CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE MARCA NO MARKETING DE EVENTOS PAULO EDUARDO DE CASTRO SALDANHA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Gestão de Varejo RIO, JULHO / 2009 2 CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE MARCA NO MARKETING DE EVENTOS 3 CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE MARCA NO MARKETING DE EVENTOS PAULO EDUARDO DE CASTRO SALDANHA Orientador: Jorge Tadeu 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................05 1. Marketing................................................................................... 07 1.1 Definições***********************07 1.2 O Desenvolvimento Histórico.....................................................10 1.3 Mix de marketing********************13 1.4 Os Ambientes de Marketing**********...**...*..14 1.5 Segmentação de Mercado.........................................................15 2. Marketing de Eventos*****************...18 2.1 Tipos de eventos********************20 2.2 O mercado de eventos****************......23 3. Construção de marca*****************....29 4. Fortalecimento de Marca**************..........35 5. Fatores Críticos de Sucesso************............41 6. Estudo de Casos.........................................................................45 6.1 Case Bradesco Seguros..............................................................45 6.2 Case Rock In Rio.........................................................................49 CONCLUSÃO*.********************.......55 . BIBLIOGRAFIA......................................*******..................57 ANEXOS...........................................................................................58 I 5 INTRODUÇÃO O presente estudo pretender explicar, com clareza e objetividade, os principais aspectos relacionados ao tema eventos – o que são, como se classificam, quem faz parte desse mercado e qual a sua importância. O marketing de eventos será abordado como uma ferramenta que pode alavancar negócios fortalecendo marcas, e como base para a criação de eventos que são próprio produto, levando à construção da marca. Então, o primeiro capítulo tratará do marketing em si, suas bases, conceitos fundamentais, histórico e evolução, e como tudo isso interage nos ambientes de marketing. O segundo capítulo fará uma introdução ao marketing de eventos, pretende-se explicar o que é, bem como detalhar seus tipos de classificações. Ainda neste capítulo será situado o mercado de eventos, delimitando o seu tamanho, tanto em volume de dinheiro movimentados tanto em quantidade de eventos realizados divididos geograficamente pelo Brasil. O terceiro capitulo, que abordará a construção de marca, tem como objetivo demonstrar como o processo de construção de marca que tem por ponto inicial um evento ocorre. Isto, através de uma parte teórica de alguns exemplos práticos. Enquanto que o quarto capítulo sobre fortalecimento de marca, procura demonstrar porque grandes empresas optam por essa ferramenta na hora de traçar seus planejamentos táticos. 6 A citação e o detalhamento dos fatores críticos do sucesso, necessários para a aplicação do marketing de eventos, são discutidos no quinto capítulo. Por fim o capítulo sobre cases vem para exemplificar praticamente tudo o que foi dito anteriormente, tentando mostrar o sucesso que se pode alcançar quando uma empresa usa o marketing de eventos, seja para fortalecer sua marca, seja para criar uma marca. A conclusão é um apanhado de todos os conceitos, dados e idéias colhidos visando gerar uma conclusão sobre o marketing de eventos, seu futuro e expectativas. 7 1.MARKETING 1.1 DEFINIÇÕES "Marketing é o processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam, criando e trocando produtos e valores uns com os outros." Kotler, Philip Princípios de Marketing Essa é apenas uma das inúmeras definições de marketing possíveis, todas estão certas e todas se complementam, cito esta para situar nosso objeto de estudo. Compreender e atender satisfatoriamente as necessidades e desejos do consumidor são dois dos principais objetivos do marketing. A Associação Americana de Marketing explica que marketing é a execução de atividades comerciais que dirigem o fluxo de mercadorias e serviços do produtor ao consumidor ou usuário.1 Em seus comentários, o comitê apresenta uma definição um pouco mais ampla que essa, e para as finalidades do moderno marketing, até que uma definição assim se faz necessária. O processo do marketing se inicia muito antes de a mercadoria entrar em produção. As decisões de marketing devem ser tomadas em relação ao produto e ao mercado a que se destina, ao preço e ao volume de produção. Então surgem algumas questões. Será que o produto deve ser mesmo criado? 8 Como deverá ser embalado e que nome terá? Qual a composição de seu mercado potencial? Qual será o preço inicial? Uma vez que o marketing não começa no fim da linha de produção, também não termina após a venda. O comprador deve ficar satisfeito, se a empresa quiser que ele repita a compra ou que ele fale bem da empresa. Assim sendo, uma garantia do produto e um bom atendimento são essenciais depois de concluída a venda. Esta definição objetiva reflete a orientação de produção que tem caracterizado em grande parte o mercado dos Estados Unidos. Simplesmente criar um bom produto não redundará em sucesso para a empresa, nem terá grande influência no bemestar do consumidor. O produto precisa ser comercializado junto aos consumidores ou usuários antes que toda sua utilidade seja compreendida. Mas para que tudo isso ocorra, primeiro é preciso entender alguns conceitos. A necessidade surge antes do desejo, vem do cotidiano, dos sentimentos básicos, como fome, sede, segurança, etc, a necessidade não pode ser inventada. O desejo então, aparece depois da necessidade estabelecida, podemos ter várias soluções para uma necessidade, mas o desejo escolhe uma específica. As pessoas procuram satisfazer seus desejos com produtos, estes são por conseqüência a materialização dos desejos, podendo ser tangíveis (uma roupa) ou intangíveis (um serviço). É em volta do produto que orbitam todas as interfaces e ferramentas do marketing. O local onde os consumidores potenciais e reais com mesmas necessidades e desejos estão, é o mercado. Este é dividido por tipo de 1 Comitê de Definições: Glossário de Termos de Marketing, Associação Americana de Marketing. 9 produto/serviço e subdivido em segmentos e nichos, e ainda separado por regiões geográficas. Cada mercado tem características diferentes, como tipo de concorrência, tamanho da demanda, tipo de consumidor, entre outros. Exemplificando podemos dizer que existe o mercado de roupas femininas jovens de classe AB no sudeste, onde o tipo de produto é vestuário, o segmento é feminino, o nicho é jovem de classe AB e a região é o sudeste do Brasil. Todo mercado tem uma demanda, que está relacionada a procura por um produto/serviço. Quanto maior a procura ou o desejo por algo maior a demanda, ela pode ser potencial (o desejo existe mas o produto não) ou existente. Produtos e serviços não são os únicos objetos passíveis de serem colocados no mercado; pessoas, lugares, idéias, experiências e sensações também são. A partir daí podemos desenvolver um raciocínio sobre o marketing , seus objetivos e resultados. Os diretores, e CEO's´, de empresas devem reconhecer que o marketing é de importância vital para o sucesso da empresa, e entender que uma empresa é uma organização de marketing. É o chamado conceito de marketing, ele vem se desenvolvendo à medida que as empresas estão deixando ser voltadas para a produção e passando a ser voltadas para o mercado. 10 O conceito de marketing fala de três pontos. Primeiro, todo o planejamento, políticas e operações da empresa, devem voltar-se para o cliente. Segundo, um faturamento lucrativo deve ser a meta da empresa. Terceiro, todas as atividades da empresa devem ser empresarialmente integradas e coordenadas. Conseqüentemente, todas as áreas da empresa, seja produção, seja financeira, seja de marketing, devem concentrar-se, antes de tudo, em saber quais são os anseios do cliente, e então satisfazer tais desejos, e ainda assim conseguir um lucro razoável. Para que uma empresa comercial compreenda todos os benefícios do conceito de marketing, a filosofia deve ser posta em prática. Isso quer dizer que as atividades de marketing de uma firma devem ser mais bem organizadas, coordenadas e dirigidas, e que o principal executivo de marketing deve exercer um papel mais destacado no planejamento e na política total da empresa, do que de um modo geral acontece. Enquanto essas mudanças ocorrem, surge no mundo dos negócios a idéia de administração de marketing. Administração de marketing é o conceito de marketing em ação. 1.2 O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO Nesta rápida recapitulação histórica, será visto o surgimento do marketing e seu desenvolvimento à medida que a sociedade se transforma de uma economia artesanal auto-suficiente para um sistema sócio-econômico que compreende a divisão do trabalho, a industrialização e a urbanização da população. 