serviço social e educação: contribuições do

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Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI
ISSN 1809-1636
SERVIÇO SOCIAL E EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL
NA ESCOLA
Social Service and Education: Contributions of a Social Worker at School
Nelma Souza dos SANTOS1
RESUMO
O presente estudo parte do pressuposto de que a educação é imprescindível para que todos os
indivíduos tenham acesso à cultura e possam fazer parte no mundo, compreendendo a realidade em
que se inserem e transformando suas próprias histórias de vida. Por sua vez, a escola é o local
privilegiado de acesso à educação e à cultura, mas essa instituição não está isolada das demais,
portanto influencia e é influenciada pela conjuntura social, política e econômica do país. A partir da
análise do contexto atual, compreendemos que o processo de ensino e aprendizagem precisa ser
ressignificado, pois vivemos uma crise na educação e todos os segmentos da sociedade devem
contribuir para a superação dos impactos de tal crise. Diante disso, o Serviço Social tem muito a
contribuir. Por isso, enfocaremos a relação entre o Serviço Social, a família e a escola,
vislumbrando as possibilidades de uma ação interdisciplinar destinada a oportunizar, às crianças e
aos adolescentes, as condições de que necessitam para se desenvolverem, de modo saudável e
seguro, preparando-se adequadamente para a vivência da futura cidadania.
PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social, Educação, Família e Escola.
ABSTRACT
This study assumes that education is essential that all individuals have access to culture and can
take part in the world, including the reality in which they operate and can transform their own life
stories. In turn, the school is the prime location for access to education and culture, but this
institution is not isolated from others; thus influences and is influenced by general social, political
and economic outlook. From the analysis of the current context, we understand that the process of
teaching and learning needs to be reframed, because we live in a crisis in education and all
segments of society should contribute to overcoming the impacts of this crisis. Thus, the Social
Service has much to contribute. Therefore, we focus on the following relationship between Social
Work, family and school, seeing the possibilities of an interdisciplinary approach designed to create
opportunities for children and adolescents with conditions that need to grow healthily and safely
preparing properly for the experience of future citizenship.
KEYWORDS: Social Services, Education, Family and School.
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Assistente Social. Especialista em Políticas de Atenção à Criança e ao Adolescente – URI-SLG –
[email protected]
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A Família como Foco de Atuação do Serviço Social: Possibilidades e Desafios
A família constitui-se como uma das áreas prioritárias de ação dos assistentes sociais, sendo
o contexto familiar uma fonte de preocupação devido à complexidade de tal ação e também um
campo rico para intervenções. Especialmente a partir da aprovação da Lei de Regulamentação da
Profissão, Lei nº 8.662/93, para o Serviço Social, a família passa a configurar uma prática de
intervenção que implica numa série de exigências para o profissional da área, no campo teóricometodológico e ético-político.
A análise das práticas atualmente desenvolvidas pelos assistentes sociais, tendo como foco
as famílias, nos permite verificar que tais práticas ainda são, em sua maioria, pautadas nos padrões
de normatividade e estabilidade. Tira-se de foco a discussão da família, no contexto de uma
sociedade desigual e excludente, e fortalece-se, direta ou indiretamente, uma visão da família como
produtora de patologia; busca-se a “pacificação artificial” das famílias.
Gentilli (1998), ao analisar a questão da identidade e do processo de trabalho no Serviço
Social, afirma que, no discurso dos assistentes sociais, existe uma indiscriminação generalizada dos
instrumentos, metodologias e atividades profissionais.
Conforme a autora, os assistentes sociais têm uma vivência impressionista da realidade e, à
medida que possuem leituras teóricas imprecisas, mantêm vivas representações teóricas anteriores
que se recompõem com representações profissionais mais atualizadas.
As concepções tradicionais de família persistem no imaginário de muitos profissionais.
