INTERACÇÕES DAS RADIAÇÕES COM A MATÉRIA M Filomena Botelho Objectivos • Identificar quando há interacção da radiação com a matéria • Saber classificar os diversos tipos de interacção das radiações com a matéria • Identificar e distinguir as interações dos diversos tipos de radiação com a matéria • Compreender o conceito da atenuação e da absorção • Identificar e distinguir os coeficientes de absorção linear • Compreender o que é e a importância da espessura de semi-absorção 1 A radiação interage com a matéria, resultando consequências específicas, consoante o local da interacção Esta interacção resulta da: Æ cedência de energia ao meio que percorrem Energia capaz de extrair electrões a átomos provocando alterações químicas das moléculas Radiação ionizante RADIAÇÃO IONIZANTE A radiação pode ser sob a forma de: - partículas - radiação electromagnética e ambas as formas se podem propagar através da matéria Partículas Radiação electromagnética • Carregadas • Não carregadas • Pequena quantidade de energia por fotão Possuem energia cinética (vai desde alguns eV a muitos milhões de eV) ++ Partículas α + Protões Neutrões • Relativamente grande quantidade de energia Raios gama Deuterões + Partículas β Rx de pequena energia Fotões de luz Núcleos pesados 2 A radiação interage com a matéria, através de: Æ Transferência de energia ao meio envolvente A energia das partículas carregadas Æ energia cinética A energia dos fotões Æ energia electromagnética Embora marcadamente diferentes nas suas características físicas, os diferentes tipos de radiação, exercem: Æ algumas acções análogas quando atravessam a matéria A radiação pode interagir com a matéria de maneiras diferentes: Æ pode atravessar os átomos sem ceder energia Æ não há interacção Æ pode interagir com o núcleo Æ pode interagir com os electrões orbitais 3 Tipos de interacções • Partículas carregadas – Electrões • Com o núcleo • Com os electrões orbitais – Protões e partículas α • Com o núcleo • Com os electrões orbitais – Neutrões • Radiação electromagnética • Com o núcleo • Com os electrões orbitais Tipos de interacções • Partículas carregadas – Electrões • Com o núcleo • Com os electrões orbitais – Protões e partículas α • Com o núcleo • Com os electrões orbitais – Neutrões ética ção electromagn • Radia electromagné Radiaç • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais 4 Partículas carregadas As partículas carregadas podem ser classificadas como: Æ pesadas - protões - deuterões - tritões - partículas α - átomos ionizados Æ leves - electrões - positrões Partículas carregadas Quando as partículas carregadas e com elevada energia cinética se deslocam no meio material, podem exercer forças coulombianas com os: - electrões - núcleos dos átomos do meio Ocorre uma colisão sempre que a partícula passa suficientemente próximo de um: - electrão, ou - núcleo de modo a que haja interacção 5 Partículas carregadas Quando as partículas carregadas e com elevada energia cinética se deslocam no meio material, podem exercer forças coulombianas com os: - electrões - núcleos dos átomos do meio A transferência da energia cinética, pode produzir: - ionização - excitação conforme a quantidade de energia transferida Tipos de interacções • Part Partíículas carregadas – Electrões • Com o núcleo • Com os electrões orbitais – Protões e part partíículas α • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais – Neutrões ética ção electromagn • Radia electromagné Radiaç • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais 6 1. Interacção dos electrões com a matéria A maioria das transferências de energia no interior da matéria, é feita à custa dos electrões. Estes podem interagir com: - electrões orbitais dos átomos do meio atravessado Æ ionização e/ou excitação - núcleos dos átomos do meio atravessado Æ radiação de frenação (= bremsstrahlung) A. Interacção dos electrões com electrões orbitais dos átomos do meio atravessado Quando ocorre uma colisão de um electrão com um electrão orbital, verifica-se uma: - repulsão coulombiana que origina uma distribuição entre os 2 electrões, da energia cinética do primeiro A transferência de energia cinética, pode produzir: - ionização - excitação conforme a quantidade de energia transferida 7 Ionização - electrão incidente - electrão secundário - - O átomo neutro fica com