Jewish-Christian Relations Insights and Issues in the ongoing Jewish-Christian Dialogue Barnett, Victoria | 29.11.2002 Reconciliação Provocativa: Refleções sobre a Nova Declaração Judaica sobre a Cristandade Por Victoria Barnett Dizendo que estava na hora “para os Judeus aprenderem sobre os esforços dos Cristãos para honrarem o Judaísmo”, mais que 170 líderes judaicos de todos os ramos do Judaísmo assinaram uma declaração delineando oito pontos de fundo comum e assunto partilhado entre cristãos e judeus. A declaração, intitulada de Dabru Emet (“falam verdade”), editado em 7 de setembro e 2000, refere-se a “uma mudança sem precedentes nas relações entre judeus e cristãos” desde o Holocausto, requerendo uma “cuidadosa resposta judaica” a recentes mudanças nos ensinamentos cristãos sobre o Judaísmo. Afirma partilhadas raízes de ambas as fés, enquanto também reconhece “irreconciliáveis diferenças”. No parágrafo mais controverso, Dabru Emet considera o papel de cristãos no Holocausto. Embora notando a longa história de antijudaísmo cristão e violência contra judeus, bem como o ativo envolvimento e cumplicidade passiva de cristãos nos crimes nazistas, a declaração, não obstante, diz que o “Nazismo não era um fenômeno cristão” ou muito menos “um resultado inevitável da Cristandade”. Tivesse o Nazismo continuado, “teria virado a sua fúria assassina mais diretamente contra os cristãos”. Os autores notam com gratidão os cristãos que salvaram judeus e aqueles cristãos de hoje que “rejeitam o ensino de desdém”, concluindo: “Não os acusamos pelos pecados cometidos pelos seus antepassados.” Dabru Emet rapidamente evocou tanto apaixonado apoio como veemente oposição, particularmente a respeito das suas observações sobre o Holocausto. Um dos autores do documento, o Rábi Michael Signer, professor na Notre Dame, disse que recebeu numerosas mensagens dizendo que essa é uma mensagem muito positiva e esperançosa. De outro lado, diz Signer, muitos “pensam que traímos a história judaica e que fomos longe demais. Pensam que temos ‘deixado os cristãos fora do gancho’. Essa gente está convencida que qualquer movimento à reconciliação com aqueles cristãos que têm repensado a sua teologia de Judaísmo é tolo. Permanecem convencidos que a maioria dos cristãos não abjurou o seu triunfalismo, apontando ao apontado proselitismo dos Southern Baptists e dos Jews for Jesus”. Na comunidade cristã, é novo e inquietante para alguns aprenderem que muitos judeus vêem o Nazismo um como resultado lógico da cultura cristã européia; outros expressam preocupação que os cristãos possam sentir-se completamente exonerados pela declaração judaica. Em algumas discussões na Internet, cristãos interpretaram o parágrafo sobre o Holocausto uma como declaração de perdão. Entretanto, diz Signer, “não usaria o termo perdão, mas sim reconciliação. Para reconciliar, os cristãos têm de dar-se conta daquilo que fizeram de mal e das atitudes que tinham e que eram nocivas aos judeus. Evolvendo-se nessas discussões, encontrarão o seu caminho a um mais profundo entendimento da sua própria fé. Só Deus pode perdoar pecados do passado. Os judeus precisam de mais tempo para ver se a teshuváh cristã é real. 1/3 O padre John Pawlikowski, um líder de muito tempo no diálogo católico-judaico e presidente do Church Relations Committee no Holocaust Memorial Museum, nota a dificuldade de transmitir a complexa verdade sobre a Cristandade e o Holocausto numa breve declaração. As pessoas tendem a agarrar-se a sentenças primárias. Embora concorde em que não há absolutamente nenhuma linha direta entre o anti-semitismo cristão e o Holocausto, é verdade também que, mesmo assim, os ideólogos nazistas usavam grande parte do anti-semitismo cristão para promover os seus valores, e enquanto isso tender a escapar na parte subsequente do parágrafo, este está perdendo um pouco.” Enquanto o parágrafo sobre o