11 Numa economia agrária ou rural, o povo é, em sua maioria, autosuficiente. As pessoas plantam ou criam o que comem, fazem suas próprias roupas e constroem suas casas e utensílios. Existe muito pouca especialização do trabalho e quase não há necessidade de comércio de espécie alguma. À medida que o tempo passa, no entanto, o conceito de divisão do trabalho começa a evoluir e os artesãos concentram-se na produção daquilo em que cada um se sobressai. Isso resulta em que cada pessoa produz mais do que precisa de alguns artigos e menos do que necessita de outros. Sempre que alguém produz mais do que precisa, ou precisa mais do que produz, estão lançadas as bases para o comércio, e o comércio é a alma do marketing. O intercâmbio começa a se desenvolver numa economia agrária, em bases simples, é claro. A maioria dos negócios são em pequena escala, empreendimentos sem qualquer especialização administrativa. A atenção concentra-se apenas na produção, e pouca ou nenhuma atenção é dada ao marketing, ou comercialização. Na verdade, a prática no geral é de manufaturar produtos sob medida. Na etapa seguinte, vem a evolução histórica do marketing. Pequenos produtores começam a fabricar seus produtos em quantidades maiores, antevendo pedidos futuros. Ocorre, então, uma nova divisão do trabalho, pois um certo tipo de homem de negócios surge para ajudar a vender a produção aumentada. Esse homem de negócios, ou comerciante - que age como intermediário entre os produtores e os consumidores - é o revendedor. Para facilitar a comunicação, a compra e a venda, as várias partes 12 interessadas procuram reunir-se geograficamente. Assim se formam os centros comerciais. Pode-se concluir que os avanços ou refinamento do marketing de um modo geral andam de mãos dadas com progresso da civilização. O marketing nos Estados Unidos nasceu com a Revolução Industrial. Simultâneo, ou como subproduto da Revolução Industrial, deu-se o crescimento de centros urbanos e um declínio da população rural. O artesanato caseiro, passou para as fábricas, e as pessoas foram para as cidades a fim de trabalhar nas indústrias. Desenvolveu-se também o ramo de prestação de serviços para atender às necessidades diárias do operários, que não mais eram auto-suficientes. Mas o marketing permaneceu uma criança durante a última metade do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX. Toda atenção se voltava para a expansão das empresas industriais, pois a demanda do mercado geralmente excedia a oferta dos produtos. Na verdade o marketing de massa era um pré-requisito da produção em massa bem sucedida. Somente com um sistema de comercialização em massa ou em grande escala, poderiam as fábricas funcionar ao ritmo ideal de produção e assim beneficiar-se com a economia de escala. Ao mesmo tempo em que a economia se tornava mais complexa, os canais pelos quais fluía o comércio começaram a se tornar cada vez mais longos. Era preciso desenvolver métodos melhores para vender a produção industrial. Portanto, o aparecimento de especialistas de marketing foi um passo natural dessa evolução. 13 O marketing atingiu a maioridade após a Primeira Guerra Mundial quando os termos "excedentes" ou "superávit" e "superprodução" se tornaram cada vez mais comuns no vocabulário econômico. Desde 1920, mais ou menos, existe nos Estados Unidos um poderoso mercado consumidor. Isto é, tem havido pouca dificuldade em produzir a maioria dos produtos, o verdadeiro problema está em como comercializa-los. Normalmente não pode haver uma intensa atividade econômica sem que haja um nível igualmente elevado de atividades de marketing. Durante os períodos de retração econômica, todo mundo logo percebe que é uma diminuição na atividade comercial que força reduções na produção. Torna-se evidente que em nossa economia nada acontece até que alguém resolve vender algo, e assim, passam a existir solicitações urgentes de um marketing mais intenso, e não de uma produção maior. Deste jeito é formado o cenário do marketing moderno. 1.3 MIX DE MARKETING Ainda é de extrema importância falar sobre o mix de marketing, ou seja, as variáveis controláveis de marketing usadas para direcionar a demanda de um produto para um ponto desejado, essas variáveis são os 4´ps: praça, produto, preço e promoção. O produto é o bem físico e/ou serviço oferecido por uma empresa. 14 A praça é local de comercialização do produto, bem como os processo que disponibilizam o produto para o mercado consumidor. O preço é o recurso que o consumidor usará para obter o produto, deve-se observar que o preço é a única variável que implica em receita e não em gasto para a empresa, e pode ser associado ao custo ou ao valor. O custo é aquilo que a empresa gastou para produzir/gerar um bem/serviço. O valor é aquilo que o consumidor está disposto a pagar em face dos benefícios que ele acha que terá. Por exemplo em um show, uma pessoa pode pagar mais por um lugar na platéia ou no camarote, no fim ela verá o show que é a necessidade inicial, mas o valor percebido por esses dois lugares faz com que ela pague mais pelo camarote. A promoção engloba todas as ações que apresentam os atributos e vantagens do produto para os clientes, a fim de convence-lo a adquirir este produto. Todos esses conceitos estão de inseridos no ambiente de marketing, que dividi-se em microambiente e macroambiente. 1.4 OS AMBIENTES DE MARKETING O microambiente envolve tudo que está ligado à empresa. Como o próprio ambiente interno, levando em consideração seus processos e 15 departamentos; os fornecedores; os concorrentes; a carteira de clientes; e os outros públicos (financeiros, de mídia, de interesse, governamentais, etc.). O macroambiente estabelece forças que são incontroláveis pela empresa, resta a ela se preparar para mudanças, que podem gerar ameaças ou oportunidades. Essas forças são a demografia, a política, a economia, a tecnologia, a cultura/hábitos e o ambiente natural. Então quando uma empresa traça seu planejamento de marketing e/ou desenvolve estratégias deve levar em consideração todos esses fatores e forças, tanto do micro quanto do macroambiente. 1.5 SEGMENTAÇÃO DO MERCADO Uma empresa voltada para a produção poderá encarar todo o seu mercado como uma única unidade homogênea, indistinta. Dentro desse conceito - conhecido como agregação de mercado -, a administração da empresa cria um só produto, um só plano de comercialização destinado a atingir o maior número possível de consumidores. A agregação de mercado permite que uma empresa maximize suas economias de escala e de produção, na distribuição física e na promoção de vendas. Produzir e comercializar um produto significa períodos mais longos de produção a um custo unitário menor. Os custos de manutenção de estoque são mantidos no mínimo quando não existe variedade, ou, então, uma variedade muito pequena de cores, estilos, tipos e tamanhos. A armazenagem e o transporte são mais eficientes. 