ÁREA TEMÁTICA: 6- Altas habilidades/superdotação e talentos: processos de identificação e avaliação. INVESTIGAÇÕES SOBRE PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO DE ALTAS HABILIDADES EM MÚSICA TERUYA, Fabio Soares 1 RESUMO: A avaliação de altas habilidades/superdotação em música ainda não dispõe de produção bibliográfica específica que forneça parâmetros coerentes com a realidade da educação musical brasileira para identificação de tais habilidades. Este estudo tem como objetivo a investigação sobre tais parâmetros e tem como ponto de partida alguns apontamentos de Ellen Winner e a análise de características comumente tomadas como traços da existência de altas habilidades em música. Verifica-se que algumas ideias colocadas por Winner não se aplicam ou necessitam de adequação a realidade da educação brasileira devido às diferenças culturais e estruturais dos sistemas educacionais. Observa-se também que algumas características são deixadas de lado dentre os traços de altas habilidades/superdotação em música elencados pela maioria dos autores. Palavras-Chave: Educação Musical; Superdotação; Método Avaliativo. 1 NAAH/S MS – Núcleo de atividades de altas habilidades/superdotação de Mato Grosso do Sul. Licenciado em Música. E-mail: [email protected] INVESTIGATIONS ON PARAMETERS FOR HIGH ABILITY ASSESSMENT IN MUSIC ABSTRACT: The evaluation of high ability/gifted in music does not yet have specific bibliographic production that provides parameters consistent with the reality of Brazilian music education to identify those skills. This study aims to research on these parameters and has as its starting point some notes by Ellen Winner and analysis of characteristics commonly taken as traces of the existence of high ability in music. It appears that some ideas raised by Winner are not applicable or need to be adjusted to the reality of Brazilian education due to cultural and structural differences of educational systems. It was also noted that some features are left out from the traces of high ability/gifted in music listed by most authors. Keywords: Music Education, Giftedness, Evaluative Method. 1. O mito do dom e esclarecimento de conceitos Muitos mitos envolvem as habilidades artísticas superiores ou acima da média que alguns indivíduos possuem. Comumente a habilidade para o desenho ou a pintura, bem como as habilidades em cantar ou tocar muito bem um instrumento musical são chamadas de dons. Na maioria das vezes, esse termo surge em algum contexto religioso ou é empregado de forma mística. Outras vezes, a ausência deste “dom” é utilizada como desculpa ou motivo para que alguém desista de tentar aprender ou desenvolver uma habilidade, como quando alguém que estuda um instrumento musical, por exemplo, diante das dificuldades encontradas alega “eu não possuo o dom para isso”. Por outro lado, no caso da música, existe um time de músicos eruditos e profissionais da área, autodidatas ou da academia, que alegam não existir pré-disposição ou “dom”, e que o desenvolvimento de habilidades em tocar um instrumento musical, compor ou cantar é resultado unicamente de incansáveis horas de estudo árduo. Denominar esses comportamentos superiores simplesmente como dons é um meio rápido e confortável de encará-los, mas também representa uma forma de ignorá-los e impedir sua real compreensão. Os estudos em superdotação/altas habilidades desmistificam e contribuem para o entendimento desses comportamentos. Aceitar que a superdotação existe é o primeiro passo para tentar compreende-la. Desde os primeiros estudos iniciados por Terman, a superdotação tem sido objeto de numerosas pesquisas que oferecem opções para os interessados em compreender o que são as altas habilidades. Segundo o documento orientador do MEC Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial – Área de Altas Habilidades: Portadores de altas habilidades/superdotação são os educandos que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual superior aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora. (p.17). Renzulli considera que a superdotação ocorre de duas formas, a superdotação no contexto educacional e a criativa produtiva: O primeiro tipo pode também ser chamada de “habilidade do teste ou da aprendizagem da lição”, pois é o tipo mais facilmente identificado pelos testes de QI para a entrada nos programas especiais. Como as habilidades medidas nos testes de QI são as mesmas exigidas nas situações de aprendizagem escolar, o