Holocausto evoca as mais emocionais respostas, outros pontos provocaram críticas. A declaração de Dabru Emet de que judeus e cristãos veneram o mesmo Deus, é problemático para muitos judeus, diz Christopher Leighton, diretor do Institute for Christian and Jewish Studies (ICJS). Leighton nota que as doutrinas da Trindade e incarnação “batem em um número de judeus como teológico manipanso (theological mumbo-jumbo) que compromete a integridade de monoteísmo”. Por sua vez, alguns cristãos estão chocados pela reflexão sobre sua própria tradição que encontram no documento. “A idéia que judeus vêem os cristãos como idólatras vem uma como descoberta bruta”, Leighton observa. “Mas convida os cristãos para examinarem a fundo o que as suas reivindicações realmente significam. Muitos cristãos pararem de pensar teologicamente... A tarefa de reexaminar doutrinas centrais como a Trindade e a incarnação à luz de questões judaicas, poderiam ajudar os cristãos a recuperar a linguagem da sua própria tradição, e ao mesmo tempo alertar-nos à nossa susceptibilidade para algumas familiares e duradouras idolatrias.” O aspeto mais notável de Dabru Emet, então, é que anima essa reflexão teológica dentro de cada uma das tradições em nome do diálogo entre elas. Pawlikowski expressou a esperança de que “será o começo duma nova fase de séria reflexão teológica e religiosa entre cristãos e judeus”. Em um sentido, Dabru Emet é mão estendida, fez tudo o mais movendo pela penosa história que o precede. Historicamente, o relacionamento judaico-cristão tem sido o de adversários, e muitos judeus e cristãos (talvez a maioria e ambos) realmente não sabem muito sobre a tradição do outro. Signers espera que a declaração vá ajudar os judeus “para pensarem sobre si mesmos e o seu mundo em termos religiosos... Como parte dessa reflexão, esperamos que vão reconhecer que outras comunidades religiosas - nomeadamente a comunidade cristã - passou também por um período de reflexão e mudança”. Espera que os cristãos, por sua vez, vão “engajar-se em discussões com judeus. Esperamos que façam isso sem qualquer outro alvo do que autoentendimento e entendimento do outro... Desejamos que os cristãos entendam o Judaísmo uma como aliança independente e contínua que tem vivido lado a lado e se cruzado com os cristãos na história pós-incarnação.” Seja qual for o seu legado, Dabru Emet mostra que um foro institucional pode possibilitar algo muito não-institucional para acontecer. A declaração foi produzida por cerca de 30 cientistas judaicos que começaram a encontrar-se há seis anos sob os auspícios do ICJS. A meta original, de acordo com Leighton, era “examinar a formação da identidade judaica e os modelos de acomodação e resistência à cultura cristã”. O projeto começou com papeis acadêmicos, mas o formato mudou como os cientistas perceberam que estavam enfrentando assuntos que os tocavam pessoalmente como judeus e cidadãos. Para Leighton, o projeto demonstrou as possibilidades criativas de conflito. “Não penso que alguém desses cientistas pensou que pudessem reivindicar definitivamente a verdade do Judaísmo em toda a sua complexidade, mas havia convicção de que penetração ou sabedoria não emergem senão do conflito sobre interpretações divergentes. Nós cristãos precisamos aprender argumentar apaixonadamente sem entregar-se um ao outro. Minha experiência presbiteriana tem sido que as pessoas com demasiada freqüência se esquivam, quando houver sérias diferenças de opinião. Os membros daquele grupo tomaram a sua diversidade um como grande dom, um como tesouro. Havia 2/3 senso de que a conversa seria empobrecida se qualquer um não estivesse aí.” Christian Century, September 27 - October 4, 2000. Tradução: Pedro von Werden SJ Texto inglês: Provocative Reconciliation: Reflections on the New Jewish Statement on Christianity 3/3 Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)