carga + - ião Ionização Ionização específica ou poder ionizante Número de pares de iões formados por unidade de comprimento de percurso, quando um feixe de electrões percorre uma distância x no interior de um dado meio Quando ocorre a formação de iões, há transferência de energia por unidade de comprimento, e a perda energética é igual a: ∆E k q2 n Z = = IE ∆x v2 q – carga do electrão n – número de átomos da substância atravessados por unidade de volume Z – nº atómico do elemento atravessado v – velocidade E – energia que é necessário ceder para produzir 1 par de iões I – ionização específica 8 ∆E k q2 n Z = = IE ∆x v2 A ionização específica das partículas α é alta porque: • têm pequena velocidade quando comparada com a da luz • têm carga dupla O produto nZ representa o número de electrões por unidade de volume da matéria atravessada Quando maior nZ Æ Æ maior o número de colisões electrão incidente, com energia cinética Ec colide com um electrão periférico do material atravessado com energia de ligação El - - - - estabelece-se entre os dois electrões uma: - força repulsiva coulombiana com transferência de uma certa quantidade Q de energia cinética do electrão incidente para o electrão ligado 9 Q > El - O electrão ligado é arrancado (formando um ião positivo) sendo-lhe transmitida uma energia cinética igual a: Q - El - O electrão incidente é desviado da sua trajectória inicial, ficando com uma energia cinética após a colisão de: Ec - Q A energia transferida ao electrão ligado, é função da: - distância que o separa da trajectória do electrão incidente sendo tanto maior quanto menor for a distância Porém, as interacções deste tipo, são mais frequentes com os: - electrões mais afastados da trajectória do electrão incidente pois são os que existem em maior número Æ Æ o número de reacções com baixa transferência de energia é superior ao número de reacções com grande transferência de energia Devido à pequena massa do electrão : → 1800 vezes mais leve do que o protão → 7200 vezes mais leves do que a partícula α a colisão sofrida é em geral suficiente para produzir desvios consideráveis do seu trajecto, o que lhe confere: Æ Æ trajectórias sinuosas 10 Após a colisão, o átomo ionizado emite radiação electromagnética, ao reajustar as suas camadas electrónicas para se estabelecer a estabilidade emissão de fótão de fluorescência emissão de raios X característicos emissão de electrão auger emissão de electrão auger O excesso energético do átomo, pode ser comunicado directamente a um electrão periférico, o qual vai ser expulso, originando uma: → segunda ionização L L K K Este tipo de emissão é predominante quando os meios atravessados têm: → pequeno número atómico A energia cinética do electrão expulso é rapidamente absorvida pelo meio 11 Excitação Mecanismo de transferência de energia semelhante à ionização mas em que a quantidade de energia transferida é: - menor do que a energia de ligação do electrão ficando o átomo apenas excitado O electrão passa para uma orbital mais exterior ∆E k q2 n Z = = IE ∆x v2 Esta equação aplica-se também a outras partículas carregadas, para além dos electrões, como: - partículas α - protões Curvas de Bragg Traduzem a variação da ionização em função da distância percorrida I x 12 Curvas de Bragg Traduzem a variação da ionização em função da distância percorrida I À medida que a partícula abranda o seu movimento, por perda de energia cinética, a: - ionização específica aumenta primeiro lentamente e, depois, mais rapidamente Ri x Quando a energia cinética já baixou tanto que não é possível produzir mais ionizações, a curva diminui bruscamente, até que atinge o eixo dos x num ponto Ri que traduz a distância a partir da qual já não há ionização específica Este ponto Ri é específico para cada partícula Traduzem a variação da ionização em função da distância percorrida Curvas de Bragg I Ri x As diferenças entre os electrões, os protões e as partículas α resultam de que para a: - a mesma energia o módulo da velocidade ser muito superior para os electrões do que para as partículas pesadas, as quais: - não sofrem alterações da trajectória após colisão (por terem massa maior) Devido à pequena velocidade das partículas pesadas, a ionização específica é maior do que a dos electrões No caso dos: - protões Æ pode provocar um máximo de 30 000 