aluno com alto QI também tira boas notas na escola. A ênfase neste tipo de habilidade recai sobre os processos de aprendizagem dedutiva, treinamento estruturado nos processos de pensamento, e aquisição, estoque e recuperação da informação. Já a habilidade criativa-produtiva implica no desenvolvimento de materiais e produtos originais; aqui, a ênfase é colocada no uso e aplicação da informação - conteúdo - e processos de pensamento de forma integrada, indutiva, e orientada para os problemas reais. O aluno, nesta abordagem, é visto como um “aprendiz em primeira-mão”, no sentido de que ele trabalha nos problemas que têm relevância para ele e são considerados desafiadores (Renzulli, apud Virgolin). 2. Avaliação, identificação e diversidade das altas habilidades/superdotação em música Um dos pontos mais delicados do trabalho com altas habilidades/superdotação está na identificação dos indivíduos que a possuem ou apresentam comportamentos de superdotação. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação sobre parâmetros para a avaliação e identificação de indivíduos que possuem altas habilidades especificamente na área musical. Entre os autores que estudam a superdotação/altas habilidades, a autora Ellen Winner, destaca-se por dedicar atenção especial a superdotação artística e musical. A autora utiliza o termo superdotado para referir-se a crianças com três características atípicas: precocidade – crianças que dão os primeiros passos no domínio de alguma área em uma idade inferior à média e progridem mais rápido neste domínio porque a aprendizagem ocorre com facilidade para elas; uma insistência em fazer as coisas do seu modo – as crianças inventam e projetam formas idiossincrásicas de resolver problemas, são portanto, criativas; uma fúria por dominar – são intrinsicamente motivadas a extrair sentido da área na qual demonstram precocidade, demonstrando interesse intenso e obsessivo e foco (Winner,1998). Um dos mitos ainda existentes na identificação de indivíduos superdotados está relacionado aos testes de QI. Winner ressalta que não necessariamente um resultado mediano no escore do teste de inteligência pode significar a ausência de superdotação. A autora lembra que aptidões fortes em artes ou música poderiam passar despercebidas se a avaliação fosse baseada apenas em testes de QI. Embora a autora afirme que os superdotados musicalmente geralmente apresentam QIs altos (mais comumente que nas artes visuais), também relata que existem casos de indivíduos com retardo severo que mostram habilidades espantosas em arte e música (Winner, 1998). É o caso dos indivíduos denominados como savants, que caracterizam-se por uma habilidade significativamente superior em uma área específica, ao mesmo tempo em que apresentam um atraso mental pronunciado (Alencar, 2007). Há ainda dois pontos colocados por Winner que valem ser ressaltados: o primeiro é o fato de que os portadores de altas habilidades em música que possuem QIs altos e apresentam desempenho acadêmico elevado, geralmente seguem o caminho da música erudita ou música clássica (como é popularmente chamada), estudam instrumentos e aprendem músicas através da leitura de partituras e também estudam teoria musical. Estes indivíduos “tendem a ter pais educados que proporcionam uma atmosfera intelectual estimulante em casa” (Winner, 1998). O segundo ponto é que os superdotados musicalmente podem apresentar mais frequentemente bom desempenho acadêmico porque estão acostumados ao trabalho duro e perseverança necessários para as lições de música formais, bem como a leitura e a disciplina de uma rotina diária de estudos sob um sistema musical altamente estruturado e cheio de regras. E quanto aos superdotados musicais que “tocam de ouvido”? “Tocar de ouvido” é uma expressão popular muito utilizada para se referir a músicos (principalmente por eles próprios) que não leem partitura ou outros sistemas de escrita musical, não possuem conhecimentos em teoria musical ou nunca tiveram lições formais de música. Estes indivíduos aprendem a tocar um instrumento musical através da tentativa e erro, geralmente são autodidatas e muito sensíveis aos sons, muitas vezes reconhecendo notas musicais, faixas de frequências sonoras e padrões rítmicos, e aprendem seu repertório partindo apenas de sua audição. Segundo Winner (1998), neste grupo de indivíduos existe uma menor incidência de QIs elevados se comparado ao grupo dos superdotados musicalmente que estudam música