Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria Tuberculose em pediatria INTRODUÇÃO A tuberculose (TB) continua sendo um importante problema de saúde em todo o mundo, exigindo o desenvolvimento de estratégias para o seu controle considerando aspectos humanitários, econômicos e de saúde pública. A tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, bactéria transmitida por via aérea em praticamente a totalidade dos casos. A infecção ocorre a partir da inalação de núcleos secos de gotículas contendo bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro de doente com tuberculose ativa de vias respiratórias (pulmonar ou laríngea). Os doentes bacilíferos, isto é, aqueles cuja baciloscopia de escarro é positiva, são a principal fonte de infecção. Doentes de tuberculose pulmonar com baciloscopia negativa, mesmo que tenham resultado positivo à cultura, são muito menos eficientes como fontes de transmissão, embora isto possa ocorrer. As formas exclusivamente extrapulmonares não transmitem a doença. Segundo boletim divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2011 foram notificados 5,8 milhões de casos novos de tuberculose no mundo, o equivalente a quase 2/3 dos 8,7 milhões de casos estimados. Nesse mesmo ano, contabilizou-se 1,4 milhões de mortes por tuberculose, doença curável e evitável. Pela primeira vez, em 2012, a OMS divulgou estatísticas referentes à faixa etária pediátrica (idade < 15 anos). Estima-se 490.000 casos de tuberculose no mundo, o equivalente a 6% do total dos 8,7 milhões de casos novos, e 64.000 mortes por TB em 2011. De acordo com os últimos dados da OMS, o Brasil é o 111º no ranking em taxa de incidência de TB. Dentre os 22 países considerados de alta carga, e que concentram 82% dos casos de tuberculose no mundo, o Brasil é o 17º em número de casos, e o 22º em taxas de incidência, prevalência e mortalidade. Dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde de 2012 revelam que, no ano anterior, o país registrou 70.047 casos novos de tuberculose. Em 2012, a taxa de incidência da doença foi de 36,1/100 mil habitantes. Em 2010, o número aproximado de óbitos foi de 4,6 mil e a taxa de mortalidade em 2,4/100 mil habitantes. Isso coloca a TB como 4ª causa de mortes por doenças infecciosas e a 1ª causa de mortes dentre as doenças infecciosas definidas dos pacientes com AIDS. No ano 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU), ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que no Brasil são chamados de oito Jeitos de Mudar o Mundo. A tuberculose está contemplada no 6º objetivo intitulado: combater a AIDS, a malária e outras doenças. Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria O Plano Global para o Combate da Tuberculose 2011-2015 (The Global Plan to Stop Tuberculosis 2011-2015) proposto pela OMS tem como visão livrar o mundo da tuberculose. Seu objetivo é reduzir drasticamente a carga da doença até 2015, de acordo com o que foi pactuado nos ODM. O plano está dividido em seis componentes: expandir a estratégia DOTS (Direct Observed Treatment Strategy, Short-Course – Tratamento Diretamente Observado, em português) com qualidade; visar a coinfecção TB/HIV, tuberculose multidrogarresistente (TB MDR) e as necessidades de populações pobres e vulneráveis; fortalecer o sistema de saúde baseado na atenção primária; empoderar portadores de tuberculose e a sociedade civil organizada; envolver todos os prestadores de serviços de saúde; e possibilitar e promover pesquisas. O Plano ainda apresenta, como principais metas: reduzir, pela metade, a incidência e a mortalidade por tuberculose até 2015, comparados aos valores de 1990, e eliminar a tuberculose como problema de saúde pública até 2050. OBJETIVO Busca ativa de Sintomáticos Respiratórios (pessoas com