UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA DISCIPLINA DE FITOFISIOLOGIA A água – H2O AULA 2 Potencial hídrico e transporte pelo xilema Marcelo Francisco Pompelli ÁGUA - PARTICULARIDADES Pontes de hidrogênio no gelo • Pontes de Hidrogênio • São mais “ordenadas” do que na água líquida tornando-a densa – energia intrínseca de 20 kJ mol-1 – ligações covalentes 464 kJ mol-1 – meia vida = 2 10-10 segundos •δ – • pontes de hidrogênio 0,177 nm •+ •H •+ •δ – •δ – •+ pontes de hidrogênio •H •+ •δ – Gelo Água líquida Pontes de hidrogênio são estáveis As pontes são fracas e encontram-se em constante reformação 1 Potencial hídrico (Ψw) Componentes do potencial hídrico (Ψw) adição de solutos (Ψs) presença de matriz coloidal – partículas de solo, celulose (Ψm) pressão hidrostática – ascensão no xilema (Ψp) pressão gravitacional – (Ψg) Unidades de medida do Ψw : bar unidade de pressão 1 bar = 0,987 atm 1 bar = 0,1 MPa 10 bars = 1 MPa 1 N m-2 = 1 Pascal Ψw = Ψs + Ψm+ Ψp + Ψg Fatores que reduzem o potencial de água adição de solutos forças matriciais pressão negativa - transpiração Neste sentido O Ψs, Ψm, Ψs diminuem o Ψw, uma vez que são negativos Já o Ψp aumenta Ψw, uma vez que é positivo Fatores que diminuem o Ψw Exemplo Ψm na célula: parede celular (celulose) COMPARAÇÃO DE UNIDADES DE PRESSÃO proteínas colóides do plasma em geral Pneu de carro cheio = 0,2 MPa Ψm no solo: Ψa = potencial de adsorção Pressão da água em canos caseiros = 0,2 a 0,3 MPa Ψc = potencial capilar ⇒ Embebição de sementes: aumenta o volume Ψm O potencial de pressão é o estado de tensão ao qual a planta ou os tecidos estão submetidos Ex.: ↑ volume celular com entrada de água → causa distenção da parede 2 Água no solo Retenção de água no solo Fonte: www.geocities.com.br a) água higroscópica Água higroscópica -2,0 b) água como vapor c) água líquida -1,6 Ψw solo (MPa) PMP -1,2 Água capilar -0,8 Água gravitacional -0,4 CC 10 20 30 40 50 60 70 Teor de umidade do solo (%) MS Retenção de água no solo Retenção de água no solo A capacidade de retenção de água no solo vai depender da sua composição físico química Água gravitacional água capilar água higroscópica -2,0 -1,6 água mantida nos microporos água em processo de drenagem água aderida às partículas de solo água disponível para as plantas Ψw solo (MPa) PMP -1,2 Solo argiloso -0,8 Solo arenoso -0,4 capacidade de campo ponto de murcha CC 10 20 30 40 50 60 70 Teor de umidade do solo (%) M MS 3 Absorção de água no solo O movimento de moléculas de água por difusão Magnitude de Absorção região de maior absorção pela raiz Regiões da Raiz Raiz Equilíbrio hídrico de uma célula vegetal Equilíbrio hídrico de uma célula vegetal 4 Equilíbrio hídrico de uma célula vegetal Parede celular - Exemplo • A perda de turgor nas plantas causam murcha – que pode ser revertida quando a planta é rehidratada Fonte: Campbell & Reece, 2005 Transporte de água pela planta Transporte de água pela planta Raízes profundas como na planta de Salvia (Artemisia tridentata) 4 Através dos estômatos, as folhas captam CO2 e expelem O2. O CO2 é utilizado para dirigir a fotossíntese. Boa parte do O2 produzido pela fotossíntese pode ser usado na respiração celular CO2 O2 5 Açúcares são produzidos na fotossíntese nas folhas Luz H2O Sacarose 3 Através da transpiração água é perdida pelas folhas (principalmente através dos estômatos). Cria-se então uma força motriz que dirige o fluxo através do xilema 6 Açúcares são transportados pelo floema até as raízes