clássica. O que não significa, de forma alguma, que suas habilidades musicais sejam inferiores. Vale lembrar que os superdotados musicais que não estudam métodos formais, na maioria das vezes, criam suas próprias formas de aprender, ou seja, fazem as coisas ao seu modo, uma das características da superdotação listadas por Winner. Estes indivíduos são também muito criativos, são compositores, costumam realizar improvisos musicais de melodias e serem capazes de acompanhar harmonicamente melodias sem nunca terem as ouvido antes. Novamente é preciso retomar a questão dos mitos: os prodígios musicais. Nem todos os superdotados musicais (na realidade, pouquíssimos) devem ser capazes de compor sua primeira sinfonia antes de completar nove anos de idade ou uma ópera aos doze. Embora este trabalho não objetive ater-se a terminologias, um assunto já amplamente discutido, o caso de W. A. Mozart, autor dos feitos descritos acima e de muitos outros como ser um virtuose no teclado e violino aos 6 anos, é um caso claro de uma criança prodígio: “aquelas que se caracterizam por uma performance extraordinária em seus primeiros anos, tendo antes dos 10 anos um desempenho similar a de um adulto altamente qualificado em um determinado domínio”(Alencar, 2007). Em seu livro Crianças superdotadas: mitos e realidades (1998), Winner mostra dois interessantes exemplos de superdotação musical, ou melhor, dois prováveis prodígios: um garoto que aos sete anos tocava guitarra elétrica e compunha com a competência de um músico adulto, inteiramente de ouvido, e outro que lia partituras orquestrais, interessado em teoria musical, compositor e arranjador, com uma audição infalível e que recebeu um prêmio de teoria musical de uma escola tradicional, antes dado sempre a adultos, aos nove anos de idade. A autora deixa claro que estes são casos extremos de superdotação musical. Todavia, não é demais salientar que não devemos basear-nos em tais situações para identificar outros superdotados musicais. Em outras palavras, não devemos achar que todos que possuem altas habilidades em música serão necessariamente prodígios. Os dois casos citados acima emergem em um ambiente que, de certa forma, é mais propenso para tal que a realidade brasileira, onde a cultura da música erudita não é tão abrangente, a música não faz parte das disciplinas regulares nas escolas, poucas crianças tem acesso a aulas de música, e o poder aquisitivo e a iniciativa para adquirir instrumentos musicais de um modo geral são menores. Outra colocação da autora sugere que é mais comum encontrar uma criança superdotada em música clássica, tocando pela partitura e não por ouvido. Possivelmente essa afirmação não se aplique a realidade brasileira, visto que, se comparado ao total, uma parcela mínima das crianças e estudantes sabe ler partitura e a prática de “tocar de ouvido” é algo comum. Isso talvez seja uma consequência da necessidade ou simplesmente por que estudar música não é ainda, em nossa cultura, algo considerado essencial (a começar por não fazer efetivamente parte das disciplinas oferecidas na escola regular). Winner também compreende essa maior ocorrência de superdotação em música clássica, como um fenômeno cultural de classe. Após essas primeiras palavras, podemos ao menos fazer as seguintes observações: a superdotação musical ocorre e diferentes níveis e de diferentes maneiras nas quais o ambiente tem influência direta. Passaremos agora a listar algumas características presentes nas crianças com altas habilidades/superdotação. 3. Investigando características e traços de altas habilidades/superdotação em música Novamente recorreremos aos apontamentos de Winner. Segunda a autora, a habilidade central da criança superdotada envolve uma sensibilidade à estrutura musical – tonalidade, harmonia, ritmo. Quanto a precocidade a autora defende que o indício mais precoce de uma criança superdotada musicalmente é um forte interesse e deleite em relação aos sons musicais e a habilidade de cantar acuradamente canções ouvida, demonstrando memoria musical excepcional, um dos grandes indicadores de altas habilidades em música. Outra habilidade notável em algumas crianças que possuem altas habilidades em música é o ouvido absoluto. Trata-se de uma habilidade rara na qual um indivíduo é capaz de identificar notas musicais sem nenhuma referência externa: O ouvido absoluto é um traço cognitivo caracterizado pela capacidade de identificar a altura de qualquer tom isolado usando