Escorpião | Escorpiões

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Escorpião | Escorpiões
Escorpiões ou Lacraus são aracnídeos da ordem Scorpiones que habitam nosso
planeta desde o período Siluriano, ou seja, há cerca de 400 milhões de anos.
Atualmente, existem ao redor de 1.600 espécies de escorpiões, porém somente
25 delas podem causar acidentes escorpiônicos (envenenamento por picada de
escorpião). Isso representa aproximadamente 1,5% da diversidade mundial do
grupo, portanto apenas um pequeno número de escorpiões causa prejuízo à
saúde humana.
Biologia dos Escorpiões
De modo geral, o corpo dos escorpiões é separado em duas regiões: o prosoma
(cefalotórax) e o opistosoma (abdome). O prosoma é coberto dorsalmente por
uma carapaça. Parcialmente abaixo dessa carapaça, posiciona-se um par de
quelícera responsável por rasgar e dilacerar a presa. Acima da carapaça existem
5 pares de olhos. O primeiro par, grande e primitivo, possui capacidade de
percepção da presença ou ausência da luz. Os demais pares provavelmente
regulam o relógio biológico do animal. Além disso, na região do prosoma há 4
pares de patas e um par de pedipalpos.
Estes servem para capturar, conter e esmagar a presa, além disso, podem dar
proteção contra um predador. Já o opistosoma é composto pelo mesosoma (préabdome) e metasoma (pós-abdome). O mesosoma apresenta dorsalmente 7
segmentos (Tergitos) e ventralmente 5 segmentos (Esternitos). Por sua vez, o
metasoma erroneamente denominado de cauda, possuí 5 segmentos
arredondados e o Telson. O Telson é composto de uma vesícula com duas
glândulas de veneno e um ferrão (aguilhão) que serve para inocular o veneno na
presa.
O veneno do escorpião, cuja principal função é imobilizar um animal e,
secundariamente, auxiliar na defesa contra um predador, contém um complexo
químico composto principalmente de neurotoxinas que agem no sistema nervoso
e causam dor e aumento da pulsação cardíaca. Em alguns casos, a toxicidade
desse veneno pode ser comparada com o volume dos pedipalpos, ou seja, quanto
mais robusto os pedipalpos do animal, menos poderoso é o seu veneno e viceversa.
No Brasil, os escorpiões de importância médica pertencem ao gênero Tityus, que
é o mais abundante em espécies, representando cerca de 60% da fauna
escorpiônica neotropical. Do ponto de vista da saúde pública, existem 5 espécies
principais que podem acarretar um sério prejuízo ao homem.
A espécie Tityus serrulatus é a mais importante devido a potência do seu veneno
e a abundância de indivíduos no ambiente urbano, já que esse escorpião se
reproduz por partenogênese (sem presença de um macho). Esse animal,
popularmente chamado de escorpião-amarelo, mede aproximadamente de 6 a 7
cm e possui coloração marrom, porém com pedipalpos, patas e cauda amarelada.
Além disso, os dois último segmentos do metasoma apresentam uma serrilha
dorsal e, ventralmente, uma mancha escura. A espécie Tityus bahiensis mede
também cerca de 6 a 7 cm e possui coloração do corpo e do metasoma marrom.
Também conhecido como escorpião-marron, os pedipalpos e patas desses
animais apresentam manchas escuras. Já o Tityus stigmurus, de coloração
amarelo-escuro, apresenta um triângulo negro no cefalotórax, uma faixa escura
longitudinal mediana e mancha laterais escuras nos tergitos. Essa espécie
também mede cerca de 6 a 7 cm e está presente somente na região nordeste do
Brasil. Por sua vez, a espécie Tityus cambridgei, presente somente na região
amazônica, possui coloração do corpo, patas e pedipalpos quase negra e mede
aproximadamente 8,5 cm. Tanto Tityus stigmurus como a espécie Tityus
cambridgei são vulgarmente chamados de escorpião-preto. Finalmente, a espécie
Tityus metuendus possui coloração do corpo vermelho-escuro, quase negro, com
manchas avermelhadas no dorso. As patas contêm manchas amareladas e o
metasoma apresenta um espessamento no 4° e 5° artículos. O indivíduo adulto
dessa espécie também mede por volta de 6 a 7 cm de comprimento.
Os escorpiões surgiram no mar e com certeza formam um dos grupos mais
remotos de aracnídeos a conquistar a superfície da Terra. Esses animais
adaptaram-se muito bem ao meio ambiente urbano e atualmente, convivem
desarmonicamente com a sociedade devido ao mal-estar biológico que seu
veneno pode causar no corpo humano. Apesar do pavor psicológico que os
escorpiões representam para algumas pessoas, no seu ambiente natural esses
artrópodes têm uma participação importante na cadeia alimentar como
predadores e, portanto, controlam o crescimento populacional de outras espécies,
principalmente de insetos como as baratas.