ionizações por cm - partículas α Æ pode atingir as 70 000 ionizações por cm 13 B. Interacção dos electrões com o núcleo dos átomos do meio atravessado – Radiação de frenação Quando um electrão incidente, passa próximo de um núcleo pertencente a um átomo da matéria atravessada, sofre uma: - força de atracção coulombiana pela qual o electrão é desviado na sua trajectória Como a massa do núcleo é muito superior à do electrão, a energia que é comunicada ao núcleo é muito pequena, e o electrão é desviado, não sofrendo redução considerável na sua energia Æ Æ dispersão de Rutherford (colisão elástica) Quando o electrão é desviado da sua trajectória inicial, fica sujeito a uma: - aceleração centrípeta hν e- Ec Electrão Partícula beta - + + Radiação de Bremsstrahlung Núcleo Ec - hν A energia é perdida pela passagem perto de um núcleo Teoria electromagnética clássica Æ Æ Toda a aceleração do electrão deve provocar emissão de radiação electromagnética Teoria quântica Æ Æ A aceleração cria uma certa probabilidade de emissão de um fotão, e a energia irradiada pode variar de zero até à energia total do electrão 14 A importância deste tipo de emissão é: - inversamente proporcional ao quadrado da massa da partícula incidente Pouca importância quando se trata de partículas pesadas A interacção entre o electrão incidente e o núcleo traduz-se por uma: • diminuição da velocidade do electrão, e consequentemente diminuição da energia cinética Irradiada sob a forma de fotões Radiação de bremsstrahlung ou radiação de frenação (Radiação de espectro contínuo) A probabilidade do electrão perder energia é tanto maior quanto mais próximo do núcleo passar Tipos de interacções • Part Partíículas carregadas – Electrões • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais – Protões e partículas α • Com o núcleo • Com os electrões orbitais – Neutrões ética ção electromagn • Radia electromagné Radiaç • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais 15 2. Interacção dos protões e das partículas α com a matéria Quer os protões quer as partículas α • têm massa muito superior à dos electrões Æ Para igual energia cinética a: Æ velocidade é consideravelmente inferior à dos electrões Æ As transferência energéticas entre protões ou partículas α e os átomos do meio, são muito menores do que as que ocorrem quando a partícula incidente é o electrão Os protões e as partículas α são totalmente frenados por obstáculos bastante finos, como: - uma folha de papel não representando grande perigo quando se trata de irradiação externa α p Por outro lado: - quando introduzidos no organismo, as partículas podem provocar efeitos nocivos consideráveis, pois toda a energia é dissipada num percurso muito curto Só provoca lesões quando dentro do organismo Absorvida por papel Folha de papel Irradiação Irradiação interna interna lesão interna 16 Ionização Processo pelo qual um átomo neutro adquire carga positiva ou negativa Partícula α + - electrão é retirado do átomo + O átomo neutro fica com carga + ião Tipos de interacções • Part Partíículas carregadas – Electrões • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais – Protões e part partíículas α • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais – Neutrões ética ção electromagn • Radia electromagné Radiaç • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais 17 3. Interacção dos neutrões com a matéria Grande poder de penetração Neutrão Interacção com os núcleos do meio Perda Perda progressiva progressiva de de energia energia cinética cinética Não têm carga Folha de papel Chumbo Alumínio Parafina Podem penetrar profundamente no organismo As consequências são diferentes consoante a energia cinética do neutrão incidente: 1º Æ Ec > 1000 eV toda a energia cinética é transferida para os núcleos da matéria atravessada 2º Æ Ec < 1000 eV o próprio neutrão é absorvido pelos núcleos do meio envolvente A energia absorvida pelos núcleos Æ Æ leva-os a entrar em reacção com os outros átomos do mesmo meio, originando: → ionização → excitação 18 Tipos de interacções • Part Partíículas carregadas – Electrões • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais – Protões e part partíículas a • Com o n úcleo nú • Com os electrões orbitais – Neutrões • Radiação electromagnética • Com o núcleo • Com os electrões orbitais 4. Interacção das