tosse por tempo ≥ 3 semanas) para identificar precocemente os casos bacilíferos, interromper a cadeia de transmissão da tuberculose e reduzir a incidência da doença a longo prazo. Diagnosticar a TB precocemente Encaminhar para tratamento adequado APLICABILIDADE Crianças e adolescentes com quadro clínico sugestivo e/ou contactuantes. DIRETRIZ A TB na criança, principalmente nos menores de 10 anos, apresenta especificidades que devem ser consideradas durante sua investigação diagnóstica. A forma pulmonar, diferentemente do adulto, costuma ser abacilífera (negativa ao exame bacteriológico) devido ao reduzido número de bacilos nas lesões. Além disso, crianças, em geral, não são capazes de expectorar. Ao término da infância e ao início da adolescência aparecem formas semelhantes às encontradas em adultos. As lesões são mais extensas, nos terços superiores dos pulmões, escavadas, disseminadas bilateralmente. Os pacientes geralmente apresentam sintomas respiratórios e são mais frequentemente positivos à baciloscopia. Nesta faixa de idade é fácil realizar o exame de Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria escarro e o diagnóstico pode ser comprovado pelos métodos bacteriológicos convencionais (baciloscopia e cultura). Há predomínio da localização pulmonar sobre as demais formas de tuberculose, isto é, as formas extra pulmonares. TB Pulmonar na criança As manifestações clínicas podem ser variadas. O achado clínico que chama atenção na maioria dos casos é a febre, habitualmente moderada, persistente por 15 dias ou mais e frequentemente vespertina. São comuns irritabilidade, tosse, perda de peso, sudorese noturna, às vezes profusa; a hemoptise é rara. Muitas vezes, a suspeita de tuberculose é feita em crianças com diagnóstico de pneumonia sem melhora com o uso de antimicrobianos para germes comuns. Os achados radiográficos mais sugestivos da tuberculose pulmonar em crianças são: adenomegalias hilares e/ou paratraqueais; pneumonias com qualquer aspecto radiológico, de evolução lenta, às vezes associadas à adenomegalias mediastínicas, ou que cavitam durante a evolução; infiltrado nodular difuso (padrão miliar). O diagnóstico de tuberculose pulmonar, na prática, segundo o sistema de escore validado em nosso meio está resumido na Tabela 1. O lavado gástrico somente é indicado quando for possível a realização de cultura para M. tuberculosis. O exame de escarro (baciloscopia e cultura), em geral, é possível a partir dos 5 ou 6 anos de idade. Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria Tabela 1 - Escore para diagnóstico de TB pulmonar Escore para diagnóstico de TB pulmonar Pontuação Critérios clínicos Febre ou sintomas como: tosse, adinamia, expectoração, emagrecimento, sudorese > 2 semanas Assintomático ou com sintomas < 2 semanas 15 pontos 0 pontos Infecção respiratória com melhora após uso de antibióticos para germes comuns ou sem antibióticos -10 pontos Critérios radiológicos - Adenomegalia hilar ou padrão miliar 15 pontos - Condensação ou infiltrado (com ou sem escavação) inalterado > 2 semanas - Condensação ou infiltrado (com ou sem escavação) > 2 semanas evoluindo com piora ou sem melhora com antibióticos para germes comuns Condensação ou infiltrado de qualquer tipo < 2 semanas 5 pontos Radiografia normal -5 pontos Contato com adulto tuberculoso Próximo, nos últimos 2 anos 10 pontos Ocasional ou negativo 0 pontos Teste tuberculínico ≥ 5 mm em não vacinados com BCG; vacinados ≥ 2 anos; imunossuprimidos ou 15 pontos ≥10 mm em vacinados < 2 anos 0 - 4 mm 0 pontos Estado nutricional Desnutrição grave 5 pontos Obs: Esta interpretação não se aplica a revacinados em BCG Interpretação: ≥40 pontos (diagnóstico muito provável): iniciar o tratamento 30 a 35 pontos (diagnóstico possível): pode ser considerado