São Justino Mártir 1 São Justino converteu-se ao Cristianismo por volta do ano 130, mas antes tinha se dedicado ao estudo da filosofia grega; copiando uma prática dos filósofos gregos, fundou uma escola em Roma com a finalidade de transmitir os ensinamentos cristãos. Morre decapitado com outros seis cristãos em 165. Para sua conversão, porém, revelou-se determinante o testemunho dos mártires: “Quando ainda era discípulo de Platão, eu ouvia as acusações dirigidas aos cristãos. Mas, vendo-os intrépidos diante da morte e diante daquilo que os homens mais temem, compreendi que era impossível que eles vivessem no mal.” Segundo São Justino, o homem pode saber, por meio do intelecto, que Deus existe, mas esse conhecimento é incompleto, a não ser que se tenha fé em Cristo, o Verbo (logos) encarnado, que realiza a plena revelação divina. Para explicar esse argumento, o apologista lança mão do estoicismo (o logos enquanto organizador do universo). Tomando emprestada essa idéia, Justino afirmava que Deus planta na alma dos homens de boa-vontade as suas logos spermatikoi, as sementes do Verbo. Por isso, todos os grandes filósofos da Antigüidade teriam vivido e pensado em maior ou menor medida segundo a vontade de Deus. Entretanto, somente os cristãos tem a plenitude do Verbo, e não somente fragmentos dele, por meio da fé. Orígenes Principal pensador da escola de Alexandria (didascálion: lugar de ensino), filho de pais cristãos, dedicou-se desde muito jovem à religião com um fervor notável. Orígenes (185-253) apresenta um estilo inconfundível, tanto em sua vida quanto em seus escritos marcados por seu afã de ser discípulo cristão. 1 Vivendo a Filosofia, p. 106 e História da Filosofia, p. 408. Seu desejo de martírio e sua posterior castração são exemplos deste empenho de ser cristão até as últimas conseqüências. A base de sua filosofia se encontra na doutrina cristã conforme exposta pela Igreja. Cristo seria a fonte de luz e que a Igreja reflete essa luminosidade para os homens, assim como a Lua brilha porque é iluminada pelo Sol. Ele sustentava que, fora da Igreja, não é possível conseguir a salvação, a felicidade, o encontro com Deus. Pela primeira vez na história do cristianismo, o fundamento da Igreja enquanto instituição foi expresso filosoficamente, através das reflexões de Orígenes; conforme o pensador de Alexandria, esse alicerce consiste na autoridade (conceito este herdado dos romanos) que Cristo teria transmitido aos apóstolos. O pensamento de Orígenes coloca no centro Deus e a Trindade (não o Logos). “Deus não pode ser entendido como corpo, mas sim como realidade intelectual e espiritual”. “Em sua realidade, Deus é incompreensível e inescrutável. Com efeito, podemos pensar e compreender qualquer coisa de Deus, mas devemos crer que ele é amplamente superior àquilo que dele pensamos. Por isso, sua natureza não pode ser compreendida pela capacidade da mente humana, mesmo que seja a mais pura e mais límpida”. Santo Ambrósio Significativo pensador da Patrística, precursor e orientador de Santo Agostinho, Santo Ambrósio (340?-397) estabeleceu com firmeza as relações entre o Estado (Império) e a Igreja. Tornou-se necessário determinar como essas duas instituições deviam se relacionar, pois o cristianismo já exercia, no início da Idade Média, uma influência significativa na política. Como os cristãos se encontravam em maioria, o Estado passara a depender do grande poder moral e espiritual que os padres (especialmente os bispos) exerciam sobre os cidadãos. Atuava como mediador entre Deus e os assuntos humanos (o Imperador deveria respeitar os valores da fé, obtendo assim as bênçãos da Igreja).