506 CONHECIMENTO E PRÁTICA DAS MULHERES EM RELAÇÃO AO EXAME CITOLÓGICO DO COLO UTERINO KNOWLEDGE AND PRACTICE OF WOMEN IN RELATION TO THE EXAMINATION OF CERVICAL CYTOLOGICAL Dayane Aparecida Souza Graduada em enfermagem pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. e-mail: [email protected] Jussara de Oliveira Silva Graduada em enfermagem pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG Acadêmica de Enfermagem do Unileste-MG. e-mail: [email protected] Neila Maria de Morais Pinto Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. Especialista em Ativação de Processos de Ensino na Formação Superior de Profissionais de Saúde. Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais- Unileste-MG. e-mail: [email protected] RESUMO Este estudo teve por objetivo avaliar o conhecimento e prática de mulheres em relação ao exame citológico do câncer do colo uterino. Foi feita uma pesquisa do tipo descritiva com abordagem qualitativa, onde as participantes foram abordadas nas ruas da cidade de São João do Oriente-MG. A amostragem por conveniência constitui-se de 28 mulheres que foram abordadas em uma praça de grande circulação da população, nos horários matutino e vespertino, e que ao tomarem conhecimento sobre os fundamentos da pesquisa concordaram em participar da mesma. Os resultados obtidos vieram a demonstrar o desinteresse por parte das mulheres entrevistadas em participar de palestras informativas sobre o assunto, o que confirma a necessidade de adoção de estratégias por parte dos profissionais de saúde para agir de forma a facilitar a adesão das mulheres ao exame. PALAVRAS - CHAVE: Conhecimento. Atitudes e prática de saúde. Prevenção do câncer de colo uterino. Enfermagem. ABSTRACT This study aimed to assess the knowledge and practice of women in relation to the cytologic examination of cervical cancer. A search of the type a descriptive qualitative approach, where the participants were approached at random in the streets of St. John's East. The sample was made with the participation of 28 women over 18 who were already sexually active, and responding to a questionnaire containing open and closed questions, focusing on the theme. The results have since shown the lack of interest of the women to participate in talks on the subject, confirming the need for adoption of strategies by health professionals to act to facilitate the accession of women to take. KEY WORDS: Knowledge. Attitudes and health practice. Prevention of cervical cancer. Nursing. INTRODUÇÃO Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 507 O câncer (CA) do colo do útero trata-se de uma doença crônico degenerativa com alto grau de letalidade e morbidade, porém, se diagnosticado precocemente existe possibilidade de cura sendo, portanto considerado como um problema de saúde pública devido às altas taxas de prevalência e mortalidade em mulheres que se encontram em fase produtiva (DUAVY et al., 2007). No Brasil o câncer de colo uterino representa a quarta causa de mortalidade entre as neoplasias malignas da população feminina tornando-se um dos maiores problemas da Saúde Pública com alta taxa de morbimortalidade entre as mulheres. Essa taxa se deve pela descoberta tardia do CA (em 80% das mulheres), ou seja, quando a lesão já ultrapassou o limite do útero (INCA, 2003; PELLOSO; CARVALHO; HIGARASHI, 2004). Dentre os vários tipos de câncer existentes, o câncer de colo uterino é o que mais acomete as mulheres sendo responsável pelo aumento no número de óbitos. A cada ano, aproximadamente 500 mil mulheres encontram-se com história clínica de câncer uterino, levando ao óbito quase metade dos casos diagnosticados (FOCCHI; RIBALTA; SILVA, 2000; FOLLEN, 2006). A estratégia de prevenção secundária baseada na citologia cervical favorece o controle do câncer de colo uterino. Essa prevenção é realizada através de um exame conhecido como Papanicolaou ou simplesmente exame preventivo vem sendo realizado há mais de trinta anos (MERIGHI; HAMANO; CAVALCANTE, 2002). A baixa imunidade, promiscuidade, vários parceiros sexuais, início precoce da atividade sexual, alterações nutricionais (em especial no que se refere aos índices de vitamina A, E e Betacarotenos), hábitos tabagistas, infecções cervicais pelo vírus do herpes simples tipo 2 (HSV2) e pela clamídia dentre outras, o uso de contraceptivos orais, são considerados como fatores de risco na etiologia do câncer do útero (FOCCHI; RIBALTA; SILVA, 2000). Segundo Follen (2006), Silveira e Pessini (2000), através de dados epidemiológicos, constataram que entre diversas infecções sexualmente transmitidas a que tem maior destaque, é a infecção por HPV, pois esta tem uma forte relação com o surgimento do CA do colo uterino, porém, mesmo o HPV sendo o fator de risco mais importante torna-se necessário outros cofatores para o desenvolvimento da doença. Existem três tipos de lesões precursoras chamadas de Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) que dependendo de sua gravidade tenderá ou não a evoluir para o câncer. Quando ocorre uma mudança celular nas camadas basais do epitélio estratificado do colo do útero, que na maioria dos casos (80%) tem regressão espontânea é conhecido como NIC I (displasia leve), se houver um desarranjo celular em até três quartos da espessura do epitélio com preservação das camadas mais superficiais chama-se de NIC II (displasia moderada), porém se o desarranjo das células acometerem todas as camadas do epitélio, sem que haja invasão do tecido conjuntivo subjacente (displasia acentuada), tem-se NIC III (BRASIL, 2002). Segundo o Ministério da Saúde, o exame é prioritário para as mulheres que já tenham iniciado a vida sexual e que nunca tenham feito o exame Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 508 citológico, principalmente aquelas entre 35 e 49 anos. O exame negativo para câncer deve ser repetido após um ano e se permanecer negativo, a nova coleta deve ser realizada em três anos, já o exame positivo para câncer, a continuação de seu tratamento dependerá de seu resultado em particular (BRASIL, 2002). Para um melhor controle do CA é necessário que a mulher se submeta ao exame preventivo de forma espontânea, porém este comportamento não depende apenas da mulher, mais sim da ação conjunta entre políticas governamentais e profissionais de saúde, com a finalidade de reduzir os agravos à saúde da mulher. A partir do momento em que a mulher compreende o que é o CA, e quais os riscos que ele pode trazer a sua saúde é que o controle da patologia é possível, porque ela passa a ter atitudes de cuidado próprio voluntariamente e não como um ato imposto (PELLOSO; CARVALHO; HIGARASHI, 2004) É de grande importância para o profissional de saúde, incluindo o enfermeiro orientar a população para que ela possa ter um maior conhecimento em relação ao câncer de colo uterino, reconhecendo os riscos deste câncer e favorecendo a diminuição do índice de morbi-mortalidade. Diante deste contexto é apresentado o seguinte questionamento: qual o nível de conhecimento e prática das mulheres em relação ao exame citológico do colo uterino? O estudo permite aos enfermeiros a reflexão sobre a importância de se ter uma visão holística diante a paciente, detectando os fatores que possam interferir na não realização do exame, agindo para que tais fatores possam ser revertidos, e aumentando o vínculo do profissional com a paciente, facilitando o planejamento e priorização de ações para um maior envolvimento da mulher com sua saúde. No contexto social o incentivo para se realizar o exame em uma periodicidade correta contribui para a detecção precoce promovendo um melhor tratamento da doença e diminuindo o nível de mortalidade, através do desenvolvimento de atividades educativas que visam oferecer informações e o esclarecimento de dúvidas a respeito do exame. Os objetivos do estudo foram verificar o conhecimento das mulheres, atitudes e sentimentos em relação ao exame preventivo do câncer de colo uterino, verificar a periodicidade que essas mulheres realizam o exame e identificar as dificuldades relatadas pelas mulheres que possam propiciar a não realização do exame. O objetivo central do estudo visou investigar o conhecimento e prática do exame citológico do colo uterino entre as mulheres. METODOLOGIA A pesquisa teve caráter descritivo por se tratar as características de determinada população e com abordagem qualitativa, sendo, portanto uma pesquisa interpretativa e subjetiva que lida mais com palavras onde há um aprofundamento da compreensão do grupo estudado (GOLDENBERG, 1999). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 509 O estudo foi realizado na cidade de São João do Oriente - MG, entre os dias 17 a 31 do mês de julho de 2009. A população da pesquisa se constituiu de mulheres com idade acima de 18 anos e que já tinham iniciado a vida sexual. A amostragem por conveniência constitui-se de 28 mulheres que foram abordadas em uma praça de grande circulação da população, nos horários matutino e vespertino, e que ao tomarem conhecimento sobre os fundamentos da pesquisa concordaram em participar da mesma. Utilizou-se um questionário como procedimento para coleta de dados, contendo questões abertas e fechadas, focalizando o tema estudado, ou seja, o exame citológico, seu entendimento e adesão entre as mulheres. A aplicação do questionário teve a duração média de 15 minutos, sendo cada mulher abordada uma única vez, mantendo-se preservada a identidade das mulheres através do uso de números para representá-las, seguindo a ordem em que as participantes respondiam o questionário. Antes de se dar início à pesquisa, foi apresentado e solicitado as participantes a assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido garantindo-se assim os direitos a elas conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, envolvendo pesquisa com seres humanos (BRASIL, 1996). Para a análise dos dados da pesquisa, foram realizadas repetidas leituras das respostas obtidas, onde foram identificadas as idéias centrais, ou seja: o conhecimento e prática das mulheres em relação ao exame citológico do câncer de colo uterino tendo-se assim uma base para a construção das análises e discussões. RESULTADOS E DISCUSSÃO A TAB. 1 apresenta os dados de caracterização da amostra. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 510 TABELA 1 Caracterização da amostra Variáveis Faixa etária Abaixo de 35 anos 35 a 49 anos Acima de 49 anos Estado civil Casada/ União estável Solteira Divorciada/ Separada Frequencia (n) Percentual (%) 15 09 04 53,6 32,1 14,3 22 04 02 78,6 14,3 7,1 Escolaridade Ensino Fundamental Incompleto Ensino Médio Incompleto 08 05 28,6 17,9 Superior Incompleto Pós-graduação 09 06 32,1 21,4 04 24 14,3 85,7 06 10 04 08 21,4 35,7 14,3 28,6 10 02 11 02 03 35,7 7,1 39,3 7,1 10,8 Tabagismo Sim Não Tipo de parto Normal Cesáreo Normal e Cesáreo Não tem filhos Contraceptivo Nenhum Preservativo Anticoncepcional Oral Anticoncepcional Injetável Laqueadura Fonte: dados da pesquisa. Dentre as 28 mulheres que participaram desta pesquisa, a idade variou entre 18 e 51 anos, 53,6% delas encontram-se na faixa etária abaixo de 35 anos, 32,1% de 35 a 49 anos e 14,3% de acima de 49 anos. Quanto ao estado civil 78,6% são casadas ou mantêm união estável, 14,3% são solteiras e 7,1% são divorciadas ou separadas. Quanto ao grau de escolaridade 28,6% possuem o ensino fundamental incompleto, 17,9% tem o ensino médio incompleto, 32,1% tem ensino superior incompleto e 21,4% possui pósgraduação. Segundo Brena et al. (2001), as mulheres com idade mais avançada têm um conhecimento menor em relação ao exame citológico do colo uterino e as mulheres com maior escolaridade têm um conhecimento mais específico sobre a finalidade do mesmo. Em relação ao tabagismo 85,7% mulheres não fumam e 14,3% tem o hábito tabagista. Segundo Queiroz (2006), o fumo é um importante fator de risco, pois este favorece ao aparecimento de lesões precursoras e Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 511 consequentemente ao câncer do colo uterino, exercendo os papéis de herança oncogênica e diminuição da defesa imunológica. As substâncias cotinina e nicotina, que possuem função oncogênicas são encontradas no muco existente no canal cervical de mulheres fumantes, o que diminui as defesas imunológicas do colo uterino (ABRÃO, 1995 apud QUEIROZ, 2006). Assim as 04 mulheres que são tabagistas, na pesquisa, podem correr maiores riscos de desenvolver o câncer devido ao hábito de fumar. Todas as mulheres entrevistadas têm vida sexual ativa, tornando necessário, de acordo com Pelloso, Carvalho e Higarashi (2004), uma orientação quanto à sua saúde, assim como a realização do exame citológico do câncer uterino. Das mulheres que participaram da pesquisa 21,4% possuem filhos nascidos de parto normal, 35,7% de parto cesáreo, sendo