16 Possivelmente os custos de propaganda por unidades também sejam menores para um único produto do que quando diversos artigos são promovidos ao mesmo tempo. Quando a concorrência se torna muito forte e a empresa é forçada a reduzir preços, com uma conseqüente diminuição dos lucros, ela pode procurar diferenciar seus produtos dos sus concorrentes. Dentro desse conceito de diferenciação de produtos, uma empresa poderá lançar algo novo como a mudança de embalagem, novos tamanhos, novos sabores, ou novas cores, por exemplo. Essa nova característica é geralmente seguida de grandes inversões na promoção, num esforço para transmitir ao mercado global que existem vantagens reais ou psicológicas que diferenciem o produto. O mercado global para a maior parte dos produtos é por demais heterogêneo, para que os homens de marketing possam tirar máximo proveito de uma análise do mesmo como um todo. Falar do mercado de comprimidos de vitamina ou de barbeadores elétricos, é o mesmo que ignorar o fato de que, dentro do mercado global existem segmentos que diferem uns dos outros. Esta falta homogeneidade pode ser encontrada na diferença dos hábitos de compra, maneiras segundo os quais os produtos são usados, motivos para usa-los, entre outros. Então, segmentação de mercado é o processo de tornar-se o mercado global de um produto e dividi-lo em diversos submercados (segmentos), sendo que cada um destes tende a ser homogêneo em seus aspectos fundamentais. Em termos usados pelos economistas, estamos 17 criando diversas escalas de demanda, uma para cada faixa de segmento de mercado. A segmentação de mercado é uma filosofia voltada para o cliente. Primeiro, descobre-se as necessidades dos compradores de um segmento, e então elabora-se ou adapta-se um produto para atender a estas necessidades específicas. Cada segmento exige um plano de marketing separado. Como parte da estratégia de segmentar o mercado, empresas freqüentemente criam uma versão diferente do seu produto básico. Assim os fabricantes de automóveis, por exemplo, criaram diversos produtos, cada um focado em um segmento (que pode ser caracterizado pela idade, estilo de vida, sexo, classe social, posição geográfica ou uma mistura de alguns ou todos estes itens). Para cada caso os planos promocionais e provavelmente os canais de distribuição serão diferentes. 18 2. MARKETING DE EVENTOS O evento é um instrumento institucional e promocional, utilizado na comunicação dirigida, com a finalidade de criar conceito e estabelecer a imagem de organizações, produtos, serviços, idéias e pessoas, por meio de um acontecimento previamente planejado, com a aproximação entre os participantes. Assim, o marketing de eventos é toda ação de marketing que usa o evento como veículo de comunicação para se difundir o nome, produto ou fixar imagem de uma empresa. O marketing de eventos surgiu para preencher uma lacuna deixada pela mídia tradicional, onde empresas precisavam se expor mas não tinham capital para fazer isso do modo convencional (tv-rádio-jornal). O evento é uma forma alternativa e original de veicular uma marca e/ou produto, existindo inúmeras formas de exibi-la dentro do evento, desde banners, e brindes até shows de laser e demonstrações. Outro atrativo do marketing de eventos é o retorno de mídia espontânea, o gasto operacional para planejar e executar o evento é na maioria das vezes muito menor que o gasto potencial com mídia, caso as aparições espontâneas tivessem sido pagas. Para melhor entender, cito a empresa de cartões de crédito Credicard2, esta, investiu R$1,2 milhões em um 2 Site Marketing Best Consulta em set/02 19 evento durante o carnaval 2001 de Salvador, obtendo um retorno de mídia espontânea equivalente a 712 comerciais de 30 segundos, o que consumiria uma verba de R$3,3 milhões, e além disso obteve um recall de marca de 26% entre os 2 milhões de foliões que estavam na cidade . Para se fazer marketing de eventos não há formula fechada, pois há variáveis que, conforme combinadas, podem resultar numa excelente ação de marketing. O que manda é a criatividade para atingir o público alvo de forma a atender os objetivos de comunicação da empresa com os recursos disponíveis. Ao realizar um show, por exemplo, a empresa pode não só associar sua marca a aquele tipo de música e público como pode também oferecer amostras de produto (promoção); distribuir ingressos para os seus funcionários (endomarketing); eleger um dia exclusivo para convidados especiais (marketing de relacionamento); enviar mala-direta aos consumidores/clientes informando que o show está acontecendo e é realizado pela empresa (marketing direto); mostrar o artista consumindo o produto durante o show (merchandising); levantar informações gerais sobre o consumidor por meio de pesquisas feitas no local (database marketing); fazer uma publicação sobre o evento (marketing editorial); realizar uma campanha específica destacando a importância do patrocínio (publicidade) e muitas outras ações paralelas que tem o poder de ampliar o raio de alcance da ação de marketing de eventos. Deve-se entender que ações diferenciadas geram melhores resultados. Então associamos o público jovem com eventos musicais, preferivelmente noturnos, regados a muita paquera; ou a eventos esportivos. 20 Por outro lado se o público é adulto de classe média/alta podemos associa-lo a eventos ligados a arte, para a dona de casa seria melhor um evento com demonstrações (ligadas a facilitação do seu dia-a-dia), e assim por diante, sempre usando a equação target + produto = tipo de evento. Apesar de todas as vantagens, tanto estratégicas quanto econômicas, ainda existe uma grande resistência ao marketing de eventos, muitas pessoas não querem investir em uma “festa”, e não acreditam em um retorno real. Isso deve-se a uma cultura enraizada de priorizar o volume de vendas a todo custo, menosprezando esforços que elevem a parte intangente da companhia, como a marca e a imagem. Logicamente existe retorno nas vendas, mas o evento funciona melhor como uma ferramenta de alavancagem de imagem. Seja, formando uma nova imagem, fortalecendo uma já existente na cabeça do consumidor, ou ainda alterando a percepção sobre uma empresa, em relação a uma imagem arranhada ou depreciada. 2.1 TIPOS DE EVENTOS Os eventos podem ser divididos em categorias, sendo classificados como institucionais, quando pretendem criar ou firmar o conceito e a imagem da empresa/produto, entidade, governo ou pessoa; e promocional ou mercadológico, quando visa a promoção de um produto ou serviço de uma empresa, governo, entidade ou pessoa, em apoio ao marketing, objetivando assim fins mercadológicos. 21 Ainda pode-se classificar os eventos por área de interesse, algumas vezes certos eventos podem se encaixar em mais de uma área de interesse, são elas: • Artística: ligado a qualquer espécie de arte (música, dança, poesia...). • Científica: ligada a assuntos científicos nos campos da medicina, física, química, biologia ou pesquisa. • Cultural: pretende ressaltar aspectos culturais, para conhecimento geral ou promocional. • Folclórica: trata das manifestações de cultura regionais ou estrangeiras. • Educativa: o objetivo final é a educação. • Política: ligado a política, mais especificamente à partidos (showmícios), associações de classe e entidades sindicais. • Lazer: objetiva proporcionar entretenimento aos seus participantes. • Desportiva: qualquer evento no setor esportivo, independente de sua modalidade. • Turística: deve divulgar os recursos turísticos de uma região ou país. 22 Ainda há a possibilidades de classificar eventos de diversas maneiras, mas, de acordo com o objeto de estudo escolhido apenas serão abordados os eventos demonstrativos (ou expositivos), pois são neles que as empresas conseguem expor a sua marca e seus produtos, a fim de gerar um retorno seja em volume de vendas seja em recall de imagem. Os eventos demonstrativos ou expositivos dividem-se em: show, festival, desfile, lançamento, inauguração e feira. O show caracteriza-se pelo entretenimento em si, com sua base na música, dança, teatro, com fim cultural ou não. O show pode se enquadrar em qualquer uma das categorias de eventos institucionais ou promocionais, sendo uma grande ferramenta de alavancagem de campanhas. O festival, é uma festa de variedades girando em torno de um tema principal, que pode ser um estilo de música, um tipo de esporte, um tipo de culinária... O desfile é a apresentação de produtos ligados a moda, com o uso de modelos e manequins. A inauguração é a apresentação ao público-alvo de novas instalações da empresa, podendo ser uma loja, uma unidade fabril, ou uma instalação totalmente diferente do escopo da empresa. Temos como exemplo a empresa de telefonia celular ATL, quando inaugurou um espaço para shows, o ATL Hall. 23 A feira expõe produtos em estandes, e é regida por regras préestabelecidas por uma entidade reguladora. A feira acolhe diversas empresas de um mesmo setor, que tentam demonstrar seus produtos em meio a um mar de opções. 