radiações electromagnéticas com a matéria Quando as radiações electromagnéticas, de origem nuclear (raios gama – γ) ou de origem extranuclear (Raios-X) interagem com a matéria, a colisão pode ocorrer com o: - núcleo - electrões orbitais Quando consideramos um feixe de fotões a incidir sobre um objecto, a energia do feixe emergente é inferior à do feixe incidente, pois existem interacções com a matéria 19 Quando o fotão incidente interage com a matéria, diferentes situações podem ocorrer: - Absorção total Toda a energia do fotão incidente é absorvida pelos átomos do meio atravessado - Transmissão sem desvio da trajectória Não ocorre qualquer reacção entre o fotão e o meio - Difusão Absorção total Feixe incidente O fotão é desviado da sua trajectória inicial, podendo haver ou não perda de energia Transmissão sem desvio Difusão ∆x Tipos de interacções • Radiação electromagnética – Com os electrões orbitais • Efeito fotoeléctrico • Efeito de Compton • Efeito de Rayleigh Thonson – Com o núcleo • Materialização ou produção de pares • Reacções fotonucleares 20 Efeito fotoeléctrico • Processo de absorção atómico no qual o átomo absorve totalmente a energia do fotão incidente (Ec) • O fotão incidente desaparece e a energia absorvida é usada para ejectar o electrão orbital para fora do átomo • O electrão ejectado chama-se: - fotoelectrão Fotoelectrão ejectado Fotão incidente A energia cinética do electrão (Ece) ou fotoelectrão é igual à diferença entre a energia do fotão incidente e a energia de ligação do electrão do átomo do material Ece = Ec - El Parte da energia do fotão incidente é dispensada para extrair o electrão do seu nível energético, sendo a restante energia transferida ao electrão orbital sob a forma de energia cinética Ece = Ec - El O fotão incidente tem que ter uma energia pelo menos igual à energia de ligação do electrão orbital Apesar de teoricamente este processo poder ocorrer com qualquer electrão do meio, desde que Ec (energia cinética do fotão incidente) seja superior a El (energia de ligação do electrão orbital), ocorre sobretudo: Æ electrões mais fortemente ligados ao núcleo, isto é, camadas mais internas − K, L O átomo atingido pelo fotão, após libertar o fotoelectrão fica ionizado e num estado excitado, sofrendo um re-arranjo dos electrões periféricos, com emissão de: - raios-X característicos - fotões de fluorescência - electrões de Auger 21 fotoelectrão + ionização excitação ++ Raios-X característico Fótões de fluorescência Electrões Auger Irradiação secundária A probabilidade de ocorrência do efeito fotoeléctrico: − aumenta rapidamente com o número atómico do absorvente − decresce muito rápido quando aumenta a energia do fótão ⎛Z⎞ ⎜ ⎟ ⎝E⎠ 3 O fotoelectrão torna-se uma partícula ionizante e vai ser um agente de ionização secundária à radiação γ Efeito Compton • É a colisão entre um fotão e um electrão orbital das camadas mais externas do átomo • Só parte da energia do fotão incidente é cedida ao electrão orbital • Ocorre nos electrões mais frouxamente ligados, os electrões periféricos Fotão difundido θ Fotão incidente ϕ Electrão Compton O fotão incidente em energia cinética (Ec) ao colidir com um electrão orbital com baixa energia de ligação (El), cede parte da sua energia ao electrão orbital, que é expulso do átomo com uma energia cinética (Ece), enquanto que o fotão incidente sofre uma alteração na sua trajectória O fotão difundido passa a ter uma energia cinética (Ed) Ec = Ece + Ed + El A energia cinética do electrão diminui progressivamente, e como é ela própria uma partícula ionizante pode ionizar ou excitar átomos 22 λ’ e e λ + φ θ e ionização ++ excitação Raios-X característico Fótões de fluorescência Electrões Auger h λ’ – λ = m c e (1 – cos θ) Irradiação secundária A probabilidade de ocorrência do efeito Compton: Z E Z – número átomo E – energia do fotão Efeito Rayleigh-Thonson • Quando a interacção entre o fotão e o electrão periférico é insuficiente para produzir excitação ou ionização, a colisão é: Æ Elástica Æ esta difusão só se manifesta para pequenas energias Posteriormente re-emitido + Fotão aborvido pelo átomo ++ O fotão é absorvido pelo átomo, sendo posteriormente reemitido, sem qualquer alteração do seu estado energético, mas com uma ligeira mudança de direcção O ângulo de difusão: Æ tanto mais pequeno