Habitat dos Escorpiões
Os escorpiões geralmente possuem hábitos noturnos e vivem sob cascas de
árvores, pedras, fendas de rochas ou buracos no solo, onde descansam e
protegem-se dos seus predadores. A maioria das espécies vive no ambiente
terrestre como florestas, pastagens ou desertos, porém, algumas vivem em
cavernas, zonas entremarés, sobre as árvores ou associadas às bromélias.
Freqüentemente, espécies como escorpião-amarelo e escorpião-marrom
coexistem com a sociedade humana e causam acidentes escorpiônicos.
Assim, no ambiente doméstico habitam lugares escuros e úmidos, como armários,
guarda-roupas, debaixo de móveis, dentro de vasos e outros lugares que possam
oferecer proteção. Além disso, são comuns em construções onde se abrigam em
acúmulo de entulho, principalmente tijolos de argila, telhas e lages de concreto.
Reprodução dos Escorpiões
A corte de acasalamento dos escorpiões é complexa, porque envolve uma dança
nupcial que pode durar algumas horas. Inicialmente, o macho prende os
pedipalpos da fêmea com seus pedipalpos e, juntos caminham no ambiente.
Depois, o macho conduz a fêmea até a região onde está depositado seu
espermatóforo. O espermatóforo é um órgão que consiste de uma alavanca,
haste, aparato de ejeção e um reservatório de esperma que o macho deposita no
solo.
Finalmente, o macho manobra a fêmea para que a sua área genital permaneça
sobre o espermatóforo e o esperma seja alavancado para o interior do sistema
reprodutivo feminino e assim ocorra a fecundação. Essa corte nupcial ocorre para
maioria das espécies, entretanto em Tityus serrulatus a reprodução é assexuada,
ou seja, os espermatozóides de um macho não são necessários para que a fêmea
deixe descendentes. Esse processo é denominado partenogênese, nele os ovos
desenvolvem-se a partir de uma célula reprodutiva capaz de repetir exatamente o
código genético da fêmea. Inclusive, nessa espécie, raramente observa-se um
indivíduo macho na população.
Os escorpiões são invertebrados vivíparos (o embrião se desenvolve dentro do
corpo da fêmea) e podem gerar de 1 a 95 indivíduos por estação reprodutiva
dependendo da espécie. Quando nascem, os filhotes apresentam coloração
branca, possuem poucos milímetros de comprimento e, imediatamente, rastejam
sobre o dorso da mãe onde permanecem de uma a quatro semanas. Em seguida,
acontece a primeira ecdise (muda) e gradualmente os filhotes abandonam o dorso
e passam a obter seu próprio alimento. Entretanto, a maturidade sexual só ocorre
posteriormente, por volta dos 6 meses de vida, e o desenvolvimento completo do
indivíduo pode levar mais de um ano.
Nutrição dos Escorpiões
Para capturar o alimento, os escorpiões permanecem em posição de espera, ou
seja, mantêm as pinças dos seus pedipalpos abertas e aguardam a passagem da
presa. Então, eles capturam a presa e paralisam-na por meio da inoculação do
veneno armazenado no seu ferrão. Paralisada, essa presa é alojada na cavidade
pré-oral onde começa o processo de digestão. Inicialmente, esse processo é
extra-corporal, sendo o alimento umedecido e degradado por enzimas digestivas
regurgitadas pelo próprio animal. Quando o alimento está na forma líquida, ele é
sugado para dentro do intestino onde ocorre a digestão propriamente.
Os escorpiões são exclusivamente carnívoros e alimentam-se de invertebrados
como cupins, grilos, baratas, moscas, mutucas e pequenas aranhas. Porém, na
ocasião de escassez alimentar ou elevada densidade populacional já se observou
o canibalismo em algumas espécies. Geralmente forrageiam no período noturno,
porém num ambiente infestado cerca de 10% da população procura por alimento
mesmo com presença da radiação solar. Mais de 90% do tempo, esses
escorpiões permanecem em repouso, com baixo metabolismo, e podem
sobreviver pouco mais de um ano sem comer. Além disso, quando se alimentam
podem aumentar seu peso inicial em aproximadamente um terço.
Escorpionismo
Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o quadro de envenenamento
caracterizado pela picada de escorpiões através de seu aparelho inoculador,
conhecido como ferrão.
