SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA

Propaganda
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
ALINE SILVA MAGALHÃES MELO
ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA PARA PACIENTES DE
TRANSPLANTE HEPÁTICO NO AMBIENTE HOSPITALAR:
PROPOSTA DE PROTOCOLO
Orientadora: Professora Elaine Cristina Cappellano
Belém-PA
2014
ALINE SILVA MAGALHÃES MELO
ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA PARA PACIENTES DE
TRANSPLANTE HEPÁTICO: PROPOSTA DE PROTOCOLO
Dissertação apresentada ao colegiado do Programa de
Pós-graduação em Terapia Intensiva da Sociedade
Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em
Terapia Intensiva
Orientadora: Prof. Elaine Cristina Cappellano
Belém-PA
2014
À minha família, pelo carinho e incentivo que
foram fundamentais para a conquista de mais
esta vitória em minha trajetória profissional.
AGRADECIMENTOS
À Deus, o que seria de mim sem a fé que nele tenho;
Aos meus pais, José e Francisca, pelo amor, o exemplo que são e o tempo que investiram em
mim;
Ao meu irmão, pelo carinho e incentivo sempre demonstrados;
Ao meu marido Ricardo, pelo amor, incentivo e paciência nas ausências;
À orientadora Elaine Cristina, pelo apoio, amizade, carinho e paciência;
Ao professor e coordenador do curso, Dr. Douglas Ferrari, por seus ensinamentos, apoio e
confiança;
A todos os professores do curso, que contribuíram para o aumento de meus conhecimentos;
Aos amigos e colegas, pelo incentivo e apoio constantes.
ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA PARA PACIENTES DE
TRANSPLANTE HEPÁTICO: PROPOSTA DE PROTOCOLO
RESUMO
Os pacientes hepatopatas necessitam receber uma atenção diferenciada dos profissionais de
Odontologia no que diz respeito à efetivação da assistência à saúde bucal, tendo em vista que
o número de pessoas acometidas por disfunções hepáticas aumenta e que o número de
transplantes de fígado realizado é crescente, segundo a Associação Brasileira de Transplantes
de Órgãos. Então, a necessidade de padronizar o atendimento destes pacientes através de
condutas unificadas é urgente. Neste sentido, em virtude de a cavidade bucal ser um dos
principais focos de infecções que acometem os pacientes à espera e os que já receberam um
novo fígado, a intervenção do Cirurgião-dentista nas fases que antecede, acompanha e sucede
o transplante hepático se torna imprescindível. A qualidade da saúde bucal de tais pacientes
depende do acompanhamento odontológico recebido. Este, por sua vez, é atribuição do
profissional responsável pelo cuidado oral, que deve integrar a equipe de transplantes. Assim,
sua missão é a identificação, o combate e a prevenção dos focos infecciosos que afligem a
saúde bucal do hepatopata, devendo ainda, orientá-lo quando a importância da aquisição e
manutenção de hábitos de higiene oral como fator determinante para sua qualidade de vida,
antes, durante e após a submissão ao procedimento cirúrgico. Neste sentido, o objetivo desta
dissertação é desenvolver um protocolo específico para o atendimento de pacientes
transplantados hepáticos. Adotou-se metodologia de natureza básica, abordando o problema
de maneira qualitativa através de uma pesquisa exploratória para a qual a pesquisa
bibliográfica foi o procedimento técnico eleito. Como resultado foi desenvolvido um
protocolo de atendimento que visa uniformizar a assistência devida aos pacientes
transplantados antes, durante e após o procedimento. Concluindo-se que a integração do
Cirurgião-dentista na equipe de transplante a fim de que este acompanhe a saúde bucal do
paciente com vistas a adequar o meio oral do mesmo ao transplante a que será submetido é de
suma importância para auxiliar na obtenção do resultado positivo almejado por todos.
Palavras-chave:
Transplantados.
Tratamento
Odontológico;
Hepatopatas;
Proposta;
Protocolo;
DENTAL CARE FOR PATIENTS OF LIVER TRANSPLANTATION:
PROPOSED PROTOCOL
ABSTRACT
The patients with liver disease need to receive a differentiated attention of dental
professionals with regard to the effectiveness of oral health care, given that the number of
people suffering from liver dysfunction and increases the number of liver transplants
performed is increasing, according the Brazilian Association of Organ Transplantation. So,
the need to standardize the care of these patients through unified pipeline is urgent. In this
sense, by virtue of the oral cavity is one of the main focus of infections that affect patients
waiting and those who have received a new liver, intervention dental phases that precedes,
accompanies, and follows the liver transplant becomes necessary. The quality of oral health of
such patients depends on the dental care received. This, in turn, is responsible for the award of
professional oral care, we must integrate the transplant team. So, your mission is to identify,
combat and prevent infectious outbreaks that plague the oral health of liver disease, should
also guide you when the importance of the acquisition and maintenance of oral hygiene as
crucial to their quality of life factor before, during and after the submission to the surgical
procedure. In this sense, the goal of this dissertation is to develop a specific protocol for the
care of liver transplant patients. The adopted methodology basic in nature, addressing the
problem in a qualitative manner through an exploratory research for which the literature was
elected the technical procedure. As a result we developed a treatment protocol that aims to
standardize appropriate assistance to transplant patients before, during and after the
procedure. Concluding that the integration of dentist in the transplant team to ensure that it
keeps up the patient's oral health in order to adjust the oral medium of the same transplant that
will be submitted is of paramount importance to assist in obtaining the desired positive result
by everyone.
Keywords: Dental Treatment; liver disease; Proposal; Protocol; Transplanted.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................
07
2 OBJETIVO.............................................................................................................
07
3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................
08
4 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................
08
4.1 TRANSPLANTE HEPÁTICO.............................................................................
08
4.2 ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA....................................................................
10
4.3 IMPLICAÇÕES ODONTOLÓGICAS NO TRATAMENTO DE PACIENTES
TRANSPLANTADOS........................................................................................
10
4.3.1 Cárie Dentária...............................................................................................
4.3.2 Doenças Periondontais..................................................................................
12
13
4.4 RISCO DE SANGRAMENTO.............................................................................
14
4.5 PROTOCOLOS....................................................................................................
16
4.6 PROPOSTA DE PROTOCOLO...........................................................................
17
4.6.1 Fase I – Pré-Transplante............................................................................
4.6.2 Fase II – Durante o Transplante................................................................
4.6.3 Fase III – Pós-Transplante.........................................................................
18
20
21
5 DISCUSSÕES.........................................................................................................
22
6 CONCLUSÃO........................................................................................................
24
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................
24
APÊNDICES..............................................................................................................
27
APÈNDICE A – Modelo de ficha clínica: Anamnese e Exame Físico/Clínico..........
28
APÊNDICE B – Modelo de Plano de Tratamento......................................................
31
7
1 INTRODUÇÃO
O transplante de fígado é uma das modalidades de transplante de órgão que mais
cresce no país, sobretudo pelo constante aperfeiçoamento e conscientização acerca da
importância de tal procedimento para a sobrevida dos pacientes hepatopatas.
A presença do profissional de Odontologia integrando a equipe de transplantes se
torna imprescindível uma vez pautada na atenção à saúde bucal do paciente.
Sendo a cavidade oral um dos principais focos de infecções que podem interferir no
resultado esperado do transplante hepático, o foco desta dissertação será a proposta de um
protocolo de atendimento odontológico direcionado especialmente para pacientes de
transplante de fígado, os quais, diante das particularidades que a situação médica impõe,
precisam receber uma atenção diferenciada à saúde bucal.