e outras partes da planta 2 A água e os minerais são transportados das raízes para a parte aérea, através do xilema 1 As raízes absorvem água e minerais dissolvidos na superfície do solo O2 H2O Minerais CO2 Fonte: Campbell & Reece, 2005 5 Precipitação (Ψg) Elevação hidráulica durante a noite durante o dia Interceptação pelas plantas (10-50%) Lixiviação (erosão) Superfície do solo Infiltração Elevação hidráulica em Artemia tridentata. A água absorvida pelas raízes profundas move-se em direção às raízes. À noite, com uma baixa taxa de transpiração, a água pode ser liberada nas camadas mais superficiais do solo, favorecendo assim outras plantas com raízes menos profundas. Durante o dia, a maior parte da água captada pelas raízes é direcionada para a transpiração da própria planta. Fonte: Richards & Caldwell, 1987 Percolação Evapotranspiração Perda de vapor de água para a atmosfera Transporte de água através da planta Contínuum Solo-planta-atmosfera Evaporação na superfície das folhas Evaporação do solo Atmosfera Ψw = - 30 MPa A água se move através de um gradiente de potencial hídrico (Ψw) Folhas Ψw = - 1,5 MPa O que acontece a noite? Com os estômatos fechados o que acontece com esse fenômeno? Como o Ψw responde então? Superfície das raízes Ψw = - 1,1 MPa Captação de água pelas raízes Água na Superfície do solo Ψw = - 0,8 MPa 6 Elevação Hidráulica: movimento de água no ecossistema A noite, com os estômatos fechados o Ψw da planta iguala-se com o Ψw do solo Atmosfera Ψw = - 30 MPa Folhas Ψw que era de – 1,5 MPa passa para –0,4 MPa Água na superfície do solo Ψw = - 0,8 MPa Superfície das raízes Ψw que era de – 1,1 MPa passa para –0,4 MPa A água se move através de um gradiente de potencial hídrico (Ψw) Elevação hidráulica: movimento noturno de água através das raízes das profundidades do solo únido para regiões mais secas na superpície do solo A água se move através de um gradiente de potencial hídrico (Ψw) Água na superfície do solo Ψw = - 0,8 MPa Superfície das raízes Ψw que era de – 1,1 MPa passa para –0,4 MPa Água nas profundidades do solo Ψw = - 0,3 MPa 7 Transporte de água pela planta (continuação) Legenda Simplasto Apoplasto Rota transmembrana Apoplasto O simplasto é o continuum do citosol conectados por plasmodesmos. O apoplasto é o continuum de paredes celulares e espaços intercelulares Simplasto Rota simplástica Rota apoplástica Rotas de transporte entre células. A nível de tecido, há três rotas: a transmembrana, simplástica e a apoplástica. Substâncias podem ser transferidas por uma ou outra via, dependendo de algumas características específicas Fonte: Campbell & Reece, 2005 Ascensão da seiva xilemática Composição celular do xilema • Elementos traqueais Fonte: Campbell & Reece, 2005 Xilema Ar externo Ψw = –100.0 MPa Estômato Moléculas de água Espaços de ar da folha Ψw = –7.0 MPa Xilema caulinar Ψw = – 0.8 MPa Transpiração Gradiente de potencial hídrico Parede celular da folha Ψw = –1.0 MPa • constituído de dois tipos básicos: Células do mesofilo Atmosfera Células do xilema Adesão • traqueídes que não são perfuradas • elementos de vaso com placas de perfuração Parede celular Tensão / coesão das moléculas de água no xilema coesão, proporcionada pelas pontes de hidrogênio Moléculas de água Xilema radicular Ψw = – 0.6 MPa Pêlos radiculares Solo Ψw = – 0.3 MPa Partículas do solo Captação de água do solo água 8 Composição celular do xilema Composição celular do xilema • TRAQUEÍDES • ELEMENTOS DE VASO • São típicas das