Do mesmo modo que em vários outros locais do mundo, o acidente escorpiônico
no Brasil apresenta-se como um atual problema de saúde pública, não só pela sua
grande incidência em determinadas regiões, como pela sua potencialidade em
ocasionar quadros graves, às vezes fatais. Dados do Ministério da Saúde indicam
que a ocorrência desse quadro tem se tornado mais freqüente nos últimos anos,
sendo que suas notificações elevaram-se de 18 mil casos em 2001 para mais de
36 mil em 2006, com incidência anual de 16 casos/100.000 habitantes, conforme
tabela abaixo.
Grande parte dos casos ocorre em ambiente predominantemente urbano, com
aumento sazonal no verão devido às chuvas e ao calor. Dados do Ministério de
Saúde de 2006 revelam que as regiões mais atingidas com acidentes
escorpiônicos são Nordeste e Sudeste, totalizando 18.608 e 15.382 casos,
respectivamente. Dentre os estados com maior número de notificações são Minas
Gerais (9.875), Pernambuco (6.855), Bahia (6.003), São Paulo (4.512) e Alagoas
(2.586). Grande parte dos casos de escorpionismo não causa efeito maligno,
sendo sua letalidade em torno de 0,076%. Os casos de óbitos também seguem o
mesmo padrão de incidência, ou seja, concentram-se nas regiões Nordeste (41%)
e Sudeste (38%), de um total de 29 óbitos no Brasil em 2006. Os óbitos têm sido
associados, com maior freqüência, a acidentes causados por T. serrulatus,
ocorrendo mais comumente em crianças menores de 14 anos que receberam
atendimento após 6 horas ou mais da picada.
Devido ao seu alojamento em tijolos, telhas, troncos, entulhos e pedras, os
acidentes com escorpião atingem com maior freqüência trabalhadores da
construção civil, bem como agricultores durante o manuseio de hortaliças.
Na totalidade dos acidentes, os escorpiões com importância médica no Brasil são
representados pelo gênero Tityus, com várias espécies descritas. O T. serrulatus
(escorpião-amarelo) representa a espécie de maior preocupação em função do
maior potencial de gravidade de seu envenenamento e pela expansão de sua
distribuição geográfica no país. Outras espécies de escorpiões também fazem
parte da lista de importância médica, tais como T. bahiensis (escorpião-marrom),
T. stigmuru, T. cambridgei (escorpião-preto) e o T. metuendus.
Ações do Veneno Escorpiônico e Quadro Clínico
Os venenos escorpiônicos apresentam uma mistura complexa de componentes
e de acordo com a distribuição de suas espécies no país, pode haver uma
variação regional nas manifestações clínicas.
Como resultado dessa mistura de componentes e manifestações clínicas, a
literatura classifica os acidentes escorpiônicos como manifestações locais e
manifestações sistêmicas. No primeiro caso, a dor é no local da picada (comum
em acidentes com escorpiões), e ocorre imediatamente após o acidente,
podendo ser discreta ou até mesmo em forma de agulhadas e queimação.
Juntamente com a dor local, ocorre também a parestesia (sensações
simultâneas de calor, frio, pressão e formigamento), podendo irradiar-se para o
todo o membro atingido.
Já as manifestações sistêmicas caracterizam-se por desordens em diversos
sistemas de nosso organismo. Entre elas, podem-se citar as manifestações:
Gerais:
sudorese profusa e alteração da temperatura;
Digestivas:
náuseas, vômitos, hipersalivação e, mais raramente, dor abdominal e diarréia;
Cardiovasculares:
arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca
congestiva e choque;
Respiratórias:
falta de ar, respiração acelerada e edema pulmonar agudo;
Neurológicas:
agitação, dor de cabeça, sonolência, confusão mental e tremores.
De uma forma geral, os acidentes podem ser classificados em 3 categorias
quanto a sua gravidade, de acordo com suas manifestações. Os acidentes
podem receber a seguinte classificação:
Leves:
apresentam apenas dor no local da picada e, às vezes, parestesia.
Moderados:
caracterizam-se por dor intensa no local da picada e manifestações sistêmica do
tipo sudorese discreta, náuseas, vômitos ocasionais, respiração e freqüência
cardíaca aceleradas e hipertensão leve.
Graves:
além dos sinais e sintomas já mencionados, apresentam uma ou mais
manifestações como sudorese profusa, vômitos, salivação excessiva,
alternância de agitação com estado de depressão física e emocional, freqüência
cardíaca acelerada, edema pulmonar, choque, convulsões e coma. Os óbitos
estão relacionados a complicações como edema pulmonar agudo e choque.
A gravidade também leva em consideração fatores como a espécie e tamanho
do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal do
acidentado, se individuo adulto ou criança, geralmente os casos mais graves
estão associados as crianças, e a sensibilidade do paciente ao veneno.
