Descobre a Mina no Museu - A Geologia - Há cerca de 280 milhões de anos (durante a Era Paleozóica, no período Pérmico), um magma ascendeu no interior da crosta e cristalizou dando origem a um granito. Mobilizou também fluidos que alargaram e preencheram fendas nas rochas préexistentes (xistos e grauvaques das Beiras) onde depositaram os minerais que hoje se encontram nos filões que constituem o jazigo. Perfil geológico através do Jazigo da Panasqueira segundo Décio Thadeu (1979) http://paleoviva.fc.ul.pt/Paleogeofcul/Apoio/Cronogeofcul1.pdf (Kelly e Rye, 1979) Sob os filões da Panasqueira existe, de facto, uma cúpula de granito que não aflora à superfície, mas que foi intersetada pelos trabalhos mineiros. Outra prova da sua existência é a presença de xistos mosqueados (rochas resultantes de metamorfismo de contacto) facto que implica a proximidade de uma rocha intrusiva. Frente da mina, vendo-se as diaclases sub-horizontais onde se instalaram os filões mineralizados. A máquina é uma perfuradora para instalar os explosivos utilizados no desmonte da mineralização. O jazigo da Panasqueira corresponde, pois, a um vasto campo de filões sub-horizontais densamente mineralizados. Eles constituem, por isso, o material alvo da exploração mineira. Existem outros conjuntos de filões, muitos com orientação quase vertical, não mineralizados, formados apenas por quartzo e por isso não explorados. São designados localmente por “seixo bravo”. Fotos: F. Barriga Esquema de um pilar de desmonte evidenciando a morfologia de um filão sub-horizontal (Kelly e Rye, 1979) Representação esquemática dos filões em “rabo-de-enguia” e da comunicação entre filões (adaptado de Pereira & Ribeiro, 1983). Filão mineralizado (com cerca de 30 cm de possança) constituído de fora para dentro, por: salbanda micácea (cinzenta); volframite (negra), em cristais tabulares, dispostos sub-perpendicularmente às paredes; preenchimento quartzoso. Filão zonado, observando-se a volframite (cristais negros) seguida, para o interior do filão, por grandes massas de sulfuretos, em que predomina a arsenopirite, numa matriz de quartzo leitoso. Filão com salbanda micácea muito desenvolvida e interior constituído por quartzo (leitoso a cinzento) e carbonatos (amarelados) contendo fragmentos de rocha encaixante. Fotos: F. Barriga Filão múltiplo, evidenciando duas fases de abertura/preenchimento. Os filões abriram ao mesmo tempo que se processou a deposição mineral como se conclui do crescimento em pente de minerais como a mica e a volframite. Filão anómalo, com abundante mica no interior, e não nas margens do filão. Fotos: F. Barriga Existem muitas outras jazidas e antigas minas de volfrâmio e/ou estanho por toda a região (Zona Centro Ibérica), embora algumas sejam de tipo diferente. Estão, também, contidas em rochas magmáticas, mas são, frequentemente, de estanho sem, ou quase sem, volfrâmio e aparecem na forma de disseminações de cassiterite em granitos. No entanto os principais jazigos são constituídos por filões mineralizados, tal como acontece na Panasqueira, o exemplo mais importante deste tipo de jazidas na região. Jazigos Portugueses de W e Sn da Zona Centro-Ibérica Tipo Exemplos Observações Em rochas graníticas, pegmatitos, granitos com disseminações. Seixo amarelo (Belmonte) Lagares de Estanho (Viseu) Santa Eulália (Portalegre) Estanho (+-Ta) Tungsténio ausente ou muito escasso Mais antigo Filões (Ta ausente) Montesinho (Bragança) Argemela (Fundão) Borralha (Vila Real) Panasqueira (Fundão) Cravezes (Mogadouro) Valdarcas (Covas, Viana do Castelo) Tabuaço (Régua) Câmbrico Silúrico Skarns e escarnóides de contacto e regionais, com ou sem vulcanismo. Nota: W= volfrâmio ou tungsténio; Sn = Estanho; Ta = Tântalo Contemporâneos da orogenia hercínica Mais recente Pérmico