O Turismo e o Golfe Jorge Aníbal Catarino, Secretário Geral 6 de Dezembro de 2010 Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 1 Agenda 1 – Enquadramento Turismo e Golfe 2 – O Negócio dos Resorts de Golfe 3 – A Actual Crise e os Resorts Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 2 1 – Enquadramento Turismo e Golfe Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 3 Enquadramento Turismo e Golfe Turismo na Economia Nacional – Estratégia O Turismo é, indiscutivelmente, um dos principais sectores de actividades da economia portuguesa, unanimemente considerado como estratégico e prioritário para o País, devendo portanto dar um contributo significativo, nomeadamente através das receitas externas, para a cobertura do défice da nossa balança comercial e para o combate ao desemprego. Efectivamente, o turismo continua a ser uma área decisiva para o desenvolvimento sustentável a nível ambiental, económico e social, contribuindo positivamente para reforçar a imagem externa de Portugal e para a valorização do património cultural e natural do País, com impactos directos na melhoria da qualidade de vida dos Portugueses e na promoção da coesão territorial e identidade nacional, enquanto recurso indutor das inúmeras actividades com ele relacionadas. Actualmente, os objectivos do Governo estabelecidos para 2015 na Resolução do Conselho de Ministros 53/2007 (PENT – Plano Estratégico Nacional do Turismo) de mais de 20 milhões de turistas estrangeiros e receitas superiores a 15 mil milhões de euros, representando mais de 15% do PIB e 15% do emprego nacional, são há algum tempo considerados pela CTP – Confederação do Turismo Português uma impossibilidade, com ou sem crise económica e financeira. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 4 Enquadramento Turismo e Golfe Turismo na Economia Nacional – Conta Satélite De acordo com dados da Conta Satélite do Turismo, em 2009, na óptica da Procura Turística, o peso do Consumo Turístico Interior na economia nacional representou 10,0% do PIB. O Consumo Turístico Interior atingiu em 2009 o montante de 16,5 mil milhões de Euros, menos 5% que no ano recorde de 2008. Em 2008 (ano mais recente), o Consumo Receptor representou cerca de 51% do total do Consumo Turístico Interior, apresentando o Consumo Turístico Interno um peso de 19%, enquanto as Outras Componentes do Consumo Turístico concentraram uma quota de 30%. Por sua vez na óptica da oferta, em 2009, o Valor Acrescentado Gerado pelo Turismo (VAGT) contribuiu em 4,8% para o VAB da economia, representando uma das principais actividades económicas do país. O VAGT atingiu em 2009 o valor de 7,0 mil milhões de Euros. A quota do Emprego nas Actividades Características do Turismo no total da economia atingiu os 7,9%, em 2007 (ano mais recente), isto é, mais de 406,6 mil indivíduos. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 5 Enquadramento Turismo e Golfe Turismo na Economia Nacional – Ano de 2009 Verifica-se que as Receitas do Turismo têm um grande peso na economia nacional, representando 4,3% do valor do PIB, em 2009. Em 2009, as Receitas Turísticas apresentam valores comparativamente superiores aos principais sectores exportadores, concentrando uma quota global de 14,6% no Total das Exportações de Bens e Serviços. As Receitas Turísticas constituem a principal rubrica da Balança Corrente – Serviços, representando em 2009 cerca de 42,5% do total das Receitas da Balança Corrente – Serviços. As exportações de serviços destacam-se pelo seu contributo para o valor acrescentado e emprego, uma vez que a proporção de valor acrescentado nacional em cada milhão de euros de exportação é, em geral, superior à verificada nas exportações de bens. O Valor acrescentado nacional, de acordo com um estudo do GEE-MEID, com base em informação do DPP e do INE, é de 81,5% nos serviços e turismo, de 36,6% no material de transporte, 42,9% na indústria química, 47% na indústria de máquinas e aparelhos e 64,7% nas indústrias de têxteis e vestuário. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 6 Enquadramento Turismo e Golfe Turismo na Economia Nacional – Até Setembro 2010 A taxa de cobertura do défice da Balança Corrente portuguesa pelas receitas líquidas geradas pelo turismo e pelo transporte aéreo de passageiros atingiu 28,5% nos primeiros nove meses de 2010 (24,9% no período homólogo de 2009). Portugal teve nos primeiros nove meses deste ano o maior valor de sempre das receitas das visitas de turistas estrangeiros, com 5.869,8 milhões de euros, bem como a melhor receita líquida (depois de descontados os gastos dos portugueses em viagens e turismo no estrangeiro), com 3.617,8 milhões. Relativamente a 2009, em que ocorreram quedas devido à crise económico-financeira (-8% em receitas e –8,3% no saldo), as receitas crescem 9,9% ou 530,1 milhões de euros e o excedente aumenta em 10,6% ou 347,8 milhões.Portugal supera o ano recorde de 2008, tanto em receitas (aumento homólogo de 1,1% ou 63,9 milhões), quanto no excedente (1,4% ou 50,9 milhões).Todos os nove meses deste ano foram de crescimento face a 2009, e em seis com aumentos a dois dígitos, os mais fortes dos quais em Agosto e Setembro. Os turistas estrangeiros que visitaram Portugal no Verão proporcionaram uma receita recorde para o País de 2.873,9 milhões de euros. Na época alta são geradas em média 36% das exportações anuais portuguesas de turismo. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 7 Enquadramento Turismo e Golfe Turismo na Economia Nacional – Perspectivas Futuras UNWTO: International Tourist Arrivals back at 2008 pre-crisis peak level – Results through August 2010 prove that international tourism continues to recover from the decline of 4,2% suffered last year under the impact of the financial and economic crisis. Based on current trends, international tourist arrivals are projected to increase in the range of 5%6% over the full year. In 2011, growth is expected to continue at a more moderate pace, at around the long-term average of 4%. Euromonitor: The travel industry will not recover until 2016. The aftermath of the global downturn - The travel and tourism industry fear the long-term impact the global downturn will have on the industry, believing it will struggle to return to pre-downturn demand levels and profitability until 2016. More than half (52%) believes the global downturn’s impact on tourism demand is one of biggest issues facing the industry over the next five years. Furthermore, 49% felt the downturn’s impact on price, profit and margins is a big issue over the next five years. PORTUGAL: A Euromonitor International prevê que em 2013 as chegadas de turistas atinjam cerca de 15 milhões e as receitas turísticas cerca de €10 mil milhões. Por seu lado, o WTTC – World Travel and Tourism Council estima um crescimento da Economia do Turismo, entre os anos de 2010 e 2020, de 4% ao ano. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 8 Enquadramento Turismo e Golfe Indústria do Golfe – Key Findings 2009 (CNIG) Os campos do Algarve foram os mais dinâmicos de Portugal: Cada campo de golfe algarvio registou, em média, 28.145 voltas realizadas, 27.315 voltas comercializadas e uma taxa de ocupação de 42,5%, superando a média nacional em todas as categorias mencionadas. Os golfistas nacionais realizaram mais de metade das voltas registadas nos campos da região de Lisboa: Nos campos de golfe de Lisboa, os utilizadores nacionais realizaram, em média, 11.278 voltas, representando 51,8% do número total de voltas realizadas. A procura dos sócios dos campos/clubes contribuiu para atenuar a diminuição da actividade: Registaram-se 7.592 voltas realizados por membros, por campo de golfe, em Portugal, o que representa uma diminuição de 1,6% face ao período homólogo. Por sua vez, o número total de voltas realizadas sofreu uma contracção de 10,6%. Os green fees assumiram-se como o driver da actividade dos campos: A comercialização de green fees representou 63,9% das voltas realizadas em Portugal, gerando 46,2% das receitas totais. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 9 Enquadramento Turismo e Golfe Indústria do Golfe – Key Findings 2009 (CNIG) Os golfistas provenientes do Reino Unido realizaram 8.832 voltas por campo: A representatividade do mercado do Reino Unido face ao total registou um decréscimo de 9,1 p.p. face a 2008, correspondendo a 37,6% das voltas realizadas nos campos de golfe portugueses. As voltas realizadas nos campos de golfe geraram 68,4% das receitas totais: A soma das receitas de green fees (578.605€) e das receitas de membership (278.875€) representaram 68,4% da receita total média por campo de golfe. Cada volta realizada gerou 53,4€ de receita média: O revPUR (Revenue per Utilized Round) dos campos de golfe portugueses decresceu 4,3€ face a 2008, em resultado da contracção de 17,4% registada ao nível da receita média total e do decréscimo de 10,6% no número de voltas realizadas. Os campos do Algarve foram os que precisaram de vender menos voltas para fazer face aos custos operacionais: O break-even point dos campos de golfe algarvios fixou-se em 19.595 voltas, menos 1.334 voltas do que as 20.929 voltas correspondentes à média nacional. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 10 Enquadramento Turismo e Golfe Indústria do Golfe – Key Findings 1º Semestre 2010 (CNIG) Comparando o 1º semestre de 2010 com o período homólogo do ano anterior, o número de voltas realizadas nos campos de golfe nacionais diminuiu 5%: O número de voltas comercializadas acompanhou esta tendência, decrescendo 4,6%. A taxa de ocupação registou um decréscimo de 1,4 p.p.. Os campos de golfe da região do Algarve protagonizaram a melhor performance, registando a menor diminuição do número de voltas realizadas (2,3%), comercializadas (1,8%) e da taxa de ocupação (0,9 p.p.). O número de voltas realizadas em Junho do corrente ano é 7,4% superior ao verificado no mesmo período do ano anterior, o que indicia os primeiros sinais de recuperação da actividade operacional: De Janeiro a Abril, o número médio de voltas realizadas em 2010 esteve abaixo do registo alcançado em 2009. No entanto, nos meses de Maio e Junho, verificou-se uma inversão desta tendência, uma vez que os campos de golfe registaram um aumento do número médio de voltas realizadas, comparativamente ao ano anterior. Em Junho, o número médio de voltas realizadas nos campos de golfe portugueses (1.774 voltas) ficou 7,4% acima do registo do ano anterior (1.653 voltas). Março apresentou-se, nos dois anos em análise, como o mês com o maior número médio de voltas realizadas (2.763 voltas em 2009 e 2.721 voltas em 2010). Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 11 2 – O Negócio dos Resorts de Golfe Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 12 O Negócio dos Resorts de Golfe Resorts e Golfe, Golfe e Resorts, par a par Dos 76 campos de golfe actualmente existentes em Portugal (dados da FPG): 38% já oferecem alojamento hoteleiro; 30% têm prevista a sua construção no futuro; e 32% não têm nem terão oferta hoteleira. 68% reúnem golfe e hotelaria. 64% integram projectos imobiliários em curso; 11% têm previsto o seu desenviolvimento futuro; e 25% não fizeram nem farão promoção imobiliária. 75% reúnem golfe e imobiliário. 60% reúnem golfe, hotelaria e imobiliário; 25% aliam ao golfe hotelaria ou imobiliário; e 15% dos campos de golfe “stand alone”. Campos 76 Percursos 91 Campos com Hotelaria Imobiliário Sim 29 49 Não 24 19 Previsto 23 8 Total 76 76 Campos com Hotelaria 38% Sim Não 32% Previsto 30% Total 100% Imobiliário 64% 25% 11% 100% Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 13 O Negócio dos Resorts de Golfe Conceito – Golfe e “Turismo Residencial”, Resorts Definição 1: “Um resort é um local utilizado para lazer, atraindo visitantes em gozo de férias. Os resorts são locais, cidades e, por vezes, estabelecimentos comerciais, operados por uma única empresa ou entidade. Os resorts procuram prestar a maioria dos serviços de que os turistas necessitam enquanto em gozo de férias naquele local, tais como alimentação, bebida, alojamento, desporto, entretenimento, e shopping. O termo “resort” é por vezes erradamente usado para designar um hotel que não oferece as outras instalações e serviços de um verdadeiro resort integrado. Contudo, os hotéis são frequentemente a peça central de um resort.”; ou Definição 2: “Alojamento turístico dirigido principalmente a turistas em férias, oferecendo diversas instalações de lazer, diferenciado pela qualidade da experiência proporcionada aos seus clientes, no contexto de um determinado destino turístico.” Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 14 O Negócio dos Resorts de Golfe Legislação – Alterações 2009 O Ministério da Economia e da Inovação, através do Decreto-Lei n.