Acidentes e Intoxicações: Picadas de escorpião Os escorpiões são animais invertebrados, que apresentam o corpo dividido em tronco e cauda; quatro pares de patas, um par de ferrões, um par de pinças que servem para capturar o alimento, e um ferrão no final da cauda por onde sai o veneno. Picam com a cauda e variam de tamanho entre 6 a 8,5 cm de comprimento. Existem em torno de 1.400 espécies de escorpiões descritas em todo o mundo; sendo que no Brasil há cerca de 75 espécies amplamente distribuídas pelo país. Esses animais podem ser encontrados tanto em áreas urbanas quanto rurais. Os escorpiões são carnívoros, alimentando-se principalmente de insetos, como grilos, baratas e outros, desempenhando papel importante no equilíbrio ecológico. Apresentam hábitos noturnos, escondendo-se durante o dia sob cascas de árvores, pedras, troncos podres, sapatos sem uso, dormentes de linha de trem, madeiras empilhadas, em entulhos, telhas ou tijolos e dentro das residências. Muitas espécies vivem em áreas urbanas, onde encontram abrigo dentro e próximo das casas, bem como alimentação farta. Os escorpiões podem sobreviver vários meses sem alimento e mesmo sem água, o que torna seu combate muito difícil. Na área urbana estes animais aparecem em prédios comerciais e residenciais, armazéns, lojas, madeireiras, depósitos com empilhamento de caixas e outros. Eles aparecem, principalmente, através de instalações elétricas e esgotos. São sensíveis aos inseticidas, desde que aplicados diretamente sobre eles. As desinsetizações habituais não os eliminam, pois o produto fica no ambiente em que foi aplicado e os escorpiões costumam estar escondidos. O fato de respirarem o inseticida ou comer insetos envenenados não os mata. São resistentes inclusive à radiação. Seu aparecimento ocorre principalmente devido a presença de baratas, portanto a eliminação destas em caixas de gordura e canos que conduzem ao esgoto é a principal prevenção ao aparecimento dos escorpiões. Não possuem audição e sentem vibrações do ar e do solo. Enxergam pouco, apesar de terem dois olhos grandes e vários pequenos. Seus principais predadores são pássaros, lagartixas e alguns mamíferos insetívoros e galinhas. Inúmeros acidentes têm sido relatados em nosso país. Após a picada e introdução do veneno, surgem manifestações locais e sistêmicas. Manifestações locais: caracterizam-se basicamente por dor no local da picada, às vezes irradiada, sem alterações do estado geral. O tratamento sintomático para o alívio da dor, feito através da utilização de analgésicos ou bloqueio local com anestésicos, consiste na principal medida terapêutica que corresponde à maioria dos acidentes registrados no país. Manifestações Sistêmicas: são menos freqüentes, e podem ser moderadas ou graves. Além da dor local, alterações sistêmicas como hiper ou hipotensão arterial, arritmias cardíacas, tremores, agitação psicomotora, arritmias respiratórias, vômitos e diarréia. O edema pulmonar agudo é a complicação mais temida. Nesses casos, além do combate à dor e tratamento de suporte, está indicada a soroterapia. A gravidade no escorpionismo depende de fatores como a espécie e tamanho do escorpião causador do acidente, da massa corporal do acidentado(abaixo de 30 kg é mais grave), da sensibilidade do paciente ao veneno, da quantidade de veneno inoculado e do retardo no atendimento. Em casos leves apenas o tratamento com analgésicos. Nas crianças, principalmente quando pesam menos de 30 kg u uso do soro é imperioso. Rosany Bochner