Nesse sentido, Mioto (2001) argumenta que se espera um mesmo padrão de funcionalidade das
famílias, independente do lugar em que estão localizadas na linha da estratificação social, padrão
este calcado em postulações culturais tradicionais, referentes, principalmente, aos papéis de pai e de
mãe. Assim, a análise da prática profissional com famílias pode acontecer a partir de diferentes
perspectivas, dentre elas o percurso histórico da profissão, o seu papel na divisão sócio-técnica do
trabalho e de seus condicionamentos macro-estruturais, da formação profissional e da
responsabilidade dos assistentes no processo de apropriação do projeto ético-político da categoria.
Em seu cotidiano, os assistentes sociais desenvolvem ações que necessitam adaptar-se às
especificidades apresentadas pela realidade de cada constelação familiar. No entanto, continuam
sendo tratadas de forma indiferenciada. São elas: ações sócio-educativas, ações sócio-terapêuticas,
ações periciais, ações sócio-assistenciais, ações de acolhimento e apoio sócio-institucional.
Tal constatação deve mobilizar os profissionais da área a buscarem o enfrentamento do
desafio de buscar metodologias que concebam a família como um grupo com necessidades próprias
e únicas. A prática profissional do assistente social leva-o a encontrar formas de atendimento mais
eficazes e efetivas, superando as visões fragmentadas e lineares.
O processo de trabalho no Serviço Social, é pautado no profissional. Esse instrumental não
compreende apenas o arsenal de técnicas utilizadas para a efetivação do serviço, mas também o
arsenal teórico-metodológico (conhecimento, valores, herança cultural, habilidades). De acordo
com Iamamoto (1998, p. 43), essa base teórico-metodológica é constituída pelos “recursos
essenciais que o assistente social aciona para exercer o seu trabalho”, a fim de iluminar a leitura da
realidade, relacionar melhor sua ação e moldá-la.
Nesse ínterim, a atualização e a formação continuada são fatores imprescindíveis,
objetivando oferecer respostas profissionais às demandas oriundas dos processos sociais, próprios
da dinâmica da sociedade brasileira. No entanto, essa busca ocorre, majoritariamente, a partir das
exigências colocadas no contexto dos serviços onde trabalham, isto é, os assistentes sociais
procuram aprofundar seus conhecimentos para atender às demandas colocadas pelos locais de
trabalho. Conforme Mioto (2002), embora, por um lado, essa capacitação mereça destaque, por
outro lado, ela pode indicar um afastamento das discussões circunscritas na esfera da profissão, na
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atualidade, tais como: o processo de trabalho, o projeto ético-político, entre outros.
Com Sarti (2004), compreendemos que a família, enquanto primeira instituição por meio da
qual se começa a ver e a significar o mundo, adquire papel primordial no desenvolvimento dos
sujeitos, processo este que se inicia ao nascer e se estende ao longo da vida. Ou seja, é na família
que as crianças e jovens começam a compreender o mundo no qual estão chegando e é neste espaço
que recebem as primeiras instruções e as noções básicas no que é considerado certo e do que é tido
como equivocado na vida em sociedade, neste momento histórico-cultural.
As crianças vivem o seu meio a partir de quatro espaços/lugares, os quais são: a família, a
escola, os espaços de lazer e os espaços criados por elas próprias. Estes espaços/lugares só fazem
sentido para as crianças porque estão associados às relações sociais, pautadas pelas amizades, lutas
por poder, negociações, trocas e aprendizagens inter e intra-geracionais.
Cabe destacar que a família aparece como demanda para o Serviço Social quando ocorre
algum problema ou conflito na função social, ou seja, quando a família, por um certo motivo, não
conseguir cumprir o seu papel.
