cancro cítrico

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CANCRO CÍTRICO
Medidas essenciais de controle
CANCRO CÍTRICO
O
cancro cítrico, causado pela bactéria
Xanthomonas citri subsp. citri, pode
ocorrer em todas as espécies e variedades
de citros de importância comercial.
Os impactos diretos do cancro cítrico
para a citricultura estão relacionados aos
prejuízos à produção, devido à depreciação
da qualidade; à restrição da comercialização,
e, principalmente, à redução pela queda de
frutos afetados pela doença.
Estes danos potenciais levam ao aumento
dos custos de produção tanto em áreas onde
é realizada a erradicação, pela adoção de
medidas preventivas, inspeções e eliminação
de plantas, como em áreas que manejam
a doença, por causa da necessidade de
aplicação de bactericidas cúpricos, redução
de área útil devido à implantação de quebraventos, e queda de frutos.
CICLO
DISSEMINAÇÃO: Pode ocorrer por ação de chuvas acompanhadas de vento, por
intermédio do homem, de máquinas, ferramentas, equipamentos, mudas, material de
colheita e vestuário infestados. Nesta fase, o fator ambiental mais importante é a agua. A
disseminação por chuva ocorre, principalmente, na própria planta e naquelas que estão ao
redor. No entanto, a bactéria pode alcançar alguns quilômetros a partir da planta afetada.
INFECÇÃO: Ocorre quando a bactéria penetra na planta por aberturas naturais, como
os estômatos, ou por ferimentos causados por equipamentos, atrito entre partes da
própria planta, abrasão de partículas de poeira e por insetos, como o minador dos citros.
A existência de ferimentos aumenta significativamente as chances de infecção. A água é o
fator ambiental mais importante também nesta fase.
CICLO
COLONIZAÇÃO: É caracterizada pelo início da doença. É nesta fase que os sintomas
aparecem. O cancro cítrico não é uma doença sistêmica. As bactérias se multiplicam
localmente apenas no ponto que penetraram no tecido vegetal, de onde liberam enzimas
que degradam as células das plantas para obtenção de nutrientes. O fator meteorológico
que está relacionado a esse processo é a temperatura. A faixa mais favorável para a
colonização é de 25oC a 35oC.
SOBREVIVÊNCIA: A bactéria sobrevive de um ano para outro no pomar em lesões
remanescentes de cancro cítrico em frutos, folhas e ramos da planta. Na presença de
água, estas lesões liberam bactérias que reiniciam o clico da doença. A bactéria não
tem plantas hospedeiras alternativas ou estruturas de resistência, nem sobrevive em
insetos. Em partes destacadas da planta com lesões, como folhas caídas, permanece
viva até a decomposição completa do material.
Temperatura e água não têm interferência
na sobrevivência da bactéria em lesões
de cancro cítrico na planta.
SINTOMAS
FOLHAS – Os sintomas tornam-se
visíveis de duas a cinco semanas
após a infecção. No início, formamse pontos escurecidos, muitas
vezes com amarelecimento ao redor,
resultado da multiplicação da bactéria e
encharcamento do tecido vegetal.
Os sintomas evoluem para pústulas
salientes (verrugas) de coloração marromclara. Nas folhas, a lesões são observadas
primeiro na face inferior. Com o progresso
da doença, elas tornam-se maiores –
podendo atingir mais de um centímetro
de diâmetro –, circulares, salientes e
visíveis nos dois lados da folha.
Na maioria das vezes, apresentam halo
amarelado, mas é possível encontrar lesões
com diferentes níveis de amarelecimento
ao seu redor. É possível ainda que ocorram
sintomas com bordas escuras.
Em ferimentos mecânicos ou de
minador dos citros, as lesões apresentam
a mesma textura e coloração, mas o
formato e o tamanho variam, resultado
da penetração da bactéria em grande
extensão do tecido das folhas.
FRUTOS – Os sintomas em frutos são
semelhantes aos observados em folhas.
É mais comum as lesões aparecerem na
parte voltada para o exterior da copa
das plantas. Isso ocorre devido à maior
exposição desse lado a chuvas e ventos,
fatores que aumentam a predisposição às
infecções. Em estado avançado, as lesões
em frutos podem apresentar a formação
de anéis circulares e rachaduras, por
causa do aumento da área afetada e da
morte do tecido com sintomas. As lesões
de cancro cítrico não afetam a qualidade
da polpa dos frutos.
RAMOS – As lesões apresentam as
mesmas características observadas em
folhas e frutos, como saliência e coloração
marrom. Além disso, podem resultar em
rachaduras, que levam à seca do ramo
e prejudicam o seu desenvolvimento,
principalmente nos primeiros anos da
planta. O cancro cítrico não provoca a
morte das árvores doentes.