No Brasil, os acidentes por Tityus serrulatus são mais graves que os produzidos
por outras espécies de Tityus. As manifestações variam desde locais, podendo
ser acompanhadas também pelas sistêmicas.
No geral, o envenenamento escorpiônico determina alterações locais e sistêmicas,
decorrentes da estimulação do sistema nervoso. O quadro clínico inicia-se com
dor local imediata com intensidade variável, eritema e sudorese ao redor da
picada. Na maioria dos casos, o quadro tem uma boa evolução, porém crianças,
principalmente abaixo de 6-7 anos, podem apresentar manifestações mais graves
nas primeiras 2-3 horas. Por tal motivo, é que se aconselha o rápido atendimento
em unidades de saúde para as devidas condutas médicas.
Tratamento
O tratamento de acidentes escorpiônicos visa neutralizar o mais breve possível
os componentes do veneno, combater os sintomas do envenenamento e dar
suporte aos sinais vitais do paciente. Todas as vitimas de picada de escorpião,
mesmo em casos considerados leves, devem ficar em observação hospitalar,
principalmente as crianças.
O tratamento sintomático consiste no alívio da dor através da administração de
anestésicos no local da picada. O combate à dor, como medida única adotada,
é geralmente suficiente para todos os casos leves e, em adultos, para a maioria
dos casos moderados.
O tratamento específico envolve a administração de soro antiescorpiônico aos
pacientes com formas moderadas e graves de escorpionismo. O objetivo da
soroterapia específica é neutralizar o veneno circulante deverá se instituído
mais breve possível, pois melhor será o prognóstico do acidentado. Ela também
contribui no combate a dor local e os vômitos. A administração do soro é
segura, sendo pequena a freqüência e a gravidade das reações de rejeição
precoce.
A manutenção dos sinais vitais do paciente também possui grande importância.
Os pacientes com manifestações sistêmicas, especialmente crianças (casos
moderados e graves), devem ser mantidos em regime de observação
continuada das funções vitais, objetivando o diagnóstico e tratamento precoces
das complicações.
Como auxilio no diagnóstico e acompanhamento dos sinais vitais do paciente,
exames complementares podem auxiliar no tratamento. O uso de
eletrocardiograma monitorização continua, radiografia de tórax, ecocardiograma
e exames bioquímicos também podem ajudar no acompanhamento dos
pacientes.
Primeiros Socorros em Caso de Acidente
Escorpiônico
Algumas recomendações são importantes em caso de acidentes com escorpião.
Conheça as medidas a serem tomadas e outras que não se deve utilizar, pois
estas podem prejudicar a recuperação do acidentado:
Recomenda-se:
» Lavar o local da picada de preferência com água e sabão;
» Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que
possa receber o tratamento a tempo;
» Fazer compressas mornas para alívio da dor até chegar a um serviço de
saúde para as medidas necessárias.
NÃO se recomenda:
» Fazer torniquete ou garrote;
» Furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida;
» Aplicar folhas, pó de café ou terra sobre a picada para não provocar infecção;
» Dar à vítima bebidas alcoólicas, querosene ou fumo, como é de costume em
algumas regiões do país.
Medidas Preventivas
Como já foi citado, o escorpião é um dos animais mais antigos do planeta,
sendo muito difícil sua erradicação por inseticidas e outros agentes, já que eles
podem sobreviver vários meses sem alimento ou água.
Portanto, o mais importante é a prevenção dos acidentes, que deve ser
realizado baseando-se nos hábitos e hábitat do escorpião.
As principais medidas preventivas são:
» Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
» Examinar roupas pessoais, de cama, de banho e calçados antes de usá-los;
» Não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção;
» Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
» Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;
» Manter limpos os locais próximos das residências como jardins, quintais,
paióis e celeiros;
» Combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins;
» Preservar predadores naturais como corujas, sapos, lagartixas e galinhas;
» Limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro
ou cercas;
» Manter a casa limpa, evitando acúmulo de lixo.
Curiosidades
- Os primeiros escorpiões eram aquáticos e possuíam brânquias;
- Os escorpiões emitem fluorescência que pode ser observada durante noite e
com auxilio de uma luz ultravioleta;
- A menor espécie de escorpião é a Typhlochactas mitchelli que mede apenas 9
milímetros de comprimento e a maior é
a espécie africana Hadogenes
troglodytes, com 21 centímetros;
- Tempo estimado para o movimento da ferroada é de 0,75 segundos;
- O veneno da espécie Androctonus australis pode matar um ser humano entre
6 e 7 horas após a ferroada se não for tomada nenhuma providência;
- Escorpiões podem viver até 25 anos.