como indicativo de tuberculose e orienta o inicio de tratamento da criança a critério clínico. ≤ 30 pontos (diagnóstico pouco provável): a criança deverá continuar a ser investigada. Deverá ser feito diagnóstico diferencial com outras doenças pulmonares e podem ser Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria empregados métodos complementares de diagnóstico nesse sentido, como lavado gástrico, broncoscopia, escarro induzido, punções e métodos rápidos. TB extrapulmonar na criança Cerca de 20% dos casos de TB em crianças tem apresentação extrapulmonar. As formas mais frequentes são: ganglionar periférica, pleural, óssea e a meningoencefálica Tuberculose ganglionar periférica - forma mais frequente de TB extrapulmonar em crianças e pacientes HIV soropositivos. Cursa com aumento subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervical anterior e posterior, e da supraclavicular. Ao exame físico, os gânglios apresentam-se habitualmente endurecidos ou amolecidos, aderentes entre si e aos planos profundos, podendo evoluir para flutuação e/ou fistulização espontânea, com a inflamação da pele adjacente. O diagnóstico é obtido por meio de aspirado por agulha e/ou biópsia ganglionar, para realização de exames bacteriológicos e histopatológicos. Tuberculose óssea - mais comum em crianças (10 a 20% das lesões extrapulmonares na infância), ou em pessoas entre as 4ª e 5ª décadas. Acomete frequentemente a coluna vertebral e as articulações coxofemoral e do joelho. A TB de coluna (mal de Pott) é responsável por cerca de 1% de todos os casos de TB e por até 50% de todos os casos de TB óssea. O quadro clínico é a tríade dor lombar, dor à palpação e sudorese noturna, e afeta mais principalmente a coluna torácica baixa e a lombar. Tuberculose pleural - mais comum forma de TB extrapulmonar em indivíduos HIV soronegativos, principalmente jovens. Cursa com dor torácica do tipo pleurítica. A tríade astenia, emagrecimento e anorexia ocorre em 70% dos pacientes, e febre com tosse seca em 60%. Eventualmente, apresentase simulando pneumonia bacteriana aguda, e a dispneia pode aparecer apenas nos casos com maior tempo de evolução dos sintomas. A cultura, associada ao exame histopatológico do fragmento pleural, permite o diagnóstico em até 90% casos. Os rendimentos da baciloscopia e da cultura do líquido pleural são respectivamente menores que 5% e 40%. Empiema pleural tuberculoso – ocorre como consequência da ruptura de uma cavidade tuberculosa para o espaço pleural e, por isso, além de líquido no espaço pleural, muitas vezes ocorre também pneumotórax secundário à fístula broncopleural. Clinicamente, é indistinguível de um empiema pleural por bactéria comum. Tuberculose pericárdica - tem apresentação clínica subaguda e geralmente não se associa à TB pulmonar, embora possa ocorrer simultaneamente à TB pleural. Os principais sintomas são dor torácica, tosse seca e dispneia. Pode haver febre, emagrecimento, astenia, tontura, edema de membros inferiores, dor no hipocôndrio direito (congestão hepática) e aumento do volume abdominal (ascite). Raramente provoca clínica de tamponamento cardíaco. Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria TB meningoencefálica - responsável por 3% dos casos de TB em pacientes HIV soronegativos, e em até 10% dos casos em pacientes HIV soropositivos. A meningite exsudativa é a apresentação clínica mais comum e é mais frequente em crianças < 6 anos de idade. Clinicamente, pode ser subaguda ou crônica (sinais e sintomas com duração superior a 4 semanas). Na forma subaguda, cursa com cefaleia holocraniana, irritabilidade, alterações de comportamento, sonolência, anorexia, vômitos e dor abdominal associados à febre, fotofobia, e rigidez de nuca por tempo superior a duas semanas. Eventualmente, apresenta