DIFERENÇAS DE OUTRAS DOENÇAS
Os sintomas de cancro cítrico podem ser
confundidos com outras doenças. Veja as
principais diferenças:
LEPROSE DOS CITROS: em frutos as
lesões diferem das de cancro cítrico por
serem escuras e deprimidas. Em folhas,
também são escuras, mas lisas e maiores.
Em ramos, ocorre o descamamento da
área lesionada, o que não é observado no
cancro cítrico.
VERRUGOSE: as lesões causam deformação
e tem saliência em apenas um dos lados
da folha. Dificilmente ocorre a formação
de halo amarelo ao redor do sintoma.
Em frutos, principalmente quando estão
maduros, os sintomas são menores. Ao
contrário do cancro cítrico, as lesões
de verrugose podem ser parcialmente
removidas de folhas e frutos. A verrugose
não ocorre em folhas de laranja doce,
somente em frutos.
CONTROLE
ESTRATÉGIAS DE CONTROLE
Existem duas estratégias de controle
para o cancro cítrico. Uma é baseada na
exclusão e erradicação da bactéria, cujo
objetivo consiste em manter os pomares
de uma determinada região livres da
doença ou com incidência muito baixa.
A outra estratégia consiste no manejo
integrado do cancro cítrico, que tem a
finalidade de reduzir os danos e as perdas
causados pela doença em áreas onde está
muito disseminada e presente na maioria
das plantas e pomares.
No estado de São Paulo, a estratégia
adotada há mais de 50 anos é a supressão
da doença. As principais medidas de
controle são:
MUDAS SADIAS – a aquisição de mudas
de citros, certificadas produzidas em
viveiros registrados pela Coordenadoria de
Defesa Agropecuária (CDA), da Secretaria
Estadual de Agricultura e Abastecimento,
é o ponto inicial para a formação de um
pomar saudável.
CONTROLE
INSPEÇÃO – é uma medida essencial para manter os pomares livres de cancro cítrico e deve
ser uma prática usual no pomar, isso porque quanto mais cedo a doença é descoberta, menos
plantas são eliminadas e maiores são as chances de sucesso de contenção. A frequência e a
forma de inspecionar variam de acordo com a presença ou ausência da doença.
Inspeção contínua
Inspeção detalhada
Inspetor caminha em linha reta. Esta
modalidade tem rendimento de 400 a
1.000 plantas vistoriadas por dia por
cada inspetor.
Inspetor para em frente à árvore a
cada dois passos. Tem rendimento de
100 a 400 plantas vistoriadas por dia
por inspetor.
RENDIMENTO
DE INSPEÇÃO
FREQUÊNCIA DE INSPEÇÃO
TALHÕES SEM
CANCRO CÍTRICO
TALHÕES AFETADOS
E VIZINHOS
PLANTAS VIZINHAS
ÀS ERRADICADAS
Inspeções contínuas trimestrais
Inspeções detalhadas mensais
Inspeções detalhadas quinzenais
DESINFESTAÇÃO – A desinfestação de
equipamentos, ferramentas, utensílios,
veículos e pessoas (pele, roupas e calçados)
que têm acesso aos pomares é essencial
para prevenir o cancro cítrico.
Os
produtos
utilizados
para
a
desinfestação, também chamados de
erradicantes, indicados para aplicação em
veículos, equipamentos, ferramentas e
utensílios são à base de amônia quaternária,
cloreto de benzalcônio e hipoclorito de sódio.
O digluconato de clorohexidina é
utilizado na pele, principalmente para a
desinfestação das mãos.
ERRADICAÇÃO – De acordo com a legislação
atual, deve-se realizar a eliminação apenas
da planta com sintomas de cancro cítrico.
Para a erradicação deve-se queimar as
plantas no próprio local antes de removelas para evitar a disseminação da bactéria
dentro do pomar.
CONTROLE
CONTROLE DO MINADOR DOS CITROS – O
minador é um inseto que provoca ferimentos
na planta, principalmente nas brotações e
abre entradas para a penetração da bactéria
do cancro cítrico. O controle deve ser feito
preventivamente com inseticidas à base de
abamectina, quando as plantas apresentam
brotações. Inseticidas neonicotinóides,
normalmente utilizados para o controle de
Diaphorina citri em plantas de até três anos,
também promovem o controle do minador.
BIN – a existência de bins evita o trânsito
de caminhões no interior da propriedade,
o que previne a ocorrência de ferimentos
nas plantas e a introdução de material
vegetal de outras regiões, que podem
estar contaminados.
OUTRAS MEDIDAS
CONTROLE:
IMPORTANTES
DE
COBRE - Segundo a legislação atual, o
citricultor deve realizar a aplicação de
produto à base de cobre em um raio
de 30 metros ao redor da planta que
foi eliminada por causa de sintomas
de cancro cítrico. Recomenda-se, no
entanto, que todo o talhão afetado
e aqueles sob risco de contaminação
também sejam pulverizados.
A aplicação de cobre não previne a
entrada da bactéria no pomar, mas ajuda
a reduzir a quantidade de sintomas nas
plantas e a queda de frutos.