Escorpião | Escorpiões
Escorpiões ou Lacraus são aracnídeos da ordem Scorpiones que habitam nosso
planeta desde o período Siluriano, ou seja, há cerca de 400 milhões de anos.
Atualmente, existem ao redor de 1.600 espécies de escorpiões, porém somente
25 delas podem causar acidentes escorpiônicos (envenenamento por picada de
escorpião). Isso representa aproximadamente 1,5% da diversidade mundial do
grupo, portanto apenas um pequeno número de escorpiões causa prejuízo à
saúde humana.
Biologia dos Escorpiões
De modo geral, o corpo dos escorpiões é separado em duas regiões: o prosoma
(cefalotórax) e o opistosoma (abdome). O prosoma é coberto dorsalmente por
uma carapaça. Parcialmente abaixo dessa carapaça, posiciona-se um par de
quelícera responsável por rasgar e dilacerar a presa. Acima da carapaça existem
5 pares de olhos. O primeiro par, grande e primitivo, possui capacidade de
percepção da presença ou ausência da luz. Os demais pares provavelmente
regulam o relógio biológico do animal. Além disso, na região do prosoma há 4
pares de patas e um par de pedipalpos.
Estes servem para capturar, conter e esmagar a presa, além disso, podem dar
proteção contra um predador. Já o opistosoma é composto pelo mesosoma (préabdome) e metasoma (pós-abdome). O mesosoma apresenta dorsalmente 7
segmentos (Tergitos) e ventralmente 5 segmentos (Esternitos). Por sua vez, o
metasoma erroneamente denominado de cauda, possuí 5 segmentos
arredondados e o Telson. O Telson é composto de uma vesícula com duas
glândulas de veneno e um ferrão (aguilhão) que serve para inocular o veneno na
presa.
O veneno do escorpião, cuja principal função é imobilizar um animal e,
secundariamente, auxiliar na defesa contra um predador, contém um complexo
químico composto principalmente de neurotoxinas que agem no sistema nervoso
e causam dor e aumento da pulsação cardíaca. Em alguns casos, a toxicidade
desse veneno pode ser comparada com o volume dos pedipalpos, ou seja, quanto
mais robusto os pedipalpos do animal, menos poderoso é o seu veneno e viceversa.
No Brasil, os escorpiões de importância médica pertencem ao gênero Tityus, que
é o mais abundante em espécies, representando cerca de 60% da fauna
escorpiônica neotropical. Do ponto de vista da saúde pública, existem 5 espécies
principais que podem acarretar um sério prejuízo ao homem.
A espécie Tityus serrulatus é a mais importante devido a potência do seu veneno
e a abundância de indivíduos no ambiente urbano, já que esse escorpião se
reproduz por partenogênese (sem presença de um macho). Esse animal,
popularmente chamado de escorpião-amarelo, mede aproximadamente de 6 a 7
cm e possui coloração marrom, porém com pedipalpos, patas e cauda amarelada.
Além disso, os dois último segmentos do metasoma apresentam uma serrilha
dorsal e, ventralmente, uma mancha escura. A espécie Tityus bahiensis mede
também cerca de 6 a 7 cm e possui coloração do corpo e do metasoma marrom.
Também conhecido como escorpião-marron, os pedipalpos e patas desses
animais apresentam manchas escuras. Já o Tityus stigmurus, de coloração
amarelo-escuro, apresenta um triângulo negro no cefalotórax, uma faixa escura
longitudinal mediana e mancha laterais escuras nos tergitos. Essa espécie
também mede cerca de 6 a 7 cm e está presente somente na região nordeste do
Brasil. Por sua vez, a espécie Tityus cambridgei, presente somente na região
amazônica, possui coloração do corpo, patas e pedipalpos quase negra e mede
aproximadamente 8,5 cm. Tanto Tityus stigmurus como a espécie Tityus
cambridgei são vulgarmente chamados de escorpião-preto. Finalmente, a espécie
Tityus metuendus possui coloração do corpo vermelho-escuro, quase negro, com
manchas avermelhadas no dorso. As patas contêm manchas amareladas e o
metasoma apresenta um espessamento no 4° e 5° artículos. O indivíduo adulto
dessa espécie também mede por volta de 6 a 7 cm de comprimento.
Os escorpiões surgiram no mar e com certeza formam um dos grupos mais
remotos de aracnídeos a conquistar a superfície da Terra. Esses animais
adaptaram-se muito bem ao meio ambiente urbano e atualmente, convivem
desarmonicamente com a sociedade devido ao mal-estar biológico que seu
veneno pode causar no corpo humano. Apesar do pavor psicológico que os
escorpiões representam para algumas pessoas, no seu ambiente natural esses
artrópodes têm uma participação importante na cadeia alimentar como
predadores e, portanto, controlam o crescimento populacional de outras espécies,
principalmente de insetos como as baratas.