O presente estudo busca responder à seguinte questão: “Qual a importância da
propositura
de
um
protocolo
de
atendimento
odontológico
para
pacientes
transplantados hepáticos?”.
Neste sentido, esta dissertação considera o fato de que o paciente de transplante de
fígado apresenta-se mais suscetível às infecções oportunistas e, portanto, requer cuidados
odontológicos especiais, posto que há possibilidade de que haja alterações bucais e sistêmicas
antes, durante e após o tratamento empregado.
Em vista disto, surge a necessidade de apresentar, por meio de explorações teóricobibliográficas as considerações da literatura especializada sobre a temática, buscando
subsídios para a criação e a propositura de um novo protocole de atendimento odontológico
destinado a pacientes transplantados de fígado no âmbito do Estado do Pará, posto que o
mesmo carece de uma uniformização procedimental desta natureza para dar efetividade aos
tratamentos odontológicos de pacientes nesta situação.
2 OBJETIVO
Desenvolver um protocolo específico para atendimento odontológico destinado a
pacientes de transplante de fígado e, especificamente, identificar as principais características
médico-hospitalares que circundam o tratamento destes pacientes; indicar as situações que
justifiquem a necessidade de adoção de um protocolo de atendimento diferenciado e,
descrever a importância de um protocolo de atendimento odontológico para pacientes
transplantados de fígado como corolário da garantia de uma atenção à saúde bucal eficiente,
imprescindível para sua qualidade de vida.
8
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A presente pesquisa é de ordem qualitativa, pois está fundada em revisão bibliográfica
que se propõe a reunir, de maneira sistêmica, os ensinamentos de diversos autores
especializados na temática explorada, a fim de enriquecer o debate proposto.
4 REVISÃO DA LITERATURA
4.1 TRANSPLANTE HEPÁTICO
A primeira vez em que um transplante de fígado foi levado a efeito, foi no ano de
1963, nos Estados Unidos na cidade de Denver, por Thomas Starzl.
Por ser um procedimento importante e que ainda carecia de aperfeiçoamento, foi
apenas em 1978, com o surgimento de uma nova droga imunossupressora, a ciclosporina, que
o procedimento pôde ser mais bem aperfeiçoado pelos pesquisadores. Em 1987, Folkert
Belzer apresentou uma nova solução de preservação de órgãos, UW-Belzer, que permite
preservar o fígado por um tempo muito maior do que o conseguido com o uso das soluções
anteriores (MIES, 1998).
Deve-se frisar que, em 1989, o Instituto da Criança foi o segundo grupo a realizar
transplante de fígado com sucesso no Brasil, abrindo, então, o caminho para que outras
instituições, por meio de seus profissionais e pesquisadores, pudessem se interessar pelo
procedimento e contribuir para o seu aperfeiçoamento.
Em que pese a regeneração hepática ser uma realidade, esta não é ilimitada, porque há
situações em que o indivíduo desenvolve hepatopatias que comprometem a funcionalidade do
órgão e, consequentemente, trazem risco à sua própria sobrevivência, sobretudo, quando se
atenta à importância e a imprescindibilidade do fígado para o funcionamento metabólico do
organismo. Neste sentido, Varella (2013, p. 1) chama atenção ao fato de que:
Embora tenha uma capacidade extraordinária de recuperação, certas doenças
provocam insuficiência hepática aguda ou crônica grave que podem levar ao óbito.
Nesses casos, o único recurso terapêutico é a substituição do fígado doente por um
fígado sadio retirado de um doador compatível com morte cerebral ou de um doador
vivo que aceite doar parte de seu órgão para ser transplantado.
São diversas as situações que caracterizam a necessidade de submissão ao
procedimento de transplante, sendo sua indicação pautada em análise criteriosa do paciente,
de modo que seja possível constar que o mesmo esteja clinicamente apto ao procedimento.
Por este motivo, Silva Jr. (et. al., 2002, p. 86) chama atenção para:
9
A indicação do transplante hepático está reservada aos portadores de insuficiência
hepática crônica terminal que têm expectativa de vida inferior a 20% ao final de 12
meses, se não forem transplantados e naqueles cuja progressão da doença hepática se
não transplantados, resulte em mortalidade que exceda aquela decorrente do próprio
transplante.
Existe o momento certo para a indicação do transplante, dependendo da hepatopatia,
que não pode ser tardio nem precoce, posto que os resultados pretendidos podem ser
prejudicados (SILVA JR, et al., 2002).
Por outro lado, as contraindicações, de acordo com Mies (1998) podem ser de natureza
hepática ou sistêmica. As hepáticas são: “pacientes que apresentam tumor primário de grande
tamanho ou múltiplo e paciente com tumor metastático com doença exclusiva no fígado”
(MIES, 1998, p. 23).
Estas contraindicações hepáticas devem ser consideradas porque, segundo Pupo (2009,
p. 49) “a expectativa de sobrevida em pacientes com tumor primário grande ou múltiplo é
pequena e não atinge 20%”.
A insuficiência renal crônica é outra condição sistêmica que deve ser considerada. Isto
se justifica porque esta é caracterizada, segundo os ensinamentos de Pupo (2009, p. 57):
Pela redução lenta, progressiva e irreversível do número de néfrons funcionais, o
que leva a uma diminuição da capacidade de filtração dos rins. Essa diminuição da
filtração causa um quadro de uremia, ou seja, o acúmulo de produtos nitrogenados
no sangue, como a ureia e a creatinina, que deveriam ser filtrados e excretados pelos
rins e é considerada uma condição potencialmente fatal e raras vezes reversível que,
eventualmente, pode conduzir ao comprometimento de quase todos os sistemas do
corpo.
Segundo Mies (1998, p. 24) “o paciente portador de doença hepática crônica em fase
terminal sempre apresenta algum grau de comprometimento da função renal”. Pode-se, então
afirmar que a insuficiência renal crônica surge como uma alteração secundária à insuficiência
hepática.
Além disto, se deve considerar que há doenças que comprometem o fígado e o rim, ou
o fígado e o coração, situações que devem ser analisadas criteriosamente quando da
possibilidade de transplante hepático.
Diante do exposto, pode-se inclusive afirmar que tanto a indicação quanto as
contraindicações ao transplante são baseadas no resultado esperado, posto que este é traduzido
por Pupo (2009, p. 61) como “a busca pelo restabelecimento das condições de saúde
extremamente depauperadas do hepatopata crônico”.
10
Ressalte-se, ainda, que no que se refere à seleção dos candidatos, se deve priorizar os
que sejam portadores de insuficiência hepática terminal e, além, que não estejam acometidos
de outras doenças que impliquem em uma curta expectativa de vida pós transplante (SILVA
JR et. al., 2002).
Neste contexto, o objetivo do transplante hepático é além da prolongação do tempo de
vida, proporcionar ao paciente transplantado maior qualidade de vida e, inclusive, a
recuperação da capacidade laboral.
4.2 ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA
A necessidade da assistência odontológica aos pacientes candidatos ao transplante de
fígado é traduzida por Santos (et. al., 2009, p. 1064):
Alterações bucais podem ser importantes para a investigação de comprometimentos
sistêmicos, principalmente quando relacionados à condição de imunossupressão em
transplantes, e há o risco de infecções. No crescente aumento do número de
pacientes transplantados de órgãos e tecidos, tem-se tornado fundamental a
formação de equipes multidisciplinares para atender pacientes transplantados, das
quais a Odontologia pode e deve ser parte.
