TEMAS LIVRES DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA 9º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO – 1º CONGRESSO DE DOR DA BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA A ANESTESIA VENOSA TOTAL EM MODELO EXPERIMENTAL DE TRANSPLANTE PULMONAR UNILATERAL EM CÃES REPERCUSSÕES HEMODINÂMICAS E NA TROCA GASOSA Elaine AF Fortis*, Ana CP Antonio, Gabriela C Thiesen, Paulo Francisco Guerreiro Cardoso CET do Serviço de Anestesia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, FAMED/UFRGS Av. Princesa Isabel nº 1016 - Bairro Santana - Porto Alegre-RS - CEP 90620-001 Justificativa e Objetivos - O modelo canino de transplante de pulmão é usado para avaliar-se os métodos de preservação do enxerto, recursos terapêuticos para minimizar a lesão de isquemia reperfusão e o desempenho funcional do enxerto. Esses modelos são complexos, dispendiosos e de elevada morbidade sendo fundamental garantir estabilidade hemodinâmica e eficiente ventilação. Objetivamos avaliar as repercussões hemodinâmicas e na troca gasosa que ocorrem durante a realização de transplante pulmonar em modelo canino sob anestesia venosa total. Método - Foram estudados 37 cães adultos, mestiços, peso de 20,2 ± 5,1 kg, em jejum de 12 horas. Foram utilizados cães doadores após parada cardiocirculatória e tempo de isquemia normotérmica de 3 horas. Após a indução com tiopental sódico a 2,5%, 10 a 15 mg.kg-1 IV, fentanil 2 µg.kg-1 IV e pancurônio 0,2 mg.kg-1 IV, os animais receptores foram intubados e mantidos em ventilação volume controlado com V’E de 400 a 300 ml.kg-1.min-1 cm FiO2 de 1. A anestesia foi mantida com infusão contínua de midazolam de 0,005 a 0,5 µg kg-1min-1, fentanil de 0,1 a 1,0 µg.kg-1.min-1 e pancurônio na dose de 1 a 2 mg.h-1. Foram medidos o consumo total dos anestésicos e as variáveis hemodinâmicas, hemogasométricos em quatro momentos: basal (M0), após pneumonectomia E (M1), pós-pinçamento da a. pulmonar (M2) e após reperfusão do enxerto (M3). Resultados - O tempo cirúrgico variou de 220,5 ± 26 min, consumo médio de midazolam foi Tabela I - Variáveis hemodinâmicas: pressão arterial média de 43,6 ± 9,1 mg e de 1624 ± 379 µg de fentanil. A tabela I mostra (PAM), pressão média de artéria pulmonar (PAP) as variáveis monitorizadas durante o transplante. Conclusões PACO2 PAM PAP PAO2 A técnica de anestesia venosa mostrou-se uma alternativa seMomentos (mmHg) (mmHg) (mmHg) (mmHg) gura e efetiva na manutenção hemodinâmica e da troca gasosa 99,1 ± 27,3 9,2 ± 3,3 583,3 ± 71,1 41,1 ± 13,0 para a realização de transplante pulmonar em modelo caniM1 no.Referências - 01. Andrade CF et al - Partial liquid ventilation 94 ± 27,7 10,8 ± 5,0 544,2 ± 124,9 36,1 ± 10,4 M2 with perfluorodecalin following unilateral canine lung allotrans93,1 ± 24,3 12,9 ± 5,7 471,5 ± 153,9 32,7 ± 12,1 M3 plantation utilizing non-heart-beating donors. J Heart Lung 86,8 ± 23,5 19,9 ± 9,8 371,9 ± 218,8 39,7 ± 14,3 M4 Transplant, 2004;23:241-250. B CO-PARTICIPAÇÃO DOS SISTEMAS NITRÉRGICO E COLINÉRGICO NO EFEITO ANTINOCICEPTIVO DA DEXMEDETOMIDINA Roberto S Moura, Rafael Rangel*, Edmar J A Santos Laboratório de Farmacologia e Psicobiologia (IBRAG) - UERJ Avenida 28 de Setembro 87 - IBRAG 5º andar - CEP 20561-030 - Rio de Janeiro-RJ Introdução - Adexmedetomidina é um potente agonista alfa2 adrenérgico, sendo 8 vezes mais seletivo para este receptor que a clonidina e 3,5 vezes mais lipofílico. Na última década, tem ganho destaque em anestesia por prover analgesia, sedação, atenuação das respostas simpáticas à dor, com estabilidade respiratória e relativa cardiovascular, todos efeitos relacionados ao receptor alfa2. Este efeito antinociceptivo, como da clonidina, possivelmente é dependente, pelo menos em parte, da liberação de óxido nítrico e de mecanismo colinérgico. Dois modelos experimentais consagrados foram utilizados para construir-se uma curva dose-efeito da dexmedetomidina intra-peritoneal em doses de 10, 30, 50 e 100 µg.kg-1 , contra grupos controles de solução fisiológica a 0,9% . Com ratos machos Wistar pesando entre 200 a 300 g usou-se a placa quente à 51 ºC para mensuração da latência dos animais ao estímulo nocivo térmico a cada 15 min entre 0 e 90 min após a droga i.p. Para testar o efeito de antinocicepção ao estímulo inflamatório, utilizou-se camundongos de 25 a 35 g submetidos ao teste da contorção abdominal, onde se aplica a droga i.p., nas doses já citadas, 10 min. antes do acido acético 0,7% i.p. e após 5 min deste, são contadas quantas contrações o animal apresenta no período de 10 minutos. Resultados - Na placa quente, não houve significância estatística (p < 0,05) intra-grupos, nem inter-grupos. À avaliação da contorção abdominal, verifica-se p < 0,01 para a dose de 30 µg.kg-1 e p < 0,001 para 50 µg.kg-1 , ambas em relação ao controle quando avaliadas médias com o erro padrão da média (EPM). Os dados do grupo tratado com 100 µg.kg-1 foram abandonados por intenso efeito sedativo. Conclusões - A dexmedetomidina não demonstrou efeito antinociceptivo para o teste de sensibilidade térmica em ratos, embora eficaz na antinocicepção inflamatória em camundongos. Os seus mecanismos de ação adrenérgicos permanecem sob investigação. Referências - 01. Kamibayashi T, Maze M - Clinical uses of alpha-2-adrenergic agonists. Anesthesiology, 2000;93:1345-1349; 02. Kalso EA, Poyhia R, Rosenberg PH - Spinal antinocicepcion by dexmedetomidine, a highly selective alpha2-adrenergic agonist. Pharmacol Toxicol, 1991;68:140-143. Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 54, Supl. Nº 33, Novembro, 2004 CBA 251