quanto maior a energia do fotão 23 Materialização ou produção de pares • Fotões incidentes com energias cinéticas elevadas (> 1,022 MeV) quando passam nas proximidades do núcleo dos átomos do material que atravessam, ficam sujeitos ao intenso capo eléctrico nuclear • Nestas circunstâncias pode ocorrer Æ materialização da energia produzindo-se 1 electrão 1 positrão eE = 511 keV e+ e- do meio E = 511 keV Positrão (+) 511 keV Energia do fotão 1,022 MeV Electrão (-) 511 keV O fotão incidente é aniquilado e o excesso de energia que o fotão possuía em relação a 1,022 MeV (energia equivalente a 2 vezes a massa do electrão, no repouso) aparece na forma de: Æ energia cinética do par de electrões Ec = ħ ν = 2 m c2 +Ece+ + Ece- 24 Quando o electrão tiver perdido a sua energia cinética Æ Æ combina-se com um átomo ionizado do meio Quando o positrão tiver perdido quase toda a sua energia cinética Æ combina-se com um electrão negativo do meio desaparecendo as duas massas e produzindo-se 2 fotões divergentes com 511 keV cada Positrão 511 keV Electrão 2 fotões emitidos em direcções opostas 511 keV E = mc2 Probabilidade de ocorrência de materialização ou produção de pares Z2 (E − 1,022) Reacções fotonucleares • Quando os fotões incidentes têm energias cinéticas muito intensas (≈ 10 MeV) ao incidirem no núcleo há: Æ emissão de partículas nucleares Æ reacções γ,n Æ reacções γ,p ou seja, os fotões com alta energia ejectam do núcleo - um neutrão ou - um protão radionuclideos deficitários em neutrões emissores de β+ reacções γ,n 12C → 11C 16N → 15O 14N → 13N 19F → 18F 25 COEFICIENTES DE ATENUAÇÃO M Filomena Botelho 1. Radiação γ Feixe incidente Quando um fotão incidente atravessa o meio, há maior probabilidade de ocorrer interacção, por qualquer dos seguintes processos : - efeito fotoeléctrico - efeito de Compton - efeito de produção de pares (para energias > que 1,022 MeV) I0 I = I0 – ∆I ∆x A probabilidade de ocorrência de qualquer destes processos é função da: - energia do fotão - espessura e composição do material atravessado 26 Feixe incidente I0 I = I0 – ∆I O resultado é o decréscimo na intensidade da: - radiação incidente à medida que aumenta a distância percorrida no material ∆x - Consideremos um feixe de fotões com intensidade I0 quando incidem num material de espessura ∆x - Após penetração do material a intensidade do feixe é I - O número de fotões absorvidos é: Feixe incidente • ∆I = I0 - I I0 I = I0 – ∆I A fracção de fotões absorvidos é directamente proporcional à espessura do absorvente ∆x ∆x ∆I = − µ ∆x I0 µ – coeficiente de absorção linear O sinal – mostra que o número de fotões diminui com o aumento da espessura do absorvente Re-arranjando a expressão, vem: dI = − µ I0 dx 27 Feixe incidente I0 ∆I = − µ ∆x I0 I = I0 – ∆I Re-arranjando a expressão, vem: dI = − µ I0 dx ∆x Diz que: a intensidade que é absorvida por unidade de comprimento é proporcional à intensidade dos fotões incidentes Coeficiente de absorção linear Fracção de intensidade que é absorvida por unidade de comprimento µ=− dI 1 I0 dx -1 Dimensões: cm-1 µ=− dI 1 I0 dx Integrando a equação vem: I = I0 . e -µx O número de fotões transmitidos através de um absorvente está na dependência da espessura do absorvente e da intensidade do feixe de fotões incidente 28 Coeficiente de Absorção Linear O coeficiente de absorção linear total (µ) é a soma dos coeficientes de absorção lineares correspondentes aos diversos tipos de interacção que podem ocorrer µ = τ + σ + π τ – coeficiente de absorção devido a efeito fotoeléctrico σ – coeficiente de absorção devido a efeito Compton π – coeficiente de absorção devido a produção de pares µ - depende de: • energia do fotão incidente • tipo de material absorvente • estado físico do absorvente – sólido, líquido, gasoso Espessura de Semi-Absorção – X1/2 Espessura de um absorvente, necessária para reduzir a metade a intensidade de um feixe incidente (Raios-X, Raios-γ) HVL – Half-Value Layer CDA – Couche de Demi-Absorption A espessura de semi-absorção pode relacionar-se com o coeficiente de absorção linear µ Quando x = X1/2 I= I0 2 29 Quando x = X1/2 I= I = I0 . e I0 2 -µx 1 I0 −µx = = e 1/2 2 I Logaritmizando, vem: ln2 = - µ . X1/2 x1/2 = ln2 0,693 = µ µ A espessura pode ser dada em termos de: Æ densidade superficial – xm e o coeficiente de absorção linear µ, pode