2.2 O MERCADO DE EVENTOS As empresas estão enfrentando novos desafios para manter-se competitivas em um mercado em contínua mutação. Os modelos empresariais estão sendo ininterruptamente reavaliados e reinventados. Os ciclos de vida dos produtos e serviços são cada vez mais curtos, porque os consumidores se entediam mais rápido. Isto significa que a capacidade das empresas de sobreviver e crescer dependerá da sua habilidade em compreender e dominar este novo ambiente. O mercado de eventos no Brasil vem crescendo rapidamente, no último ano o Sebrae realizou uma pesquisa intitulada "1° Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos do Brasil" 3. Os números são, no mínimo, empolgantes. No Brasil acontecem nada mais do que 330 mil eventos por ano, envolvendo 79,9 milhões de participantes. A soma dos gastos dos participantes com receita das locações e das empresas organizadoras chega a uma renda total de R$37 bilhões por ano, o que representa 3,1% do PIB brasileiro. Além disso, a industria de eventos responde atualmente por cerca de 3 milhões de empregos diretos, terceirizados e indiretos e a arrecadação de tributos é 24 estimada em R$ 4,2 bilhões. Esses empregos vão desde os montadores de estruturas, recepcionistas, serviços de limpeza e segurança, até a confecção de brindes, Dj's, impressão de ingressos, operadores de Hot line, etc... A pesquisa ainda aponta que o sudeste responde pela maior parte dos eventos realizados no país: são 168.963 por ano, ou seja, 52%. O sul vem em segundo lugar com 63.168 eventos por ano, correspondendo a 19%. Empregos gerados pela indústria de eventos 551,200 176,424 2,182,872 75% indiretos 19% terceirizados 6% diretos Fonte: Revista Meio&Mensagem Fev 2003 3 Meio & mensagem fev 2003 25 Renda gerada pela indústria de eventos do Brasil (em Reais) 1.615.013.187 3.986.172.874 31.429.563.653 85% renda dos gastos dos participantes 11% renda gerada pelas empresas organizadoras 4% renda das locações de espaços Essa pesquisa expõe o avançado estágio que o setor se encontra, não é necessário ser nenhum economista para constatar a importância direta e indireta do mercado de eventos, em todas as regiões do país, como fator de geração de riqueza e desenvolvimento sócio econômico. Fonte: Revista Meio&Mensagem Fev/2003 26 O marketing de eventos vem ganhando força no meio empresarial porque apresenta soluções relativamente baratas a três novas exigências do mercado: 1) necessidade de diferenciação das marcas; 2) diversificação do mix de comunicação das empresas para melhor atingir seu público; 3) necessidade das empresas se relacionarem com a sociedade. Ao realizar um evento a empresa se diferencia das demais a partir do momento em que toma para si de terminados valores relativos àquele projeto (por exemplo tradição, modernidade, competência, criatividade, popularidade etc.). O mercado de eventos exige muita pesquisa, para por exemplo delimitar um target e um linha de ações a ser seguida, avaliar os resultados operacionais de um evento e o retorno de vendas e imagem para a empresa.. Deve-se dedicar especial atenção à pesquisas dentro do evento, estas mostram a satisfação e aceitação do público presente em relação ao evento em si e a marca/produto exibida nele. Podendo ser feita por meio de um questionário rápido porém eficaz, aplicados por funcionários circulantes ou em um local determinado, pela de Internet ou por escrito. Em ambos os casos se faz necessário oferecer algum atrativo para que as pessoas se disponham a gastar um certo tempo com isso, esse atrativo (que pode ser um brinde) deve 27 ser acompanhado de uma conscientização de que a contribuição dessa pessoa é muito importante para empresa. A seguir há um gráfico4 demonstrativo do resultado de uma pesquisa de satisfação realizada pelo IBOPE para a ArtPlan, com uma amostra de 500 (quinhentas) pessoas, nos dias 24 e 25 de janeiro de 2001, na Cidade 4 Revista Rock In Rio Resultados - Fev/01 28 do Rock, com pessoas entre 14 e 50 anos, que foram pelo menos uma vez ao Rock In Rio III. O perfil do público entrevistado foi descrito como sendo 46% feminino e 54% masculino, 26% das pessoas tinham mais de 26 anos, 24% entre 21 e 25 anos, 28% entre 18 e 20 anos e 22% entre 14 e 17 anos; a escolaridade de nível superior foi confirmada em 44% do público e a classe social de maior presença foi a B com 47%, seguida da A com 35%. O nível de satisfação foi medido em uma escala de 0 (zero) a 100 (cem). Essa pesquisa foi realizada com o intuito de identificar os pontos fracos e fortes da infra-estrutura do Festival. Em paralelo uma pesquisa de share of mind das marcas presentes (Coca-Cola, Polaroid, Schincariol, entre outras) foi feita. Posteriormente ao Festival uma terceira pesquisa mediu o recall do consumidor em relação a própria marca Rock In Rio, bem como aos seus produtos, além da aferição do retorno de mídia espontânea. Esse exemplo confirma a importância da pesquisa para o marketing de eventos, como ferramenta fundamental de determinação de objetivos e controle de resultados. 29 3. CONSTRUÇÃO DA MARCA Os custos, a fragmentação dos mercados e os novos canais de mídia, onde os clientes são capazes de evitar os anúncios, parecem atuar em conjunto contra os velhos recursos de marketing. As campanhas na mídia de massa para a construção de marcas fortes talvez pertençam ao passado. Muitas empresas européias, transformando a necessidade em virtude, desenvolveram abordagens alternativas para a construção da marca e estão desbravando novas trilhas na era pós-mídia de massa. Por exemplo a Hugo Boss e a Swatch realizaram eventos esportivos e sociais que ficaram associados às suas marcas. A Hugo Boss, fabricante de roupas finas, criou a sua imagem de exclusividade e alta qualidade em boa parte devido ao seu envolvimento certeiro em eventos. No início dos anos setenta, a Hugo Boss participou da Fórmula 1, associando-se a marca Porsche, se beneficiando com a forte imagem exclusiva e presença internacional tanto do carro quanto do evento. Ao longo dos anos a Hugo Boss realizou eventos desportivos de esqui, tênis e golfe, e eventos culturais como exposições. Campanhas de sucesso normalmente apresentaram características em comum que talvez sirvam como orientação para muitas empresas que pretendem desenvolver marcas de sucesso. Os gerentes se envolveram profundamente nos programas de construção de marca; as empresas reconheceram a importância de esclarecer a essência da identidade da marca; e se asseguraram de que todos os seus esforços para a conquista 30 da visibilidade se associavam aquela identidade essencial. Os testes-piloto e o uso de uma única medida contínua do valor patrimonial da marca também ajudam os gerentes a extrair o máximo das novas abordagens, no seu mundo cada vez mais competitivo. A identidade da marca - o conceito da marca do ponto de vista do dono - é a base de qualquer bom programa de construção da marca. Seja pela adoção de abordagens alternativas de construção de marca, seja por meio de acesso a vários canais de mídia, ou mediante ambas alternativas, a empresa deve dispor de uma clara identidade da marca, com profundidade, para que os responsáveis pelo planejamento e implantação dos programas de comunicação não enviem aos clientes, mensagens conflitantes e confusas. A identidade nítida e eficaz, que promova a compreensão e adesão de toda a organização, deve estar vinculada à visão da empresa e à sua cultura e valores organizacionais. Deve ser fonte de orientação quanto aos programas e formas de comunicação que sustentarão e reforçarão a marca. A identidade da marca tão ambígua e genérica a ponto de justificar qualquer tipo de comunicação com o cliente não é proveitosa. A construção de uma marca é algo que pode começar de diversas formas. Mas principalmente podemos dividir este processo em dois tipos: quando o produto é tangível e quando é intangível. É lógico que geralmente a construção da marca não faz parte do pensamento original, temos apenas a idéia do produto e o desafio de como inseri-lo no mercado, idéias mais ambiciosas ocorrem com o tempo. 31 Quando o produto é tangível pode-se dizer que fica mais fácil a definição do mix de marketing. A Coca-Cola é um exemplo de força de marca muito usado, mas vamos pensar no início de tudo. Ao inventar o produto físico Coca-Cola, apenas pensou-se nas características dele, seu sabor, refrescância, cor... e tudo foi desenvolvido com base no produto em si. Depois de um certo tempo que foi sentida a necessidade de investir em um "Coca-Cola way of life ". Hoje simplesmente o contorno da garrafa de vidro ( que já nem é mais a embalagem padrão, sendo substituída gradativamente pela lata de alumínio ) remete instintivamente a uma infinidade de sensações e idéias, que não somente relacionadas ao sabor. Quando o produto em foco é intangível, tudo passa a ser extremamente conceitual. O desafio passa a ser vender uma idéia. Então, construir uma marca a partir de um evento, é na verdade trabalhar com conceitos. O evento vende experiências, sensações e principalmente um estilo de vida. Pode-se começar somente com um evento, e então torna-lo periódico, assim as pessoas passam a associar aquele nome a um conceito e as vantagens agregadas á ele. O evento ter esse ou aquele nome, passa a ser garantia de qualidade e diversão por exemplo. O envolvimento do cliente numa experiência mais