Os bactericidas cúpricos usados são à
base de oxicloreto de cobre, hidróxido de
cobre e oxido cuproso. Pesquisas recentes
do Fundecitrus mostram que doses de 50
a 70 gramas de cobre metálico por 100
litros de calda aplicada a 70 mL/m3 de copa
da planta têm controle satisfatório em
áreas que manejam a doença. Estes valores
representam redução de cerca de 50% de
ingrediente ativo e volume de calda sem
comprometer a qualidade do controle e
com menos custo.
Apenas a aplicação de bactericidas
cúpricos não é suficiente para impedir
a infecção de novas plantas e talhões e,
consequentemente, o crescimento do
cancro cítrico no pomar. Esta ação deve estar
sempre associada à inspeção de plantas e à
eliminação dos focos da doença.
CONTROLE
QUEBRA-VENTO – é recomendado nos
limites da propriedade e também entre
talhões. As árvores formam um obstáculo
natural, reduzindo a velocidade das
rajadas de vento e, consequentemente,
sua capacidade de disseminar a bactéria
do cancro cítrico por gotas de chuva e
de causar ferimentos nas folhas pela
abrasão de partículas de poeira e atrito
de galhos, que facilitam a entrada da
bactéria. Os quebra-ventos não devem
ser uma barreira compacta, mas sim
permeável.
É recomendado colocar os quebraventos perpendicularmente à direção dos
ventos predominantes ou em sistemas
de compartimentação. O ideal é que
sejam implantados antes ou junto com
o plantio do pomar para proporcionar
proteção nos primeiros anos das plantas
de citros, quando são mais suscetíveis ao
cancro cítrico.
As espécies Casuarina cunninghamiana e
Corymbia torelliana são as mais indicadas
porque possuem maior número de
características desejáveis para um bom
quebra-vento. As distâncias entre as
linhas de quebra-vento podem variar de
100 a 400 metros. Distâncias menores
são necessárias quando a produção
do pomar é destinada ao mercado de
fruta in natura.
INDUTORES DE RESISTÊNCIA – Além de
promover o controle de pragas e vetores
que afetam os citros, como o psilídeo
Diaphorina citri, os indutores de resistência
reduzem intensamente os sintomas
de cancro cítrico, principalmente em
plantas jovens, com até três anos.
Essa redução não ocorre pela ação
bactericida desses compostos ou somente
pelo controle do minador dos citros, mas,
principalmente, pela ativação do sistema
de defesa natural das plantas.
Os
ingredientes
ativos
mais
estudados, com ação comprovada
como indutores de resistência genética
no controle do cancro cítrico e com
registro comercial para a cultura dos
citros no Brasil são os neonicotinóides
imidacloprido e tiametoxam.
CONTROLE
ESCOLHA DA VARIEDADE – todas as espécies e variedades comerciais de citros podem
ser afetadas pelo cancro cítrico, mas existem diferenças significativas de suscetibilidade
entre os genótipos.
RESISTÊNCIA VARIETAL
NÍVEL DE RESISTÊNCIA
VARIEDADE / ESPÉCIE
Altamente resistente
Calamondin, Kumquat
Resistente
Tangerinas Ponkan,
Satsuma, Cleopatra e Sunki
Menos suscetível
Laranjas Pêra, Valência e
Folha Murcha; tangerinas
Clementina, Dancy e Cravo
Suscetível
Laranjas Hamlin, Westin, Rubi,
Pineapple, Baía, Baianinha e Natal;
lima ácida Tahiti e tangor Murcott
Altamente suscetível
Pomelo (Grapefruit); lima ácida
Galego; limões verdadeiros
LEGISLAÇÃO
De acordo com a Resolução SAA 147, de
31 de outubro de 2013, deve-se realizar
a eliminação apenas da planta com
sintomas de cancro cítrico e pulverizar
com cobre as demais em um raio de 30
metros. A pulverização deve ser repetida a
cada brotação.
O citricultor também deve realizar,
no mínimo, uma inspeção trimestral em
todas as plantas de citros da propriedade.
Estas vistorias deverão ser informadas
à Secretaria de Agricultura por meio de
relatórios semestrais, assim como é feito
para o HLB (greening).
O documento deve ser entregue em 15
de julho, relativo às inspeções feitas entre
1º de janeiro e 30 de junho, e até 15 de
janeiro, relativo às vistorias feitas entre 1º
de julho e 31 de dezembro.
O relatório deve ser entregue por meio
do site da Coordenadoria de Defesa
Agropecuária (CDA), no qual também
ficam disponibilizados os formulários.
Caso descumpra a legislação, o citricultor
poderá ser autuado.
Consultoria: Franklin Behlau e Ivaldo Sala
Av. Dr. AdhemarPereira de Barros, 201
Vila Melhado Araraquara
/SP
(16) 3301 7000/ 0800 11 2155
www.fundecitrus.com.b
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