A relação sujeito–drogas na perspectiva histórico-cultural

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Juventude
e
educação
A relação sujeito–drogas na
perspectiva histórico-cultural:
abordagens preventivas e terapêuticas
The relationship subject–drugs
in a historical and cultural perspective:
preventive and therapeutic approaches
Jairo Werner
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Médico; Doutor em Saúde Mental-UNICAMP; Psiquiatra Forense da Coordenadoria de Justiça Terapêutica
do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro; Mestre em Educação-UFF; Professor de Neuropsiquiatria
Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF); Presidente do Instituto de
Pesquisas Heloisa Marinho; Membro da Coordenação do Grupo Transdisciplinar de Estudo e Tratamento
do Alcoolismo e Outras Dependências (GEAL-UFF); Coordenador do Projeto CARALIMPA – Saúde,
Educação e Qualidade de Vida.
O texto pretende ser uma contribuição para o exame crítico dos fundamentos das propostas e abordagens preventivas
e terapêuticas no campo das drogas. Os principais modelos utilizados pela ciência são comparados objetivando a
análise do que representam para o estudo da relação do homem com as drogas e suas conseqüências. O texto
apresenta, de forma resumida, alguns dos princípios utilizados em experiências em curso com adolescentes e adultos
em consonância com a proposta da abordagem afetivo-cognitiva.
Unitermos: modelo mecanicista, modelo organicista, modelo histórico-cultural.
S y n o p s i s
The paper intends to be a contribution to critical exam of the foundations of the proposals and preventive and
therapeutic approaches in the field of drugs. The main models used by Science are compared aiming the analysis of
what they represent to the study of the relantionship of man and drugs and its consequences. The paper presents,
briefly, some of the principles used in current experiences with teenagers and adults in harmony with the proposal of
a emocional and cognitive approach.
Terms: mechanical model, organicist model, historical and cultural model
Resumen
El texto pretende ser una contribución para el exame crítico de los fundamentos de las propuestas y abordajes
preventivos y terapéuticos en el campo de las drogas. Los principales modelos utilizados por la ciencia son comparados
procurando el análisis de lo que representan para el estudo de la relación del hombre con las drogas y sus
consecuencias. El texto presenta, de forma resumida, algunos de los principios utilizados en experiencias en curso
con adolescentes y adultos en consonancia con la propuesta del abordaje afectivo-cognitivo.
Términos: modelo mecanicista, modelo organicista, modelo histórico-cultural.
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Introdução
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objetivo deste texto é contribuir
para o exame crítico dos fundamentos das principais propostas e
abordagens preventivas e terapêuticas presentes no campo das drogas
lícitas e ilícitas. Partindo-se do pressuposto que qualquer discussão, teoria ou prática encontra-se necessariamente vinculada a determinado
modelo metateórico 1 , é necessário
apresentar e comparar os principais
modelos ou paradigmas utilizados
pela ciência – o mecanicista, o organicista e o histórico-cultural – , relacionando-os com o uso de substâncias
psicoativas.
A metáfora básica de representação de todos os fenômenos utilizada
no modelo mecanicista é a máquina
tanto a natureza, o homem e a sociedade são representados implicitamente pela máquina – sistema de relações de causa e efeito, regido por leis
organicista,
universais. Já o modelo organicista
oriundo da biologia evolucionista,
representa o homem e os fenômenos
naturais e sociais através da metáfora
do sistema vivo organizado.
Oriundos das ciências naturais,
tanto o mecanicism
mecanicismo como o organicismo são modelos insuficientes para
abordar a complexidade das questões
humanas. A despeito desse fato, esses
dois modelos continuam hegemônicos e servem de paradigma para as
mais difundidas práticas preventivas
e terapêuticas no campo das drogas e
dos problemas associados ao seu uso.
Como busca de superação dos
modelos naturalistas e a-históricos –
mecanicista e organicista –, será enfa-
Propostas e
abordagens
preventivas e
terapêuticas no
campo das drogas
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A diferença radical entre este enfoque
[histórico-cultural] e o da psicologia tradicional é que as origens da consciência humana
não se buscam nem nas profundidades da
alma, nem nos mecanismos cerebrais, mas sim
na relação do homem com a realidade, em sua
história social, estritamente ligada com o
trabalho e a linguagem (Luria, 1987).
