1 EFEITO DO SUBSTRATO ORGÂNICO NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE VINAGREIRA (Hibiscus sabdariffa L.)¹ João Bosco A. S. Almeida2; Genilson S. Oliveira3; Celso L. Barros4; José Brandão Menezes Júnior5; Glayde Maria Carvalho Veras6 1 Trabalho executado com recursos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, IFMA – Campus Codó. 2 Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, IFMA – Campus Codó; Codó, MA; E-mail: [email protected] 3 Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, IFMA – Campus Codó; 4 Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, IFMA – Campus Codó; 5 Técnico Administrativo em Educação do Instituto Federal de Educação , Ciência e Tecnologia do Maranhão, IFMA Campus Codó, Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFRRJ; 6 Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, IFMA - Campus Codó, Mestre em reprodução animal pela UFPI. RESUMO: O Hibiscus sabdariffa L. é uma hortaliça popularmente conhecida no Maranhão como vinagreira, é uma planta pertencente à família das malváceas, bastante consumida pela população do estado, apresentando-se com boa fonte nutricional. Atualmente, a produção de vinagreira no município de Codó, assim como nos demais municípios maranhenses, está vinculada a agricultura familiar, cultivada apenas com informações empíricas. Em virtude do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a produção de mudas de 03 variedades de vinagreira: comum, roxa e flor de veludo, utilizando 04 tipos de substrato diferentes, sendo eles: esterco bovino, caprino, compostagem e solo característico da região como testemunha, e assim avaliou qual o substrato melhor atendeu as exigências da cultura, sendo este, ideal para utilização na região dos cocais maranhenses. A pesquisa foi desenvolvida em casa de vegetação no IFMA - Campus Codó. Após o vigésimo quinto dia de germinação foram estudados os seguintes parâmetros: número de folhas (NF); diâmetro do caule (DC); tamanho do caule (TC); comprimento da raiz principal (CRP) e peso de matéria fresca (PMF). Feito as coletas dos dados referentes ao período germinativo, os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Assim, o esterco de Caprino ofereceu o melhor incremento produtivo para a variável comprimento de Raiz e Número de Folhas, os quais fazem parte dos principais parâmetros produtivos a serem observados durante a escolha de mudas. Termos de indexação: Cuxá; Codó; Produção orgânica. INTRODUÇÃO O Hibiscus sabdariffa L., é conhecida como “azedinha, azeda-da-guiné, caruru-azedo, caruruda-guiné, chá-da-jamaica, pamolha, pampulha, papoula, papoula-de-duas-cores, quiabeiro-azedo, quiabo-azedo, quiabo-de-angola, quiabo-róseo, quiabo-roxo, rosélia e vinagreira (MUKHTAR, 2007). É uma planta pertencente à família das Malváceas, bastante consumida pela população maranhense, sendo um vegetal arbustivo perene de grande rusticidade e de fácil cultivo, bastante difundida no estado. Tradicionalmente consumida na culinária regional, suas folhas são cozidas com carnes e legumes e entram na formulação de diversos pratos, incluindo o prato típico da culinária maranhense o arroz-de-cuxá. A planta apresenta um grande potencial nutricional, pois além das folhas as outras partes comestíveis apresentam-se como boas fontes de nutrientes como: carotenoides, vitaminas B e C, cálcio, fósforo, sais minerais, aminoácidos, proteínas e ferro (CARDOSO, 1997), este último de grande importância no combate a anemia ferropriva, além de possuir baixo valor calórico. Sua utilização não se restringe somente em alimentos, como também para fins agroindustriais e medicinais (Jorge et al., 1985). Na medicina tradicional, é utilizada como diurético, para tratamento de desordem gastrointestinal, infecções hepáticas, febre e hipertensão (MONROY-ORTIZ & CASTILLO-ESPANA, 2007). Ensaios farmacológicos têm demostrado uma gama de