DISLEXIA O QUE É DISLEXIA ? Dislexia como um distúrbio ou

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DISLEXIA
O QUE É DISLEXIA ?
Dislexia como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura,
escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de
aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que cerca de 10 a 15%
da população mundial é disléxica. Ao contrário do que muitos pensam, a
dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação,
condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição
hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão
neurológico. Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser
diagnosticada por uma equipe multidisciplinar, sobre a qual falaremos mais
adiante. Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento pós
diagnóstico mais efetivo, direcionando às particularidades de cada indivíduo, ou
resultados concretos. A dislexia persiste apesar da boa escolaridade. É
necessário que pais, professores e educadores estejam cientes de que um alto
número de crianças sofre de dislexia. Caso contrário, eles confundirão dislexia
com preguiça ou má disciplina.
Diagnóstico
O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. Não somente para
se obter o diagnóstico de dislexia, mas para se determinarem, ou eliminarem,
fatores coexistentes de importância para o tratamento. A criança deve então ser
avaliada por um psicólogo, um fonoaudiólogo, um psicopedagogo e um
neurologista. O diagnóstico deve ser significativo para os pais e educadores,
assim como para a criança. Simplesmente encontrar um rótulo não deve ser o
objetivo da avaliação, mas tentar estabelecer um prognóstico e encontrar
elementos
significativos
para
o
programa
de
reeducação.
Algumas crianças podem apresentar uma ou várias das seguintes
características:

Atraso no desenvolvimento da fala e linguagem.

Confusão na pronúncia de palavras que se assemelham na sua forma
sonora.

Dificuldades no manejo dos temos relacionados com a orientação
espacial e temporal.

Maior habilidade para a manipulação de objetos que para sua
representação linguística.

Dificuldade para aprender rimas e sequências.

Marcada dificuldade na associação fonema - grafema.

Tendência a escrever números e letras em espelho ou em direção
inadequada.

Falhas em atenção e concentração.

Possíveis problemas de conduta.
Dificuldades na organização do discurso e compreensão da leitura.
É de grande importância que sejam obtidas informações sobre o potencial da
criança,
bem
como
sobre
suas
características
psico-neurológicas,
sua
performance e o repertório já adquirido. Informações sobre métodos de ensino
pelos quais a criança foi submetida também são de grande significação.
Segundo Elena Border, a dislexia é diagnosticada dos seguintes modos: a) por
processo de exclusão; b) indiretamente, à base de elementos neurológicos; c)
diretamente, à base da frequência e persistência de certos erros na escrita e na
leitura.
Em todos os diagnósticos o fato da criança não ter sido alfabetizada pelos
processos comuns, ou um histórico familiar com distúrbios de aprendizagem,
são importantes. É normal que crianças disléxicas expressem sua frustração
por meio de mal-comportamento dentro e fora da sala de aula. Portanto, pais e
educadores devem saber identificar os sinais que indicam que uma criança é
disléxica - e não preguiçosa, pouco inteligente ou mal comportada.A dislexia
não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem dela ou para seus
pais. Dislexia não significa falta de inteligência e não é um indicativo de futuras
dificuldades acadêmicas e profissionais. A dislexia, principalmente quando
tratada, não implica em falta de sucesso no futuro. Alguns exemplos de
pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso profissional são Thomas
Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney (fundador dos personagens e
estúdios Disney) e Agatha Christie (autora). Alguns pesquisadores acreditam
que pessoas disléxicas têm até uma maior probabilidade de serem bem
sucedidas; acredita-se que a batalha inicial de disléxicos para aprender de
maneira convencional estimula sua criatividade e desenvolve uma habilidade
para lidar melhor com problemas e com o stress.
Para Um Diagnóstico Informal da Dislexia
Atualmente, os principais pesquisadores, na área de Psicologia cognitiva,
Neurolinguística, Psicolinguística e Psicopedagogia, entre os quais destacaria
as investigações de Anne Van Hout e Françoise Etienne autores Dislexias:
descrição, avaliação, explicação e tratamento ( Porto Alegre: Artmed, 2001)
consideram que a dislexia, ou mais exatamente as dislexias, são um conjunto
de déficits cognitivos que têm sua origem na alteração cerebral que afeta uma
ou
mais
funções
que
participam
do
processamento
da
leitura.