No modelo histórico-cultural
histórico-cultural, o
homem não é representado nem pela
máquina nem pelo organismo vivo,
mas como um sujeito constituído intrinsecamente por relações sociais,
culturais e históricas. O aspecto sociocultural nesse modelo refere-se ao
modo como os homens estabelecem
relações entre si e com o mundo –
relações sociais que são produzidas
pelos próprios homens em função de
determinadas condições históricas. O
caráter histórico, entretanto, não
remonta a uma visão de história como
sucessão de fatos no tempo ou como
progresso das idéias, mas ao modo
como homens concretos em condições objetivas criam os instrumentos
e as formas culturais da sua existência
social, reproduzindo e transformando
o social, o econômico, o político e o
cultural (Chauí, 1989).
A seguir será apresentado o que
cada um dos modelos representa para
o estudo da relação do homem com as
drogas e suas conseqüências.
Os modelos
mecanicista e
organicista são
insuficientes
para abordar as
questões
humanas
Modelos e abordagens
1. Modelos ou paradigmas metateóricos são
metáforas utilizadas na compreensão de qualquer
fenômeno natural ou social (Overton e Reese, 1970).
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tizado o modelo histórico-cultural oriundo das ciências humanas está
mais próximo da compreensão do
homem, na sua especificidade social,
cultural e histórica.
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O Quadro I compara de forma
resumida a abordagem oriunda do
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modelo histórico-cultural, com as abordagens ético-moralista e clínico-indi-
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vidualista, vinculadas, respectivamente,
aos modelos mecanicista e organicista.
Quadro I – Comparação entre modelos/abordagens
MODELO
METATEÓRICO
(PARADIGMA)
MECANICISTA
ABORDAGEM
PRÁTICAS
PREVENTIVAS/
TERAPÊUTICAS
RELAÇÃO:
2
SUJEITO Versus DROGA
DIRETIVAS
CENTRADO NA DROGA E SEUS
EFEITOS
ÉTICO –MORALISTA
(AUTORITÁRIO)
PROCESSO DE
CONDICIONAMENTO
SUJEITO Å DROGA
SUJEITO PASSIVO
NÃO DIRETIVA
ORGANICISTA
CENTRADO NO
SUJEITO
CLINICO – INDIVIDUALISTA
(LIBERAL)
PROCESSO
EXPRESSIVOINTERPRETATIVO
SUJEITO Æ DROGA
SUJEITO ATIVO
HISTÓRICO –
CULTURAL
INTERATIVA
CENTRADO
AFETIVO-COGNITIVO
- SUJETIVIDADE SOCIAL(DIALÉTICO)
PROCESSO
DIALÓGICO
SUJ. ÅÆ M. SOCIAL ÅÆ DROGA MEDIAÇÃO SEMIOTICA
NA MEDIAÇÃO SOCIAL
SUJEITO INTERATIVO
Adaptado de Werner, 2001
Abordagem éticomoralista
do sujeito com a droga é compreendida de forma reducionista e descontextualizada. As práticas preventivas,
na escola, por exemplo, tornam-se
meros repasses de informação e o
discurso centra-se na droga, priA relação de sujeito vilegiando suas propriedades e efeitos
com a droga é
químicos. Essa abordagem de cunho
compreendida de
autoritário e dogmático tende a cair
forma reducionista e
no descrédito no confronto com a
descontextualizada
realidade cotidiana, principalmente,
entre os jovens. O discurso ético-moralista, ao não contemplar a diversidade
de significados da droga no contexto
sociocultural do sujeito, torna-se distante,
vazio e abstrato. As práticas terapêuticas
fundamentadas nesse modelo caracterizam-se por serem autoritárias (centradas apenas no terapeuta) e diretivas
(centradas em técnicas mecânicas de
condicionamento).