ampla, sensorial, aumenta o poder de construção da marca. Então é certo dizer que a construção de marca de um evento, normalmente decorre de um "evento mestre" , que estabelece um padrão para 32 a realização de suas edições seguintes. Esse padrão aplica-se desde a estrutura, até a identidade visual e também outros itens que possibilitem a criação de uma imagem própria. Os avanços devem existir na forma de melhorias e inovações, sem esquecer "aquilo" que fidelizou o cliente em primeiro lugar, seja a qualidade do ambiente, seja o atendimento, seja estar antenado com as tendências mundiais. Para ilustrar esta idéia de evento mestre, temos como exemplo um fenômeno da noite carioca, que vem tomando corpo desde 1999: as festas com marca. O que nada mais é do que um evento do tipo lazer que tem como “produto” a ser exposto ou vendido ele mesmo. Um case de sucesso é a moonight5, criada pelo estudante e agora empresário Marcelo Arar, começou como uma brincadeira entre amigos, e após 5 anos, se tornou uma marca fortíssima, entre a faixa etária dos jovens de 15 a 19 de classe média da cidade Rio de Janeiro. Sua premissa principal é diversão, paquera e segurança, com música eletrônica de pano de fundo. Hoje chegam a ocorrer quase trinta edições por ano, nos mais diversos locais da cidade, movimentando centenas de milhares de reais por mês. Com tamanha aceitação e reconhecimento foi inevitável a extensão de linha, assim foi lançado uma coletânea de Cd’s com músicas executadas nas festas produzida pela Som 5 Revista Veja Rio 10 Jan/ 02 33 Livre. O cd de estréia lançado em 1999, conseguiu em apenas 1 mês entrar para a lista dos mais vendidos do país, em primeiro lugar. As vezes a extensão de linha se torna algo de proporções gigantescas, deve-se então ter cuidado para não perder o foco do negócio e acabar explorando excessivamente a marca, levando-a a exaustão. O Rock In Rio chegou a licenciar mais de 60 produtos com sua marca na época de sua terceira edição em 2001, mas neste caso uma empresa foi contratada especialmente para cuidar dessa área, assim a organização do festival não ficou prejudicada. Mas como saber se há mercado para a extensão de linha? Mais uma vez usando a pesquisa de opinião. O melhor laboratório é o próprio evento. Neste caso as pesquisas devem ser desenvolvidas de modo que consigam delimitar os hábitos de consumo, o perfil do público presente, e sua abertura para esses produtos. A partir daí avaliar as necessidades e desejos desse target, e as janelas estratégicas geradas pelo evento. As extensões de linha mais usadas são: cds, roupas, e linha de papelaria (estojo, caderno, canetas...). É devido atentar para o fato que ao analisar novos produtos e serviços, as empresas devem avaliar com cuidado não apenas a maneira como 34 a marca afeta a extensão de linha, mas também o modo como a extensão de linha afeta a marca. Construir uma marca que na verdade é um evento requer um mix de marketing adaptado a conceitos sensitivos, o custo x benefício será relacionado a emoções e ao prazer da participação. Cada pessoa percebe o mundo a sua volta de uma forma, e assim será com o seu evento, o importante é saber que não se pode agradar a todos e por isso segmentar o evento. O diagrama abaixo mostra os públicos a serem levados em consideração, quando a empresa está escolhendo o segmento a ser focado. 35 4. FORTALECIMENTO DE MARCA Existem empresas que buscam o marketing de eventos para fortalecer suas marcas. Geralmente isso ocorre quando: § as empresas já estão estabelecidas no mercado, mas pretendem atingir novos targets § a empresa quer relacionar sua imagem a um § seu share of mind está baixo § a imagem da empresa foi arranhada / conceito depreciada por algum motivo É imprescindível antes de tudo avaliar a adequação do público e do evento à imagem da empresa, a relação custo x benefício, a qualidade e capacidade dos locais onde os eventos serão realizados, a capacidade de geração de mídia espontânea, a seriedade da empresa montadora da infraestrutura e das prestadoras de serviços (como segurança e limpeza) e a flexibilidade para ações promocionais paralelas. A não avaliação ou avaliação incorreta de qualquer um dos itens acima pode resultar em um desastre, arranhando a imagem da empresa, pois seu nome estará ligado a um mal atendimento e a falta de respeito ao público que compareceu ao evento. 36 Quando da decisão do target, a escolha do tipo de evento marcará os conceitos que serão posteriormente associados à empresa. Um evento ligado a cultura, remete a seriedade, beleza e sofisticação (exemplo Chivas Jazz Festival), ligado ao esporte lembra energia, alegria e vigor (exemplos Copa Toyota Libertadores da América, Circuito BB de vôlei de praia), e ligado à comunidade leva a responsabilidade, compromisso e maturidade (exemplo Natal Bradesco Seguros). Existem vários públicos a serem explorados, estes podem ser divididos pela faixa etária, pela profissão, pela área de interesse, etc. Exemplo de divisão por faixa etária: crianças, jovens, adultos, idosos; por profissão: médicos, advogados; engenheiros, por área de interesse: culinária, tecnologia, música... No final da década de setenta, o mercado de vodka nos Estados Unidos, estava definido, tendo a russa Stolichnaya 80% do segmento de vodka importada. Em dez anos, entretanto, as vendas da sueca Absolut dispararam de 5 mil para 2,5 milhões de caixas por ano. Como a Absolut conseguiu este feito? A Absolut sabia que os ingredientes tradicionais das marcas de sucesso já não eram suficientes para destacar um produto de seus concorrentes. Seu sucesso foi alcançado através de uma campanha bem integrada de identidade de marca, com o tema "moderna, vistosa, elegante, sofisticada, às vezes tola, mas com estilo refinado". A empresa passou a associar o produto ao ambiente da moda e da arte, porém sem exagero ou pretensão. O anúncio típico da empresa, mostra a inconfundível garrafa com um título de duas palavras que 37 sempre começa com a palavra Absolut. Assim, a imagem foi ligada a uma série de eventos culturais fora do circuito convencional, apresentando títulos idênticos à campanha de anúncios de duas palavras. Como a série Absolut Concerto, de obras clássicas contemporâneas, e o Absolut Story, de narrativas da revista Esquire. Um dos públicos mais explorados pelo marketing de eventos é o jovem, e por isso concentraremos nosso foco nele. Prender a atenção do consumidor é um desafio para qualquer marca. Quando o alvo é o jovem a tarefa exige ainda maior esforço, pois tratase de um público que utiliza variados meios de comunicação para se informar e é muito suscetível a novidades. Ainda devemos atentar para o fato que o jovem formador de opinião tem alto poder de decisão na compra da família dependendo do segmento do produto, este poder revela-se principalmente nos segmentos tecnológico e alimentício. O investimento em situações criativas é essencial para divulgar e consolidar uma marca a esse target. O marketing de eventos entra em cena então, aproveitando a descontração para envolver a turma de amigos ou casais. A tendência é realizar um evento do tipo lazer ou do tipo desportivo, que remete a jovialidade. O evento desportivo não deve ser confundido com patrocínio, para entender melhor serão expostas duas ações do Banco do Brasil. A primeira é patrocínio do tenista Gustavo Kuerten, ele “carrega” a marca do BB em seu uniforme e participa de comerciais, já a segunda é a realização do 38 Circuito BB de Vôlei de Praia, nesse caso o Banco na é representado por esse ou aquele atleta, todo o evento é ligado a sua marca, e o público vai atribuir falhas ou acertos por exemplo na infra-estrutura ao BB, pois ele entende ser o Banco o responsável por tudo. Em abril de 1999, a missão da área de marketing era tornar o Banco do Brasil mais ágil e focado no cliente. O plano foi direcionar o trabalho de marketing para a realização de eventos esportivos e culturais, promovendo assim uma revisão da marca, associando o BB a conceitos já vistos anteriormente neste trabalho, ligados a jovialidade, classe e aumentando o contato com a comunidade. “Para manter nossa liderança e vencer a concorrência precisamos desenvolver e priorizar produtos e serviços. Por isso, resolvemos investir no institucional, via eventos e promoção, e não em propaganda”. Informou o diretor de marketing Renato Luiz Belineti. Desenvolveu-se então, um projeto de evento esportivo ligado ao vôlei, este evoluiu em tamanho e em aceitação por parte do público, chegando em 2002 a um valor investido no circuito BB de vôlei de praia de R$22 milhões com 65 ações programadas. A exposição