31ª Edição

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Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT
Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina
Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem
Publicação Científica do Curso de Bacharelado em Enfermagem do CEUT. Ano 2010 (15). Edição 31
Aline Oliveira Araújo 1
Andréa Cunha Souza 1
Camila Manuela de Moura Sá Fortes¹
Clareanne A. Fortes Damasceno ¹
Selônia Patrícia Oliveira Sousa 2
Márcia Andrea Lial Sertão 3
A infecção pelo vírus da rubéola durante a gestação, principalmente no primeiro trimestre, pode
causar aborto, morte fetal, parto prematuro e mal-formações congênitas. Quando a infecção ocorre
durante a embriogênese, cerca de 80% das crianças podem nascer com a síndrome da rubéola
congênita (SRC). As mal-formações podem ser graves, com comprometimento ocular, auditivo,
cardíaco e neurológico ou resultar em manifestações discretas, como deficit auditivo parcial ou
pequenos defeitos cardíacos. A partir da publicação da matéria Circulação do vírus da rubéola no
Brasil será monitorada pela OMS até 2010 vejamos as características clínicas e epidemiológicas da
doença, aspectos clínicos e laboratoriais, bem como situação em que se encontra a nível mundial,
nacional e local.
Circulação do vírus da rubéola no Brasil será monitorada pela OMS
até 20104
A OMS (Organização Mundial da Saúde) irá monitorar a circulação do vírus da rubéola no
Brasil até o início de 2010, segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Em 2008 95% da
população alvo foi imunizada. A ação foi feita para tentar cumprir a meta estabelecida em 2006
com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), braço da OMS, de erradicação da doença.
"A OMS está monitorando o Brasil até fevereiro ou março do ano que vem para comprovar se o
vírus da rubéola deixou de circular no país. Se isso for comprovado, o Brasil vai receber o
certificado de erradicação de duas doenças: a rubéola e a síndrome da rubéola congênita", disse
Temporão. A campanha de vacinação contra a rubéola foi a maior ação contra a doença já realizada
em todo o mundo em termos de número de pessoas vacinadas, segundo o assessor-regional de
imunização da Opas, Carlos Castillo-Solorzano.
Figura 1 – Vírus do gênero Rubivirus, família Togaviridae – agente causador da SRC
1
Acadêmicas do 3º Período de Enfermagem do CEUT
Acadêmica do 8º período de Enfermagem do CEUT e monitora do Observatório Epidemiológico
3
Professora da disciplina de epidemiologia do CEUT e orientadora do Observatório Epidemiológico
4
Fonte: www.folhaonline.com.br em 30 de agosto de 2010.
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Figura 2: Campanha de Vacinação contra a Rubéola- Governo Federal / Ministério da Saúde do Brasil
Características Clínicas e Epidemiológicas

Descrição: É uma doença exantemática aguda, de etiologia viral, que apresenta alta
contagiosidade, acometendo principalmente crianças. Doença de curso benigno, sua importância
epidemiológica está relacionada ao risco de abortos, natimortos e malformações congênitas
como cardiopatias, catarata e surdez, denominada síndrome da rubéola congênita (SRC) quando
a infecção ocorre durante a gestação.

Sinonímias: O nome rubéola foi proposto em 1866 por Henry Veale, para designar a doença
que até então era conhecida como Roteln ou German measles, que significava “similar ao
sarampo” ou "Sarampo alemão".

Agente Etiológico: O agente infeccioso da rubéola é um vírus pertencente ao gênero Rubivirus,
família Togaviridae

Reservatório: O homem.

Período de Transmissibilidade: Aproximadamente, de 5 a 7 dias antes do início do exantema
até 5 a 7 dias.

Modo de Transmissão: Através de contato com as secreções nasofaríngeas de pessoas
infectadas. A infecção é produzida por disseminação de gotículas ou contato direto com os
pacientes. A transmissão indireta, mesmo pouco freqüente, ocorre mediante contato com objetos
contaminados com secreções nasofaringeanas, sangue e urina.

