PORTUGAL MINERAL Sabia que o nosso país é um dos principais produtores europeus de cobre e volfrâmio? Que várias minas portuguesas, como S. Domingos, Aljustrel ou Panasqueira, se mantiveram em produção contínua por períodos que chegaram a ultrapassar um século? Sabia que os nossos mármores e granitos são apreciados como rocha ornamental nos quatro cantos do mundo? Que possuímos as terceiras maiores reservas de urânio da Europa? Que há ouro em Montemor-oNovo? E que talvez venhamos a ser, no futuro, importantes produtores mundiais de lítio? Ah, pois é... Se calhar não sabia nada disto. É que, apesar de pequeno em área, Portugal continental possui uma invejável diversidade de recursos minerais metálicos e não metálicos, alguns dos quais em quantidades que justificaram ou justificam uma actividade extractiva significativa e com grande impacto na nossa vida colectiva e nas nossas raízes culturais, sociológicas e históricas. O território continental português possui uma complexa realidade geológica que está na base de uma diversificada disponibilidade de recursos minerais. Quase duzentas antigas minas, distribuídas por todo o país, são conhecidas. Quer no território continental, quer na sua ZEE, Portugal continua a ter elevado potencial mineiro para metais como o cobre, zinco, chumbo, volfrâmio, estanho, ouro, prata, urânio, lítio, ferro, manganês, crómio, níquel, platina, antimónio, tântalo e nióbio. Paralelamente, Portugal é também um grande produtor mundial de rochas ornamentais, principalmente de mármores provenientes da região de Estremoz–Borba–Vila Viçosa, de calcários do Maciço Calcário Estremenho e de granitos, provenientes, sobretudo, da região norte do país, como Vila Real, Braga, Monção e Viseu. O país produz igualmente praticamente tudo o que consome de rochas e minerais industriais, com destaque para os agregados para construção civil e obras públicas (calcários, basaltos, areias e cascalhos), as argilas comuns (telha e tijolo) e as argilas especiais, o quartzo e o feldspato (cerâmica branca: pavimentos e revestimentos, louças, sanitários). Os primeiros vestígios seguros de mineração em território português remontam ao primeiro milénio antes de Cristo: Tartéssios, Fenícios, Cartagineses, Romanos e, evidentemente, os povos da Península, todos se empenharam activamente na exploração dos ricos recursos minerais aqui existentes, em particular do cobre, estanho, prata e ouro. Com a revolução industrial, principalmente a partir do séc. XIX, a exploração mineral conheceu grande desenvolvimento no país: carvão (ex: minas de S. Pedro da Cova e Pejão); antimónio (ex: minas de Valongo-Gondomar); urânio (ex: minas da Urgeiriça, Cunha Baixa e Nisa); ouro (ex: minas de Jales, Gralheira, Três Minas); mas, sobretudo, volfrâmio (ou tungsténio) e estanho (ex: minas da Panasqueira, Borralha, Montesinho, Argozelo); e enxofre, cobre, zinco ou chumbo em sulfuretos (ex: minas de S. Domingos, Aljustrel, Lousal, Caveira, Cercal). Com a manutenção da actividade extractiva na centenária mina da Panasqueira e a entrada em produção, em 1988, da mina de Neves Corvo, Portugal tornou-se um dos principais produtores europeus de volfrâmio, estanho, cobre e zinco. Jorge Relvas Centro Ciência Viva do Lousal