Diante disto, torna-se imprescindível a assistência odontológica em todos os
momentos que compõem o procedimento de transplante hepático, o que leva a necessidade de
que o cirurgião-dentista faça parte da equipe de transplantes.
Por este motivo, de acordo com Quintela (2013, p. 1) “a intervenção odontológica
deve ser iniciada no período pré-transplante”. Assim, segundo Kusterer (2013, p. 1) “o exame
clínico bucal é complementado por exames de imagem, e o plano de tratamento estabelecido
possui o objetivo de eliminar focos infecciosos, bem como prevenir infecções oportunistas
que comprometam o sucesso do transplante”.
No que tange ao acompanhamento odontológico pós-transplante Kusterer (2013)
ressalta que este tem natureza preventiva, posto que é neste momento que, geralmente, são
feitas intervenções com o uso de medicações bucais colutórias, como fito de prevenir
infecções, além da orientação para a manutenção de um rígido controle de higiene bucal.
4.3
IMPLICAÇÕES
ODONTOLÓGICAS
NO
TRATAMENTO
DE
PACIENTES
TRANSPLANTADOS
Segundo Loyola (2004, p. 16) o paciente hepatopata necessita de “cuidados
odontológicos curativos e preventivos no protocolo pré-operatório do transplante de fígado,
11
para a erradicação de focos infecciosos e para a manutenção de uma boa saúde bucal no
período pós-transplante”.
A probabilidade de o paciente hepatopata estar suscetível à infecções devido à situação
de fragilidade orgânica em que se encontra já é conhecida no meio odontológico e, descrita na
literatura específica. Neste contexto, tem-se que estudos realizados por Wakerfield (et. al.,
1975) tornaram conhecida a relação bacteremia/infecções dentais/tratamentos odontológicos,
contribuindo para o desenvolvimento de mecanismos e normas procedimentais que visassem
enfrentar este problema.
Neste sentido, deve-se atentar ao fato de que tanto pacientes em lista de transplante
hepático quanto aqueles já transplantados devem receber uma atenção especial à sua saúde
bucal.
Isto se dá porque o agravamento da condição hepatopata ou mesmo o uso de
imunossupressores pós-transplante poderão se materializar como fatores de favorecimento
para o desenvolvimento de complicações infecciosas, estas, por sua vez, podem ter origem
bacteriana, viral ou fúngica.
Exemplificando esta situação há a manifestação do crescimento gengival
medicamentoso, o qual, segundo Quintela (2013, p. 1) “é uma possível complicação associada
à terapia de imunossupressão para o transplante hepático”. E ainda, destaca que este
crescimento, na maioria das vezes está associado ao tipo de medicação utilizada para indução
da imunossupressão e, também, à presença de placa bacteriana, assim como inflamação
gengival crônica e, sem dúvidas, à uma higiene oral deficiente (QUINTELA, 2013).
Neste diapasão, complementado as informações até aqui apresentadas, Patterson
(1999, p. 86) assegura que “transplantados de fígado são mais susceptíveis a infecções
fúngicas precoces, sendo a Cândida albicans a espécie mais frequente”.
Sua constatação vai ao encontro de estudos realizados previamente, como o divulgado
por Carranza (1996) que descreveu, de maneira geral, que os fungos presentes na flora bucal
normal se proliferam na superfície da mucosa bucal, sendo a Cândida a mais frequente. A
frequência da presença deste fungo se justificou pela diminuição da resistência do hospedeiro.
Diante disto, tem-se que as infecções mais frequentes são aquelas de natureza bacteriana, viral
e fúngica e, além, segundo Kusterer (2013, p. 1) “na cavidade oral as infecções tendem a ser
recorrentes e normalmente estão associadas à higiene oral deficiente”.
Em outras palavras, o fato de a Cândida albicans ser a espécie mais frequentemente
encontrada em pacientes transplantados de fígado se justifica pela diminuição da competência
imunitária destes indivíduos o que proporciona ao fungo as condições para a contaminação.
12
Assim é que, “avaliar retrospectivamente as condições de saúde bucal do doente
hepático e suas correlações com a doença hepática no pré-operatório do transplante de fígado”
(LOYOLA, 2004, p. 14) é o ponto central para o desenvolvimento de um protocolo
odontológico especificamente direcionado a estes pacientes considerados clinicamente
especiais.
Neste sentido, é que a realização de tratamento dental prévio e contínuo, visando,
especialmente, o controle de placa bacteriana e prevenção à cárie, deve ser tido como um
parâmetro imprescindível para busca pela melhoraria das condições dos pacientes
hepatopatas, ressaltando-se que o tratamento odontológico deve ser modificado em função da
disfunção hepática apresentada pelo paciente (ZAIA et al.,1993, p. 158).
Diante do exposto, a atenção à saúde bucal de pacientes hepatopatas deve ser realizada
em todas as fases que compõem o procedimento de transplante de fígado, assim, conforme
salienta Douglas (et. al., 1998 apud Loyola, 2004, p. 20) “a avaliação dental e o tratamento
necessário devem ser feitos no candidato a transplante de fígado e as doenças ativas dentais
devem ser eliminadas antes do transplante”.
4.3.1 Cárie Dentária
Santos (et. al., 2009, p. 1065) caracteriza a cárie dentária como:
Uma doença transmissível resultante da difusão de ácidos decorrentes do
metabolismo de carboidratos produzidos por bactérias presentes no biofilme bucal,
que causam a dissolução do componente mineral do dente. É um processo contínuo
derivado de vários ciclos de desmineralização e remineralização, onde a
desmineralização se inicia na superfície dos cristais do esmalte e/ou dentina e
culmina com a formação de uma cavidade na estrutura dentária.
Há estudos que demonstram o aumento da cárie dentária no pós-transplante de órgãos
sólidos, como é o caso do fígado, relatando que seu aparecimento é motivado por fatores
específicos como uma higiene oral deficiente, o aumento do Ph da saliva e também a dieta do
paciente (NOWAISER et. al., 2004; GUGGENHEIMER et al., 2007; VAUGHAN et. al.,
2005; apud SANTOS et. al., 2009).
O tratamento pré-transplante da cárie dentária é justificado pelo fato de que,
comumente, os pacientes antes de serem submetidos ao procedimento, costumam negligenciar
a saúde oral (GUGGENHEIMER et al., 2007 apud SANTOS et. al., 2009). Assim, não se
preocupam em remover as infecções dentárias que, poderão ser a porta de entrada para
manifestações de cunho sistêmico em seu organismo.
13
4.3.2 Doenças Periodontais
As doenças periodontais são definidas como infecções bacterianas que agridem o
paciente, motivando uma série de respostas variante de indivíduo para indivíduo, ou seja,
dependendo da condição orgânica do paciente, a resposta à infecção será diferente.
De acordo com Bretz (1996, p. 85) “as doenças periodontais indicam que estas são de
natureza episódica/cíclica, sugerindo que o hospedeiro, de uma certa maneira, modula o
desenvolvimento do processo infecção-doença”. Loyola (2004, p. 21) ressalta o fato de que:
Da mesma forma, é possível que condições sistêmicas já existentes em um indivíduo
possam influenciar o desenvolvimento das doenças periodontais, ou que doenças
periodontais por sua vez, influenciem o estabelecimento de condições sistêmicas no
hospedeiro.
Para Varga (1988 apud Loyola, 2004, p. 35) “a hiperplasia gengival é uma
complicação em pacientes pós-transplantados hepáticos e está comumente associada ao uso de
medicações no período pós-transplante”.