Período de Incubação: Em geral, varia de 14 a 21 dias, durando, em média, 17 dias. A variação
máxima observada é de 12 a 23 dias.
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
Susceptibilidade e imunidade: A susceptibilidade é geral. A imunidade ativa é adquirida
através da infecção natural ou por vacinação, permanecendo por quase toda a vida. Os filhos de
mães imunes podem apresentar imunidade passiva e transitória durante 6 a 9 meses. Tem sido
relatada a ocorrência de reinfecção em pessoas previamente imunes através de vacinação ou
infecção natural, quando reexpostas ao vírus. Esta reinfecção é usualmente assintomática,
detectável apenas por métodos sorológicos.
Aspectos Clínicos e Laboratoriais

Manifestações Clínicas: exantema máculo-papular e puntiforme difuso, febre baixa e
linfadenopatia retroauricular, occipital e cervical posterior, período prodrômico com febre
baixa, cefaléia, dores generalizadas (artralgias e mialgias), conjuntivite, coriza e tosse,
leucopenia, raramente ocorrem manifestações hemorrágicas, complicações como artrite ou
artralgia, encefalites e manifestações hemorrágicas.

Diagnóstico Clínico: O quadro clínico da rubéola congênita é visto como uma doença crônica e
progressiva, freqüentemente silenciosa na sua evolução, sendo que os casos assintomáticos são
em número muito maior do que os sintomáticos, mas nem por isso causam menos prejuízo a
criança. Além disso, deve-se lembrar que crianças que foram infectadas intra-útero e se
mostram aparentemente normais ao nascimento podem apresentar as manifestações tardias da
rubéola congênita, que estão associadas com a persistência e reativação do vírus e também com
mecanismos auto-imunes (diabetes mellitus) em alguns casos.

Diagnóstico Diferencial: O diagnóstico diferencial deve ser feito com sarampo, escarlatina,
dengue, exantema súbito (crianças até 2 anos), eritema infeccioso, enteroviroses (coxsackie e
echo) e, também, com outras doenças que podem causar síndromes congênitas, como
mononucleose infecciosa, toxoplasmose e infecção por citomegalovírus.

Diagnóstico Laboratorial: É realizado mediante detecção de anticorpos específicos no soro
(IgM e IgG) e isolamento viral.