sinais focais relacionados a síndromes isquêmicas locais, ou ao envolvimento de pares cranianos (pares II, III, IV, VI e VII). Pode haver hipertensão intracraniana (edema de papila). Na forma crônica, o paciente evolui várias semanas com cefaleia, até que o acometimento de pares cranianos faz o médico suspeitar de meningite crônica. Ocorre doença pulmonar concomitante em até 59% dos casos. Outra forma de TB do sistema nervoso central é a forma localizada (tuberculomas). Nesta apresentação, o quadro clínico é o de um processo expansivo intracraniano de crescimento lento, com sinais e sintomas de hipertensão intracraniana. A febre pode não estar presente. A coleta de líquor está indicada na suspeita clínica e geralmente revela pleocitose (10-1000 células/ml) com predomínio de linfócitos, proteína aumentada (0,5 a 3g/l) e glicorraquia diminuída (<50% da glicemia). A sensibilidade dessas alterações, mesmo em crianças, quando associadas ao quadro clinico sugestivo, é alta (>90%); mas a especificidade não é tão boa (<80%). Por esse motivo, a pesquisa de bacilos álcool-ácido resistente (PBAAR) e a cultura do material são essenciais para confirmar o diagnóstico. Recomendações para o tratamento O tratamento deve ser desenvolvido sob regime ambulatorial, diretamente observado (TDO), conforme preconizado pela OMS e pelo Ministério da Saúde (Tabelas 2, 3 e 4). A hospitalização é recomendada em casos especiais, pelo menor tempo possível, e de acordo com as seguintes prioridades: 1. Meningoencefalite tuberculosa. 2. Intolerância aos medicamentos anti-TB incontrolável em ambulatório. 3. Estado geral que não permita tratamento em ambulatório. 4. Intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas relacionadas ou não à TB que necessitem de tratamento e/ou procedimento em unidade hospitalar. 5. Casos em situação de vulnerabilidade social, como ausência de residência fixa ou grupos com maior possibilidade de abandono, especialmente se for um caso de retratamento, falência ou multirresistência. Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria Tabela 2 – Recomendações para o tratamento Situação Esquema Indicado Caso novo: pacientes que nunca foram Esquema Básico tratados para TB ou trataram por<30 dias Com tratamento anterior: pacientes já Esquema Básico até o resultado tratados por > 30 dias, que necessitem de novo da cultura e TS* tratamento por: -Recidiva após cura (RC) ou -Retorno após abandono (RA) Tratamentos especiais: hepatopatias, efeitos Esquemas Especiais colaterais maiores, HIV/AIDS, uso de imonossupressores Tuberculose meningoencefálica Esquema para Meningoencefalite Falência por multirresistência, mono e Esquemas Especiais para polirressistencia ao tratamento antiTB. mono/poli e multirresistência Local de realização Atenção Básica Atenção Básica Referência Terciária (dependendo do resultado do TS) Referência Secundária Hospitais inicialmente Referência Terciária *TS (teste de sensibilidade) Esquema básico para crianças < 10 anos (EB) (2RHZ /4RH): Rifampicina (R)+ Isoniazida (H) + Pirazinamida (Z) por 2 meses Rifampicina (R) + Isoniazida (H) por mais 4 meses Tabela 3- Esquema básico para crianças < 10 anos (EB) (2RHZ /4RH): Fases do tratamento Fármacos Peso do doente Até 20kg >20 a 35kg >35 a 45kg > 45kg mg/kg/dia mg/dia mg/dia mg/dia 2 RHZ R 10 300 450 600 Fase de ataque Z 10 200 300 400 H 35 1000 1500 2000 4 RH R 10 300 450 600 Fase de manutenção H 10 200 300 400 Esquema básico para crianças > 10 anos e adolescentes (EB) (2RHZE/4RH) Rifampicina (R) + Isoniazida (H) + Pirazinamida (Z) + Etambutol (E) por 2 meses Rifampicina (R) + Isoniazida (H) por mais 4 meses Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria Tabela 4- Esquema básico para crianças > 10 anos e adolescentes (EB) (2RHZE/4RH) Regime 