As alterações sistêmicas no organismo, segundo Vieira (2010) são um fator que
desencadeia o desenvolvimento de doenças desta natureza, logo, pacientes hepatopatas,
devido à condição em que se encontram, são suscetíveis ao desenvolvimento de tais
inflamações.
Como já frisado, as doenças periodontais são divididas em duas espécies: a gengivite e
a periodontite. Sobre elas Santos (et. al., 2009, p. 1066) leciona:
A gengivite geralmente está restrita à gengiva marginal e caracteriza-se pela
formação de processo inflamatório, gerando sangramento ao toque ou espontâneo, às
vezes acompanhado de mudança de coloração e de volume. As causas são,
principalmente, agressão por toxinas eliminadas pelo biofilme dental, mas também
podem ser manifestações bucais secundárias a alterações sistêmicas. Não está
associada à destruição dos tecidos de suporte periodontal, como ligamentos e osso
alveolar. A periodontite é uma alteração patológica destrutiva e progressiva que leva
à perda de inserção óssea do elemento dental, através da contaminação do cemento
dentário e da destruição dos ligamentos periodontais e do osso alveolar, formando a
bolsa periodontal. A periodontite pode evoluir para abscessos, causando intensa
secreção purulenta, dor e tumefação.
Loyola (2004, p. 31) assegura:
As periodontopatias dividem-se em gengivites e periodontites. As primeiras,
consideradas doenças infecto-inflamatórias, de caráter reversível, caracterizam-se
por vermelhidão na gengiva marginal, edema e sangramento à sondagem. As últimas
por sua vez, caracterizam-se por uma destruição do ligamento periodontal de
inserção, ao redor da raiz do dente, com ou sem perda de osso alveolar. Ocorre uma
inflamação gengival de intensidade variável e migração apical do epitélio juncional,
ocasionando a formação de uma bolsa periodontal.
14
Diante disto, é possível concluir que a saúde bucal dos indivíduos, sobretudo, de
pessoas consideradas clinicamente especiais, como é o caso dos hepatopatas é atacada pelas
mais diversas formas. Isto se dá porque a cavidade oral dos indivíduos é fonte de uma extensa
diversidade de agentes microbianos que levam ao risco de desenvolvimento de infecções
decorrentes de um foco dentário e/ou periodontal.
E ainda, não se pode excluir a possibilidade do desenvolvimento de lesões infecciosas
oportunistas cuja propensão ao aparecimento pode-se dar antes ou mesmo após a realização
do transplante hepático, momento em que as defesas do organismo do paciente encontram-se
debilitadas, podendo, inclusive, influenciar no sucesso do procedimento.
Por estas razões a atenção à saúde bucal dos pacientes hepatopatas será efetiva a partir
da busca por um diagnóstico precoce das possíveis alterações bucais dos indivíduos à espera
de transplante, como corolário para o bom andamento do procedimento e, consequentemente,
o sucesso do transplante e melhoria na qualidade de vida do paciente.
Assim, as avaliações odontológicas tanto no pré quanto no pós-transplante hepático
devem se tornar rotinas, sobretudo, porque são os instrumentos capazes de prevenir e evitar
alterações bucais que poderiam comprometer o resultado positivo do procedimento, de modo
que a presença de cirurgião-dentista nas equipes de transplante hepático é de suma
importância para o sucesso do processo.
4.4 RISCO DE SANGRAMENTO
De acordo com a literatura específica, pacientes hepatopatas podem apresentar
redução na produção de fatores da coagulação por disfunção na síntese hepática, motivo pelo
qual tais pacientes são mais suscetíveis ao risco de sangramentos em procedimentos
odontológicos no pós-transplante. Segundo Perdigão (2011, p. 11):
As complicações hemorrágicas e dificuldades na cicatrização são relatadas na
literatura, variando entre 15,4% e 43% [...] A ocorrência de sangramento pósoperatório após cirurgia oral em pacientes anticoagulados varia de 1,3% e 12%,
enquanto que em indivíduos saudáveis essa incidência não passa de 0,41% [...] O
risco maior para complicações hemorrágicas é relatado em pacientes com cirrose
hepática causada pelos principais fatores etiológicos, o vírus da hepatite C e
alcoolismo crônico.
Diante disto é fato que os profissionais de Odontologia devem estar preparados para
um aumento no tempo de sangramento após atos cirúrgicos quando houver disfunção hepática
grave.
15
Rodstock (1985 apud Loyola, 2004) apresentou um caso em que um paciente
apresentou episódios de hemorragias gengivais e gengivites, antes e depois do transplante
hepático, sendo encaminhado para tratamento exibindo um acentuado crescimento gengival
que impossibilitava sua higiene oral, fator que prejudicava ainda mais sua condição.
Este paciente, por sua vez, havia informado que já não tinha cuidados de higiene oral
antes mesmo de ser submetido ao transplante, fato que motivou os cirurgiões-dentistas a
instruí-lo quanto a necessidade e a importância da higiene oral para a melhoria de sua
condição hemorrágica e de sua doença periodontal (RODSTOCK, 1985 apud LOYOLA,
2004). Neste contexto, Loyola (2004, p. 37) salienta que:
Fatores de irritação local (placa bacteriana) contribuem significativamente para a
situação clínica dos pacientes, portanto tratamento periodontal e procedimentos
preventivos de higiene oral antes do transplante de fígado, têm diminuído o
crescimento gengival e o risco de hemorragias em procedimentos odontológicos
pós-transplante.
De acordo com Coates (et. al., 2001, p. 185):
O sangramento, geralmente, é causado pelos distúrbios da coagulação e pela
trombocitopenia. Assim, qualquer tratamento dental invasivo (extrações, cirurgias e
tratamentos periodontais extensos), deverá ser executado após consulta com a área
médica e tratamentos simples poderão ser executados usando agentes tópicos de
controle de sangramentos.
E ainda, deve-se atentar ao fato de que tratamentos com determinados medicamentos
podem baixar a resistência a infecções e, consequentemente, causar hemorragias, de modo
que os tratamentos invasivos devem ser postergados e as urgências odontológicas devem ser
realizadas em conjunto com a equipe médica (LOYOLA, 2004).
A fim de combater os episódios hemorrágicos nos pacientes transplantados, medidas
hemostáticas devem ser tomadas pelos profissionais de Odontologia. Tendo em vista que
nenhuma medida se sobrepõe às outras (BLINDER et. al., 1999) a escolha por uma ou outra
se torna indiferente na conduta clínica do cirurgião-dentista.
Diante disto, pode-se afirmar que o doente transplantado hepático necessita de
cuidados especiais quanto ao risco de hemorragias durante e após a realização de
procedimentos odontológicos, posto que tais hemorragias podem provocar ou mesmo piorar
seu quadro e até levá-lo a óbito.
16
4.5 PROTOCOLOS
De acordo com o Conselho Regional de Odontologia do Distrito Federal – CRO/DF
(2010, p. 9):
Um protocolo se caracteriza por ser uma ferramenta de trabalho que contempla um
conjunto de parâmetros com o objetivo de padronizar, construir, adequar e aprimorar
os instrumentos necessários à atuação. Apresenta ainda um conjunto de princípios e
recomendações elaborados para facilitar a tomada de decisão apropriada na atenção
aos pacientes, em situações específicas, dotando cada serviço de um método
ordenado nas diferentes especialidades, o que resguarda a prática profissional.
Ressalta-se que o protocolo não tem a pretensão de se constituir em receitas
fechadas, únicas e absolutas, porque não são conceitos compatíveis com a prática
clínica na área da saúde. Quando se refere aos pacientes com necessidades especiais,
a decisão técnico-científica deve ser sempre aliada ao seu potencial de ser
executado, pois a dificuldade de atendimento a esta clientela é acentuada na maioria
das vezes pela presença de limitações comportamentais.