Não se pode confundir, entretanto,
“autoritarismo” e “condicionamento
passivo” – presentes nas práticas oriun-
A abordagem ético-moralista se
vincula ao modelo metateórico mecanicista. Nela, o homem é visto como
sujeito passivo a ser programado (condicionado) pelo meio. No que se refere
às drogas, nesse modelo se inscrevem
todos os discursos e as práticas autoritárias, consideram que, somente
através de uma ação meramente repressiva e coercitiva pode-se impedir
o sujeito de ser “dominado pela droga”
ou “dela se livrar”. O discurso éticomoralista tenta, portanto, desqualificar o sujeito – considerado moralmente fraco diante da “força externa”
da droga. Nessa abordagem, a relação
2. Aqui o objeto “droga” não está sendo empregado
no sentido estritamente epistemológico, pois a droga
além de objeto de conhecimento/desconhecimento
é também objeto de desejo/repulsa (Professora Dra.
Maria Cecília Rafael de Góes,UNIMEP, 2004, em
comentário ao texto do autor).
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das do modelo mecanicista – com a
necessária autoridade e a pressão
exercida de forma significativa, durante o processo terapêutico. Sabe-se, por
exemplo, que dependendo do grau de
comprometimento do paciente com o
uso de drogas, é necessário empregar
modalidade de assistência mais restritiva (como, por exemplo, a internação em ambiente protegido), principalmente, nos casos em que o paciente
não apresenta condições de autodeterminar-se, em função do nível da
consciência e da vontade encontrarse bastante comprometido e quando
o mesmo corre risco de vida.
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Acredita-se que na
abordagem do
usuário ou
dependente de
droga, o tratamento
tem que ser
voluntário
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que, quanto maior for o tempo de uso,
e quanto mais grave for o quadro de
comprometimento com a droga, menor será a condição do sujeito tomar
decisões. No caso de abuso e dependência de drogas, é comum que a
autocrítica e a auto-determinação
fiquem bastante afetadas. Por outro
lado, o significado social da droga – de
prazer, de liberdade, de modismo –
torna difícil, principalmente para os
mais jovens, manifestar o desejo espontâneo de evitar o uso ou de procurar
tratamento quando necessário.
O Modelo históricocultural
Abordagem clínicoindividualista
A abordagem clínico-individualista está relacionada ao modelo
organicista. A relação do sujeito com
a droga é vista pelo viés do sujeito e o
discurso caracteriza-se por centrar-se
nos aspectos individuais do sujeito –
inatos, genéticos ou adquiridas, seja do
ponto de vista físico ou psicológico. Ao
centrar-se, basicamente, no sujeito
psicológico ou biológico, as práticas
terapêuticas ganham contornos liberais. Acredita-se, por exemplo, na
abordagem do usuário ou dependente
de droga, que o tratamento tem que
ser necessariamente voluntário. Essa
concepção, infelizmente, está presente no senso comum dos pais e na
concepção de muitos
terapeutas,
retardando medidas urgentes que se
fazem necessárias diante da possibilidade de cronificação, do agravamento do quadro e de seqüelas decorrentes do uso de drogas. Não se pode
confundir o respeito às peculiaridades
individuais e sociais do sujeito com
omissão e permissividade. Sabe-se
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O caminho do objeto até o sujeito e o
do sujeito ao objeto passa através
de outro sujeito, em um dado contexto
sócio-cultural. (Vigotski, 1984)
O modelo e paradigma histórico-cultural
rico-cultural,
fundamentado
em
Vigostki, não consideram o homem
nem como máquina (mecanicismo)
nem como mero organismo vivo
(organicismo), mas como ser social
constituído “na e pelas relações sociais”
(Werner, 2000) .
Oriunda do paradigma históricocultural e na perspectiva dialética da
subjetividade social 3 ,
a aborda
aborda-gem afetivo-cognitivo
visa a
Não confundir
respeito às
peculiaridades com
omissão e
permissividade
3. O conceito de subjetividade social refere-se ao
rompimento “com a representação que constringe a
sujetividade ao intrapsíquico e se orienta para uma
representação da subjetividade que em todo momento
se manifesta na dialética entre o momento social e o
individual, este último representado por um sujeito
implicado de forma constante no processo de suas
práticas, de suas reflexões e de seus sentidos subjetivos.