espontânea positiva da instituição na mídia cresceu de 80% em 1999 para 90% em julho de 2002, as promoções atingiram a marca de 500 mil produtos vendidos, o que equivale a uma renda de 25 milhões de reais.6 6 revista Marketing Ago/02 39 O evento do tipo Lazer é o preferido pelo público jovem, ali ele se sente adulto e dono de suas ações. Proporcionar um ambiente alegre e antenado com as novidades deve ser a principal preocupação dos realizadores. Para os fabricantes de bebidas alcoólicas uma oportunidade ímpar é se encaixar nos eventos de laser, e não são poucos que aproveitam para conquistar e fidelizar consumidores. As ações visam mais a divulgação das marcas do que o volume de vendas. Esse tipo de estratégia é importantíssimo, já que a mídia brasileira é uma das mais caras do mundo. Para visualizar melhor essa idéia cita-se a companhia Allied Domeq, do ramo de bebidas alcoólicas. O principal objetivo do projeto de eventos 7era rejuvenescer a marca e conquistar o público jovem, este projeto foi inovador para a empresa, pois falou sobre a atitude e comportamento do jovem que procura tornar-se dono de seu tempo, com uma linguagem que motiva aspirações e é relevante para o público jovem adulto. Uma série de eventos sob o slogan "tem coisas que ninguém ensina", foram montados para a faixa etária entre 18 e 24 anos. Realizados no Rio e São Paulo, festas fechadas com um ambiente de design arrojado e elegante, expuseram o produto com promoções no local da festa, degustações (inclusive do lançamento "TG - Teacher´s com guaraná"). A expectativa era aumentar a lembrança do whisky Teacher´s nesse target em 10% e ultrapassar a marca histórica de meio milhão de caixas vendidas, trazendo para a filial brasileira o posto de mercado onde mais se vende whisky - atualmente o país ocupa a segunda colocação. 40 Deve-se observar que existe um grande número de empresas que opta por realizar eventos ligados a música, diversão, noite, a todo um conceito de entretenimento noturno jovem/adulto. O que difere é o modo como as empresas apresentam seus produtos e marcas dentro dos locais do evento. Fala-se então, que o marketing de eventos é amplamente usado por empresas já conhecidas e estabelecidas em seus mercados com uma ferramenta de fortalecimento de marca e alavancagem de negócios. 7 Meio & Mensagem 28/10/02 41 5. FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO "O planejamento é a base essencial ao desenvolvimento da organização de eventos, permitindo a racionalização das atividades, o gerenciamento dos recursos disponíveis e a implantação do projeto." É o que diz Gilda Fleury, enumerando assim o primeiro fator crítico de sucesso para um evento. O principal fator crítico de sucesso do marketing de eventos é o planejamento, este deve ser feito globalmente e deve ajustar-se aos meios e condições disponíveios para o tipo e tamanho do evento que foi escolhido. Dentro do planejamento três elementos devem ser determinantes para a sua execução: os objetivos, o público e as estratégias. Os objetivos, traduzem o que se almeja alcançar com o evento, seja ele institucional ou promocional. Eles são essenciais para criar, estabelecer, firmar, manter e divulgar o conceito e a imagem de uma organização, pessoa ou produto. Públicos são aqueles conjuntos de indivíduos que queremos atingir com o evento, o gráfico a seguir mostra o universo de públicos para qualquer organização. A necessidade básica das pessoas de socialização, ou seja, viver em comunidade, faz com que elas desejem dialogar. Participando de um evento os seres humanos partilham interesses, sentimentos e idéias. 42 O evento seleciona um público-alvo e o aglutina, em um certo local, assim estes indivíduos se identificam uns com os outros e passam a trocar informações e experiências em torno daquele ponto escolhido para ser divulgado pelo evento. Estratégias são as ações desenvolvidas e executadas para se atingir os objetivos traçados, conseqüentemente gerando os resultados esperados. • Outros fatores críticos de sucesso: • Análise de variáveis sócio-ambientais • Alocação de recursos financeiros de acordo com a realidade • Programação visual • Divulgação • Organização A análise das variáveis sócio-ambientais é um fator importantíssimo para não cometer erros na abordagem. Cores, símbolos, ritos, etc devem ser respeitados e percebidos como ponto identificador não só para povos como para tribos urbanas. O que para um é bonito, agradável, para outro pode ser ofensivo, pior do que não informar é informar errado. A empresa deve fazer um estudo de quanto cada fase do projeto gastará, contando com flutuações dos preços, variação do dólar, e a partir 43 deste estudo alocar os seus recursos financeiros, mas sempre pensando na realidade da empresa. Quando os recursos são escassos, a empresa decidirá se é preferível fazer um evento de pequeno porte, atingindo pouca gente, mas com uma qualidade diferenciada, ou um evento de grande porte atingindo um número maior de pessoas, mas mais ‘modesto’. A programação visual precisa ser desenvolvida de forma a passar os conceitos pré-determinados pela empresa que se adeqüem ao tipo de evento (ex.: jovialidade, energia, classe...). Esta deve ser uniforme e abrangente no sentido de estar presente em todos os detalhes (decoração, convites, crachás, entre outros). A programação visual é a cara da empresa para o público presente, por isso deve ser elaborada cuidadosamente, a fim de difundir a melhor mensagem possível. Já a divulgação é cara da empresa para o público fora do evento, lembrando que a programação visual deve ser mantida em folhetos, cartazes, anúncios, etc. A forma de divulgação também constituí um ponto importante a ser definido, as formas podem ser: por anúncios em veículos de comunicação (Internet, rádio, TV, revistas, jornal); galhardetes, faixas e cartazes na rua, no(s) ponto(s) de venda(s) ou no local de realização do evento; folhetos distribuídos por equipes de divulgação em vários locais estratégicos, onde pode-se encontrar o target do evento; por mala-direta; ou por um mix das formas citadas acima. É imprescindível treinar adequadamente a equipe de divulgação, para esta saber como abordar o público-alvo, utilizando-se de seu 44 modo de se expressar e de agir , mas sendo cordial e educada, e acima de tudo sabendo as informações detalhadas do evento. Ainda destaca-se a organização, que é a parte mais complexa do processo de preparação e montagem de um evento, devido as peculiaridades próprias de cada evento, para que esta seja bem sucedida é preciso ter o apoio operacional (toda a infra-estrutura física necessária para atender direta ou indiretamente a realização do evento), logístico (equipamentos para a operacionalização do evento),de pessoal (da própria empresa realizadora, de empresas contratadas e autônomos) e externo (serviços fora do local de realização, como por exemplo estacionamento). 45 6. ESTUDO DE CASO 6.1 CASE BRADESCO SEGUROS A Bradesco Seguros ilustra o case sobre fortalecimento de marca no marketing de eventos, como uma empresa que fortaleceu sua marca e imagem através da criação do "Natal Bradesco Seguros" aumentando o top of mind e o market share da empresa no mercado carioca significativamente. O case em questão apresenta estratégias e ações elaboradas pela diretoria de marketing da Bradesco Seguros para o evento do Natal em 2001, em busca de dois objetivos: elevar os índices de reconhecimento da companhia como realizadora única do projeto "Natal" e encantar o público com uma proposta mais surpreendente do que as anteriores. A Bradesco Seguros foi fundada em 1935 como Atlântica Companhia Nacional de Seguros. A empresa iniciou suas atividades operando em seguros de ramos elementares. Em 1984, a Bradesco Seguros começa a atuar no ramo de saúde, através da compra do Seguro Saúde Internacional da Golden Cross. Em 1992 amplia seu canal de distribuição, aumentando os pontos de venda e criando escritórios de produção em várias regiões do país. O grupo Bradesco Seguros consolida sua posição de maior grupo segurador do Brasil em 1999. Neste ano, arrecada volume de prêmios e contribuições da ordem de 6,289 bilhões de Reais. Em 1996, a diretoria de marketing deparou-se com um desafio: apesar da força e do tamanho da empresa, não havia um símbolo eficaz e contundente que associasse a sua marca ao Rio de Janeiro, cidade onde se 46 originou e está sediada. Criado este símbolo, era preciso também relacioná-lo a uma data importante no calendário de eventos da cidade e do Brasil. Havia espaço para se criar uma festa especial que unisse três ingredientes infalíveis: paisagem, música e público. Uma festa religiosa, que por si só estimula a solidariedade e a paz em uma sociedade predominantemente católica, selaria o evento. Então o Natal, que era uma data sem grande expressão no calendário de eventos do Rio, foi escolhido. Nasce o "Natal Bem Brasileiro", a primeira festa oficial em comemoração do natal no Rio de janeiro. Até o presente momento nenhuma empresa de grande porte no Brasil, havia promovido isoladamente uma festa de representatividade para o público. A Bradesco Seguros inaugurava uma nova estratégia focada em eventos, expondo sua marca para toda a cidade e o país. O chamariz do evento era a árvore de natal, em sua estréia tinha 48 metros de altura, pesando 90 toneladas, com estrutura iluminada por 1,5 milhão de micro lâmpadas. A árvore foi evoluindo com o passar dos anos, ficando mais alta, mais pesada e com efeitos de iluminação cada vez mais espetaculares e modernos; chegando a entrar para o Guiness como maior enfeite de natal flutuante do mundo. O que mais poderia ser feito para maravilhar o espectador? Para a diretoria de marketing da Bradesco Seguros, a palavra que define com precisão o sentimento que, a cada ano, move o lançamento do projeto "Natal Bradesco Seguros" é superação. Além disso, os índices de recall, que 47 registravam o reconhecimento da Bradesco Seguros como realizadora do evento não eram satisfatórios. O público não associava totalmente o símbolo à marca da companhia, apesar do sucesso do projeto. Em 2000 o recall espontâneo da árvore, constatara que 28% dos entrevistados reconheciam a árvore como único evento de Natal da cidade, e 27% assimilavam-na como o símbolo de natal mais importante do Rio, por outro lado, a Bradesco Seguros era pouco reconhecida como responsável única pelo projeto. Passou também a ser uma preocupação não permitir que ela se distanciasse da realidade das pessoas que tanto a admiram. Ou seja, mesmo com as 350 toneladas de ferro, é necessário mantê-la parecida com a árvore que as pessoas tem dentro de suas casas. Era essencial tratar do quesito surpresa e encantamento, ou seja, pensar em uma estrutura ainda maior, em mais luzes, efeitos mais modernos, enfim, em um espetáculo majestoso. As empresas Artplan e Backstage seriam as encarregadas do evento. Tarefa nada fácil, uma vez que só a construção da árvore levava sempre mais de três meses para ser concluída. Do desenho à desmontagem, passando pela construção e manutenção, incluindo o corpo artístico dos shows, o trabalho envolvia cerca de 1.500 profissionais. A empresa em face desses objetivos, investiu em 2001 a cifra de R$1,5 milhão. A estrutura da árvore chegou à números anteriormente inimagináveis: 82 metros de altura, 2,6 milhões de microlâmpadas, 20 mil metros de mangueiras luminosas, que simularam o efeito de mais de 300 bolas e 500 estrelas. O show de luzes ficou por conta de quinze refletores que 48 iluminaram o céu da cidade. As estratégias de marketing são mais agressivas e abrangentes que no passado, incluindo a distribuição de camisetas, cartões DDD gratuito, balões coloridos, além de folhetos e cartazes distribuídos em agências do banco Bradesco, hotéis, restaurantes bereaus de turismo, cooperativas de táxi e aeroportos e a colocação de duplos outdoors, totens e veiculação via Internet e teaser. A campanha publicitária teve como objetivo fazer com que a árvore fosse vista como um enfeite integrado à paisagem e ao cotidiano das pessoas, ela é do maestro, dos casais, da família, enfim de todos. A mídia impressa e eletrônica foi reforçada, e o site passou a ser atualizado regularmente, contendo histórico e imagens de todas as edições. Como um presente de Natal, o retorno desta estratégia foi excepcional. O público compareceu em peso: 35 mil pessoas foram à lagoa acompanhar a inauguração da árvore. Confrontando os resultados de 2000 e 2001, é significativa a evolução do recall espontâneo, que aponta a Bradesco seguros como patrocinadora, crescendo 46%. O recall estimulado chega a índices ainda mais animadores, alcançando a marca de 31% de reconhecimento, o que significa um aumento de 50% em relação ao anterior. O retorno de mídia espontânea comprova a eficácia das ações de marketing. O número de matérias em jornais, revistas e sites chega a 228, sendo que 67% delas citam a Bradesco Seguros como realizadora do evento. Comparado a 2000, o número de matérias cresceu em 17,5% e a citação da empresa cresceu em 35,3%. 49 Verificou-se um ganho progressivo (desde o primeiro ano do Natal Bradesco Seguros) na imagem da empresa, esta passou a ser mais aceita e bem vista entre seus consumidores existentes e potenciais 6.2 CASE ROCK IN RIO O Rock In Rio ilustra o case sobre construção de marca no marketing de eventos. Um festival nascido de um sonho, que enfrentou muitos obstáculos e hoje é considerado o precursor deste tipo de evento no Brasil, é o nosso objeto de estudo. A partir de um evento, criou-se, construiu-se uma marca que atualmente licencia mais de 60 produtos com o seu nome nos mais diversos ramos. À beira de sua quarta edição, veremos a escalada de sucesso deste que é um dos maiores eventos musicais do planeta. Em Janeiro de 1985 o país do samba ousava pela primeira vez na música, realizando o maior festival internacional de rock de todos os tempos. Foram 10 dias de música que reuniram 14 grandes astros internacionais e 15 dos maiores artistas brasileiros para uma platéia recorde de 1 milhão e 350 mil pessoas, colocando o Brasil no Guiness Book of Records. A maratona foi assistida por 40 milhões de telespectadores, apenas no Brasil, e contou com a cobertura de jornalista de mais de 30 países. Assim nasceu o Rock In Rio, um evento que fez tanto sucesso que acabou gerando mais duas edições, e está prestes a dar a luz ao seu quarto rebento. Com o foco no público jovem formador de opinião, hoje o Rock 50 In Rio não se restringe mais a um evento, se tornou uma marca fortíssima que engloba uma grande variedade de produtos, como CDs, linha de roupas, de enfeites, e até boates. Roberto Medina construiu uma das marcas mais poderosas do setor eventos no Brasil. Essa é história desse fenômeno brasileiro. No início dos anos 80, o desafio de fazer o Festival era grande e, hoje, pode-se afirmar que a música brasileira divide-se entre antes e depois do Rock In Rio. A credibilidade internacional era nenhuma, o Brasil não tinha know-how no ramo, nem infra-estrutura necessária para um evento daquele porte. Para viabilizar o Festival, Roberto Medina teve de superar o descrédito que até então marcara o showbizz nacional. Fez isso atraindo patrocinadores dispostos a vincular suas marcas a uma aventura que só se encontra paralelo em Woddstock. O primeiro Festival teve por trás a cerveja Malte 90, o segundo a Coca-Cola e o terceiro a América On Line. Ainda existia o problema da montagem, era necessário um local que comportasse um grande público e que tivesse um palco a altura das estrelas participantes. Administradas por Manoel Ribeiro, atualmente coordenador do projeto "Favela -Bairro", da prefeitura carioca, as obras consumiram 5 meses de trabalho intenso, que no seu auge mobilizaram 1.800 operários. Os números da empreitada foram talvez, tão sonoros quanto os decibéis dos melhores shows: o gramado à frente do palco equivalia a 12 campos de futebol de dimensões iguais ao Maracanã, foram utilizados 600 quilômetros de cabos e fios, foram construídos 400 banheiros, e o sistema de 51 água e esgoto construído tinha capacidade para suportar a presença diária de 250.000 pessoas no local. O desafio foi vencido e o Festival foi realizado com um sucesso incontestável, tanto que já ocorreram mais dois , o que veremos a seguir é a construção da marca Rock In Rio . A evolução da marca acompanhou a evolução do festival, nesse case abordaremos especificamente a terceira e mais recente edição do Rock In Rio. Para o grande público, calculado em 1,3 milhão, além dos shows e palestras, dois shoppings, com 25 lojas cada, e dois cyber spaces foram montados para garantir a distração. Para as marcas vendidas criou-se um grande mercado, onde números estratosféricos de vendas foram alcançados em poucos dias, tudo apontando para o binômio lucro/visibilidade. Dessa forma, entrou em jogo a capacidade criativa de cada um levar o que tivesse de melhor e mais interessante, expondo a sua vantagem competitiva para uma platéia que faz a diferença. Para a marca Rock In Rio o Festival foi o ponto de partida para o lançamento de produtos próprios. Inicialmente vendendo em estandes dentro do shopping do evento, para tirar proveito ao máximo da compra por impulso, e depois negociando produtos com grandes magazines e distribuidores. Mais de sessenta produtos foram comercializados com a marca Rock In Rio, entre eles, chaveiros, cadernos, relógios, barracas e cadeiras de praia, garrafas térmicas, copos... 