Portanto, a implementação de protocolos clínicos que guiam o atendimento
odontológico de pacientes considerados especiais é tomada como uma estratégia de
aprimoramento das atividades próprias da profissão do cirurgião-dentista. Neste contexto,
Nogueira (et. al., 2005, p. 21) esclarece que:
Para constituir protocolos clínicos na odontologia faz-se necessário estabelecer uma
uniformização de evidências sustentada em: 1) princípios éticos; 2) na tríade
conhecimentos, habilidades e atitudes que constitui a competência; e 3) em
experiências vivenciadas no exercício profissional.
Estas são as bases para o que se convencionou chamar de Prática Baseada em
Evidências (PBE) (NOGUEIRA, 2008), ou seja, uma abordagem dinâmica cuja necessidade
de criticidade e aptidão devem caracterizar a formação dos profissionais de saúde bucal, os
quais, por sua vez, necessariamente devem estar em constante processo de educação
continuada.
O objetivo, portanto, dos protocolos clínicos em odontologia, baseados nos pilares
definidos por Nogueira (et. al., 2005) facilitam, sobremaneira a operacionalização do processo
de trabalho e, além, otimizam a qualidade na atenção odontológica ao paciente.
Os protocolos clínicos odontológicos, portanto, devem ser conceituados como
verdadeiros guias previamente estruturados para o tratamento das referências técnicas por
meio de preceitos científicos e evidências clínicas.
Com isto, a função dos protocolos é justamente a padronização das diretrizes clínicas
que norteiem a execução dos procedimentos odontológicos, seja com objetivos diagnósticos
17
ou terapêuticos, sob o prisma de um encadeamento temporal de cuidados (ATALLAH, et. al.,
1998).
Deve-se frisar ainda que, segundo Barros (et. al., 2002, p. 621), “a estratégia do
protocolo clínico reduz falhas na realização dos procedimentos, uma melhor racionalização
destes, inclusive de tempo, bem como viabiliza uma melhor prática clínica e segurança no
atendimento”.
Diante disto, Merhy (2000, p. 174) deixa claro que a importância dos protocolos de
atendimento odontológico está fundamentada no entendimento de que “a qualidade da atenção
odontológica deve estar associada à dimensão cuidadora na produção da saúde, estruturante
de todos os procedimentos por ela realizados”.
4.6 PROPOSTA DE PROTOCOLO
No Brasil, no primeiro semestre de 2013 foram realizados 3.799 transplantes de
órgãos, deste total, 844 foram transplantes de fígado (ABTO, 2013). Este tipo de transplante
ocupa a segunda colocação total do número de transplantes de órgãos realizado neste período,
estando atrás apenas do número de transplantes de rim (ABTO, 2013).
Diante destes dados, percebe-se que as hepatopatias podem ser consideradas condições
clínicas que afetam uma grande parte da população brasileira. Contudo, estes números não
expressam os hepatopatas que possuem contraindicações ao transplante e, ainda, os que
aguardam a disponibilização de um órgão.
Assim, é sabido que, devido a sua condição clínica especial, os pacientes hepatopatas
estão mais suscetíveis à manifestação de infecções oportunistas, as quais se aproveitam da
debilidade imunodefensora do organismo para comprometer ainda mais saúde do indivíduo.
Por esta razão, o cuidado com a saúde bucal deve se dar constantemente, inclusive,
antes da realização do procedimento de transplante, sobretudo, porque a manutenção de uma
boa saúde bucal torna-se, como já frisado em diversas oportunidades, fator de contribuição
para o sucesso do procedimento e, consequentemente, para a sobrevida do paciente
transplantado.
Tendo em vista a condição especial de tais pacientes e a carência de um protocolo
específico para seu atendimento odontológico é que se passa a recomendar ações que
poderiam ser implantadas no atendimento destes indivíduos, especialmente, em virtude das
implicações odontológicas a que são suscetíveis.
18
Neste contexto, a proposta de protocolo de atendimento delineada neste estudo é
composta de 3 (três) fases distintas e complementares, a saber: a fase I - pré-transplante, a
fase II – durante o transplante e, finalmente, a fase III – pós-transplante.
A primeira fase tem o objetivo de investigar a situação clínica do paciente,
considerando sua condição hepatopática, por meio da realização de Anamnese seguida de
exame clínico/físico a fim de conhecer o paciente e identificar as condições de seu meio
bucal, visando, portanto, sua adequação para a realização do procedimento de transplante de
fígado.
Assim, tendo em vista que o objetivo da anamnese é a obtenção do maior número de
informações possíveis acerca do estado de saúde do paciente, este procedimento deve ser bem
direcionado aos fins que o tratamento almeja e, sobretudo, deve ser bem conduzido pelo
cirurgião-dentista (GUSMÃO FILHO et. al., 2005).
Por outro lado, o exame clínico/físico tem como finalidade a identificação das
patologias que acometem o paciente, tanto as de origem hepática e suas complicações quando
as que acometem o meio bucal do paciente.
É neste momento que se deve ressaltar o fato de que o tratamento odontológico do
paciente hepatopata deve ser executado multidisciplinarmente, ou seja, deve haver
colaboração entre o médico e o cirurgião-dentista visando à melhor aceitação do organismo ao
novo órgão que será recebido. A seguir serão delineadas as principais características e
objetivos desta fase do tratamento odontológico destinado aos hepatopatas à espera de
transplante.
4.6.1 Fase I – Pré-Transplante
Constitui-se na primeira consulta realizada com o paciente. Caracteriza-se como de
suma importância para o diagnóstico e planejamento do tratamento a partir do efetivo contato
com o paciente a fim de construir um relacionamento positivo com o fito de orientar e
identificar o grau de cooperação do mesmo em relação ao tratamento.
Nesta fase, o profissional deve buscar a avaliação do paciente em relação ao risco
potencial de infecções locais ou sistêmicas. Identificando este risco, deverá tomar as medidas
necessárias para a diminuição, ao máximo, das chances de complicações bucais que possam
vir a interferir na qualidade de vida do paciente.
Esta fase e seus procedimentos são justificados pela importância da avaliação prévia
da saúde bucal do paciente pré-transplante, haja vista que, segundo o Grupo Integrado de
Transplante de Fígado do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo –
19
GITF/HC/USP (2013, p. 12) “um dos principais focos sépticos no pré o no pós-operatório do
paciente transplantado de fígado é a cavidade oral. Assim, todos os pacientes deverão ser
avaliados por cirurgião-dentista antes do transplante hepático”.
 Anamnese e Exame Clínico/Físico
A realização da anamnese deve-se dar a partir da condução de uma entrevista
criteriosa e investigativa em relação à história médica e odontológica do paciente. Neste
momento o profissional deve considerar o fato de que em virtude da condição clinicamente
especial dos hepatopatas, estes constituem um grupo que pode ser considerado de alto risco
para desenvolvimento de doenças bucais, sobretudo, cárie dentária e doenças periodontais.
É neste momento também que o cirurgião-dentista deve perscrutar se o paciente está
tomando regularmente as medicações prescritas por seu médico, tendo em vista a
possibilidade de interferência destes no tratamento a ser realizado.
Vencida esta etapa, deve-se passar à realização do exame clínico, efetivado por meio
de exame físico, oportunidade em que o profissional deve aplicar as técnicas específicas para
diagnosticar doenças ou problemas de funcionalidade, visando à detecção de anormalidades,
para possíveis intervenções e para prevenção do agravamento do estado de saúde bucal do
paciente.