Habitat dos Escorpiões
Os escorpiões geralmente possuem hábitos noturnos e vivem sob cascas de
árvores, pedras, fendas de rochas ou buracos no solo, onde descansam e
protegem-se dos seus predadores. A maioria das espécies vive no ambiente
terrestre como florestas, pastagens ou desertos, porém, algumas vivem em
cavernas, zonas entremarés, sobre as árvores ou associadas às bromélias.
Freqüentemente, espécies como escorpião-amarelo e escorpião-marrom
coexistem com a sociedade humana e causam acidentes escorpiônicos.
Assim, no ambiente doméstico habitam lugares escuros e úmidos, como armários,
guarda-roupas, debaixo de móveis, dentro de vasos e outros lugares que possam
oferecer proteção. Além disso, são comuns em construções onde se abrigam em
acúmulo de entulho, principalmente tijolos de argila, telhas e lages de concreto.
Reprodução dos Escorpiões
A corte de acasalamento dos escorpiões é complexa, porque envolve uma dança
nupcial que pode durar algumas horas. Inicialmente, o macho prende os
pedipalpos da fêmea com seus pedipalpos e, juntos caminham no ambiente.
Depois, o macho conduz a fêmea até a região onde está depositado seu
espermatóforo. O espermatóforo é um órgão que consiste de uma alavanca,
haste, aparato de ejeção e um reservatório de esperma que o macho deposita no
solo.
Finalmente, o macho manobra a fêmea para que a sua área genital permaneça
sobre o espermatóforo e o esperma seja alavancado para o interior do sistema
reprodutivo feminino e assim ocorra a fecundação. Essa corte nupcial ocorre para
maioria das espécies, entretanto em Tityus serrulatus a reprodução é assexuada,
ou seja, os espermatozóides de um macho não são necessários para que a fêmea
deixe descendentes. Esse processo é denominado partenogênese, nele os ovos
desenvolvem-se a partir de uma célula reprodutiva capaz de repetir exatamente o
código genético da fêmea. Inclusive, nessa espécie, raramente observa-se um
indivíduo macho na população.
Os escorpiões são invertebrados vivíparos (o embrião se desenvolve dentro do
corpo da fêmea) e podem gerar de 1 a 95 indivíduos por estação reprodutiva
dependendo da espécie. Quando nascem, os filhotes apresentam coloração
branca, possuem poucos milímetros de comprimento e, imediatamente, rastejam
sobre o dorso da mãe onde permanecem de uma a quatro semanas. Em seguida,
acontece a primeira ecdise (muda) e gradualmente os filhotes abandonam o dorso
e passam a obter seu próprio alimento. Entretanto, a maturidade sexual só ocorre
posteriormente, por volta dos 6 meses de vida, e o desenvolvimento completo do
indivíduo pode levar mais de um ano.
Nutrição dos Escorpiões
Para capturar o alimento, os escorpiões permanecem em posição de espera, ou
seja, mantêm as pinças dos seus pedipalpos abertas e aguardam a passagem da
presa. Então, eles capturam a presa e paralisam-na por meio da inoculação do
veneno armazenado no seu ferrão. Paralisada, essa presa é alojada na cavidade
pré-oral onde começa o processo de digestão. Inicialmente, esse processo é
extra-corporal, sendo o alimento umedecido e degradado por enzimas digestivas
regurgitadas pelo próprio animal. Quando o alimento está na forma líquida, ele é
sugado para dentro do intestino onde ocorre a digestão propriamente.
Os escorpiões são exclusivamente carnívoros e alimentam-se de invertebrados
como cupins, grilos, baratas, moscas, mutucas e pequenas aranhas. Porém, na
ocasião de escassez alimentar ou elevada densidade populacional já se observou
o canibalismo em algumas espécies. Geralmente forrageiam no período noturno,
porém num ambiente infestado cerca de 10% da população procura por alimento
mesmo com presença da radiação solar. Mais de 90% do tempo, esses
escorpiões permanecem em repouso, com baixo metabolismo, e podem
sobreviver pouco mais de um ano sem comer. Além disso, quando se alimentam
podem aumentar seu peso inicial em aproximadamente um terço.
Escorpionismo
Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o quadro de envenenamento
caracterizado pela picada de escorpiões através de seu aparelho inoculador,
conhecido como ferrão.