Deve-se apreender a família do ponto de vista teórico, com um pensamento crítico,
desvelado à realidade, analisando as relações de totalidade e, principalmente, considerando as
determinações históricas, para não culpabilizá-la e nem fazer uma psicologização das questões que
são sociais. Para se ter uma visão crítica de família, é preciso analisá-la como uma construção
histórica. A ação do assistente social deve ser transformadora, buscando a emancipação e o
autodesenvolvimento da família. O profissional deve atuar nas demandas, sendo que as mesmas
deverão providenciar respostas.
As demandas institucionais que são demandas objetivas, imediatas, devem ser respondidas
com o desenvolvimento e a utilização de instrumentos (meios) para atingir seus objetivos. Estes
instrumentos podem ser os bens, serviços, benefícios, programas e projetos, porém, o âmbito da
ação profissional deve transcender à demanda institucional, passando, assim, para a demanda sócioprofissional. Compreender as demandas na sua totalidade, as suas contradições, a sua relação com a
sociedade permite ao assistente social se articular, criar meios para que a família crie condições para
cumprir a sua função social.
O assistente social, como um profissional que tem como seu objeto de intervenção as
necessidades sociais, deve intervir nas expressões da questão social. Tais expressões rebatem no
campo de trabalho como uma consequência do sistema que fundamenta o capitalismo, aparece no
sujeito individual e/ou coletivo em situação de vulnerabilidade social e pessoal. É no âmbito da
família que se encontram o maior número de demandas, e é nela também que deve estar a ação do
assistente social.
É necessário, pois, problematizar e desnaturalizar as formas de discriminação, garantindo os
direitos dos cidadãos e possibilitando a sua autonomia, como está previsto no projeto ético-político
profissional. Para tanto, a articulação com o Estado e organizações que tenham o mesmo objetivo
diante desta situação, torna-se indispensável na busca de ações políticas que assegurem a efetivação
dos direitos.
Dentre as atribuições do assistente social, encontra-se a tarefa de lutar pela participação
social, emancipação, autonomia (ética, política, moral, cultural), desenvolvimento dos sujeitos
sociais e, principalmente, pela ampliação dos direitos sociais e da cidadania, investindo assim nas
potencialidades dos usuários, caminhando sempre na busca da liberdade política, econômica e
cultural.
Um aspecto digno de nota é que o agir do profissional da área parte de sua formação,
fortemente embasada nas diretrizes curriculares, com seu fundamento na teoria social-crítica,
visando a constituição de um perfil teórico-crítico (tem que ter capacidade para fazer uma leitura
crítica da realidade), técnico-operativo (profissional interventivo, que tem um arsenal de técnicas e
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instrumentos que possibilitam a intervenção) e ético-político (o agir tem uma intenção, tem valores
do código de ética). Tendo assim uma práxis transformadora que supere o imediatismo.
Somente a partir de uma formação com estes contornos, o assistente social poderá
compreender a família como instituição dinâmica, diferenciada e complexa. Assim sendo, o
profissional irá, num primeiro momento, procurar entender o processo singular de formação de cada
instituição familiar, o qual resulta de construções sociais e da vivência das transformações sóciohistóricas, tendo a função de proteção, socialização de seus membros, de referência moral e
principalmente por ser mediadora das relações dos seus membros com outras instituições sociais e
com o Estado. As famílias que não conseguem cumprir este papel entram nos processos de exclusão
social, tornando-se assim demanda para o Serviço Social.
Cabe ao profissional procurar a desmistificação dos conceitos de família, presentes na
sociedade, e agir interventivamente nas suas demandas, buscando possibilitar a sua emancipação e
autodesenvolvimento para que esta possa efetivar a sua função social. Com base no exposto, vale
considerar que a atuação do assistente social junto às famílias pode ser decisiva na resolução de
problemáticas, auxiliando também na sua vinculação com a família e com a escola para
potencializar as oportunidades de desenvolvimento das crianças e dos adolescentes. Por isso,
abordaremos, a seguir, o papel do Serviço Social na instituição escolar.