A rigor, a dislexia vem ocupando a atenção dos dislexiólogos não apenas na
vertente de aquisição desenvolvimento da lectoescrita, mas o processamento
de informação e do acesso do leitor .Se a má leitura tem sido adquirida em
decorrência
da
alteração
cerebral
ou
neurológica,
fala-se
em dislexia evolutiva ou desenvolvimental. Se o déficit aparece uma vez
adquirida a leitura, fala-se em dislexia adquirida ou contraída. Seja lá como for,
a dislexia não é uma doença,é uma síndrome sua etiologia, hereditária ou
neurológica, levam-nos a crer que, dada sua raridade, não é tão simples seu
diagnóstico. Por isso, a maioria dos médicos, prefere falar em déficit e não
adotam o conceito dislexia. No meu entender, dislexia é um termo que
pertence ao campo da linguística clínica ou mais precisamente da
psicolinguística ou psicopedagogia da educação escolar. Assim considerada, o
que se tem observado, no meio escolar, em grande parte, não é a dislexia
evolutiva ou adquirida, mas uma dislexia pedagógica que poderíamos chamar
aqui simplesmente de dificuldade de aprendizagem relacionada com a leitura
(DAL). Nos últimos anos, venho analisando relato de pais, especialmente das
mães, quanto ao desempenho leitor de seus filhos. O caso mais recente é de
Gadelha (nome fictício que dei ao sujeito de minha análise para preservar
nome verdadeiro da criança). A mãe relata que Gadelha tem 12 anos de idade,
mas ainda não lê bem nem escreve corretamente. Seguindo ela, Gadelha é
portador de uma síndrome ainda não identificada pelos geneticistas.
Atualmente, o tratamento de Gadelha é feito com um especialista em genética
do Instituto Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro. O último neuropediatra
consultado, segundo a mãe, chegou à conclusão de que ele apresenta um foco
de gliose no cérebro. O certo é que a criança tem um atraso no
desenvolvimento, principalmente escolar, mas para outras atividades, como
vídeo game jogos de computador ele está bem avançado, a não ser quando os
jogos dependem de leitura. A mãe de Gadelha acrescenta que a criança
freqüenta a escola desde os 03 anos de idade, e, ainda, faz terapia
fonoaudióloga, e mais, já teve acompanhamentos com psicopedagoga e
psicólogos. Ele está cursando a 2ª série, mas não tem capacidade para
acompanhar o ritmo da turma que freqüenta. A mãe, a todo custo, busca
formas de conseguir melhorar o aprendizado escolar de Gadelha, pois um dos
seus grandes objetivos é o de tornar Gadelha um adulto independente e capaz.
Outros relatos que chegam às minhas mãos , por e-mail, com uma certa
frequência, são do tipo da dificuldade de aprendizagem apresentada por
Juanito. A criança, de 9 anos, está matriculado na 2a. série do primário.
Juanito apresenta dificuldades de leitura e principalmente de escrita desde a
alfabetização. Aos 5 anos, segundo mãe, Juanito foi estudar em uma escola
particular. Lá, as professores disseram para mãe que Juanito tinha dificuldades
visuais e escrevia com as duas mãos perfeitamente, inclusive numa mesma
linha, dando continuidade ao assunto e desenhava de ponta cabeça todos os
desenhos. Diante desse quadro, a mãe de Juanito achou que fosse uma fase
escolar, de aquisição de aprendizagem, e por isso, não deu tanta importância.
Aos 7 anos, Juanito, na 1a. série , depara-se com as estagiárias da escola da
rede estadual de ensino e estas alegam para mãe ele tem escrita espelhada.
Informaram-na que ele troca letras, escrevia ao contrario, apresentava
dificuldades na escrita, no entanto, aprendia todo conteúdo mas nas provas
escritas, não conseguia notas por não conseguir interpretar e passar para o
papel aquilo que entender os textos, no entanto, assegurava, a mãe, se as
provas fossem orais, o rendimento seria, decerto, nota 10.São dezenas de
relatos dessa natureza que diariamente tenho recebido, lido e analisado. E isso
me levou a preparar, na verdade, a adaptar uma proposta de protocolo informal
para o diagnóstico da dislexia pedagógica, isto é, que resulta, em grande parte,
do modelo ou metodologia adotada pela escola para o ensino de leitura.