O exame clínico intrabucal deverá ser o procedimento através do qual serão
observadas a condição bucal do paciente, a higiene, dentes, lábios, mucosas, língua, tecidos
gengivais e oclusão.
Detectada a presença de anormalidades na cavidade bucal do paciente, deve-se
proceder à profilaxia e à detecção de lesões incipientes. A utilização de exames
complementares, como radiografias ou fotografias, pedidos de relatórios, pedidos de exames
laboratoriais e pareceres médicos podem ser utilizados pelo profissional para conduzir da
melhor maneira possível o tratamento odontológico.
O Apêndice A traz um modelo de ficha clínica que inclui orientações para a execução
destes procedimentos.
 Elaboração do Plano de tratamento
Nesta etapa, o profissional, munido das informações obtidas durante a realização da
anamnese e do exame clínico/físico deverá listar, ordenadamente os procedimentos que
pretende executar visando às necessidades bucais do paciente.
20
O Apêndice B apresenta um modelo de plano de tratamento que poderá ser aplicado
pelo profissional. Destaque-se que este plano deve considerar as condições clínicas especiais
do paciente hepatopata, bem como as medicações que utiliza, seu perfil alimentar,
comportamento em relação a higiene oral, as condição de saúde bucal, podendo tais
informações serem subsidiadas por questões que consideram os aspectos familiares e
condição socioeconômica cultural do paciente.
Deste modo, o plano de tratamento realizado nesta fase pré-transplante engloba a
execução de procedimentos como:
• Estabilização da doença periodontal, eliminação de fatores de retenção de placa
bacteriana;
• Aplicação tópica de flúor;
• Exodontia de dentes com prognósticos ruins;
• Endodontia;
• Laser Curetagem – redução microbiana;
• Restaurações provisórias;
• Eliminação de fatores traumáticos, tais como cúspides anguladas, bordos dentais
cortantes, bandas e brackets ortodônticos e próteses mal adaptadas.
Assim, o objetivo desta fase é a preparação do meio bucal do paciente para o
tratamento médico, como contribuição para a manutenção das condições clínicas gerais do
mesmo para o transplante, de modo buscar a redução das chances de complicações bucais
e/ou sistêmicas durante o tratamento que se segue.
4.6.2 Fase II – Durante o Transplante
Durante a internação do paciente para a realização do transplante de fígado, o
cirurgião-dentista deve ser encarregado de, por meio de acompanhamento hospitalar,
diagnosticar, precocemente, problemas bucais que possam comprometer o resultado imediato
do transplante, agindo de modo a tratar estas complicações.
Assim, neste momento o profissional desempenhará as seguintes atribuições:
• Acompanhamento diário do paciente;
• Instruções de Higiene Oral;
• Controle de placa bacteriana;
• Controle de doenças oportunistas;
• Tratamento de xerostomia;
• Controle de sangramentos em cavidade oral;
21
• Intercorrências odontológicas (restaurações provisórias, bordos cortantes);
Tais atribuições são justificadas pelo fato de que a partir da convocação para o
transplante, os pacientes hepatopatas devem ser internados na respectiva unidade de
transplante hepático, momento em que se deve buscar pela presença de infecções oportunistas
que poderão se desenvolver na cavidade bucal do paciente.
4.6.3 Fase III – Pós-Transplante
A necessidade do acompanhamento odontológico após a realização do transplante
hepático é justificada pelo fato de que, como já frisado em momentos anteriores, a utilização
de medicamentos imunossupressores torna o paciente transplantado mais suscetível ao
desenvolvimento de infecções.
Segundo dados do GITF/HC/USP (2013) a incidência de infecções no pós-operatório
pode chegar a 70%, sendo esta uma das principais causas de mortalidade após o procedimento
de transplante hepático.
Como a cavidade bucal é um dos principais focos de infecções no pré-transplante
(GITF/HC/USP, 2013), esta pode vir a se tornar também um catalisador para o
desenvolvimento de infecções também no pós-operatório. Esta possibilidade já está
comprovada na literatura específica através de resultados de estudos já realizados em
pacientes hepatopatas, conforme foi demonstrado em momento anterior. Ressalte-se que:
Os três primeiros meses de pós-operatório são os de maior risco do paciente adquirir
infecções, que poderão ser bacterianas, fúngicas, virais e/ou por protozoários. Um
dos grandes problemas no diagnóstico precoce de quadro infeccioso é a pobreza de
sintomas e/ou sinais clínicos. A febre nem sempre está presente, devido ao grau de
imunossupressão. Por isso, história clínica e exame físico completo, além dos
exames complementares são imprescindíveis na avaliação do paciente transplantado
com qualquer sintoma sem causa aparente, pois poderá ser devido a quadro
infeccioso (GITF/HC/USP, 2013, p. 18).
Durante a concretização deste cronograma será possível avaliar a saúde bucal do
paciente e, sendo detectadas complicações que podem interferir no resultado final do
transplante, tratá-lo, sobretudo em relação às seguintes complicações:
• Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH);
• Infecções fúngicas, virais, bacterianas;
• Xerostomia;
• Alteração do paladar;
• Alterações dentais.
22
O acompanhamento odontológico deve ser massivo no pós-operatório tardio, período
que se estende do 2º ao 6º mês após a realização do transplante. Isto se justifica porque é
justamente neste período que as infecções costumam se manifestar de maneira mais latente,
devido à terapia imunossupressora.
É, portanto, neste período que as infecções fúngicas são mais frequentes. No que tange
à cavidade bucal dos transplantados, a Candidíase é a infecção que mais tende a se
desenvolver (GITF/HC/USP, 2013).
O seu aparecimento é motivado tanto pela imunossupressão adotada quanto pela
utilização de antibióticos de largo espectro. Quando esta infecção for constatada pelo
cirurgião-dentista, este poderá lançar mão de terapia baseada no uso de Nistatina, 500.000 U a
cada 6 horas para o paciente bochechar e engolir, por exemplo, que poderá ser utilizada
durante a administração de medicamentos corticosteroides. Após os 6 meses, a equipe médica
tende a reduzir os níveis de imunossupressão e, com isto, os índices de infecção também
diminuem sem, no entanto, desaparecem, devido a condição clinica especial do paciente que
sempre requer cuidados das mais variadas especialidade de atenção à saúde.
Assim, a partir da concretização desta fase o protocolo proposto ganha natureza
preventiva, na medida em que o paciente tem acesso ao tratamento odontológico preventivo, o
que minimiza os riscos de infecções e complicações que possam interferir na saúde geral do
paciente, comprometendo sua qualidade de vida.
5 DISCUSSÕES
Atuando como órgão responsável pela síntese e desintoxicação do organismo, o fígado
humano é um órgão glandular que exerce funções imprescindíveis para a manutenção da vida
dos indivíduos.
Devido à proliferação de doenças hepáticas que compromete sobremaneira, a
capacidade do órgão, o transplante passou a ser uma excelente alternativa. De acordo com
dados do Registro Brasileiro de Transplantes, apenas no primeiro semestre de 2013 foram
realizados 844 procedimentos, revelando que este é o segundo tipo mais comum de
transplante de órgãos realizados no país, posto que esta modalidade é superada apenas pelo
número de transplantes de rins efetivados no mesmo período.
Neste sentido, havendo a perda da funcionalidade do órgão este deve ser substituído
por outro, advindo de doador vivo ou morto, para devolver ao receptor as funções hepáticas
perdidas e, consequentemente, a qualidade de vida outrora subtraída pelo órgão extirpado.