52 O grande filão disso tudo foi a t-shirt, foram vendidas 1,9 milhão de unidades durante 6 meses, para atender a essa demanda ao invés de buscar fornecedores, o contato foi feito diretamente com os varejistas. As lojas Renner fabricaram seus próprios produtos e venderam no festival e em suas 55 lojas espalhadas por todo Brasil, o mesmo ocorreu com a Hering. A comercialização de produtos na Cidade do Rock foi um capítulo à parte no trabalho. A preocupação com a venda de artigos falsificados do lado de fora dos portões, levou à elaboração de uma complexa estratégia de venda e marketing. Pode-se destacar entre as ações dessa estratégia a distribuição dos produtos licenciados, que foi pulverizada dentro da cidade em várias lojas e em vendedores ambulantes, e principalmente por preços justos; e a exaltação do apelo social, onde parte do dinheiro das vendas seria revertido para instituições de caridade e filantrópicas. O sucesso das vendas pôde ser visto nos números. Desde que foram colocados no mercado até o fim do evento, estima-se que tenham sido vendidos 60 mil bonés, 25 mil cadernos, 15 mil canecas e 20 mil copos entre outros. Alguns produtos existem até hoje, o destaque fica por conta da coletânea de cd's que levam os nomes das tendas do Festival. Esses produtos geram muito lucro, mas mais do que isso geram visibilidade para a marca. Para a marca Rock In Rio a última edição foi decisiva para a sua consolidação entre o público jovem de classe AB formador de opinião. A marca, segundo pesquisas foi associada à festa, diversão, mas também a organização e respeito ao público. Seu nome é o mais lembrado quando se fala de eventos musicais de grande porte, e seu top of mind se agrega aos produtos 53 próprios gerando um faturamento mesmo em épocas intermediárias, ou seja entre um evento e outro. Além disso, foram abertas duas boates com a marca Rock In Rio Café, decoradas com motivos e objetos do Festival, e abrigando lojas de roupas e acessórios licenciados, aumentando a visibilidade da marca na mídia e na mente dos consumidores. O Rock In Rio 3 também gerou divisas para o país e para a cidade: o Produto Interno Bruto (PIB) teve um crescimento de R$ 503,6 milhões, pelo critério da soma de gastos. A movimentação turística no Rio de Janeiro trouxe para o município um incremento de U$300 milhões e a taxa de ocupação nos hotéis chegou a 100%. A marca Rock In rio nasceu em 1985 do aerógrafo único instrumento na época de trabalho dos publicitários. Ninguém imaginava que ela conseguiria extrapolar uma ligação somente com a música e se transformar em referência para uma geração que cantou, dançou e protestou na Cidade do Rock. A felicidade de aliar ao ícone musical, representado naquela época pela guitarra, à América do Sul e colocar em evidência o Brasil gerou uma das marcas mais fortes do cenário de eventos musicais do país. Do nascimento até a primeira fase da infância, quando ela retorna seis anos depois na Segunda versão do Festival, a marca Rock In rio não foi esquecida. Era 54 reconhecida até por quem não viveu os dias de "paz e amor" na Barra da Tijuca. Ela tomou amplitude depois do sucesso da primeira edição deixando de ser uma marca e se tornando um símbolo. A aparição no Rock In Rio 2, agregou um novo elemento: a onda Coca-Cola, então patrocinadora do evento. O festival, serviu, também para mantê-la viva. Se ela não retornasse naquele momento poderia ser prejudicial ao patrimônio construído pelo primeiro Festival. Aos 15 anos, a marca volta madura e de cara nova, agregando agora as cores do Brasil e de seu novo patrocinador: a América On Line. Com um formato mais espacial, não chapado, possibilitando o uso de recursos gráficos mais avançados, acompanha as novas tendências do mundo globalizado ligado na rede. 55 CONCLUSÃO Cada vez mais as empresas investem na promoção de eventos, fazendo com que marcas desconhecidas tornem-se de repente de domínio público, ou fortalecendo ainda mais marcas já estabelecidas. Sendo assim chega-se a conclusão que os eventos divulgam empresas, cidades, governos, produtos, e aproximam pessoas e comunidades; mas o importante é saber aproximar o público certo de forma adequada para sua empresa. Pode-se então dizer que o marketing de eventos ajuda a construir relacionamentos. E um relacionamento entre um cliente e uma empresa é algo que caminha em uma tênue linha de amor/ódio, deste modo, todo o cuidado é pouco quando uma empresa opta pela ferramenta “evento”, pois assim são os eventos: acontecimentos que congraçam pessoas em momentos intimistas ou em verdadeiras catarses coletivas, eles são inesquecíveis quando bons e mais inesquecíveis ainda se fracassarem. Uma empresa pode ficar com sua imagem danificada quase permanentemente quando associada a um evento problemático, mas também quando análise e o planejamento são adequados e a organização é executada de forma primorosa, só resta colher os louros do sucesso, seja ele em aumento de share of mind, seja em crescimento em volume de vendas, ou em ambos. Ainda foi entendido que as empresas devem realizar pesquisas e estabelecer objetivos estratégicos de forma a atacar o publico certo, evento 56 não é marketing de massa, ele tem foco e direção. Por isso, é imprescindível definir o target adequado ao produto/serviço para então concentrar seus esforços. Do contrario frustrações e desapontamentos com os resultados são inevitáveis, além, é claro, do gasto de recursos ser inútil. O desenvolvimento de um conjunto de abordagens alternativas para a construção e o fortalecimento de marcas não é fácil, especialmente para um mercado que há muito depende da mídia como pedra angular. Mas com a dedicação das empresas, as alternativas talvez justifiquem tempo e os investimentos gastos. Marketing de eventos é a ferramenta de quem sabe o quer, sabe quem quer atingir e acima de tudo quer impressionar. 57 BIBLIOGRAFIA KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas, 2000. KOTLER, Philip. Fundamentos do Marketing. São Paulo: Futura, 1997. KOTLER, Philip. Marketing para o Século XXI. São Paulo: Futura, 1999. MEIRELLES, Gilda Fleury. Tudo Sobre Eventos. São Paulo: STS, 1999. MELO NETO, Francisco. Marketing de Eventos. Rio de Janeiro: Sprint, . . 1998. PRUSHAN, Victor. Os 101 Segredos do Marketing para Conquistar e . . Manter Clientes. São Paulo: Futura, 1999. REVISTA ROCK IN RIO. Rio de Janeiro: Proper, 2001. REVISTA ROCK IN RIO RESULTADOS. Rio de Janeiro: Proper, 2001. 58 ANEXOS 59 O triste fim do Free Jazz Agora é oficial. A Souza Cruz confirmou que neste ano não haverá o Free Jazz, nem numa versão menor, no Rio e São Paulo, e nem mesmo no Jockey Clube Paulistano. A notícia causa maior tristeza ainda por conta de que este seria o último Free Jazz -a partir do ano que vem estarão proibidos eventos patrocinados pela indústria do fumo. O motivo alegado pela assessoria de imprensa da Souza Cruz seria a instabilidade do preço do dólar, o que inviabilizaria a qualidade do evento, que se já tinha custos altos, agora estes teriam ficado insuportáveis Os criadores do evento, Monique Gardenberg e Carlos Martins, procuram novos patrocinadores para montar um grande festival, nos moldes do Free Jazz, ainda no ano que vem.É esperar e torcer pra que dê certo. Reportagem exibida em setembro de 2002 no site: http://www2.uerj.br/~rsirius/boletim/noticias_v4n37ago_set2002..htm Com apoio ao futebol A Toyota também investe no lazer e nas paixões de seus 60 consumidores. Por isso, ela é a patrocinadora oficial da Copa Toyota Libertadores, o mais tradicional campeonato de futebol de toda a América Latina, que credencia o time vencedor a disputar a Toyota Cup no Japão, também conhecida como o Mundial Interclubes. Material de divulgação exibido no site da empresa Toyota. 61 Material de divulgação usado em panfletos (distribuídos em agências por todo o país), e também no site da empresa, www.bb.com.br. 62 Anúncio publicado na Revista Veja São Paulo de 18 de maio de 2003. 63 . Loja da Coca-Cola montada dentro do evento “Coca-Cola Vibe” realizado em maio de 2003 no Rio de Janeiro. 64 65 Produtos com a marca do evento “Skol Beats” comercializados no próprio evento em abril de 2003 nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, e também disponível no site da empresa e em alguns pontos de varejo nas respectivas cidades. 66 Anúncio veiculado na Revista Veja em 14/12/02. 67