Baseia-se a proposta em os critérios de exclusão, como baixo Q.I, privação
cultural e método ruim de ensino da leitura na escola. Uma criança, com
retardo, por exemplo, tem dificuldade de ler porque é retardada, mas suas
limitações estendem-se para outras atividades da vida cotidiana.
DISLEXIA NA ESCOLA
Autora:ElianePisaniLeite
Antes de falarmos de Dislexia na escola, seria bom uma breve
recordação do que vem a ser dislexia. Entre inúmeras definições
vamos nos ater na definição dada pela Associação Brasileira de
Dislexia – 2.002. “Ao desmembrarmos a palavra, de imediato temos a
primeira noção básica do que vem a ser dislexia.DIS = distúrbio,
dificuldade LEXIA = leitura (do latim) e/ou linguagem (do grego)
DISLEXIA = distúrbio da linguagem. Embora etimologicamente
Dislexia seja traduzido do latim e do grego como distúrbio de
linguagem, esse termo foi adotado para denominar um distúrbio
específico na aquisição da leitura e escrita. Isso não implica que, ao
menor sinal de dificuldade nessa área, possamos identificar um
indivíduo disléxico. São várias as causas que podem intervir no
processo da aquisição da linguagem, por isso se torna tão importante
um diagnóstico preciso realizado por uma equipe multidisciplinar e de
exclusão.
Seria
muito
importante
que
todos
os
professores
soubessem o que é dislexia. Com a devida orientação, o aluno
conseguirá ser bem sucedido em classe. Algumas dicas: -Dê ao aluno
disléxico um resumo do curso; -Avise no primeiro dia de aula sobre o
desejo de conversar com o aluno individualmente; -Detalhe no início
do curso, todas as exigências, inclusive a matéria a ser dada;-Use
vários materiais de apoio para apresentar a lição à classe, como:
lousa,
projetores
de
slides,
retroprojetores,
filmes
educativos,
demonstrações práticas e outros recursos multimídia;-Introduza o
vocabulário novo, ou técnico, de forma contextualizada; -Evite
confusões, isto é, dando instruções orais e escritas ao mesmo
tempo.Quanto à leitura anuncie os trabalhos com antecedência, para
que a criança disléxica tenha tempo de se organizar; -proponha
dinâmicas de grupo, entrevistas e trabalho de campo; -Dê exemplos
de perguntas e respostas para o estudo de provas; -Diversifique a
avaliação com métodos alternativos; -Autorize uso de tabuadas,
calculadoras e dicionários durante as provas. Leia a prova em voz alta
e certifique-se que todos entenderam.”Dessa forma a escola estará
contribuindo para amenizar as dificuldades do disléxico.
Dislexia não é emocional Psicóloga diz que trocar letras é coisa do cérebro
- Ao contrário do que se pensa, a dislexia - dificuldade de processamento da
linguagem que se apresenta na forma de troca de letras ao se escrever e falar
e na compreensão do que se lê - não se deve a causas emocionais. Segundo a
psicóloga, fonoaudióloga e pedagoga inglesa Beve Hornsby, ficou demonstrado
através de pesquisas que essas dificuldades encontradas em muitas crianças
estão ligadas a características cerebrais. Hornsby, que fez sua tese de
doutorado em dislexia e possui um centro para treinamento de professores e
de tratamento de crianças disléxicas, veio a São Paulo para uma série de
palestras com professores e pais de alunos de escolas de língua inglesa.
"Diagnosticada cedo e com um ensino especializado, a dislexia pode ser
superada na vida adulta, sem afetar a carreira do indivíduo", afirma Hornsby.