Prevenção e Tratamento: Não há tratamento específico para a rubéola. Os sinais e sintomas
apresentados devem ser tratados de acordo com a sintomatologia e terapêutica adequada.
Aspectos Epidemiológicos
A rubéola e a SRC são doenças de notificação compulsória no país desde 1996. No entanto,
só a partir de 1999, com a vigilância integrada de sarampo e rubéola como estratégia para atingir a
meta de erradicação do sarampo, é que se passa a documentar mais sensível e representativamente a
circulação do vírus da rubéola no Brasil. Assim, surtos de rubéola foram detectados em diversos
estados de 1999 a 2001.
Padrões diferenciados de ocorrência da rubéola por faixa etária foram observados entre os
estados, provavelmente como conseqüência da introdução gradual da vacina, o que evidenciou um
deslocamento da doença para a faixa etária de adultos jovens de 1999 para 2000. Em 1999, a
maioria dos surtos ocorreu em estados que ainda não haviam implantado a vacina contra rubéola,
sendo a população mais atingida a de menores de 15 anos. Em 2000, todos os surtos atingiram
estados que já vacinavam contra rubéola. No período de 2000 e 2001, observou-se, então, um
aumento no número de casos de SRC, como impacto do surto, mas também refletindo a
estruturação da vigilância da SRC no país.
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Os dados de vigilância da rubéola, nesses anos, possibilitaram não só a adoção de medidas
controle frente a surtos (vacinação de bloqueio), mas orientaram, também, a implantação
estratégia de controle acelerado da SRC, com a realização, em 2001 e 2002, de campanhas
vacinação de MIF, em todos os estados brasileiros. Como resultado desse intenso esforço
vacinação de grupos suscetíveis, observa-se uma redução substancial do número de casos
rubéola e de SRC no país, a partir de 2002.
de
da
de
de
de
Gráfico 1- Incidência e número de casos confirmados e compatíveis de SRC. Brasil, 1997-2008
A SRC é um evento relativamente raro, principalmente na ausência de surtos de rubéola e
quando há altos níveis de imunização da população, mas ainda assim de grande magnitude, pelo
alto custo associado ao tratamento, intervenções e educação especial, sem contar o sofrimento
humano. Estima-se que muitos casos não sejam diagnosticados ou, quando o são, permaneçam não
notificados, contribuindo para o conhecimento parcial do problema.
Em 2003, foi estabelecida a meta de eliminação da rubéola e da SRC nas Américas até 2010.
Para isso, é fundamental fortalecer a vigilância da SRC, em especial com vigilância ativa em
unidades de referência para o atendimento de crianças com infecções congênitas e com outras
malformações compatíveis com SRC. Assim, será possível detectar os casos suspeitos, realizar
exames diagnósticos e intervenções mais precocemente, o que tende a aumentar a especificidade do
sistema e melhorar o prognóstico dos pacientes.
Impacto da vacinação contra rubéola na ocorrência da SRC
A vacinação rotineira contra a rubéola foi implementada na Paraíba, nordeste brasileiro,
através de uma campanha de catch-up direcionada a crianças com idades entre 1 e 11 anos em 1998.
Uma campanha entre as mulheres em idade reprodutiva foi realizada em 2001. Descrevemos a
epidemiologia da rubéola e da síndrome da rubéola congênita (SRC) no estado da Paraíba entre
1999 e 2005. Foram analisados os dados de vigilância da rubéola e da SRC entre 1999 e 2005. Os
casos suspeitos de rubéola foram confirmados por exames laboratoriais, vínculo epidemiológico ou
por critério clínico. Foram utilizadas as definições internacionais padrão de SRC. Dos 5.924 casos
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suspeitos de rubéola entre 1999 e 2005, 1.266 (21%) foram confirmados, 766 (61%) deles através
dos exames laboratoriais.
Figura 3 – Casos confirmados de rubéola de acordo com o mês de início das erupções, estado da Paraíba, Brasil, 1992005.
Durante uma epidemia de rubéola em 2000 (18,8/100.000), a incidência entre os indivíduos
com idades entre 14 e 19 anos (42/100.000) quadruplicou em relação a crianças com idades entre 1
e 13 anos (intervalo de confiança de 95% = 3,2-5,1). A incidência geral da rubéola foi de
0,9/100.000 em 2005. Dos 177 casos suspeitos de SRC entre 1999 e 2005, 167 (94%) foram
testados para a presença de IgM. Dos 14 (8%) casos de SRC confirmados laboratorialmente, 12
(86%) haviam nascido em 2001, com uma incidência de 0,2/100.000 crianças menores de 1 ano
nesse ano. A campanha de vacinação contra a rubéola em 1998 não foi suficiente para prevenir um
surto entre adultos jovens em 2000, com uma alta incidência de SRC em 2001. Entre 2002 e 2005,
as incidências de rubéola e de SRC diminuíram; entretanto, a alta cobertura da vacina e a vigilância
de alta qualidade são importantes para que se atinja a erradicação da SRC até 2010.
Rubéola congênita no Piauí
No estado do Piauí, a vacina tríplice viral foi implantada na rotina aos 12 meses de idade em
2001, pois a mesma era aplicada aos 15 meses de vida, como dose de reforço desde 1997. O
percentual de município com cobertura vacinal adequada em 2001 no estado foi de 43,44% em
2001 e nesse mesmo período não foram confirmados casos de Síndrome da Rubéola Congênita
(SRC). A campanha de vacinação contra a rubéola para as Mulheres em Idade Fértil (MIF) ocorreu
em 2002, com a cobertura vacinal de 99,73%.
Em 2005, O percentual de município com cobertura vacinal adequada foi de 44,84%
(setembro de 2005). Agregando esse percentual à alta cobertura vacinal na campanha da rubéola
para as MIF, houve um impacto na redução da transmissão vertical da rubéola e nenhum caso da
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SRC foi confirmado em 2005. Mesmo assim existe a necessidade da intensificação e fortalecimento
das ações de prevenção, controle e vigilância da rubéola com vistas à eliminação da SRC.
Figura 4 – Município com cobertura adequada para a vacina tríplice viral (VTV) e número de casos de síndrome da
rubéola congênita. Piauí, 2005
Referências
_______, Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7 ed. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2009.
________, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Nacional de
Vigilância em Saúde: relatório de situação: Piauí. 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006.
________, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Nacional de
Vigilância em Saúde: relatório de situação: Piauí. 2. ed. Brasília : Ministério da Saúde, 2009.
BRITO, D.. Circulação do vírus da rubéola no Brasil será monitorada pela OMS até 2010.
Folha
online,
de
22
de
abril
de
2009.
Disponível
em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u554512.shtml . Acesso em 30 agosto de 2010.
COREN-RS, Eliminação da Rubéola nas Américas. Disponível em: http://www.portalcorenrs.gov.br/web/fotos/rubeola/informacoes.pdf?PHPSESSID=9893bb2c06ceff443bb5cd362b269507.
Acesso em 31 agosto de 2010.
LANZIERI, T; PINTO, D; PREVOTS, R. Impacto da vacinação contra rubéola na corrência da
síndrome da rubéola congênita. Jornal Pediatrico. RJ vol.83 no. 5 Porto Alegre Sept./Oct. 2007.
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