O sujeito representa um momento de contradição e
confrontação não somente com o social, mas também
com sua pr´pria constituição subjetiva que representa
um momento gerador de sentido de suas práticas”
(González-Rey, 2003, p.240).
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ultrapassar as concepções éticoclínico-organicistas,
moralistas e clínico-organicistas
visando a compreender melhor a
relação do sujeito com a droga . Ao
conceber o homem como conjunto
das
relações
sociais
inter na
na-lizadas , o modelo histórico-cultural
visa também estabelecer nova compreensão da relação epistemológica
entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Enquanto o modelo mecanicista enfatiza o objeto e o modelo
organicista privilegia o sujeito, o
modelo histórico-social estabelece o
princípio da interação dialética
entre sujeito e objeto, partindo do
pressuposto de que essa interação é
necessariamente
mediada
pelas
significações do grupo social
Em função do princípio da interatividade/mediação social, a
abordagem afetivo-cognitivo, subordinada
considera que
à subjetividade social, “considera
todos os aspectos da relação do
sujeito com a
droga, mesmo os
biológicos, são processos mediados
e transformados pela sociedade e
pelas relações interpessoais” (Werner, in: ANDI/IAS, 2003).
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O significado
social modifica
o julgamento
dos efeitos
palpáveis das
drogas
O conceito de mediação social (e
semiótica) proposto por Vigotski coloca
em relevo que todas as funções mentais
típicas do homem (pensamento, linguagem, atenção dirigida) ocorrem primeiramente entre pessoas (interpsíquicas),
para gozarem, então, de expressão interior (intrapsíquica). Nessa perspectiva,
os problemas relacionados ao álcool e
outras drogas não podem ser examinados enquanto manifestações primárias do organismo individual.
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Baseando-se no conceito de mediação social, é possível problematizar o lugar comum que relaciona o
consumo das drogas ao prazer proporcionado pelas propriedades químicas
das mesmas. Na verdade, os relatos
das primeiras experiências com as
drogas não são necessariamente de
sensações prazerosas. Os usuários
relatam, com muito freqüência, sensações tais como: mal-estar, pânico/
ansiedade, medo da morte, perda de
controle da situação, depressão, sonolência, embriaguez indesejada, preocupação, culpa, confusão mental/
alteração da consciência e da percepção da realidade, paranóias, alucinações aterrorizante etc., ou, ao
contrário, não sentem nada. Na verdade, o que caracteriza os efeitos da
droga, principalmente no início de seu
uso, não é o prazer em si, mas o significado social dado às sensações decorrentes das alterações químicas cerebrais. O significado social é capaz
inclusive de influenciar ou modificar o
julgamento do sujeito sobre as sensações decorrentes dos efeitos físicos
palpáveis das drogas. Em uma festa,
por exemplo, o adolescente pode se
sentir estimulado a beber não pelo
gosto ou prazer da bebida, mas pela
necessidade de “desinibição social”, que
lhe permite atender melhor às expectativas relativas ao seu papel social. Para outro indivíduo, entretanto,
a mesma sensação desinibição propiciada pela bebida (de “ausência de
autocrítica”) pode significar “vergonha
de fazer papel ridículo”. Outro exemplo:
a mesma sensação de perda de “noção
de tempo e espaço”, proporcionado
pela maconha, pode significar “um
grande barato”, para alguns usuários,
ou, gerar “sensação de pânico e medo
de morrer”, em outros. A sensação do
Os relatos das
primeiras
experiências
com as drogas
não são de
sensações
prazerosas
Mediação e o significado
social da droga: o mito
do prazer
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usuário ao usar uma droga depende,
portanto, muito mais do processo
social de significação do que do efeito
da droga, em si mesma.