Segundo ela, várias teorias tentam explicar o problema, como a da causa
genética que, segundo pesquisadores americanos, é responsável por 80% dos
casos. Alguns especialistas sugerem que a causa é um defeito no cromossomo
número 15, enquanto outros sugerem ser a dislexia provocada pelos hormônios
masculinos, já que, em cada grupo de cinco crianças disléxicas, quatro são
meninos. "Mas o importante é saber que as crianças disléxicas, muitas vezes
consideradas preguiçosas, têm inteligência e são ativas em outras áreas",
ressalta a especialista. Para exemplificar, ela cita disléxicos famosos como o
físico Albert Einstein, autor da teoria da relatividade, e Thomas Edison,
inventor, entre outras coisas, da lâmpada elétrica. Para tratar a dislexia, que na
Inglaterra atinge 10% das crianças e nos EUA 25%,
Hornsby
acentua a
necessidade de um bom diagnóstico - comparando-se, através de um teste, o
quociente de inteligência (QI) de uma criança e sua performance no
aprendizado - e um método adequado de ensino. "As crianças precisam de
regras de escrita, não podem aprender uma palavra inteira" diz ela. Em seu
livro "Alpha to Omega - The A-Z Teaching Programme (De alfa a ômega Programa de ensino de A a Z), Hornsby propõe um método de alfabetização
com abordagem multi-sensorial. Além de ver as letras e ouvir seus respectivos
sons, as crianças pegam em letras feitas de madeira e cartões "No Brasil, há
muita desinformação sobre a dislexia entre os professores, fonoaudiólogos e
psicólogos e não existe uma pesquisa que possibilite levantamento dos dados",
afirma Eliane Rosenberg Colorni, vice-presidente da Associação Brasileira de
Dislexia (ABD), fundada há quatro anos, com sede em São Paulo. Segundo
ela, "não interessa o que se chama, o fato é que existe uma infinidade de
crianças que fracassam na escola, apesar de serem inteligentes", comenta.
Para ela, este problema não tem relação com a escola brasileira. "A criança
que não tem dificuldade passa por qualquer método de ensino, mesmo que
seja ruim", diz. "O que é preciso saber é qual o método melhor para a criança
disléxica", completa. Por isso, a ABD criou, em fevereiro, um centro de
diagnóstico que levanta o problema da criança e indica a escola que deve
frequentar. A associação elaborou um método de alfabetização, ainda em fase
de experiência em algumas crianças, que, no início do ano que vem, deverá
estar revisto e pronto para ser aplicado a todas as crianças disléxicas. Em
relação ao artigo acima, Dislexia não é emocional, nós da Editora Primeira
Impressão informamos: O Método Iracema Meireles atende a todas as
necessidades do disléxico, enquanto aluno. Nós também trabalhamos de forma
multi-sensorial e usamos letras em cartão ou madeira. Trabalhando
intensamente as áreas cognitiva, sensorial, psicológica e social de forma lúdica
e criativa, o nosso método tem sido decisivo na alfabetização de disléxicos.
Para conhecê-lo em detalhes procure uma de nossas credenciadas ou faça o
curso à distância .
Paradoxó da Dislexia no Brasil de hoje
Um certo discurso generalizado no Brasil de hoje condiciona o uso de métodos
fonéticos (ou fônicos) aos alunos portadores de dislexia. A primeira questão a
ser colocada é até que ponto esses alunos são mesmo disléxicos. Muitos
deles, tidos como disléxicos, são apenas crianças que não se adaptam ao atual
modelo oficial de alfabetização imposto pelos detentores do poder. Este modelo
recomenda que o sujeito cognoscente construa o seu próprio conhecimento
linguístico, como se fosse possível a alguém, estar no mundo, sem, a cada
momento estar construindo o seu próprio conhecimento....Perplexos e calados,
os professores não sabem o que fazer. Mas sabem que não podem usar
método
e
muito
menos
método
fonético.
Enquanto
isto,
tomamos
conhecimento, pelos jornais, pelas revistas e pela televisão, de como anda a
alfabetização dos alunos não disléxicos em nossas escolas. Sabemos da
dificuldade desses alunos em relação à ortografia, à gramática,à produção de
textos inteligíveis... Aos disléxicos, entretanto, é reservada uma sorte diferente.
