C e n t r o E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l - F C U L O Fogo e a Vegetação Mediterrânica. Onde se situam as regiões mediterrânicas? A Bacia do Mediterrâneo é uma das cinco regiões mediterrânicas do mundo e é considerada um “hot spot” de biodiversidade, que surgiu em resultado de: • Complexa história geológica • Geografia física • História da ocupação do homem Fig. 1 – Regiões mediterrânicas do mundo. O que caracteriza estas regiões? • O Clima mediterrânico (verões quentes e secos, Invernos frios). • A fisionomia da vegetação e as adaptações LISBOA plantas. Fig. 2 – Clima mediterrânico. ecológicas das C e n t r o Como se caracteriza a vegetação mediterrânica? E c o l o g i a e B i o l o g i a A vegetação mediterrânica é caracterizada essencialmente por espécies esclerófilas sempre Floresta F loresta esclerófila sempre verde Matos e matagais esclerófilos F C U L F;F Matos e charnecas de semi-decíduas germinação obrigatória anos 2 germinação obrigatória Densidade possam ocorrer (fogo, pastoreio, etc.). rebentação obrigatória Cobertura comunidades vegetais, que por sua vez está dependente dos factores de perturbação que BHBH - Padrão demográfico após o fogo. verdes (árvores e arbustos). A sua fisionomia está dependente do estádio de sucessão das EDDED V e g e t a l rebentação obrigatória 10 2 anos 10 fogo fogo • As espécies de rebentação obrigatória apresentam baixa variação demográfica, dado que as suas sementes são destruídas, apresentando crescimentos acentuados nos primeiros Sucessão anos e recuperando rapidamente a cobertura. • As espécies de germinação obrigatória acumulam um grande número de sementes no solo, As principais características da vegetação mediterrânica estão relacionadas com as adaptações ecológicas ao clima mediterrânico. Os grupos funcionais dominantes são: o que conduz a uma densidade muito elevada nos primeiros anos. • Na ausência de fogo as espécies que rebentam tornam-se dominantes, as que germinam por sementes estão dependentes do fogo para não desaparecerem. Tolerantes ao stress • Esclerófilas sempre verdes – apresentam folhas rígidas com uma grossa cutícula, rebentação obrigatória • Semi-decíduas de Verão – apresentam dimorfismo foliar, diminuindo deste modo a área foliar (área transpirante). • anuais Evitam o stress Abundância que permite às plantas controlar a transpiração e diminuir a perda de água. germinação obrigatória Herbáceas anuais – como possuem um ciclo de vida curto conseguem evitar as alturas desfavoráveis. • Plantas suculentas – acumulam água em tecidos de reserva, por exemplo nas folhas, caules, etc. 10 fogo Anos após o fogo 100 Fig. 6 – Padrão demográfico após o fogo dos diferentes tipos biológicos. C e n t r o E c o l o g i a e B i o l o g i a Quercus coccifera Rosmarinus officinalis Cistus albidus Daphne gnidium Pistacia lentiscus Phyllirea angustifolia V e g e t a l Fig. 3 – Alguns exemplos das espécies da Flora Mediterrânica. Fig. 5 – Diferentes tipos de rebentação. - F C U L C e n t r o E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l Qual o papel do fogo na vegetação mediterrânica? As espécies das comunidades mediterrânicas regeneram muito rapidamente após o fogo, indicando que este factor deve ter exercido forte pressão selectiva nestes ecossistemas, podendo ser consideradas como adaptadas ao fogo. Após o fogo, inicia-se um novo ciclo demográfico, originando-se um processo de sucessão secundária, que está dependente de: • Capacidades das espécies para supor tar o tipo de fogo. • Entrada de espécies situadas de zonas vizinhas. Erica arborea (rebenta por toiça) Smilax aspera (rebenta por toiça) Cistus salvifolius (plântulas) Lonicera etrusca (plântulas) Fumaria sp. (planta anual) Allium sp. (geófito) • Condições ambientais e biológicas a seguir ao fogo. Estratégias de regeneração após o fogo Existem duas estratégias principais de regeneração: • Espécies de rebentação obrigatória “obligate sprouters”. Æ Espécies esclerófilas • Espécies que germinam “obligate seeders”. Æ Espécies semi-decíduas As espécies de rebentação obrigatória, formam toiças com grande biomassa à superfície do solo, que protegem as gemas de renovo (latentes) das elevadas temperaturas do solo; estas gemas iniciam o seu desenvolvimento quase imediatamente após o fogo com taxas de crescimento muito elevadas, recuperando a sua cobertura original muito rapidamente (aprox. 5-10 anos). As espécies que germinam têm que refazer todo o seu sistema radicular uma vez que iniciam o seu desenvolvimento a partir de uma plântula; inicialmente a densidade é muito elevada mas diminui devido à forte competição e susceptibilidade às condicionantes ambientais (por ex. baixa disponibilidade hídrica do solo). Fig. 4 – Exemplos de adaptações das plantas ao fogo. - F C U L