Droga-signo
Na perspectiva histórico-cultural, é possível considerar a droga
como um “ signo” 4 e compará-la aos
signos lingüísticos, no que se refere a
sua utilização, aprendizagem, domínio
e representação neurológica. O indivíduo se apropria do significado do
signo/droga, a partir da mediação
social, como ocorre com as palavras.
Tanto a aprendizagem do signo-droga
como do signo-linguístico envolve
aspectos afetivo-cognitivos, culturais e
sociais, determinando, ainda, a formação de redes neuronais e de padrões
específicos de funcionamento cerebral. Sabe-se que uma vez formada e
automatizada, a habilidade lingüística
não pode ser voluntariamente “esquecida” – mesmo que o indivíduo não mais
a queira utilizar. Nos casos de indivíduos já diagnosticados como dependentes de drogas, a prática clínica tem
demonstrado que mesmo após anos
em abstinência, caso venha a se expor
novamente à droga, diretamente ou
em situações que signifiquem seu uso,
há sempre grande possibilidade de
recaída – ou seja, do retorno ao mesmo
padrão de uso anterior. O motivo é que
a “linguagem-droga” pode emergir a
qualquer tempo, pois é constituída por
signos que entram na formação da
4. Signo, de forma genérica, pode ser qualquer coisa
que substitua outra. Há signos lingüísticos (palavras) e
não-linguísticos (ícones). Para Vigostki , o signo
“constitui um meio de atividade interna dirigido para o
controle do próprio indivíduo: o signo é orientado
internamente. (1998). “Tudo que é ideológico possui
um significado e remete a algo situado fora de si
mesmo, [...], tudo que é ideológico é signo. Sem signos
não existe ideologia”. (BAKHTIN, 1998).
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subjetividade do sujeito. Em termos
comparativos, o mesmo fenômeno ocorre quando indivíduos voltam a falar a
língua materna, mesmo que tenham
ficado muito tempo sem utilizá-la.
Como qualquer signo, a “droga” também interfere nas funções psíquicas
superiores, alterando a organização
Uma vez formada, a da mente, em diferentes níveis, incluhabilidade lingüística sive no nível consciente-volitivo – que
não pode ser
se refere à vontade e à autodeter“esquecida”
minação do sujeito. Pode-se depreender as dificuldades do paciente em
abandonar a “droga”, constituída como
elemento constitutivo da sua personalidade e como instrumento de comunicação e de relacionamento com
o mundo e consigo mesmo.
A “linguagemA comparação da droga com o
droga” pode emergir signo
permite também estabelecer
a qualquer tempo
princípios para o trabalho de prevenção e tratamento. Como o signo
pode ter vários significados e se influencia pelas muitas vozes e discursos, da mesma forma, a droga/signo
pode produzir tanto a “linguagemdroga” como a “linguagem anti-droga”.
Assim, o importante nas abordagens
preventivas seria evitar a aprendizagem e a sedimentação da “droga/
signo” com o significado de liberdade
pessoal, prazer, felicidade, sociabilidade, contestação, sexualidade, identidade social, superação dos limites,
A significação
da droga é
coragem, sedução, amizade... A signi“apropriada”
ficação da droga é “apropriada” pelo
pelo sujeito
sujeito muito antes do seu uso expeantes do seu uso
rimental e recreativo, sendo compartilhada pelas crianças, através da
mídia, dos costumes sociais e dos
exemplos familiares. Sabe-se que a
criança exposta a determinada língua,
aprende com muita facilidade e rapidez. Da mesma forma, quanto mais
cedo se faz uso do droga /signo (bebendo álcool, fumando tabaco ou utili-
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zando qualquer outra substância
psicoativa) em contexto significados,
maior será o risco de “apropriar-se” da
droga como forma de linguagem e
dela se tornar dependente. Corroborando essa afirmação, estudos mostram que quem começa beber antes
dos 15 anos tem quatro vezes mais
chances de se tornar dependente do
que quem começou a beber depois
dos 21 anos.
Na recuperação do dependente,
por exemplo, o objetivo é mediar a coconstrução de outras formas de linguagem, ou seja, de outras maneiras
do indivíduo relacionar-se com o outro
e com seus próprios sentimentos – só
assim a “linguagem-droga” poderá vir
a torna-se dispensável para o paciente.