que 14,3% delas tiveram filhos tanto de parto normal quanto cesáreo e 28,6% não possuem filhos. Quanto à avaliação da contracepção 35,7% não usam nenhum tipo de contraceptivo, 7,1% usam preservativo, 39,3% usam anticoncepcional oral, 7,1% usam anticoncepcional injetável e 10,7% fizeram laqueadura. Observa-se que 39,3% das mulheres entrevistadas fazem o uso do anticoncepcional oral (ACO) como método contraceptivo, o que poderia aumentar a possibilidade de desenvolver o câncer de colo uterino uma vez que o ACO é um dos fatores de risco para o câncer. De acordo com o Ministério da Saúde os ACO são usados em sua maioria por mulheres com vida sexual ativa, que não fazem o uso adequado de preservativo, aumentando o risco que contrair o HPV (BRASIL, 2002). Diante dos dados coletados, constatou-se que apenas 7,1% das mulheres fazem o uso de preservativo como método contraceptivo. Segundo Pelloso, Carvalho e Higarashi (2004) as mulheres que não utilizam o preservativo, adquiriram confiança em seu parceiro ou mantêm certa cultura diante do casamento ou união estável, estes fatos as fazem se sentirem seguras e não vulneráveis às doenças que podem vir a comprometê-las. De acordo com a TAB. 2 as mulheres entrevistadas relataram quando foi a última vez que fizeram o exame citológico do colo uterino, 71,4% das entrevistadas fizeram a menos de 1 ano, 14,2% a 1 ano, 3,6% mais de 2 anos que não realiza o exame e 10,8% nunca fizeram o exame. Em relação à prática do exame 82,1% das mulheres realizam de 1 em 1 ano, 7,1% de 2 em 2 anos e 10,8% não responderam. Quanto a periodicidade que este exame deve ser realizado 32,1% das participantes descrevem ser de 6 em 6 meses, 57,2% descreveram ser de 1 em 1 ano, 3,6% participante diz ser de 5 em 5 anos e 7,1% não responderam. As participantes demonstram estar cientes da importância do exame em suas vidas, uma vez que 85,6% das mulheres no total realizaram o exame pela última vez a 1 ano ou a menos de 1 ano. Com estes dados pode-se verificar que as mulheres em sua maioria realizam o exame em sua correta periodicidade, porém é preciso investir nas mulheres que não realizam o exame ou que não o fazem com um aprazamento correto, sendo importante para estas mulheres a adoção por parte do Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 512 profissional de saúde, de medidas investigativas e educativas, para uma maior adesão desta população ao exame. Em relação à justificativa da realização do exame 82,1% responderam ser por prevenção, reconhecendo a importância da realização do mesmo; 3,6% por apresentar algum sintoma, 3,6% por ter comportamento de risco e 10,7% nunca fizeram o exame. Quanto à pergunta onde realizou o exame 39,2% tiveram acesso através da rede pública de saúde - SUS, 50% realizaram pela rede privada e 10,8% nunca realizaram o exame. Conclui-se, portanto que metade das entrevistadas que realizaram o exame na rede privada, possivelmente não tiveram contato com o profissional de enfermagem sem ter, portanto a participação do mesmo no processo de realização do exame. TABELA 2 Realização do exame citológico do colo uterino Variáveis Ultima vez que fez o exame Menos de 1 ano A 1 ano Mais de 2 anos Nunca fez o exame Frequência que realiza o exame De 1 em 1 ano Frequencia (n) Percentual (%) 20 04 01 03 71,4 14,2 3,6 10,8 23 82,1 De 2 em 2 anos Não responderam Periodicidade que este exame deve ser realizado 02 03 7,1 10,8 6 em 6 meses 1 em 1 ano 5 em 5 anos 09 16 01 32,1 57,2 3,6 Nao responderam Porque realizou o exame Por prevenção 02 7,1 23 82,1 Por apresentar algum sintoma Por comportamento de risco Nunca fez o exame 01 01 03 3,6 3,6 10,7 Rede pública - SUS 11 39,2 Rede privada 14 50 Nunca fez Fonte: dados da pesquisa 03 10,8 Onde realizou o exame Conhecimento sobre o exame citológico do colo uterino Cada mulher entrevistada tinha uma idéia própria a respeito do conceito do exame e de suas especificações. Entre as respostas, 14,3% das mulheres não souberam responder, enquanto 85,7% das mulheres mostraram algum conhecimento, porém, sem as corretas definições em relação ao exame: Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 513 É um exame que se colhe um líquido do útero para analisar se há existência de algum tipo de câncer. (01) Exame onde se colhe um