Do mesmo modo que em vários outros locais do mundo, o acidente escorpiônico
no Brasil apresenta-se como um atual problema de saúde pública, não só pela sua
grande incidência em determinadas regiões, como pela sua potencialidade em
ocasionar quadros graves, às vezes fatais. Dados do Ministério da Saúde indicam
que a ocorrência desse quadro tem se tornado mais freqüente nos últimos anos,
sendo que suas notificações elevaram-se de 18 mil casos em 2001 para mais de
36 mil em 2006, com incidência anual de 16 casos/100.000 habitantes, conforme
tabela abaixo.
Grande parte dos casos ocorre em ambiente predominantemente urbano, com
aumento sazonal no verão devido às chuvas e ao calor. Dados do Ministério de
Saúde de 2006 revelam que as regiões mais atingidas com acidentes
escorpiônicos são Nordeste e Sudeste, totalizando 18.608 e 15.382 casos,
respectivamente. Dentre os estados com maior número de notificações são Minas
Gerais (9.875), Pernambuco (6.855), Bahia (6.003), São Paulo (4.512) e Alagoas
(2.586). Grande parte dos casos de escorpionismo não causa efeito maligno,
sendo sua letalidade em torno de 0,076%. Os casos de óbitos também seguem o
mesmo padrão de incidência, ou seja, concentram-se nas regiões Nordeste (41%)
e Sudeste (38%), de um total de 29 óbitos no Brasil em 2006. Os óbitos têm sido
associados, com maior freqüência, a acidentes causados por T. serrulatus,
ocorrendo mais comumente em crianças menores de 14 anos que receberam
atendimento após 6 horas ou mais da picada.
Devido ao seu alojamento em tijolos, telhas, troncos, entulhos e pedras, os
acidentes com escorpião atingem com maior freqüência trabalhadores da
construção civil, bem como agricultores durante o manuseio de hortaliças.
Na totalidade dos acidentes, os escorpiões com importância médica no Brasil são
representados pelo gênero Tityus, com várias espécies descritas. O T. serrulatus
(escorpião-amarelo) representa a espécie de maior preocupação em função do
maior potencial de gravidade de seu envenenamento e pela expansão de sua
distribuição geográfica no país. Outras espécies de escorpiões também fazem
parte da lista de importância médica, tais como T. bahiensis (escorpião-marrom),
T. stigmuru, T. cambridgei (escorpião-preto) e o T. metuendus.
Ações do Veneno Escorpiônico e Quadro Clínico
Os venenos escorpiônicos apresentam uma mistura complexa de componentes
e de acordo com a distribuição de suas espécies no país, pode haver uma
variação regional nas manifestações clínicas.
Como resultado dessa mistura de componentes e manifestações clínicas, a
literatura classifica os acidentes escorpiônicos como manifestações locais e
manifestações sistêmicas. No primeiro caso, a dor é no local da picada (comum
em acidentes com escorpiões), e ocorre imediatamente após o acidente,
podendo ser discreta ou até mesmo em forma de agulhadas e queimação.
Juntamente com a dor local, ocorre também a parestesia (sensações
simultâneas de calor, frio, pressão e formigamento), podendo irradiar-se para o
todo o membro atingido.
Já as manifestações sistêmicas caracterizam-se por desordens em diversos
sistemas de nosso organismo. Entre elas, podem-se citar as manifestações:
Gerais:
sudorese profusa e alteração da temperatura;
Digestivas:
náuseas, vômitos, hipersalivação e, mais raramente, dor abdominal e diarréia;
Cardiovasculares:
arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca
congestiva e choque;
Respiratórias:
falta de ar, respiração acelerada e edema pulmonar agudo;
Neurológicas:
agitação, dor de cabeça, sonolência, confusão mental e tremores.
De uma forma geral, os acidentes podem ser classificados em 3 categorias
quanto a sua gravidade, de acordo com suas manifestações. Os acidentes
podem receber a seguinte classificação:
Leves:
apresentam apenas dor no local da picada e, às vezes, parestesia.
Moderados:
caracterizam-se por dor intensa no local da picada e manifestações sistêmica do
tipo sudorese discreta, náuseas, vômitos ocasionais, respiração e freqüência
cardíaca aceleradas e hipertensão leve.
Graves:
além dos sinais e sintomas já mencionados, apresentam uma ou mais
manifestações como sudorese profusa, vômitos, salivação excessiva,
alternância de agitação com estado de depressão física e emocional, freqüência
cardíaca acelerada, edema pulmonar, choque, convulsões e coma. Os óbitos
estão relacionados a complicações como edema pulmonar agudo e choque.
A gravidade também leva em consideração fatores como a espécie e tamanho
do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal do
acidentado, se individuo adulto ou criança, geralmente os casos mais graves
estão associados as crianças, e a sensibilidade do paciente ao veneno.