Para tanto, será imprescindível oferecer o nível de assistência/ajuda que
ele necessita.
Como ocorre com qualquer processo de aprendizagem, é importante
ressaltar que para o indivíduo apropriar-se de uma “nova linguagem”, é
preciso existir motivo que lhe seja
socialmente significativo.
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É preciso existir
motivo significativo
para o indivíduo
apropriar-se de uma
“nova linguagem”
A abordagem
afetivo-cognitiva
ancora-se na
perspectiva dialética
da subjetividade
social
Abordagem afetivocognitiva e sua
aplicação terapêutica
Fundamentada no modelo histórico-cultural, a abordagem afetivocognitiva ancora-se na perspectiva
dialética da subjetividade social. Mais
especificamente, a abordagem afetivo-cognitiva tem sua base conceitual
constituída a partir dos trabalhos de
Vigostki, Bakthin e Ginzburg. Não
obstante, sua aplicação no campo da
Saúde Mental e da prevenção/tratamento das drogas se baseia, mais especificamente, na perspectiva de
Werner (1997) e incorpora a
Revista de Educação do Cogeime
A abordagem
afetivo-cognitiva
não é
simplesmente
ativa ou diretiva
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contribuição de autores como Góes,
Smolka, Pino, Gonzalez-Rey, Wertsch –
representantes do referencial
da
psicologia histórico-cultural.
A abordagem afetivo-cognitiva
visa a contribuir para superação do
impasse – ainda muito presente na área
terapêutica – que gira em torno da
dicotomia entre objetivo e subjetivo,
entre físico e psíquico, entre cognitivo
e afetivo, entre corpo e mente. Assim,
a própria expressão afetivo-cognitivo
vem da perspectiva de Vigotski, que
compreende os processos mentais
humanos a partir de unidades-signos,
nas quais
afeto e cognição são
processos indissociáveis.
Ao contrário da visão cognitivista –
na qual o “pensamento precede a emoção” – a abordagem proposta parte do
princípio que o homem é a “internalização de relações socais” e que somente o significado da experiência
pode determinar a “carga afetiva” necessária a internalização e a reconstrução interna das relações sociais e
terapêuticas. Assim, não basta a utilização de métodos cognitivos e de
racionalização para que o indivíduo
venha a organizar e transformar suas
funções psíquicas superiores (percepção, consciência, vontade, pensamento, linguagem, atenção dirigida,
auto-regulação do comportamento).
Há necessidade, antes de tudo, de que
o sujeito se sinta afetado pelo “outro”,
pelo mediador – o que só é possível em
função do significado propiciado pelo
contexto social atual e pela história
pessoal (contexto histórico já vivenciado e internalizado pelo sujeito).
A abordagem afetivo-cognitiva
não é uma abordagem simplesmente
ativa ou diretiva, mas interativa – ou
seja: baseia-se na mediação do sujeito
social. Isto significa que a prática teraAno
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pêutica deve atuar na “zona de desenvolvimento proximal” (Vigotski,
idem) do paciente, ou seja, no espaço
delimitado entre o que o paciente é
capaz de fazer por si mesmo e o que
ele só será capaz de realizar com a
ajuda do outro, do terapeuta e da
terapia. Nesse processo de interatividade, para atingir a auto-regulação, o paciente precisa ter acesso à
inter-regulação adequada. Para tanto,
o mediador deve assumir posição de
maior ou menor regulação do paciente, de mais ou menos assimetria, estabelecendo confrontos, acordos e limites. A carga afetiva necessária à
transformação da inter-regulação em
auto-regulação só pode ser obtida a
partir de um significado social mais
forte do que aquele construído com o
uso da droga. Assim, em função do
grau de comprometimento do paciente, o significado social pode vir da
família, da religião, do trabalho, do
poder judiciário. Na experiência prática, muitos pacientes só conseguem a
carga afetiva necessária para iniciar o
processo terapêutico quando correm
o risco de perder o trabalho, a vida
(“fundo do poço”) ou a liberdade (caso
das propostas de transação penal) e,
infelizmente, muitas vezes, nem assim.