Serviço Social e Escola: Interação Possível e Construtiva
Hannah Arendt (1972) considera que a escola é a instituição pela qual interpomos entre o
domínio privado do lar e o mundo com o fito de fazer que seja possível a transição, de alguma
forma, da família para o mundo. Trata-se, pois, da instituição responsável por introduzir as novas
gerações na cultura historicamente construída.
Podemos defini-la como uma instituição social formadora do conhecimento humano, o qual
é trabalhado no contexto escolar com a realidade social do aluno, que busca sanar seus problemas e
necessidades sociais. Por isso é importante realizar um diagnóstico familiar e aproximar mais o
cotidiano familiar com o escolar. Deste modo, a escola é uma instituição preparada para
desenvolver os valores sociais dos sujeitos (alunos e familiares), sendo capaz de prepará-los para
viver em sociedade. Dá-se, então, a importância do trabalho com grupos de famílias no contexto
escolar enfatizando o fortalecimento e encaminhamento para o indivíduo aprender a viver em
sociedade, tanto as crianças quanto os adolescentes, assim como seus pais e/ou responsáveis.
A educação, como é uma política pública que procura desenvolver o senso crítico do aluno,
deve conhecer e respeitar a realidade social, cultural e econômica dos alunos, tendo um
conhecimento geral da comunidade na qual o educando encontra-se inserido. Assim, o Serviço
Social é inserido na escola com o intuito de contribuir com as ações de inclusão social, de formação
da cidadania e emancipação dos sujeitos, para que, juntos, possam trabalhar com a educação, com a
consciência, com a oportunidade de que as pessoas tornem-se sujeitos de sua própria história. Para
Santos (2011) apud Amaro (1997) os Educadores e Assistentes Sociais compartilham desafios
semelhantes, e tem na escola como ponto de encontro para enfrentá-los. Tem-se a necessidade de
fazer algo em torno dos problemas sociais que repercutem e implicam de forma negativa no
desempenho do aluno e leva o educador pedagógico a recorrer ao Assistente Social.
A contribuição do fazer profissional do Serviço Social aos profissionais da Educação é no
sentido de auxiliar e facilitar o enfrentamento de questões sociais, as quais dificultam na
aprendizagem do aluno, tais como violência, infrequência na escola, drogadição, desavenças
familiares, entre outras questões.
Na visão de Martinelli (1998), o Serviço Social é uma profissão que trabalha no sentido
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educativo de revolucionar consciências, de proporcionar novas discussões, de trabalhar as relações
interpessoais e grupais. Assim, a intervenção do assistente social é uma atividade veiculadora de
informações, trabalhando em consciências, com a linguagem que é a relação social. Nesse item,
percebemos a importância para o desenvolvimento do trabalho interdisciplinar na Educação, o qual
possibilita a articulação e operacionalização entre as equipes que buscam estratégias para intervir na
realidade.
Para Almeida (2000, p. 74), o campo educacional torna-se, para o assistente social hoje, não
apenas um futuro campo de trabalho, mas sim um componente concreto do seu trabalho em
diferentes áreas de atuação, que precisa ser desvelado. Encerra a possibilidade de uma ampliação
teórica, política, instrumental da sua própria atuação profissional e de sua vinculação às lutas sociais
que expressam na esfera da cultura e do trabalho.
É no cotidiano da escola e da família que se apresentam as diferentes expressões da questão
social, como desemprego, subemprego, trabalho infanto-juvenil, baixa renda, fome, desnutrição,
problemas de saúde, habitações inadequadas, drogas, pais negligentes, família multiproblemáticas,
violência doméstica, pobreza, desigualdade social, exclusão social, dentre outras manifestações. O
enfrentamento destas demandas evidencia a inserção do profissional do Serviço Social, com o
objetivo de cooperar para a resolução destas e de outras problemáticas que desafiam a escola, a
família e a sociedade como um todo.