efeitos terapêuticos, como hepatoprotetor, antibacteriana (LIU, 2006), antioxidante (OLATUNDE & FAKOYA, 2005; RAMAKRISHNA et al., 2008), anticolesterol (LIN, 2007), anticâncer (OLVERA-GARCIA, 2008), anti-hipertensivo (HERRERA-ARELLANO, 2007). É uma planta arbustiva anual, de caule semilenhoso, que pode atingir cerca de 2 a 3 metros 2 de altura. Nas plantas novas, as folhas são inteiras e simples, mas depois, com o crescimento, as novas folhas são recortadas, formando 3 e 5 lóbulos. Os cálices são carnosos e vermelhos, com mais ou menos 2 centímetros de comprimento, e recobrem os frutos ovais onde estão as sementes (Blanco, 2001). As flores são hermafroditas e autoférteis formadas ao longo da haste da planta, axilar e pode ser amarelo-pálidas, rosa, roxa ou purpúrea após a fecundação (Panizza, 1997). Os frutos são formados após a fecundação possuindo cor vermelha vistosa de característica carnosa com tamanho médio de 2 a 4 centímetros tendo micro pelos finos e picantes (Martins et al., 1985). Atualmente, a produção de vinagreira no município de Codó, assim como nos demais municípios do estado do Maranhão, está ligada à agricultura familiar que conta, apenas, com as informações empíricas passadas de pai para filho. No estado, ainda há uma enorme carência de técnicas e estudos sobre os aspectos agronômicos da cultura, desde a obtenção de mudas até a colheita, desta forma, os produtores empregam pouco ou nenhum conhecimento técnico específico para os cultivares de vinagreira que possibilite maior produtividade e menor custo de produção. O cultivo de hortaliças tem na etapa de produção de mudas um fator determinante que influência na produtividade. Mudas de qualidade tornam-se cada vez mais um diferencial na produção de hortaliças fazendo com estas tornemse mais produtivas e competitivas em um mercado cada vez mais exigente. Com base nas informações produzias nesta pesquisa será possível obter informações que venham a contribuir na melhoria do desempenho produtivo da cultura da vinagreira no Maranhão. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na casa de vegetação do setor de horticultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA Campus Codó. Para estudo de 03 variedades de vinagreira, a comum (Hibiscus sabdariffa L ), flor de veludo (Hibiscus sabdariffa L ), e a roxa (Hibiscus acetosella). Utilizando 04 tipos de substratos, sendo 03 orgânicos e 01 como testemunha com solo característico da região (Neossolo Quartzarênico). Acondicionando-se em copos plásticos de 300 mL como recipientes devidamente preenchidos pelo substrato orgânico. Os tratamentos constituem-se:T1 – substrato de esterco bovino com a variedade comum; T2 substrato de esterco bovino com a variedade roxa; T3 – substrato de esterco bovino com a variedade veludo; T4 – substrato de esterco caprino com a variedade comum; T5 – substrato de caprino com a variedade roxa; T6 – substrato de caprino com a variedade veludo; T7 – substrato de compostagem com a variedade comum; T8 – substrato de compostagem com a variedade roxa; T9 – substrato de compostagem com a variedade veludo; T10 – solo com a variedade comum; T11 – solo com a variedade roxa; T12 – solo com a variedade veludo. Após 25 dias do plantio foi realizada a análise dos parâmetros que consistiu na determinação das seguintes variáveis: número de folhas (NF); diâmetro do caule (DC); comprimento da raiz principal (CRP) e peso de matéria fresca (PMF). Para a avaliação das mudas, as mesmas foram retiradas dos recipientes, levadas ao laboratório e lavadas em água corrente para a retirada do substrato aderente. O comprimento será dado com o auxílio de uma régua graduada em milímetros, a determinação do diâmetro foi medido com o auxilio de um paquímetro digital, a medição do peso da matéria fresca feita em balança digital. Os dados obtidos serão submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1. Médias