23
Ressalte-se, contudo que se deve atentar para as indicações e contraindicações que permeiam
a eleição do hepatopata ao procedimento.
A atuação do cirurgião-dentista junto à equipe de transplante de fígado é motivada
pelo fato de que há uma série de implicações de natureza odontológica que poderão incidir no
tratamento do paciente hepatopata.
Tendo em vista que uma boa saúde bucal é condição sine qua non para uma perfeita
saúde global do indivíduo, o tratamento odontológico de pacientes hepatopatas à espera de
transplante torna-se uma boa resposta imune ao desenvolvimento de infecções que poderão
comprometer sua saúde.
Diante destas exigências assistenciais que são imprescindíveis para a realização da
assistência odontológica de pacientes hepatopatas é que esta dissertação propôs um protocolo
especialmente desenvolvido para este grupo de indivíduos.
E além, tal proposta atendeu aos requisitos básicos que identificam um protocolo de
atendimento odontológico na medida em que buscou padronizar, construir, adequar e
aprimorar os instrumentos necessários à condução de uma atuação profissional unificada e
objetiva.
Deste modo a proposta de protocolo apresentado distingue 3 (três) momentos
imprescindíveis para a intervenção do cirurgião-dentista junto ao paciente hepatopata, são
justamente os momentos pré, inter e pós-transplante.
A atuação do cirurgião-dentista pré-transplante se materializa a partir da identificação
do paciente, através da realização de anamnese e exames clínico/físicos a fim de reunir dados
pertinentes para a elaboração do plano de tratamento que mais se adeque as necessidades e,
especialmente, às limitações orgânicas do paciente.
E ainda, o corolário da assistência à saúde bucal durante o transplante hepático deverá
estar fundamentada no diagnóstico precoce de problemas relacionados à flora bucal do
paciente que poderão ser considerados fatores de interferência no resultado imediato do
procedimento cirúrgico, sendo, portanto, atribuição do cirurgião-dentista, sanar qualquer foco
de problemas odontológicos encontrado na cavidade bucal do paciente.
Finalmente, tão importante quanto a atuação antes e durante o procedimento de
transplante hepático, o acompanhamento pós-transplante é um fator que auxiliará na
recuperação do paciente. Neste contexto, a assistência à saúde bucal neste momento se
justifica pela possibilidade de que o paciente desenvolva infecções motivadas pela
administração de medicações imunossupressoras.
24
6 CONCLUSÃO
 Aumento considerável no número de pessoas acometidas por disfunções hepáticas;
 Crescimento de transplantes de fígado realizados no Brasil;
 Cavidade bucal é um dos principais focos de infecções que acometem os pacientes
à espera e os que já receberam um novo fígado;
 Necessidade de atenção especial aos pacientes hepatopatas em relação ao cuidado
com a saúde bucal;
 Proposta de protocolo de atendimento odontológico visando a intervenção do
Odontólogo nas fases que antecede, acompanha e sucede o transplante hepático se torna
imprescindível
 A qualidade da saúde bucal de tais pacientes depende do acompanhamento
odontológico recebido;
 Importância do Odontólogo na equipe de transplantes.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATALLAH, A. N.; CASTRO, A. A. Medicina baseada em evidências: o elo entre a boa
ciência e a boa prática clínica: Diagnóstico e Tratamento. v. 3, n. 2, São Paulo: 1998.
BARROS, A. J. D.; BERTOLDI, A. D. Desigualdades na utilização e no acesso a serviços
odontológicos: uma avaliação em nível nacional. v.7, n. 4. Rio de Janeiro: Ciência & Saúde
Coletiva, 2002.
BLINDER, D; MANOR, Y; MARTINOWITZ, U; TAICHER, S. Dental extractions in
patients mainteined on continued oral anticoagulante: compararison of local hemostic
modalities. In: Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod. v. 88, n. 2, p. 137140, Ago.,1999.
BRASIL. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS. Dados
numéricos da doação de órgãos e transplantes realizados por Estado e instituição no
período:
janeiro/junho
2013.
2013.
Disponível
em:<
http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/RBT/2013/rbt2013semestre-parcial.pdf>. Acesso
em: 30 nov. 2013.
BRETZ, W. A. Comportamento do hospedeiro e as doenças periodontais. In: Revista da
APCD. Vol. 50, n. 5. Rio de Janeiro: Ago./ Dez, 1996. p. 28-33.
CARRANZA, F. Periodontia clínica. 8. Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.
COATES, E. A.; WALSH, L.; LOGAN, R. The increasing problem of hepatitis C virus
infection, In: Australian Dental Journal, vol. 46 (supl. 1), 2001, p. 13-17.
25
CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA DO DISTRITO FEDERAL. Protocolo de
Atendimento.
2010.
Disponível
em:
<
http://www.stdweb.com.br/stdweb/imagensCRODF/protocolo_final.pdf>. Acesso em: 28 dez.
2013.
GRUPO INTEGRADO DE TRANSPANTE DE FÍGADO DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS
DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Protocolo Tx. 2013. Disponível em: <
http://rca.fmrp.usp.br/servico/gastro/documentos/cirurgia/gastro/ProtocoloTx.pdf>.
Acesso
em: 10 jan. 2014.
GUSMÃO FILHO, R. Importância da anamnese para o manejo das possibilidades
emergências em odontologia. In: Revista de Biociências. vol. 12. n. 3-4. São Paulo: Taubaté,
jul./dez., 2005. p. 170-173.
KUSTERER, L. E. F. L. Saúde bucal em transplante de fígado. 2013. Disponível em:
<http://www.abto.org.br/abtov03/default.aspx?mn=482&c=932&s=0&friendly=Os-inimigossilenciosos-Doen%E7as-Periodontais>. Acesso em: 01 dez. 2013.
LOYOLA, M. A. Avaliação retrospectiva de um programa odontológico no protocolo préoperatório do transplante de fígado. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de
Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. 2004.
MERHY, E. E. Tese de Livre-Docência. Campinas: Universidade Estadual de Campinas,
2000.
MIES,
S.
Transplante
de
Fígado.
1998.
Disponível
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010442301998000200011http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010442301998000200011>. Acesso em: 21 dez. 2013.
em:
<
NOGUEIRA, V. O.; MARIN, H. F.; CUNHA, I. C. K. O. Informações on-line sobre
transporte intra hospitalar de pacientes críticos adultos. In: Acta Paulista de Enfermagem. v.
18, n. 4. São Paulo: 2005.
PATTERSON, J. E.; Epidemiology of fungal infections in solid organ transplant patients. In:
Transplant infectious disease, v. 1, n. 229, p. 21-36, 1999.
PERDIGÃO, J. P. V. Avaliação do risco de sangramento pós-exodontia em pacientes
candidatos
ao
transplante
de
fígado.
2011.
Disponível
em:
<
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/1769/1/2011_dis_jpvperdigao.pdf> Acesso em:
29 jan. 2014.
PUPO, M. L. M. G. Índice de risco odontológico para pacientes pré transplante. In: Revista
sul-brasileira de odontologia. v. 7, n. 1. Curitiba: mar., 2009.
QUINTELA,
E.
Doenças
Colestáticas.
2013.
Disponível
em:
<
http://www.eloizaquintela.com.br/doencas_do_figado_53.html>. Acesso em: 05 dez. 2013.
26
SANTOS, P. S. S.; BITU, F.; CORACIN, F. L.; MANCUSI SOBRINHO, R.; LIMA, R. B.
Complicações orais associadas aos transplantados de órgãos e tecidos: revisão de literatura.