líquido pra analisar e descobrir se há possíveis problemas. (10) É um exame preventivo que observa se estamos com o câncer e tratar desse problema. (16) É o exame que detecta vários tipos de doenças transmissíveis. (19) È um exame que previne e detecta prováveis doenças. (20) Nas respostas acima nota-se um equívoco por parte das mulheres que alegaram haver coleta de um “líquido”, pois o que ocorre é a análise das células da ectocérvice e da endocérvice que são extraídas por raspagem do colo do útero. O exame pode detectar doenças que ocorrem no colo do útero antes do desenvolvimento do câncer, este exame serve principalmente para determinar o risco de uma mulher vir a desenvolver o câncer (ORQUIZA, 2009). Quanto ao conhecimento sobre a importância do exame para a saúde das entrevistadas, 53,6% das mulheres tem pouco conhecimento sobre o assunto, 10,7% mulheres não souberam responder e 35,7% mulheres demonstraram um maior conhecimento sobre o assunto, o que se pode perceber nas seguintes narrativas: Prevenir de doenças graves, que se não diagnosticadas a tempo de serem tratadas, pode levar a morte. (01) Prevenir doenças no útero, como câncer, infecção e DST. (06) Para fazer o tratamento necessário, e o medicamento deve ser usado. (12) É um exame que é feito para indicar principalmente o câncer do colo do útero, é importante para prevenção. (18) Prevenir vários riscos para a saúde, como por exemplo, câncer do colo uterino. (19) Descobrir a tempo o tumor maligno ou benigno. (28) Quando questionadas sobre quais doenças são detectadas pelo exame 32,1% mulheres afirmaram que o exame detecta apenas o câncer, 7,1% não souberam responder enquanto 60,8% responderam de forma mais abrangente. Corrimentos (amarelos), bactérias e câncer. (02) Câncer e infecção. (05) Câncer benigno e maligno e infecções sérias que podem ser tratadas e serem curadas. (07) Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 514 DST’s (HPV, sífilis...) e câncer (útero e mama). (10) Todas as doenças sexualmente transmissíveis. (19) Várias doenças que atingem a genitália, principalmente quem leva uma vida sexual ativa.”(28) O acesso a informações inadequadas está diretamente relacionado à falta de conhecimento entre as mulheres, em relação ao exame citológico do colo uterino, conforme Pelloso, Carvalho e Higarashi (2004). Cabe ao profissional de saúde a implantação de estratégias de sensibilização e o incentivo a prática rotineira do exame citológico do colo uterino entre as mulheres, sendo assim deve-se desenvolver atividades que promovam a saúde, com implantação de medidas preventivas, considerando crenças e valores da mulher (SOUZA; BORBA, 2008). Entre as mulheres entrevistadas, fica evidenciado na TAB. 3, que 21,4% tiveram história de câncer de mama/útero na família, enquanto 78,6% disseram que não. Quanto à presença de DST 3,6% das entrevistadas relataram terem sido diagnosticadas, ao mesmo tempo em que 96,4% nunca desenvolveram nenhuma DST, embora apenas 7,1% relataram fazer uso de preservativo. Grande parte das mulheres não utiliza preservativo, por isso ficam expostas a infecção pelo HPV e outros microrganismos, aumentando o risco de adquirir uma lesão precursora, podendo vir a desenvolver o câncer do colo uterino. De acordo com as entrevistadas apenas 32,1% participam de palestras informativas sobre o exame citológico do colo uterino, enquanto 67,9% confirmaram não participar destas palestras. Cabe ressaltar que somente 39,2% das participantes alegaram realizar o exame citológico do colo uterino na rede pública, o que corresponde à pequena porcentagem que descreveram receber orientações por meio de palestras informativas a respeito do exame, pois estas palestras são possivelmente implantadas somente no sistema público de saúde. Ao serem abordadas sobre a participação do enfermeiro quanto a orientações sobre o assunto, 28,6% disseram receber informações do enfermeiro sobre a importância do mesmo e sua correta periodicidade, porém 71,4% relataram que não receberam nenhum tipo de informação. Sugere-se que sejam realizados trabalhos em conjunto com as mulheres da região para que o profissional possa instruí-las e despertar o interesse para uma maior participação nas atividades. Considera-se relevante o desenvolvimento de atividades junto às mulheres, educação permanente em saúde, parcerias entre diversos serviços que lidem com este tema, priorizando campanhas de esclarecimento acerca do câncer uterino, que abrangeria os cônjuges, pois, estes nem sempre compreendem a necessidade dessa prevenção, e ainda que possam promover a atenção para a prevenção desse câncer (DUAVY et al., 2007). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 515 TABELA 3 História de câncer e DST e participação do profissional de saúde Variáveis História de câncer de mama/útero na família Sim Não Ja teve alguma DST Sim Não Participa de palestras informativas sobre o assunto Sim Não O enfermeiro da UBS faz alguma orientação sobre o assunto Sim Não Frequencia (n) Percentual (%) 06 22 21,4 78,6 01 27 3,6 96,4 09 32,1 19 67,9 08 28,6 24 71,4 Fonte: dados da pesquisa. Sentimentos que antecedem a realização do exame Das mulheres entrevistadas, 39,3 % responderam que a vergonha é o principal sentimento desafiador para a realização do exame, enquanto 32,1% disseram que o desconforto físico é uma importante barreira para a realização deste procedimento. Para 21,4% das mulheres o medo é o principal sentimento que dificulta a realização do exame, seguido de 10,7% para os sentimentos de ansiedade e tensão e sendo que para 7,1% das mulheres a insegurança e a invasão de privacidade são os problemas que antecedem a realização do exame. Segundo Pelloso, Carvalho e Higarashi (2004) o sentimento de vergonha está relacionado com a impessoalidade da realização do exame, juntamente com a exposição do corpo, com a questão da sexualidade e dos tabus relacionados a este tema e com o fato de a mulher perceber que seu corpo será visto e compreendido como objeto, deixando de lado sua condição humana. Os mesmos autores relatam que no universo assistencial há carência de programas educativos, voltados à população em geral. A falta de informação desencadeia diversos sentimentos nas mulheres, o que pode fazê-las se sentirem constrangidas à realização do exame, independentemente da idade ou do nível de instrução (DUAVY et al., 2007). Segundo Pelloso, Carvalho e Higarashi (2004) exame citológico do colo uterino, além de sua importância para a saúde da mulher, é um procedimento necessário na detecção precoce de lesões pré invasivas e conseqüentemente, instrumento essencial para a diminuição da mortalidade por câncer cervicouterino. Analisando os dados coletados observou-se que embora as mulheres saibam da importância do exame, sua prática fica prejudicada devido aos sentimentos de tensão, desconforto físico e medo que antecedem o exame. CONCLUSÃO Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 516 Os dados da pesquisa demonstraram que as participantes reconhecem a importância do exame para a sua saúde e de ser realizado rotineiramente, para que se evitem possíveis complicações de sua saúde. As participantes em sua maioria não têm história de câncer de mama/útero na família e nem história pessoal de DTS, apesar da maioria não fazer o uso de preservativos como meio de proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Considera-se então necessária a adoção de estratégias por parte dos profissionais de saúde, incluindo o enfermeiro, para agir de forma a facilitar a adesão das mulheres ao exame, sendo possível uma atuação diferenciada, respeitando a mulher em sua individualidade, privacidade e o direito de se inteirar sobre a doença e os fatores que a envolvem e principalmente sobre sua saúde. Sugere-se a realização de trabalhos em conjunto, com profissionais da saúde e população feminina, na região, de forma a instruí-las e despertar o interesse para uma maior participação nas atividades que envolvem o conhecimento e prática do exame citológico do colo uterino. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos. Diário Oficial da União. Brasília, 16 de outubro de 1996. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) Falando Sobre Câncer do Colo do Útero. – Rio de Janeiro: MS/INCA, 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/falando_cancer_colo_utero.pdf. Acesso em: 20 nov. 2009. BRENNA, S. M. F. et al. Conhecimento, atitude e prática do exame de Papanicolaou em mulheres com câncer de colo uterino. 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