Iamamoto (1998, p. 75) afirma que o desafio é re-descobrir alternativas e possibilidades para
o trabalho profissional no cenário atual, traçando horizontes para a formulação de propostas que
façam frente à questão social e que sejam solidárias com o modo de vida daqueles que a vivenciam,
não só como vítimas, mas como sujeitos que lutam pela preservação e conquista da sua vida, da sua
humanidade. Essa discussão é parte dos rumos perseguidos pelo trabalho profissional
contemporâneo.
Na escola, o papel do profissional do Serviço Social incide sobre o modo de viver e de
pensar da comunidade escolar, a partir das situações vivenciadas no cotidiano da escola e
dialogando com a consciência dos seus usuários.
Na opinião de Santos (2011),
A escola, enquanto equipamento social, precisa estar atenta para as mais diferentes
formas de manifestação de exclusão social, incluindo-se desde questões que vão de
violência, atitudes discriminatórias, de etnia, do gênero, de sexo, de classe social, etc.,
reprovações, até a evasão escolar, que muitas vezes é provocada pela necessidade do aluno
de trabalhar para contribuir na renda familiar. E é nesse contexto que se apresenta o
fracasso escolar, pois mais do que nunca, a escola atual tem o dever de estar alerta à
realidade social do aluno.
Santos (2011) apud Almeida (2000) elucida que as demandas provenientes do setor
educacional, no que se refere a sua ação ou ao fazer profissional do Serviço Social, recaem em
diversas situações. Tem-se assim necessidade do trabalho com crianças e adolescentes, através de
projetos, como o Apoio Sócio-Educativo em Meio Aberto (ASEMA), como prevê o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA, 1990). Inclui-se, neste contexto, a importância na participação das
famílias, por meio do desenvolvimento de ações, como trabalho de grupo e, muitas vezes, com os
próprios professores da Unidade de Ensino, podendo, ainda, promover reuniões interdisciplinares
para decisões e conhecimento a respeito de determinadas problemáticas enfrentadas pela
comunidade escolar. Isso tudo, sem deixar de lado a ação junto ao campo educacional, mediada
pelos programas e ações assistenciais que têm marcado o trabalho dos profissionais do Serviço
Social.
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Conforme o CFESS2, os problemas sociais a serem combatidos pelo profissional do Serviço
Social na área da educação são o baixo rendimento escolar, a evasão escolar, o desinteresse pelo
aprendizado, os problemas com indisciplina, a insubordinação a qualquer limite ou regra escolar, a
vulnerabilidade às drogas; as atitudes e comportamentos agressivos e violentos (CFESS, 2001, p.
23).
A resolução das problemáticas sociais que chegam ao contexto escolar e demandam por
ações conjuntas e eficazes, requer, especialmente dos profissionais do Serviço Social, a busca de
estratégias que assegurem o ingresso, regresso, permanência e sucesso da criança e adolescente na
escola; favoreçam a relação família-escola-comunidade, ampliando o espaço de participação destas
na escola, incluindo a mesma no processo educativo; oportunizem a ampliação da visão social dos
sujeitos envolvidos com a educação, decodificando as questões sociais; proporcionem a articulação
entre educação e as demais política sociais e organizações do terceiro setor, estabelecendo
parcerias, facilitando o acesso da comunidade escolar aos seus direitos (MARTINS, 1999, p. 60).
Refornçando essa ideia, lembra Santos:
É de extrema importância que o profissional do Serviço Social, inserido na escola,
saiba trabalhar com programas visando à prevenção e não dispender o seu tempo
meramente com a efervescência dos problemas sociais. Na escola, o assistente social deve
ser o profissional que precisa se preocupar em promover o encontro da educação com a
realidade social do aluno, da família e da comunidade, a qual ele esteja inserido. (...)