para Número de Folhas (NF) em função de diferentes substratos de plantio. Codó, Maranhão, 2016. TRATAMENTO T1 - Est. Bovino T2 - Est. Caprino T3 - Comp. T4 - Solo comum MÉDIA a 6.91667 a 7.58333 a 7.33333 b 4.41667 Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 2. Médias para Diâmetro do Caule (DC) em (cm) ) em função de diferentes substratos de plantio. Codó, Maranhão, 2016. TRATAMENTO T1 - Est. Bovino T2 - Est. Caprino T3 - Comp. T4 - Solo comum MÉDIA ab 2.05333 a 2.08000 a 2.20333 b 1.33333 Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 3. Médias do Comprimento da Raiz Principal (CRP) em (cm) em função de diferentes substratos de plantio. Codó, Maranhão, 2016. TRATAMENTO T1 - Est. Bovino T2 - Est. Caprino T3 - Comp. T4 - Solo comum MÉDIA a 10.60333 a 11.5600 a 11.54333 a 10.76000 Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 3 Tabela 4. Médias do Peso de matéria fresca (g) em função de diferentes substratos de plantio. Codó, Maranhão, 2016. TRATAMENTO T1- Est. Bovino T2- Est. Caprino T3- Comp. T4- Solo comum MÉDIA a 2.80667 a 3.15333 a 3.40000 a 1.14000 Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Dentre os substratos analisados, os tratamentos T2 (Esterco Caprino) e T3 (Compostagem) foram os que se destacaram. Em relação ao número de folhas (NF), os tratamentos T1 (Bovino), T2 e T3 não diferem estatisticamente entre si, porém o T2 foi o que apresentou melhor média, sendo o mais indicado para a referida variável. No tocante ao diâmetro do caule (DC), os tratamentos T2 e T3 não diferem entre si, porém o T3 apresentou melhor média. Para o comprimento de raiz principal (CRP), todos os tratamentos não apresentam diferença entre si, entretanto o T2 se destaca, apresentando maior média, do que os demais. Em relação ao peso de matéria fresca (PMF), todos os substratos estudados não diferem entre si. CONCLUSÕES O T2 (Esterco de Caprino) ofereceu o melhor incremento produtivo para as variáveis comprimento de Raiz e número de Folhas, os quais fazem parte dos principais parâmetros produtivos a serem observados durante a escolha de mudas, baseandose em uma área foliar que possibilitara uma maior fotossíntese, e um melhor desenvolvimento do sistema radicular facilitando sua adaptação por conter um maior alcance dos nutrientes presentes na solução do solo. Assim, sua adaptação e desenvolvimento na fase vegetativa será mais rápida, podendo assim apresentar uma planta mais vigorosa e de melhor produção. AGRADECIMENTOS Ao IFMA pela concessão da bolsa, à Glayde Maria Carvalho Veras, Diretora do Departamento de Produção e Pesquisa pelo apoio na implantação do projeto e aos colaboradores. REFERÊNCIAS BLANCO, R. A. (2009). Jardim de flores. Retirado em Janeiro 10, 2009, a partir de www.jardimdeflores.com.br CARDOSO, M. O. (Coord.) (1997). Hortaliças nãoconvencionais da Amazônia. Brasília: Embrapa-SPI. JORGE, L. I. F.; INOMATA, E. I.; MAIO, F. D. & TIGELA, P. Características de duas hortaliças do Brasil: “chaguinha” (Tropaeolummajus L.) e “vinagreira” (Hibiscus sabdariffa L.) Boletim SBCTA. São Paulo, v. 28, n. 2, p. 86-96, 1994 HERRERA-ARELLANO, A. etal.Clinical effects produced by a standardized herbal medicinal product of Hibiscus sabdariffa on patiens with hypertension. A randomized, double-blind, lisinopril-controlled clinical trial.PlantaMedica, v.73, p6-12, 2007. LIN, T.L. et al. Hibiscus sabdariffa extract reduces serum cholesterol in men and women. Nutrition Research, v.27, p.140-145, 2007. LIU, J.Y. et al. The protective effects of hibiscus sabdariffa extract on CC-14induced? Brosis in rats.Food and Chemical Toxicology, v.44, p.336-343, 2006. MARTINS, M. A. de S. Vinagreira (Hibiscus sabdariffa L.): uma riqueza pouco conhecida. São Luíz, Embrapa, 1985. MONROY-ORTIZ, C.; CASTILLO-ESPANA, P. plantas medicilales utilizadas em el estado de morelos. 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