A eles é permitido e até aconselhado um método fonético, dada a sua
dificuldade de aprendizagem. Os métodos fonéticos favorecem a aquisição e o
desenvolvimento da consciência fonológica que é, entre outras coisas, a
capacidade de perceber que o discurso espontâneo é uma sequência de
sentenças e que estas são uma sequência de palavras (consciência de
palavra); que as palavras são uma sequência de sílabas (consciência
silábica) e que as sílabas são uma sequência de fonemas (consciência
fonêmica). Os métodos fonéticos privilegiam o estudo das correspondências
entre os sons da língua -- os fonemas -- e sua representação escrita -- os
grafemas. Isto se define como instrução fônica e leva o aluno a adquirir
consciência fônica. Métodos fonéticos garantem ao aluno a leitura de
qualquer palavra do idioma (inclusive pseudopalavras) porque privilegiam a
rota fonológica que é aquela em que se chega à leitura a partir da conversão
dos grafemas nos fonemas correspondentes. O paradoxo está em que esses
alunos (disléxicos), que de início mostraram uma dificuldade específica para
aprender a ler e a escrever em processo, sem método, revelam, com
frequência nos anos seguintes, um maior domínio da leitura e da escrita que os
seus colegas não disléxicos. Mostram melhor desempenho na compreensão,
interpretação, entonação e na velocidade da leitura, como também nos
atributos aplicáveis à escrita e produção de textos. São reconhecidos por todos
como pessoas que sabem ler. Condicionar o uso dos métodos fonéticos aos
alunos disléxicos é uma grave distorção. Os métodos fonéticos são o caminho
mais curto e seguro para a alfabetização em todos os casos, para os disléxicos
e para os não disléxicos. É importante saber que nos países em que a
educação básica é levada a sério, como Inglaterra, Cuba, Alemanha e Canadá
por exemplo, o uso de métodos fonéticos está associado à ideia de eficácia.
Restringir a aplicação de métodos fonéticos aos casos de dislexia é criar as
condições para o desenvolvimento deste estranho paradoxo. Alunos disléxicos
leem e escrevem melhor que seus colegas não disléxicos.
DISLEXIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL
Estima-se que, no Brasil, cerca de 15 milhões de pessoas têm algum tipo de
necessidade especial. As necessidades especiais podem ser de diversos tipos:
mental, auditiva, visual, físico, conduta ou deficiências múltiplas. Deste
universo, acredita-se que, pelo menos, noventa por cento das crianças, na
educação básica, sofram com algum tipo de dificuldade de aprendizagem
relacionada à linguagem: dislexia, disgrafia e disortografia. Entre elas, a
dislexia é a de maior incidência e merece toda atenção por parte dos gestores
de política educacional, especialmente a de educação especial. A dislexia é a
incapacidade parcial de a criança ler compreendendo o que se lê, apesar da
inteligência normal, audição ou visão normais e de serem oriundas de lares
adequados, isto é, que não passem privação de ordem doméstica ou cultural.
Encontramos disléticos em famílias ricas e pobres. Enquanto as famílias ricas
podem levar o filho a um psicólogo, neurologista ou psicopedagogo, uma
criança, de família pobre, estudando em escola pública, tende a asseverar a
dificuldade persistir com o transtornos de linguagem na fase adulta. Talvez, por
essa razão, isto é, por uma questão de classe social, a dislexia seja uma
doença da classe média, exatamente porque, temporão, os pais conseguem
diagnosticar
a
psicopedagógicas.
dificuldade
e
partir
para
intervenções
médicas
e
No âmbito das instituições de ensino, relatos de
professores registram situações em que crianças, aparentemente brilhantes e
muito inteligentes, não podem ler, escrever nem têm boa ortografia para idade.
Nos exames vestibulares, as comissões executivas descrevem casos "bizarros"
(às vezes, motivo de chacotas) em que candidatos apresentam baixo nível de
compreensão leitora ou a ortografia ainda é fonética (baseada na fala) e
inconstante. Assim, urge a realização de testes de leitura nas escolas públicas
e privadas, desde cedo, de modo a diagnosticar e avaliar a dificuldade de
leitura.