2 RHZE Fase Intensiva 4RH Fase de manutenção Fármacos RHZE 150/75/400/275 comprimido em dose fixa combinada RH Comprimido ou cápsula 300/200 ou 150/100 Faixa de peso 20 a 35 kg 36 a 50 kg > 50 kg 20 a 35 kg 36 a 50 kg > 50 kg Unidade/dose 2 comprimidos 3 comprimidos 4 comprimidos 1 comp ou 300/200mg 1 compr ou 300/200 mg comp ou 150/100 mg 2 comp ou 300/200mg Meses 2 caps 4 caps + 1 caps caps Esquema para a forma meningoencefálica da tuberculose: Esquema básico, prolongando-se a fase de manutenção. Observações: a) Nos casos de concomitância entre tuberculose meningoencefálica e qualquer outra localização, usar o Esquema para a forma meningoencefálica. b) Na meningoencefalite tuberculosa deve ser associado corticosteróide ao esquema anti-TB: prednisona oral (1 -2 mg/kg /dia) por quatro semanas ou dexametasona intravenoso nos casos graves (0.3 a 0.4 mg /kg /dia), por 4-8 semanas, com redução gradual da dose nas quatro semanas subsequentes. As reações adversas mais frequentes ao esquema com RHZ, utilizado por muitos anos no Brasil, são: mudança da coloração da urina (ocorre universalmente), intolerância gástrica (40%), alterações cutâneas (20%), icterícia (15%) e dores articulares (4%). Deve ser ressaltado que quando a reação adversa corresponde a uma reação de hipersensibilidade grave como plaquetopenia, anemia hemolítica, insuficiência renal, o medicamento suspeito não pode ser reiniciado após a suspensão, pois na reintrodução a reação adversa é ainda mais grave. Infecção Latente (ILTB) A susceptibilidade à infecção é universal. A maioria das pessoas resiste ao adoecimento após a infecção e desenvolve imunidade parcial à doença; no entanto alguns bacilos permanecem vivos, embora bloqueados pela reação inflamatória do organismo. Cerca de 5% das pessoas não conseguem impedir a multiplicação dos bacilos e adoecem na sequência da primo-infecção. Outros 5%, apesar de bloquearem a infecção nessa fase, adoecem posteriormente por reativação desses bacilos ou em consequência de exposição a uma nova fonte de infecção. Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria Fatores relacionados à competência do sistema imunológico podem aumentar o risco de adoecimento. São fatores de risco: infecção pelo HIV, doenças ou tratamentos imunodepressores; idade < 2 anos ou > 60 anos; desnutrição. O maior risco de adoecimento se concentra nos primeiros dois anos após a primo-infecção, mas o período de incubação pode se estender por muitos anos e mesmo décadas. A indicação do uso da Isoniazida para tratamento da ILTB depende dos seguintes fatores: o resultado do PT (prova tuberculínica), a idade, a probabilidade de ILTB e o risco de adoecimento (Tabela 5). Os grupos com indicação de tratamento são: 1- Crianças < 10 anos contatos de casos bacilíferos: PT ≥5 mm - em crianças não vacinadas com BCG, crianças vacinadas há mais de 2 anos ou qualquer condição imunossupressora; PT ≥10 mm em crianças vacinadas com BCG há menos de 2 anos 2- Em crianças (>10 anos) e adolescentes: A relação risco-benefício do tratamento deve ser avaliada caso a caso. A idade é um dos fatores de risco para hepatoxicidade pela Isoniazida e reduzido risco acumulado de adoecimento As indicações de tratamento da ILTB seguem as seguintes recomendações: Risco Maior: indicado tratamento em qualquer idade Risco Moderado: indicado tratamento em < 65 anos Risco Menor: indicado tratamento em < 50 anos Tabela 5 - Indicações de tratamento da ILTB Risco Maior Moderado Menor PT ≥ 5mm HIV - Contatos > 10 anos; - Contatos < 10 anos não vacinados com BCG ou vacinados há > 2 anos Uso de inibidores do TNF-α Alterações radiológicas fibróticas sugestivas de sequela de TB Transplantados em terapia imunossupressora Uso de corticosteróides (>15 mg de prednisona >1 mês) PT ≥ 10mm Silicose Contato < 10 anos vacinados com BCG há < 2 anos Conversão do PT* Contato de TB bacilífera Profissional de saúde Neoplasia de cabeça e pescoço Profissional de laboratório de micobactéria Trabalhadores de instituições de longa permanência Insuficiência renal em diálise Diabetes mellitus Baixo peso (<85% do peso ideal) Calcificação isolada (sem fibrose) na radiografia *Conversão da PT: 2ª PT com incremento de 10 mm em relação à 1ª PT. Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria Investigação dos contatos O contato é definido como toda pessoa que convive no mesmo ambiente com o caso índice no momento do diagnóstico da TB. A avaliação do grau de exposição do contato deve ser individualizada considerando-se a forma da doença, o ambiente e o tempo de exposição (Fluxogramas 1 e 2). Considerando que crianças com TB em geral desenvolvem a doença após transmissão por um contato adulto bacilífero, preconiza-se a investigação de todos os seus contatos, a fim de se identificar os casos de infecção latente pelo M. tuberculosis (ILTB), e principalmente o caso índice, interrompendo a cadeia de transmissão. Fluxograma 1 - Avaliação de contatos: crianças (< 10 anos). (*) Empregar Quadro 1 (Escore para diagnóstico de TB pulmonar) (**) PT ≥ 5mm (em crianças não vacinadas com BCG, vacinadas há mais de 2 anos ou portadora de condição imunossupressora) ou PT ≥ 10 mm em crianças vacinadas com BCG há menos de 2 anos. Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria Fluxograma 2 - para investigação de contatos: crianças (>10 anos), adolescentes e adultos Vacinação com BCG A vacinação com o Mycobacterium bovis atenuado, conhecido como bacilo de Calmette e Guérin (BCG) exerce poder protetor contra as manifestações graves da primo-infecção, como as disseminações hematogênicas e a meningoencefalite em menores de 5 anos, mas não evita a infecção tuberculosa. A imunidade se mantém por 10 a 15 anos. Indicações: Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria 1. Recém-nascidos, com peso ≥ 2 kg e sem intercorrências clínicas. Sempre que possível, a vacina deve ser aplicada ainda na maternidade. 2. Crianças < 5 anos de idade que nunca foram vacinadas. 3. Contatos de doentes com hanseníase Recomenda-se revacinar: 1. Lactentes que foram vacinados com BCG ao nascer e não apresentem cicatriz após 6 meses. Revacinar apenas uma vez, mesmo que não apresente cicatriz novamente. Contraindicações relativas Recém-nascidos com peso < 2 kg. Afecções dermatológicas no local da vacinação ou generalizadas. Uso de imunodepressores (prednisona na dose ≥ 2mg/kg/dia para crianças,) ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia etc.). A vacina BCG deverá ser adiada até 3 meses após o fim do tratamento OBS: Nesses casos, a vacinação será adiada até a resolução das situações apontadas. Contraindicações absolutas HIV positivos: adultos (independentemente dos sintomas) e crianças sintomáticas Imunodeficiência congênita. Evolução normal da lesão vacinal A vacina BCG geralmente não provoca reações gerais, tais como febre ou mal-estar. Desde que a injeção intradérmica seja corretamente aplicada, a lesão vacinal evolui da seguinte forma: 2ª semana: palpa-se uma zona endurecida cujas dimensões variam de 3 a 9 mm; 5ª - 6ª semana: o centro dessa lesão amolece, formando uma crosta; 7ª semana: queda da crosta, deixando em seu local uma úlcera de cerca de 2 a 6 mm de diâmetro; 8ª - 13ª semana: desaparecimento lento da úlcera, deixando como resultado uma cicatriz plana, com diâmetro de 3 a 7 mm. Em alguns casos, essa cicatrização é mais demorada, e pode prolongar-se até o 4º mês e, raramente, além do 6º mês. O infarto ganglionar axilar, não supurado, pode ocorrer durante a evolução normal da lesão vacinal, e desaparece espontaneamente, sem