rótulos como dó (261 Hz) e/ou de produzir um tom específico (através do canto, por exemplo) sem nenhuma referência externa. (Bachem, 1937; Baggaley, 1974; Ward, 1999). Estima-se que a incidência de ouvido absoluto na população em geral seja de 1/1500 a 1/10.000 (Bachem, 1955; Profita e Bidder, 1988; Takeuchi e Hulse, 1993). Entre músicos, a incidência parece ser de 5 a 50/100, sendo que a maior concentração encontra-se entre estudantes de música asiáticos (Welleck, 1963; Chouard e Sposetti, 1991; Gregersen et al., 1999). (apud Vanzella et al, 2008) A presença dessa habilidade, contudo, não significa obrigatoriamente superdotação musical nem é necessária para ela exista. O fato é que tal habilidade pode facilitar ou permitir que indivíduos que a possuem realizem tarefas específicas, como transcrever uma música ou melodia ou obra musical, cantar ou tocar um instrumento musical de maneira afinada ou no caso de um regente, perceber desafinações e corrigir erros. Porém existem relatos de que em certas situações essa habilidade seria prejudicial, por exemplo, quando um regente solicita a um músico com ouvido absoluto que leia uma partitura um quarto de tom acima. A leitura musical a primeira vista, ou uma leitura musical desenvolvida, é também uma habilidade que pode ou não estar presente em superdotados musicais. Existem músicos excelentes que não sabem ler uma única nota musical. Por outro lado, nos superdotados em música erudita ou clássica, se podemos assim chamá-los, a incidência desta habilidade obviamente é muito alta. Além das características listadas acima, Winner destaca também o que chama de generatividade musical. Essa característica está ligada a criação musical. Segundo a autora todas as crianças começam a criar suas próprias músicas por volta dos dezoito meses. Esta atividade e o canto espontâneo tende a diminuir com o tempo, à medida que a criança se torna preocupada com o julgamento de outros e cometer erros. A criação musical está relacionada a composição, improvisação, possivelmente observáveis. arranjos, A transposições presença de e variações, criatividade como todas atividades traço de altas habilidades/superdotação é praticamente um consenso entre as teorias dos estudiosos da área. Estas características podem fornecer alguns parâmetros para a avaliação e identificação de alunos com altas habilidades/superdotação em música, contudo ainda não contemplam todos os possíveis traços identificadores. Os documentos orientadores do MEC que tratam da superdotação fornecem informações sobre características dos superdotados e listas de traços de altas habilidades em um contexto geral, mas não abordam as especificidades da área musical. Partindo da premissa de que as altas habilidades em música podem ocorrer de diferentes formas, observaremos a lista abaixo com várias modalidades e habilidades musicais baseados em conhecimentos e termos específicos de teoria musical: - Senso rítmico; - Regularidade do pulso e andamento; - Subdivisão e compreensão das durações dos sons ou notas musicais; - Compreensão da estrutura de ritmos característicos; - Domínios de acentuações e métrica musical; - Capacidade de combinar diferentes ritmos (polirritmia); - Capacidade e estabelecer relações de proporção de durações; - Improvisação e composição rítmica; - Compreensão de motivos e temas rítmicos; - Conhecimento de ritmos específicos; - Compreensão de melodias; - Reconhecimento de escalas musicais; - Reconhecimento de melodias, motivos ou temas musicais melódicos; - Reconhecimento de notas musicais; - Capacidade de transcrever melodias ouvidas; - Capacidade de reproduzir melodias; - Memória musical melodia, rítmica ou harmônica; - Compreensão de estruturas e texturas musicais: polifonia, homofonia, monofonia, monodia, heterofonia; - Capacidade de ler e escrever música; - Habilidade em cantar; - Habilidade em tocar um instrumento; - Compreensão de harmônicas, acordes; - Encadeamento de acordes; - Habilidades em improvisação melodia e harmônica; - Habilidade em composição musical; - Conhecimento em teoria musical; - Compreensão de formas musicais; - Conhecimento em historia da música e repertório; - Elevado nível técnico instrumental; - Habilidade em regência; Esta lista de características e habilidades poderia prolongar-se ainda mais, no entanto já possuímos um conjunto de informações que podem ser combinadas buscando parâmetros para avaliação de altas habilidades em música. Como já foi dito, um indivíduo não