transformar-se no: Æ coeficiente mássico de atenuação - µm Por divisão pela massa específica do absorvente µm = µ ρ Deste modo, o coeficiente mássico de atenuação, é o mesmo, para os sólidos, líquidos e gases 30 Coeficiente de Absorção fotoelectrões Os electrões do meio atravessado, após absorverem a energia dos fotões incidentes, por efeito fotoeléctrico (fotoelectrões) (Nf) são em número igual ao número de efeitos fotoeléctricos Nf = N0 . dx A energia total Ef é função da energia total do feixe incidente E0 Ef = N0 . dx . E0 (× K) Coeficiente de Absorção electrões compton Os electrões compton (NC) são equivalentes ao número de efeitos Compton A energia total destes electrões EC EC = N0 . dx . Q Energia cinética média transferida pelos fotões incidentes aos electrões, i.e. É função da energia total do feixe incidente, E0 ⎛Q⎞ Ec = σ ⎜⎜ ⎟⎟ dx ⎝ E0 ⎠ 31 A fracção da energia incidente transferida aos electrões secundários, é: Q⎞ ⎛ ⎜ τ − σ ⎟ dx = µa dx E⎠ ⎝ Coeficiente de absorção ≈ coeficiente de atenuação por efeito fotoeléctrico µd = µ - µa Coeficiente de difusão Feixe incidente 2. Radiação Cropuscular – partículas α I0 I = I0 – ∆I Uma partícula α perde energia à medida que atravessa a memória ∆x A partícula α muda muito pouco o seu trajecto, na sequência das suas colisões com os: - núcleos ou - electrões orbitais Como resultado: a distância percorrida por uma partícula α, depende somente da: - sua energia inicial - perda média de energia no meio 32 Um feixe de partículas α com a mesma energia, têm todas um percurso muito semelhante A curva de absorção, mostrando a percentagem das partículas α transmitidas em relação à espessura do absorvente - permanece plana nos 100% até que o máximo do percurso seja atingido - caindo então rapidamente para zero % Efeito de Straggling 1 0,5 0 O percurso médio é: - a espessura necessária para que se verifique 50% da absorção espessura do absorvente Percurso médio Nas partículas α há somente uma: - pequena flutuação à volta deste valor – efeito de Straggling (tipicamente 1% do valor médio) % Efeito de Straggling 1 O percurso médio é: - a espessura necessária para que se verifique 50% da absorção 0,5 0 espessura do absorvente Percurso médio Nas partículas α há somente uma: - pequena flutuação à volta deste valor – efeito de Straggling (tipicamente 1% do valor médio) Exemplo: Para as partículas α com energia entre 4 – 8 MeV, o seu percurso médio no ar é: R(cm) = 0,325 E3/2 (MeV) 33 Feixe incidente 2. Radiação Cropuscular – partículas β I0 I = I0 – ∆I A absorção das partículas β pela matéria, é uma função da distância percorrida pela partícula na matéria em causa ∆x Em contraste com as partículas α, os: - electrões têm trajectos muito variáveis variando de electrão para electrão quando atravessam um determinado material, mesmo para electrões com a mesma energia Por outro lado, têm um: - espectro contínuo de energia - podem perder uma fracção considerável da sua energia numa única interacção Como os electrões têm um: • trajecto sinuoso • dispersão em diferentes direcções • percursos variam consideravelmente Æ O efeito de Straggling é muito acentuado A espessura atravessada por uma partícula β é em geral: - muito menor do que o percurso real por ela percorrido O comprimento total percorrido pela partícula β nos seus numerosos desvios pode atingir: - 1,5 a 4 vezes a espessura percorrida 34 Apesar das diversas características das partículas β (espectro contínuo, dispersão e diferente trajecto) origina que a: • absorção das partículas β se faça de modo praticamente exponencial I0 – Intensidade (nº partículas/seg cm2) de um feixe incidente de partículas β I – Intensidade de um feixe emergente x– Espessura do absorvente I = I0 . e -µx µ– coeficiente de absorção linear Depende de: - meio - características das radiãções β incidentes Objectivos 9 Identificar quando há interação da radiação com a matéria 9 Saber classificar os diversos tipos de interação das radiações com a matéria 9 Identificar e distinguir as interações dos diversos tipos de radiação com a matéria 9 Compreender o conceito da atenuação e da absorção 9 Identificar e distinguir os coeficientes de absorção linear 9 Compreender o que é e a importância da espessura de semi-absorção 35 Leitura adicional Biofísica Médica. JJ Pedroso de Lima Capítulo Vpag. 592 a 601 36