma ele. Sazonalidade da categoria O mercado de sorvetes no Brasil é curioso: 60% da venda é concentrada no período do verão, entre outubro e março, e 40% em todos os outros meses do ano. “Nunca tinha trabalhado com uma categoria com um nível de sazonalidade tão grande. Ela exige um trabalho intenso de marketing, para reduzir essa discrepância nas diferentes estações”, aponta Ricardo. Como é o trabalho com trade marketing? O papel do trade marketing nesse caso é pensar em ações com foco no ponto de venda, além de apostar em produtos e categorias que reduzam cada vez mais essa dependência por um fator exógeno do qual não se tem controle. “A gente brinca que nossa primeira tarefa do dia é olhar o ClimaTempo e conferir qual vai ser a temperatura média em cada região do país.” A brincadeira faz sentido: é só chover uma gota, que a venda cai 50%. Se fizer um sol de 30 graus, por outro lado, a venda sobe 80%. Porém, independentemente da temperatura externa, há um esforço constante da equipe de trade marketing para manter a disponibilidade dos produtos nos pontos de venda e colocá-los em locais estratégicos da loja. Outra saída encontrada pela Kibon foi desenhar mídias e materiais de comunicação específicos para cada estação. “A gente tenta fazer lançamentos específicos para o verão, como o Frutare – um sorvete com base de água, mais refrescante –, enquanto outras marcas, com base de chocolate, são lançadas no período do inverno, para quebrar um pouco essa sazonalidade.” O dia a dia de um gerente de marketing Ricardo Gritsch conta sua rotina dentro e fora d’O Boticário e explica por que uma estratégia de marketing muito bem planejada é essencial O Boticário é a companhia que mais cresce em vendas no segmento de perfumaria e cosméticos no país, além de ser uma das marcas mais adorwadas pelos brasileiros. A empresa tem mais de 3.600 lojas espalhadas pelo Brasil, cinco vezes mais que a rede de fast food McDonald’s. O sucesso d’O Boticário é ainda mais notável porque o mercado de beleza nacional foi o que mais cresceu no mundo na última década, e hoje já é o terceiro mais importante globalmente. Ou seja, a concorrência para a empresa não é pequena. O dia a dia de um gerente de marketing Mas por que dá tão certo? Além de produtos de qualidade, uma estratégia de marketing muito bem planejada é essencial. Um dos responsáveis por isso é o paranaense Ricardo Gritsch, 35 anos, gerente de marketing de categoria d’O Boticário, que completa neste ano dez anos de trabalho na área de marketing da empresa. Formado em administração, ele fez dois MBAs – Marketing e Gestão Estratégica – e um curso de formação de executivos na respeitada escola de negócios americana Kellogg School of Management. N’O Boticário, o paranaense trabalhou com perfumaria, maquiagem e, desde o ano passado, está à frente do marketing de cuidados pessoais da empresa, que tem as marcas próprias Nativa SPA, Active, Cuide-se Bem e Golden Plus. “O profissional de marketing é um sonhador. Nunca está satisfeito e quer sempre entregar novidade para o cliente. Mas 80% do trabalho é cálculo, planilha, reunião. Só 20% é inspiração”, afirma Gritsch. Saiba como é um dia de trabalho dele na sede da empresa, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR): 9h: A interação do marketing com outras áreas da empresa é grande. Quando ele precisa definir promoções para os consumidores, uma de suas atividades, ele senta com a área jurídica para elaborar os regulamentos – são milhares de inscritos. Foi o caso da promoção recente “Desejo de Banho”, que deu passagens aéreas e estadia luxuosa em hotel para clientes da marca Nativa SPA nas cataratas de Foz do Iguaçu, no Paraná. 10h: Os técnicos da empresa chegam a uma nova fórmula para cremes que mantém a hidratação por mais tempo. Gritsch vai conversar com os colegas para discutir que produtos podem ser mudados ou criados a partir da descoberta. 11h: Gritsch prepara um material de suporte que será entregue a gerentes de lojas de todo o Brasil sobre os benefícios da nova linha da marca Nativa SPA, que chegará às lojas em algumas semanas. Isso ajudará no treinamento das vendedoras e a impulsionar as vendas. 14h: O gerente debate com a equipe de finanças se uma novidade que quer colocar no mercado é viável O dia a dia de um gerente de marketing economicamente e o que pode ser feito para aumentar sua rentabilidade. Para a reunião, leva uma série de planilhas com cálculos que fez. Atualmente, o marketing d’O Boticário trabalha em produtos que chegarão às gôndolas no segundo semestre de 2015. 16h30: Gritsch recentemente viajou à cidade americana de Nova York para buscar por novas tendências de consumo, ingredientes e atendimento. Ele viaja cerca de dez vezes por ano para diferentes cidades do Brasil e do mundo para pesquisar novidades. Quando retorna, reúne a equipe que lidera, formada por 20 pessoas, para apresentar o que viu de interessante e discutir as últimas ideias que o time trouxe. 17h30: Ele usa o fim do expediente para soltar a imaginação e pensar em como pode adaptar as descobertas da última viagem à estratégia de negócios das marcas que atende. 19h: Já no tempo livre, o gerente vai visitar um shopping da região para entender o que os frequentadores estão comprando e o que há de novidade nos concorrentes. É claro que também dá uma passada na loja d’O Boticário para conversar com as vendedoras sobre dúvidas, críticas e sugestões dos clientes. 22h: Antes de dormir, testa pelo menos três produtos que ajudou a criar, como shampoos, sabonetes, óleos e cremes para o corpo. Produtos dos concorrentes, nem pensar. Pode parecer uma rotina pesada, mas não para quem é apaixonado pelo que faz. Um bom profissional de marketing fica totalmente envolvido com a profissão porque busca inspirações o tempo todo, mesmo quando está de folga! texto Luisa Vieira Letícia Moraes Cecília Araújo edição Rafael Carvalho design Danilo de Paulo Renata Monteiro fotos Shutterstock Creative Commons Acervo Pessoal