precisa apresentar todas essas habilidades para ser considerado superdotado musicalmente. Podemos imaginar um baterista ou percussionista profissional. Tomaremos como exemplo o baterista de jazz norte americano Jim Chapin (1919 – 2009). Este instrumentista destacou-se mundialmente como músico exclusivamente pelo trabalho desenvolvido com a bateria. Este instrumento musical é utilizado exclusivamente na execução de ritmos. Geralmente não há uma preocupação com notas musicais. Além de ser um ótimo instrumentista executando performances musicais este músico desenvolveu um nível técnico instrumental bastante elevado. Foi responsável por disseminar um tipo específico de técnica do instrumento e influenciou e continua a influenciar por seu trabalho didático uma infinidade de estudantes. Neste caso, temos um músico com grandes indícios de altas habilidades/superdotação que não apresentou ou se destacou por habilidades em encadeamentos harmônicos ou melódicos. Podemos destacar das características listadas acima, que este músico possuía: um alto nível técnico instrumental, senso rítmico, regularidade de pulso e andamento, subdivisão e compreensão das durações dos sons ou notas musicais, compreensão da estrutura de ritmos característicos, domínios de acentuações e métrica musical, capacidade de combinar diferentes ritmos (polirritmia), capacidade e estabelecer relações de proporção de durações, improvisação e composição rítmica, compreensão de motivos e temas rítmicos, conhecimento de ritmos específicos, outras. De maneira similar um cantor não necessariamente precisa dominar polirritmias ou ser capaz de reger uma orquestra para destacar-se, mas pode ser capaz de cantar ópera muito bem. Esses exemplos ilustram especificidades da superdotação musical, que possivelmente necessitem de parâmetros igualmente mais específicos para serem identificados. O reconhecimento dessa diversidade de manifestações em superdotação musical nos leva não apenas a recorrer a mais traços de comportamento ou características, mas consequentemente a repensar nos métodos de avaliação utilizados no processo de identificação. De nada adiantaria avaliar uma cantora pelo modo como ela toca trompa. De modo semelhante, uma cantora que cantou música gospel durante toda sua vida jamais revelaria seu máximo potencial ou mesmo não chegaria a resultados satisfatórios em uma audição tal qual lhe fosse solicitado cantar uma aria de ópera. Os parâmetros avaliativos, portanto, não devem ser baseados apenas na presença ou não de traços, mas devem levar em conta fatores ambientais e culturais. Conclusão O estudo das altas habilidades/superdotação em música é vasto e complexo. Isso se deve ao fato da abrangência da área musical e as diversas formas possíveis de manifestação de superdotação. Esses fatores somados aos mitos que envolvem esse fenômeno dificultam a avaliação das altas habilidades em música, e tornam complexo o processo de identificação quando as características não são tão evidentes como ocorre em prodígios. A busca de parâmetros ou traços de altas habilidades/superdotação musicais pode contribuir para um avanço na identificação de indivíduos deste grupo. Também é necessário que processos e métodos avaliativos corretos sejam empregados, respeitando e atentando-se ao fato de que a superdotação ocorre em vários níveis, de diferentes maneiras e ambientes culturais ou meios também diversificados. Dessa maneira um maior número de indivíduos poderia ter seus potenciais descobertos e desenvolvidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alencar, E. M. l. S. (2007). Indivíduos com Altas Habilidades / Superdotação: clarificando conceitos, desfazendo ideias errôneas. In: Fleith, D. S. (Org.) A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Brasil. (1995). Subsídios para organização e funcionamento de serviços de educação especial: área de altas habilidades. Brasília: Ministério da Educação / Secretaria de Educação Especial. Winner, E. (1998). Crianças Superdotadas: mitos e realidades. (S. Costa, Trad.) Porto Alegre: Artes Médicas. Vanzella, P. (2008). Incidência e categorização de ouvido absoluto em estudantes de musica da Universidade de Brasília. In: Associação brasileira de cognição e artes musicais (Org.). IV Simpósio de cognição e artes musicais. Anais. São Paulo. Virgolim, A. M. R. (1997). O indivíduo superdotado: história, concepção e identificação. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília, Brasília – DF.