O foco principal é, portanto, coconstruir com o paciente processos
afetivo-cognitivos que permitam o
desenvolvimento não só do seu autocontrole, mas de novas formas de
operar a realidade. Nessa direção, as
práticas terapêuticas da abordagem
afetivo-cognitiva podem ser variadas
e diversificadas e incorporar, inclusive,
técnicas utilizadas em outras abordagens. A diferença reside no eixo da
ação terapêutica, que
não estará
centrada nem no sujeito, nem na técnica em si, mas nos “processos interativos
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em ocorrência”, na “permanente produção de sentido” que envolve os interlocutores e no “contexto históricosocial-cultural” que determina, em
última instância, o significado e o
sentido da experiência.
A seguir serão apresentados, de forma resumida e, em consonância com a
proposta da abordagem afetivo-cognitiva apresentada, alguns dos princípios
que são utilizados em experiências em
curso com adolescentes e adultos, sob
orientação do autor:
• A relação do indivíduo com a
droga é sempre mediada socialmente
mente. A perspectiva afetivo-cognitiva/ sócio-subjetividade / históricocultural considera que
todos os
aspectos da relação sujeito com a droga, mesmo os biológicos, são processos
mediados e transformados pela sociedade e pelas relações interpessoais.
• A terapia – individual ou em
grupo – fundamenta-se no pro
cesso
processo
interativo-dialógico
interativo-dialógico. O processo
terapêutico envolve a co-construção
de novos processos afetivo-cognitivos, através da reconstrução interna de relações interpessoais, mediadas socialmente.
• O acesso ao tratamento de qualidade é uma questão de direito à
vida e à saúde
saúde. O poder público, nos
níveis municipal, estadual e federal,
deve garantir o atendimento adequado a todos aqueles que estejam
com problemas relacionados ao uso
de álcool e outras drogas, incluindo a
família. Para tanto, deve articular-se
com a sociedade civil, em busca de
soluções e parcerias.
• O nível de assistência terapêutica varia de caso a caso
caso. Existe
uma diversidade de situações pessoais
– médicas, sociais, legais – e de características socio-familiares que devem ser
O foco principal é
construir com o
paciente processos
afetivo-cognitivos
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de tratamentos devem estar em constante avaliação e reformulação para
que possam se adequar à dinâmica
interfuncional do paciente, em cada
momento
de
sua
recuperação
(adaptado; NIDA, 1999).
• O tratamento para ser efetivo
precisa que o paciente usufrua do
mesmo por um certo período de
tempo
tempo.A duração adequada vai depender de cada pessoa. Os efeitos
benéficos da terapia começam a se
fazer sentir somente após três meses
de programa terapêutico – a partir daí
os avanços seriam alcançados de forma mais acelerada. O problema é que
muitos participantes abandonam o
tratamento, precocemente, antes dos
três meses. Por esse motivo, todos os
esforços e estratégias devem ser direcionados no sentido de manter adesão
do paciente ao programa (adaptado;
NIDA, 1999).
• O tratamento, em muitos casos,
pode incluir como elemento importante os medicamentos, associados
a outras modalidades terapêuticas.
(NIDA,1999).
• No caso de indivíduos com problemas de abuso ou dependência
de drogas que ao mesmo tempo
tenham transtornos mentais, se
deve tratar dos problemas de uma
maneira integrada. Com freqüência
se encontram transtornos de adição e
transtornos mentais no mesmo indivíduo. Esses pacientes devem ser avaliados e tratados também pela presença do outro tipo de transtorno
(NIDA, 1999) .
• A desintoxicação médica é somente a primeira etapa do tratamento e por si mesma faz pouco
para modificar o uso de drogas a
longo prazo
prazo. A desintoxicação médica maneja, cuidadosamente, os sin-
contempladas na abordagem do problema das drogas. No caso das classes
populares, por exemplo, é fundamental que os programas também visem a
contribuir para o enfrentamento da
pobreza e das desigualdades sociais –
fatores que, muitas vezes, encontramse na raiz do problema e ou dificultam
a recuperação do paciente.