gimnospermas, sendo também encontradas entre as famílias primitivas das angiospermas • Elas de posicionam em fileiras longitudinais, justapondo-se pelas extremidades não perfuradas • São característicos das angiospermas e das ordens mais evoluídas das gimnospermas • Também ocorrem em fileiras longitudinais, comunicando-se através das placas de perfuração, constituindo vasos Fonte: Taiz & Zeiger, 2006 Composição celular do xilema Fonte: Taiz & Zeiger, 2006 Composição celular do xilema dissolução parcial da parede terminal • Tanto as traqueídes quanto os elementos de vaso, no curso de sua diferenciação, perdem seus protoplastos, tornando-se aptos para o transporte de água e dos sais minerais dissolução total da parede terminal • Nos elementos de vaso, a parede terminal de cada extremidade sofre um processo de dissolução, originando a placa de perfuração 9 Ascensão da seiva xilemática Força motriz da ascensão xilemática Força motriz da ascensão xilemática Os estômatos se abrem e se fecham de forma a regular a entrada de CO2 associada com a perda de água Resistência estomática H2O, calor latente CO2 Câmara subestomática Água do solo fotossíntese COM OS ESTÔMATOS ABERTOS Estômato Interior da folha Atmosfera 10 Os estômatos se abrem e se fecham de forma a regular a entrada de CO2 associada com a perda de água Os estômatos se abrem e se fecham de forma a regular a entrada de CO2 associada com a perda de água Resistência estomática H2O, calor latente CO2 Câmara subestomática Água do solo Resistência estomática fotossíntese Estômato ESTÔMATOS EM ABERTURA MÁXIMA E ÁGUA EM ABUNDÂNCIA Interior da folha Atmosfera Água do solo QUANDO A ÁGUA DIMINUI NO SOLO fotossíntese Estômato Interior da folha Atmosfera Os estômatos se abrem e se fecham de forma a regular a entrada de CO2 associada com a perda de água Os estômatos se abrem e se fecham de forma a regular a entrada de CO2 associada com a perda de água Resistência estomática Água do solo fotossíntese Resistência estomática H2O, calor latente CO2 Câmara subestomática MENOS ÁGUA NO SOLO Câmara subestomática Água do solo fotossíntese Estômato Interior da folha H2O, calor latente CO2 Câmara subestomática Atmosfera Interior da folha H2O, calor latente CO2 O estômato se fecha Estômato completamente para reduzir a perda de água, com isso a fotossíntese tbem diminui Atmosfera 11 Fatores que afetam a perda de vapor de água Os estômatos Em geral quanto mais estômatos tiver uma planta maior será sua capacidade de regulação das perdas de água num curto tempo Diminuição da área foliar e manutenção de água nos tecidos Raízes profundas e máxima exploração do solo Carnegiea gigantea estoca água em seus caules para manter um potencial hídrico elevado como estoque 12 Capacidade de ajuste osmótico – Osmólitos compatíveis Capacidade de ajuste osmótico 0,9 Potencial de pressão (MPa) 0,8 0,7 0,6 0,5 C 0,4 (CH3)3 N+CH2COO- Glicina Betaína (CH3)3 N+CH2CH2OH Colina (CH3)3N+CH2CHO Betaína Aldeído (CH3)3N+(CH2)3COO- Trimetil-γ-amino butirato (CH3)2 B N+CH 2 COO- Dimetil glicina 0,3 A 0,2 0 -3,0 Prolina H-H+ 0,1 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0 Potencial Hídrico Foliar (MPa) A) Ilustra uma típica diminuição do Ψp com um rápido declínio do Ψw de uma planta sem ajuste osmótico B) Ilustra a mesma planta quando o ajustamento osmótico ocorre com a diminuição do Ψw da planta C) Ilustra a resposta da mesma planta durante um subsequente evento de déficit hídrico COO- H3 C N+ H3 C Prolina betaína COO- 13