º 228/2009 de 14 de Setembro, procedeu à alteração da redacção de alguns artigos do Decreto -Lei n.º 39/2008, de 7 de Março (Regime jurídico da instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos), com impacto nos designados “conjuntos turísticos (resort)”, com destaque para: possibilidade de utilização comercial da designação resort; possibilidade de instalação, em conjuntos turísticos, de edifícios autónomos, de carácter unifamiliar, com alvará de autorização de utilização para fins turísticos autónomo, quando tal seja admitido pelos instrumentos de gestão territorial aplicáveis, e desde que a sua exploração seja assegurada pela entidade exploradora de um dos empreendimentos turísticos do conjunto turístico; e a sujeição destas unidades de alojamento à necessidade de cumprimento dos requisitos físicos e de serviço mínimos exigidos para as unidades de alojamento dos aldeamentos turísticos, bem como a obrigação de integração dessas unidades no título constitutivo do conjunto turístico (resort) e de sujeição ao pagamento da prestação periódica nele estabelecida. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 15 O Negócio dos Resorts de Golfe Legislação – Alterações 2009 Assim, no Artigo 15.º do DL 228/09, definem-se agora conjuntos turísticos (resorts) como: “empreendimentos turísticos constituídos por núcleos de instalações funcionalmente interdependentes, situados em espaços com continuidade territorial (...) destinados a proporcionar alojamento e serviços complementares de apoio a turistas, sujeitos a uma administração comum de serviços partilhados e de equipamentos de utilização comum, que integrem pelo menos dois empreendimentos turísticos de um dos tipos previstos no n.º 1 do artigo 4.º, sendo obrigatoriamente um deles um estabelecimento hoteleiro de cinco ou quatro estrelas, e ainda um equipamento de animação autónomo e um estabelecimento de restauração.” Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 16 O Negócio dos Resorts de Golfe Tendências Globais, do lado da Procura Características da procura e estilos de vida associados a cada geração: baby boomers, X e Y; Envelhecimento da sociedade e estilo de vida dos reformados activos; Dinâmica familiar: pais mais velhos, papel dos avós, recasamento, solteiros, pré-maturidade; Equilíbrio entre trabalho e lazer: ligar ou desconectar, optimizar tempo de lazer, etc.; Papel da tecnologia no estilo de vida e em relação com o turismo; Alteração dos perfis sócio-económicos da sociedade; Tipos de regimes de propriedade imobiliária e emigração; Crescente sofisticação dos consumidores; Procura de experiências de férias que combinem aventura com luxo: conceitos eco-chic; Aspectos relativos à saúde e ao bem-estar: alimentação, desporto, SPA, apoio médico; Preocupações com o ambiente e consciência /responsabilidade social; e Questões associadas às acessibilidades e aos transportes (low cost, transferes, etc.). Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 17 O Negócio dos Resorts de Golfe Tendências Globais, do lado da Oferta Necessidade de criar um forte “sentido do lugar”: com carácter próprio, gerido de forma integrada, autêntico, favorecendo a interacção, animado e com ambiente identificável; Tendências dentro do negócio hoteleiro: all inclusive, temáticos, famílias, séniores, eco-chic; Aspectos relacionados com o design dos diversos produtos e as várias opções conceptuais associadas ao imobiliário turístico: timesharing, co-propriedade, propriedade plena, etc.; Equipamentos e serviços dos resorts: naturais, físicos (hard) e de serviço (soft): SPA, campos de golfe, hotéis, equipamentos de lazer e desportivos, etc.; Tipo de arranjos exteriores e “experiência de chegada”; e Tipo de serviços, modelo de gestão/operação e faseamento do desenvolvimento. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 18 O Negócio dos Resorts de Golfe Desafios Específicos, de Portugal, do lado da Procura Reduzida dimensão da população portuguesa e os seus baixos rendimentos limitam número de clientes domésticos; Forte sazonalidade da procura interna, concentrada no pico do Verão, Páscoa e Fim de Ano; Apelo a só dois segmentos – lazer e conferências – sujeitando a exploração aos ciclos económicos; Custo do transporte aéreo, percebido como mais alto que para outros destinos no Mediterrâneo; Relativa periferia face aos principais mercados emissores do Centro e Norte da Europa; e Concorrência crescente associada ao desenvolvimento de resorts de standard internacional em múltiplos destinos na bacia do Mediterrâneo. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 19 O Negócio dos Resorts de Golfe Desafios Específicos, de Portugal, ao nível das Operações Custos com o pessoal elevados, sobretudo no caso dos resorts mais afastados de zonas urbanas, devido à necessidade de providenciar alojamento e/ou transporte aos colaboradores; Altos custos administrativos associados a licenças, à manutenção de infra-estruturas (redes de electricidade e gás, água e esgotos, espaços públicos, etc.) e à gestão de equipamentos de lazer (campos de golfe, SPA, ténis, etc.); Elevados custos de marketing, associados aos recursos e esforços necessários para atrair o segmento lazer, sobretudo o internacional; Maiores custos de energia e tratamento de águas, em resultado da extensão dos resorts e da sua localização em zonas ecologicamente sensíveis; e Grande exigência de capitais para reinvestimento permanente e regular nos activos existentes para manutenção dos standards de qualidade. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 20 O Negócio dos Resorts de Golfe Desafios Específicos, de Portugal, em termos de Desenvolvimento Dimensão dos investimentos iniciais e recorrentes, associada à relativa volatilidade dos cash-flows futuros exige que os investidores adoptem uma perspectiva de médio a longo termo; Escassez de terrenos com as características ideais para o desenvolvimento de resorts a preços adequados e com fortes factores distintivos; Custo de desenvolvimento das infra-estruturas; e Forte concorrência por parte de novos e grandes resorts, devido à relativamente reduzida dimensão do mercado e aos longos períodos de absorção de nova oferta. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 21 O Negócio dos Resorts de Golfe Factores Críticos de Sucesso e Oportunidades Procura: De acordo com a evolução previsível do perfil e necessidades dos turistas, os resorts deverão reconsiderar o seu posicionamento, design, serviços e localização. Diversão e animação ou refúgios de tranquilidade? Devido à dimensão do mercado europeu de lazer, haverá a necessidade de desenvolvimento de resorts para os segmentos médios do mercado, em regime tudo incluído ou com oferta de alojamentos self-catering, dirigidos ao mercado famílias. Os resorts mais antigos deverão mudar a sua imagem algo tradicional e conservadora para “activo, divertido e animado”; um local onde as pessoas “se divertem”, e “fazem coisas”, particularmente se pretendem atrair o mercado familiar. Haverá uma necessidade crescente de resorts refúgio de tranquilidade para casais sem filhos. Os resorts em funcionamento, mas com espaço para expansão têm potencial para desenvolver extensões especializadas da sua oferta-base, atraindo novos segmentos de mercado e capitalizando nas infra-estruturas e equipamentos já existentes. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 22 O Negócio dos Resorts de Golfe Factores Críticos de Sucesso e Oportunidades Procura: De acordo com a evolução previsível do perfil e necessidades dos turistas, os resorts deverão reconsiderar o seu posicionamento, design, serviços e localização. Coleccionando experiências/vivências memoráveis: A procura associada ao turismo de experiências/vivências crescerá quer nos mercados nacional quer internacional e os resorts do futuro muito provavelmente oferecerão um leque de actividades associadas à aprendizagem, ao bem-estar/saúde, à cultura, ao vinho/gastronomia, ao desporto e ao ambiente para clientes em busca de experimentar/viver algo novo ou diferente. Serviço e value for money: Os resorts necessitarão de procurar prestar melhores serviços e de maior value for money a clientes nacionais e internacionais crescentemente sofisticados, em particular para segmentos emergentes e potencialmente sensíveis ao preço como os casais jovens, as famílias monoparentais e os séniores. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 23 O Negócio dos Resorts de Golfe Factores Críticos de Sucesso e Oportunidades Procura: De acordo com a evolução previsível do perfil e necessidades dos turistas, os resorts deverão reconsiderar o seu posicionamento, design, serviços e localização. Hip, cool, diversificado, com bom clima e seguro O posicionamento dos resorts procurará reflectir e evidenciar os seguintes atributos de Portugal: Perfil de Portugal como destino moderno, “hip”, e “cool place to be”, alavancado no sucesso além-fronteiras de uma nova geração de bem sucedidos arquitectos, estilistas, cozinheiros, designers, músicos e artistas plásticos (as designadas indústrias criativas); A extrema diversidade de ambientes, paisagens e experiências possíveis realizar num território relativamente reduzido, com uma história longa e épica, frente para o Atlântico; A qualidade do clima temperado, com uma boa relação entre temperatura e humidade, muitas horas de sol e brisas marítimas; e A percepção de segurança tradicionalmente associada a Portugal. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 24 O Negócio dos Resorts de Golfe Factores Críticos de Sucesso e Oportunidades Procura: De acordo com a evolução previsível do perfil e necessidades dos turistas, os resorts deverão reconsiderar o seu posicionamento, design, serviços e localização. A oferta de bons resorts não será suficiente: Os resorts necessitarão de focar mais nos atributos e qualidades de todo o destino turístico e não apenas no produto resort isoladamente, criando a necessidade de planear de forma integrada os destinos. O perfil de cada destino turístico terá um papel crescente na afirmação no mercado dos vários resorts. Esta maior importância do destino poderá traduzir-se numa redução das instalações e serviços oferecidos directamente pelo resort e num esforço acrescido dos promotores em criar condições para oferecer experiências na envolvente ou alavancar recursos já existentes para oferecer o leque de actividades pretendidas pelos clientes, fora dos limites físicos do seu empreendimento. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 25 O Negócio dos Resorts de Golfe Factores Críticos de Sucesso e Oportunidades Operações: O facto de os resorts pretenderem frequentemente criar experiências únicas e memoráveis para um leque alargado de clientes de lazer com necessidades diversas, leva a que as suas operações requeiram um planeamento cuidadoso, forte organização/gestão e mais recursos humanos e materiais. Alguns dos aspectos críticos para uma operação rentável são: Capacidade de recrutar, treinar e reter colaboradores a todos os níveis: gestão e operação; Possibilidade de implementar contratos de trabalho flexíveis; Utilização de ferramentas de yield management para a maximização das receitas em todas as épocas; Ligação directa a GDS, distribuindo de forma eficiente a capacidade de alojamento disponível nacional e internacionalmente; Parcerias estratégicas com companhias aéreas, rent-a-car e operadores turísticos; e Fortes relações de cooperação com as autoridades ambientais e culturais. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 26 O Negócio dos Resorts de Golfe Factores Críticos de Sucesso e Oportunidades Desenvolvimento: Devido à baixa rentabilidade e elevada taxa de insucesso dos projectos de resort, os factores e oportunidades que podem melhorar a probabilidade de sucesso compreendem: Conceito diferenciado que satisfaça as necessidades do mercado, assente em estudos de mercado e viabilidade independentes, fiáveis e realistas; Arquitectura que reflicta o ambiente do resort e possa favorecer a diferenciação; Localização em destinos com procura demonstrada e fortes barreiras à entrada de concorrentes; Apoio das populações locais ao empreendimento; Controlo apertado dos custos e dos prazos de construção; Parceria com parceiros financeiros que entendam os ciclos das operações e estejam preparados para adoptar uma perspectiva de médio a longo prazos; Criação de economias de escala através da oferta de diferentes tipos de alojamento dirigidos a segmentos de mercado complementares; e Empreendimentos mixed-use combinando hotéis, imobiliário residencial, campos e academias de golfe, marinas, retalho, etc., potencialmente melhorando a viabilidade global do projecto. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 27 O Negócio dos Resorts de Golfe Importância na Economia Afirmação de Portugal como destino de lazer/golfe e MICE: Sendo verdade que as viagens com motivação lazer, incluindo golfe, são a componente mais importante da procura turística de Portugal, por parte de turistas nacionais e internacionais, uma vez que os resorts actuais e futuros se dirigem essencialmente a turistas em férias e praticantes de golfe, desempenham e desempenharão indiscutivelmente um papel central na afirmação do país como destino turístico de lazer e de golfe. Por outro lado, estes resorts assumem e assumirão ainda um papel decisivo no mercado MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Events). Valorização de Recursos e Posicionamento dos Destinos: Os resorts actuais e futuros, porque localizados próximo de locais de elevado interesse histórico ou paisagístico, têm um impacto decisivo na apresentação e preservação desses recursos. Adicionalmente, os grandes resorts, em particular quando ligados a sistemas de distribuição globais (GDS e outros) para a venda dos seus produtos imobiliários e serviços hoteleiros, contribuem já, e contribuirão ainda mais no futuro, de forma significativa para o posicionamento internacional de Portugal. Satisfação dos Consumidores e Percepção de Valor: Os resorts actuais e futuros têm uma notoriedade própria, com potencial para se tornarem referências internacionais. Oferecendo instalações e serviços de forma integrada, os resorts têm um impacto muito importante na satisfação dos turistas relativamente a um dado destino turístico, contribuindo decisivamente para a percepção do valor total desse destino. Em Portugal: os resorts existentes têm contribuído de forma decisiva para colocar o país “no mapa”; e os futuros resorts permitirão a sua consolidação. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 28 3 – A Actual Crise e os Resorts Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 29 A Actual Crise e os Resorts Envolvente Macro Económica De 2005 a meados de 2008 Fonte: Dr. Paulo Azevedo, Millennium bcp, Junho 2009 Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 30 A Actual Crise e os Resorts Envolvente Macro Económica Após meados de 2008 Fonte: Dr. Paulo Azevedo, Millennium bcp, Junho 2009 Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 31 A Actual Crise e os Resorts Condições Financiamento Bancário Ilustrativo Fonte: Dr. Paulo Azevedo, Millennium bcp, Junho 2009 Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 32 A Actual Crise e os Resorts Efeitos da Crise sobre os Resorts Sendo os resorts e o golfe considerados por muitos investidores como as partes mais glamorosas do sector do turismo, e tendo atraído muitos novos entrantes no negócio, é bastante provável que, sobretudo na difícil conjuntura económica e financeira actual, e após o verdadeiro boom de projectos das últimas décadas – muitos dos quais PIN – a indústria dos resorts e do golfe em Portugal venham a registar um período mais ou menos longo de consolidação e os futuros projectos venham a ser de menor dimensão e dirigidos a nichos concretos do mercado. O termo “consolidação” é, neste contexto, uma forma mais suave de dizer que são muito prováveis várias dificuldades financeiras do lado dos promotores destes importantes mas arriscados negócios, sobretudo quando à dificuldade de concretizar as pretendidas vendas imobiliárias, se junta um menor desempenho dos campos de golfe e uma fraca exploração turística. Investimentos por vezes realizados para satisfação do ego dos promotores, em destinos não consolidados, de planeamento deficiente, com faseamento ambicioso, notória falta de conceito e de know-how de promoção e exploração, insuficiência de capitais próprios e até alguma infelicidade no timing de entrada no mercado, etc., têm como consequência que muitos dos projectos previstos e aprovados não chegarão provavelmente a concretizar-se; e outros já em exploração enfrentarão sérias dificuldades em gerar um volume de cash-flows adequado para remunerar adequadamente capitais próprios e alheios. Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 33 O Turismo e o Golfe Jorge Aníbal Catarino, Secretário Geral 6 de Dezembro de 2010 Conferência “O Golfe: O Desporto e a Economia”, Lisboa, 6 Dezembro 2010 34