• O objetivo principal é oferecer
ao paciente oportunidade de reconstrução interna da sua autoregulação e de novas formas de
operar a realidade. Para tanto, considera-se importante estabelecer, o
mais cedo possível, medidas efetivas
de inter-regulação.
Além desses princípios, é importante ressaltar princípios oriundos de
outras abordagens que estão em consonância com a abordagem proposta
neste texto, como os expressos pelo
NIDA - NATIONAL INSTITUTE ON
DRUG ABUSE (EUA).
ão existe um único tratamento
• Não
que seja apropriado para todas as
pessoas
pessoas. A diferença, em geral, não
reside em técnica ou método isolado,
mas no conjunto de intervenções, no
ambiente adequado e no oferecimento
do tipo e nível de assistência que atenda de forma as necessidades do paciente (adaptado; NIDA, 1999).
• O tratamento não precisa ser
voluntário para ser efetivo
efetivo. Em experiências nacionais e internacionais
constata-se que o início do tratamento
pode ser facilitado por forte motivação
decorrente de pressões no âmbito do
judicial, da família e do ambiente
laboral (adaptado; NIDA, 1999).
• O processo de tratamento não
é um processo é linear ou mecânico,
ao contrário, é dinâmico e dialético,
apresentando avanços e retrocessos
cessos. Por esse motivo os programas
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ceiros e outros. A terapia pode ajudar
aos pacientes a evitar comportamentos de alto risco. Também pode ajudar
as pessoas que já estão infectadas a
manejar a enfermidade (NIDA, 1999).
• A recuperação da drogadicção
pode ser um processo a longo prazo
e freqüentemente requer múltiplos
turnos de tratamentos
tratamentos. Tal como
outras enfermidades crônicas, a reincidência no uso de drogas pode ocorrer
durante e depois de tratamento com
êxitos. Os pacientes podem requerer
tratamentos prolongados e múltiplos
turnos de tratamentos para chegar a
alcançar a abstinência, e um funcionamento completamente restabelecido. Participação em programas de
ajuda- mútua durante o pós-tratamento serve de apoio para manter a abstinência (NIDA,1999).
Concluindo, a abordagem afetivo-cognitiva
tivo-cognitiva, interpretada à luz da
subjetividade social, pode ser promissora no campo do estudo, prevenção e
tratamento dos problemas relacionado
ao uso de drogas. Essa abordagem
considera os conhecimentos produzidos
por outras linhas e abordagens, mas
avança no sentido de ressignificá-las à
luz do paradigma histórico-cultural,
paradigma que tem como pressuposto
central “o papel da mediação do social
na constituição do sujeito”.
tomas físicos agudos da síndrome da
abstinência, que ocorrem quando se
deixa de usar alguma droga. Ainda
que a desintoxicação por si mesma
raramente seja suficiente para manter
a abstinência dos pacientes adictos
por longo tempo, para alguns serve
como precursor fortemente indicado
para o tratamento (NIDA, 1999).
• O possível uso de drogas durante o tratamento deve ser monitorado. Durante o período de tratamento pode haver recaídas e
lapsos
lapsos. A supervisão objetiva do uso
de álcool e drogas, durante o tratamento, incluindo a análise de urina e
outros exames, pode ajudar o paciente
a resistir ao seus impulsos de usar
drogas. Este tipo de supervisão pode,
inclusive, ao proporcionar a evidência
do uso de drogas, indicar que o plano de
tratamento do paciente precisa ser
reajustado. Os pacientes e/ou seus
responsáveis (no caso de adolescentes)
devem ter autorizado, previamente, a
realização dos exames e ser informados
dos resultados (NIDA, 1999).
• Os programas de tratamento
devem incluir exames para o HIV/
AIDS, a Hepatite B e C, a tuberculose e outras enfermidades infecciosas
fecciosas, conjuntamente com a terapia necessária para ajudar aos
pacientes a modificar ou transformar
aqueles comportamentos que os coloquem em risco – os próprios, seus par-
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