necessidade de tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico (drenagem). Eventos adversos e conduta Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria As complicações da vacina BCG, aplicada por via intradérmica, são pouco frequentes, sendo a maioria delas resultante do tipo de cepa, técnica incorreta, como aplicação profunda (subcutânea), inoculação de dose excessiva ou contaminação. As outras complicações, como abscessos no local da aplicação, úlcera de tamanho exagerado (>1 cm) e gânglios flutuantes e fistulisados, devem ser tratadas com a administração de Isoniazida, na dose de 10mg/kg/dia (máx 300 mg), até a regressão da lesão, que geralmente ocorre em torno de 45 dias. Os abscessos frios e os gânglios infartados podem ser puncionados quando flutuantes, mas não devem ser incisados. A cicatriz quelóide pode ocorrer em indivíduos com propensão genética, independentemente da técnica de aplicação. Seu aparecimento é mais frequente em pessoas já infectadas ou naquelas revacinadas. Outras complicações, como lupus vulgaris e osteomielite são raras, não havendo registro de ocorrência no Brasil. Lesões generalizadas são ainda mais raras e, em geral, associadas à deficiência imunológica. Nos casos de reação lupóide, lesões graves ou generalizadas (acometendo mais de um órgão) a indicação de tratamento deve ser com o Esquema (RHE2/RH4): Isoniazida (10mg/kg/dia) + Rifampicina (10mg/kg/dia) + Etambutol (25mg/kg/dia) 2 meses Isoniazida (10mg/kg/dia) + Rifampicina (10mg/kg/dia) por mais 4 meses. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. Ministério da Saúde. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. 2010 2. World Health Organization. Global Tuberculosis Report 2012. 3. Ministério da Saúde - Boletim Epidemiológico - Especial Tuberculose. Secretaria de Vigilância em Saúde - Volume 43 - março 2012 4. Thwaites G., Fisher M. et al. British Infection Society guidelines for the diagnosis and treatment of tuberculosis of the central nervous system in adults and children. Journal of Infection (2009) 59, 167-187 ELABORAÇÃO DESTE DOCUMENTO Autora: Fernanda Viveiros Moreira de Sá Núcleo de Pediatria Baseada em Evidências (participantes do grupo à época da discussão): Adalberto Stape; Ana Claudia Brandão; Bianca Seixas Soares Sgambatti; Debora Ariela Kalman; Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014 Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Tuberculose em pediatria Eduardo Juan Troster; Elda Maria Stafuzza Gonçalves Pires; Fernanda Viveiros Moreira de Sá; Flávia Panico Rossi; Gaby Cecília Yupanqui Guerra Barbosa. RESUMO ANEXOS DOCUMENTOS RELACIONADOS DERCRIÇÃO RESUMIDA DA REVISÃO Eduardo Juan Troster (31/08/2013 10:27:14 AM) - Gostaríamos de salientar aspectos importantes do diagnóstico conforme está na diretriz: " as manifestações clínicas podem ser variadas. O achado clínico que chama atenção na maioria dos casos é a febre, habitualmente moderada, persistente por 15 dias ou mais e frequentemente vespertina. São comuns irritabilidade, tosse, perda de peso, sudorese noturna, às vezes profusa; a hemoptise é rara. Muitas vezes, a suspeita de tuberculose é feita em crianças com diagnóstico de pneumonia sem melhora com o uso de antimicrobianos para germes comuns." Eduardo Juan Troster (13/11/2014 03:15:16 PM) - Diretriz revisada e reformatada. Status Aprovado Diretoria Espécie Especialidade PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICOPediatria Versão 2 Data Criação 19/07/201319/07/2013 Data Revisão DI.ASS.15.2 Revisor Parecerista Aprovado por Data Aprovação 19/11/2014 Código Legado Elaborador Fernanda Viveiros Moreira de SaFernanda V. M. de Sá Código do Documento Eduardo Juan Troster DOCUMENTO OFICIAL Adriana Vada Souza Ferreira | Adalberto Stape 19/11/2014