No Brasil, os acidentes por Tityus serrulatus são mais graves que os produzidos
por outras espécies de Tityus. As manifestações variam desde locais, podendo
ser acompanhadas também pelas sistêmicas.
No geral, o envenenamento escorpiônico determina alterações locais e sistêmicas,
decorrentes da estimulação do sistema nervoso. O quadro clínico inicia-se com
dor local imediata com intensidade variável, eritema e sudorese ao redor da
picada. Na maioria dos casos, o quadro tem uma boa evolução, porém crianças,
principalmente abaixo de 6-7 anos, podem apresentar manifestações mais graves
nas primeiras 2-3 horas. Por tal motivo, é que se aconselha o rápido atendimento
em unidades de saúde para as devidas condutas médicas.
Tratamento
O tratamento de acidentes escorpiônicos visa neutralizar o mais breve possível
os componentes do veneno, combater os sintomas do envenenamento e dar
suporte aos sinais vitais do paciente. Todas as vitimas de picada de escorpião,
mesmo em casos considerados leves, devem ficar em observação hospitalar,
principalmente as crianças.
O tratamento sintomático consiste no alívio da dor através da administração de
anestésicos no local da picada. O combate à dor, como medida única adotada,
é geralmente suficiente para todos os casos leves e, em adultos, para a maioria
dos casos moderados.
O tratamento específico envolve a administração de soro antiescorpiônico aos
pacientes com formas moderadas e graves de escorpionismo. O objetivo da
soroterapia específica é neutralizar o veneno circulante deverá se instituído
mais breve possível, pois melhor será o prognóstico do acidentado. Ela também
contribui no combate a dor local e os vômitos. A administração do soro é
segura, sendo pequena a freqüência e a gravidade das reações de rejeição
precoce.
A manutenção dos sinais vitais do paciente também possui grande importância.
Os pacientes com manifestações sistêmicas, especialmente crianças (casos
moderados e graves), devem ser mantidos em regime de observação
continuada das funções vitais, objetivando o diagnóstico e tratamento precoces
das complicações.
Como auxilio no diagnóstico e acompanhamento dos sinais vitais do paciente,
exames complementares podem auxiliar no tratamento. O uso de
eletrocardiograma monitorização continua, radiografia de tórax, ecocardiograma
e exames bioquímicos também podem ajudar no acompanhamento dos
pacientes.
Primeiros Socorros em Caso de Acidente
Escorpiônico
Algumas recomendações são importantes em caso de acidentes com escorpião.
Conheça as medidas a serem tomadas e outras que não se deve utilizar, pois
estas podem prejudicar a recuperação do acidentado:
Recomenda-se:
» Lavar o local da picada de preferência com água e sabão;
» Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que
possa receber o tratamento a tempo;
» Fazer compressas mornas para alívio da dor até chegar a um serviço de
saúde para as medidas necessárias.
NÃO se recomenda:
» Fazer torniquete ou garrote;
» Furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida;
» Aplicar folhas, pó de café ou terra sobre a picada para não provocar infecção;
» Dar à vítima bebidas alcoólicas, querosene ou fumo, como é de costume em
algumas regiões do país.
Medidas Preventivas
Como já foi citado, o escorpião é um dos animais mais antigos do planeta,
sendo muito difícil sua erradicação por inseticidas e outros agentes, já que eles
podem sobreviver vários meses sem alimento ou água.
Portanto, o mais importante é a prevenção dos acidentes, que deve ser
realizado baseando-se nos hábitos e hábitat do escorpião.
As principais medidas preventivas são:
» Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
» Examinar roupas pessoais, de cama, de banho e calçados antes de usá-los;
» Não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção;
» Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
» Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;
» Manter limpos os locais próximos das residências como jardins, quintais,
paióis e celeiros;
» Combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins;
» Preservar predadores naturais como corujas, sapos, lagartixas e galinhas;
» Limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro
ou cercas;
» Manter a casa limpa, evitando acúmulo de lixo.
Curiosidades
- Os primeiros escorpiões eram aquáticos e possuíam brânquias;
- Os escorpiões emitem fluorescência que pode ser observada durante noite e
com auxilio de uma luz ultravioleta;
- A menor espécie de escorpião é a Typhlochactas mitchelli que mede apenas
9 milímetros de comprimento e a maior é a espécie africana Hadogenes
troglodytes, com 21 centímetros;
- Tempo estimado para o movimento da ferroada é de 0,75 segundos;
- O veneno da espécie Androctonus australis pode matar um ser humano entre
6 e 7 horas após a ferroada se não for tomada nenhuma providência;
- Escorpiões podem viver até 25 anos.
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