Por trás do fracasso escolar ou da evasão escolar, sempre há fortes indícios
de dificuldades de aprendizagem relacionadas à linguagem. Nos casos de
abandono escolar, em geral, também, verificamos crianças que deixam a
escola por enfrentarem dificuldades de leitura e escrita. A dispedagogia, isto é,
o desconhecimento por parte dos professores, pais e gestores educacionais,
do que é a dislexia e suas mazelas na vida das crianças e dos adultos também
só piora a aprendizagem da leitura de seus alunos. Infelizmente, a legislação
educacional (CF, LDB, resoluções etc) não trata as diversas necessidades
especiais dos educandos de forma clara, objetiva, pragmática e programática.
Sua omissão tem de certa forma dificultado ações governamentais por parte
dos gestores, do professor ao secretário de educação. A Constituição Federal ,
por exemplo, ao tratar sobre a educação especial diz: " O dever do estado com
a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional
especializada aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino"(Artigo 208, III, CF). E perguntaria ao leitor: uma criança, com
dislexia, isto é, com dificuldade de ler bem, é um portador de deficiência? Claro
que não. A Lei 9.394/96, a de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
apresenta uma melhor redação sobre a matéria. Diz assim: " O dever do estado
com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de
atendimento
educacional
especializado
gratuito
aos
educandos
com
necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino" (Art. 4º,
LDB). Melhorou e, em muito, porque faz referências às necessidades
especiais. Nesse caso, chegamos, por dedução ou exegese jurídica, à
conclusão de que a dislexia é uma necessidade especial. Mas qual a natureza
dessa necessidade especial? Por exclusão, diríamos que uma criança com
dislexia não é portadora de deficiência nem mental, física, auditiva, visual ou
múltipla. O disléxico, também, não é uma criança de alto risco. Uma criança
não é disléxica porque teve seu desenvolvimento comprometido em
decorrência de fatores como gestação inadequada, alimentação imprópria ou
nascimento prematuro. A dislexia tem um componente genético, exceto em
caso de acidente cérebro-vascular (AVC). Ser disléxico é condição humana. O
disléxico pode, sim, ser um portador de alta habilidade. Daí, em geral, os
disléticos, serem talentosos na arte, música, teatro, deportes, mecânica,
vendas, comércio, desenho, construção e engenharia. Não se descarta ainda
que venha a ser um superdotado, com uma capacidade intelectual singular,
criativo, produtivo e líder. O disléxico pode, também, ser um portador de
conduta típica, com síndrome e quadro de ordem psicológica, neurológica e
linguística, de modo que sua síndrome compromete a aprendizagem eficaz e
eficiente de leitura e escrita, mas não chega a comprometer seus ideais, ideias,
talentos e sonhos. Por isso, diagnosticar, avaliar e tratar a dislexia, conhecer
seu tipo, sua natureza, é um dever do Estado e da Sociedade e um direito de
todas as famílias com crianças disléxicas em idade escolar.
Conclusão
Identificar um quadro de dislexia não é tarefa fácil. Ainda hoje, o método por
exclusão é o mais empregado. Por meio dele foi possível excluir déficit
intelectual, sensorial, orgânico, motivacional e instrucional, que poderiam ser
causa de dificuldade na aquisição da leitura. Foi possível também determinar
que os erros apresentados, em leitura eram consistentes, persistentes e
peculiares. Somadas a estes, outras características típicas em disléxicos foram
apresentadas por, tais como: dificuldade em memorizar sequencias, em
orientação direita/esquerda e em organização espaço-temporal.
Todos os
indicativos acima listados convergem para um quadro de dislexia. A localização
do dano na rota fonológica e rota visual/lexical será investigada em estudo a
ser desenvolvido. Portanto, sugere-se no momento intervenção específica em
leitura e escrita e orientação da professora, e a sua família. Deverão ser
também trabalhadas as áreas acima relacionadas que se encontram em
defasagem. Finalizando, o processo diagnóstico não se encerrou ao término da
aplicação e análise das provas de avaliação. Certamente, as sessões de
intervenção possibilitarão lapidar a compreensão do déficit em leitura e/ou
escrita. Este artigo não esgota a possibilidade de novas investigações por meio
de provas e/ou instrumentos recentemente desenvolvidos em nosso país, que
possibilitem a análise pormenorizada de casos de dislexia do desenvolvimento.
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LEITE. Eliane PSICÓLOGA
MEIRELES,HELOISA;Dislexia no Brasil
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