In: Jornal Brasieliro de Transplantes. vol. 12. n. 1. São Paulo: Jan./mar., 2009. p. 10641069.
SILVA JÚNIOR, O.C.; SANKARANKUTTY, A. K.; OLIVEIRA, G. R.; PACHECO, E.;
RAMALHO, F. S.; DAL SASSO, K.; TOLENTINO, E.; MENTE, E. D.; FRANÇA, A. V. C.;
MARTINELLI, A. N. C. Transplante de fígado: indicação e sobrevida. In: Acta Cirúrgica
Brasileira. vol. 17 (supl. 3). 2002. p. 83-91.
VARELLA,
D.
Transplante
de
fígado.
2013.
Disponível
em:
<
http://drauziovarella.com.br/clinica-geral/transplante-de-figado/>. Acesso em: 21 dez. 2013.
VIEIRA, T. R. Alterações periodontais associadas às doenças sistêmicas em crianças e
adolescentes. In. Revista Paulista de Pediatria, v. 28, n. 2, p. 237-243, 2010.
WAKERFIELD, C. W. THRONDSON, R. R.; BROCK T. Liver transplantation: dentistry is
an essential part of the team. In: Journal of the Tennessee Dental Association, vol. 75
supl.3), p. 9-16, 1975.
ZAIA, A. A.; GRANER, E., ALMEIDA, O, P, SCULLY, C. Oral changes associated with
biliary atresia and liver transplantation. In: J Clin Pediatr Dent. Fall, vol. 18 (supl. 1), p. 3842, 1993.
27
APÊNDICES
28
APÊNDICE A – MODELO DE FICHA CLÍNICA
ANAMNESE E EXAME CLÍNICO/FÍSICO
Ficha Clínica do Paciente
Nome: ________________________________________________________________
Data de nascimento: ______/_____/______. Idade: _____ anos.
Naturalidade: ________________ Cor: ____________ Sexo:________________
Endereço: ______________________________________________________________
Bairro: ___________ Cidade: _____________ Estado: _____________ CEP: ________
Telefone: (___) __________________ Celular: (___) ____________________
Anamnese
Principal reclamação: _______________________________________________________
Diagnóstico Clínico: ________________________________________________________
Médico Responsável: _____________________________ Tel. (___) _________________
Histórico de Implicações Médicas
( ) Alterações Hematológicas _________________________________________________
(_) Cardiopatias ____________________________________________________________
(_) Distúrbio endócrino/metabólico _____________________________________________
(_) Problemas respiratórios ____________________________________________________
(_) Problemas renais _________________________________________________________
(_) Problemas hepáticos ______________________________________________________
(_) Alergia _________________________________________________________________
Histórico de Procedimentos Médicos
Medicações Atuais ___________________________________________________________
Internações Hospitalares _______________________________________________________
(_) Cirurgia _________________________________________________________________
(_) Teve hemorragia __________________________________________________________
(_) Recebeu transfusão sanguínea ________________________________________________
Histórico de Procedimentos Odontológicos
Compreensão da importância da higiene oral _______________________________________
Hábitos de higiene oral:
Escovação___________________________________________________________________
Frequência __________________________________________________________________
29
Uso do fio dental: (_) Sim (_) Não
Creme dental com flúor: (_) Sim (_) Não
Uso de fluoretos _____________________________________________________________
Usa enxaguatório bucal: (_) Sim (_) Não Qual frequência: ___________________________
Água que ingere: (_) Torneira (_) Filtrada (_) Poço (_) Garrafas pet
Alimentação ________________________________________________________________
Hábitos bucais _______________________________________________________________
Condições de Higiene Oral _____________________________________________________
Sente dor em algum dente: (_) Sim (_) Não ________________________________________
Sente dor em gengiva: (_) Sim (_) Não ___________________________________________
Tem sangramento gengival: (_) Sim (_) Não _______________________________________
Apresenta alguma ferida na boca: (_) Sim (_) Não___________________________________
Sente alguma mobilidade nos dentes: (_) Sim (_) Não ________________________________
Range ou aperta os dentes durante à noite ou durante o dia: (_) Sim (_) Não
Tem dores em região de ATM: (_) Sim (_) Não
Tem dificuldade de abertura de boca: (_) Sim (_) Não
Sente boca seca: (_) Sim (_) Não ________________________________________________
Tem dificuldade em mastigar os alimentos: (_) Sim (_) Não ___________________________
Faz uso de algum tipo de prótese: (_) Sim (_) Não __________________________________
Tabagista: (_) Sim (_) Não / Tempo: _________ Frequência: __________________________
Ex-tabagista: (_) Sim (_) Não / Quando parou: _____________________________________
Etilista: (_) Sim (_) Não / Tempo: ___________ Frequência:__________________________
Ex-Etilista: (_) Sim (_) Não / Quando parou: _______________________________________
Tratamentos odontológicos anteriores ____________________________________________
Aceitação do Tratamento ______________________________________________________
Problemas com anestesia local __________________________________________________
Hemorragia após a extração dentária _____________________________________________
Exame Clínico/Físico
Alterações físicas gerais _______________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
30
Exame Físico Extrabucal:
Indicadores
Sim
Não
Tipo de Alterações
Palidez
Tamanho do Crânio Normal
Simetria Facial Normal
Linfonodos Normais
Exame Físico Intrabucal
Lábios: (_) Normal (_) hipotônicos (_) ressecados (_) Outros: ________________________
Língua: (_) Normal (_) Hipertônica (_) Hipotônica (_) Saburrosa (_) Outros: _____________
Mucosa bucal: (_) Normal (_) Outros: ____________________________________________
Tonsilas Palatais: _____________________________________________________________
Freios Labiais: _______________________________________________________________
Freio Lingual: _______________________________________________________________
Gengivas: (_) Normal (_) Hiperplásica (_) Inflamada (_) Infeccionada (_) Outros:
Palato: (_) Normal (_) Outros: __________________________________________________
Oclusão: (_) Normal (_) Mordida aberta (_) Sobremordida (_) Mordida cruzada (_)
Dentes:
Manchas brancas _____________________________________________________________
Manchas Negras _____________________________________________________________
Fluorose: ___________________________________________________________________
Cárie: ______________________________________________________________________
Tártaro: ____________________________________________________________________
Outros: _____________________________________________________________________
Exames Complementares
Data
Tipo de Exame
Radiográfico
Análise de panorâmica
Laboratoriais
Outros
Orientações
Resultado
31
APÊNDICE B – MODELO DE PLANO DE TRATAMENTO
Tratamento Emergencial: ______________________________________________________
Exodontia: __________________________________________________________________
Endodontia: _________________________________________________________________
Adequação do meio bucal ao procedimento de transplante: ____________________________
Orientação de higiene bucal: ____________________________________________________
Orientação de dieta: __________________________________________________________
Profilaxia: __________________________________________________________________
Tratamento Periodontal
Raspagem supra e subgengival: _________________________________________________
Outros: _____________________________________________________________________
Tratamento reparador atraumático: _______________________________________________
Aplicação de selantes: _________________________________________________________
Aplicação Tópica de Flúor: _____________________________________________________
Tratamento Cirúrgico
Exodontias: _________________________________________________________________
Outros: _____________________________________________________________________
Tratamento Endodôntico
Capeamento Pulpar: __________________________________________________________
Pulpotomia: ________________________________________________________________
Endodontia: _________________________________________________________________
Tratamento restaurador: _______________________________________________________
Tratamento ortodôntico/ortopédico: ______________________________________________
Tratamento protético: _________________________________________________________
Download