Acredita-se que uma das maiores contribuições que o Serviço Social pode fazer na área
educacional é a aproximação da família no contexto escolar. É intervindo na família,
através de ações ou de trabalhos de grupo com os pais, que se mostra a importância da
relação escola-aluno-família. O assistente social poderá diagnosticar os fatores sociais,
culturais e econômicos que determinam a problemática social no campo educacional e,
consequentemente, trabalhar com um método preventivo destes, no intuito de evitar que o
ciclo se repita novamente (SANTOS, 2011).
Para Martins (1999, p. 70) as atribuições do Serviço Social aplicado à escola são: melhorar
as condições de vida e sobrevivência das famílias e alunos; favorecer a abertura de canais de
interferência dos sujeitos nos processos decisórios da escola (os conselhos de classe; ampliar o
acervo de informações e conhecimentos, a cerca do social na comunidade escolar; estimular a
vivência e o aprendizado do processo democrático no interior da escola e com a comunidade;
fortalecer as ações coletivas; efetivar pesquisas que possam contribuir com a análise da realidade
social dos alunos e de suas famílias; maximizar a utilização dos recursos da comunidade; contribuir
com a formação profissional de novos assistentes, disponibilizando campo de estágio adequado às
novas exigência do perfil profissional. O Serviço Social, na escola, objetiva contribuir com a
problemática social que é perpassada no cotidiano da comunidade escolar – alunos, professores,
pais trabalhando com projetos que promovam a cidadania do aluno, tanto com a família como na
escola e comunidade em geral.
A inserção na Política de Educação representa para o Serviço Social uma possibilidade de
contribuir para a efetivação do direito à educação por meio de ações que promovam o acesso e a
permanência da população na escola, assim como a qualidade dos serviços no sistema educacional.
Para Gomes (2010), a inserção do assistente social na educação justifica-se a partir de uma
compreensão ampla do processo de ensinar e aprender, contemplando as dimensões cognitiva,
afetiva e social. Esta última é o alvo primordial do Serviço Social.
A escola é um dos espaços sociais em que se revelam as contradições do sistema capitalista,
as quais se manifestam em inúmeras expressões da questão social, como violência, negligência, uso
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de drogas, falta de acesso a serviços de saúde e de assistência social, falta de proteção à infância e à
juventude. A partir dessa constatação, é possível afirmar que o social pode interferir, de forma
expressiva, na qualidade da aprendizagem, especialmente se a realidade do aluno não for
compreendida pela escola.
Assim, o conhecimento específico do assistente social sobre a questão social, somado e
integrado à especificidade dos demais profissionais, tem somente a contribuir de forma relevante
para a qualificação do processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, a aproximação à realidade
social do aluno, o entendimento sobre a dinâmica familiar e a contextualização ao corpo docente
são estratégias fundamentais para o atendimento às necessidades de aprendizagem.
Conforme Gomes (2010, p. 16),
Outra estratégia indispensável a compor o processo de trabalho do assistente social
na Educação consiste na articulação com a rede social. O conhecimento acerca dos recursos
existentes e da realidade da região em que se situa a escola, se constitui numa ação basilar
do trabalho profissional nesse espaço, com vistas ao levantamento de alternativas para
atendimento às necessidades sociais de alunos e suas famílias, bem como para inserção nas
construções coletivas de fomento às políticas públicas e sociais da região. Desse modo, o
assistente social acaba, também por favorecer a aproximação da escola com a comunidade,
tornando-a mais presente e participativa no meio social em que atua.
A articulação entre as famílias e a escola é uma das tarefas primordiais do assistente social,
desenvolvendo contatos com os pais e responsáveis, a fim de estreitar os vínculos destes com a
instituição educacional e reforçar o senso de responsabilidade destes pelo desenvolvimento e pela
aprendizagem dos filhos. A partir do conhecimento de dinâmicas de grupo, o assistente social pode
facilitar o fluxo de demandas, críticas, sugestões, provenientes das famílias, coletar dados e
informações para subsidiar as reflexões dos professores e da coordenação pedagógica. Esse trabalho
deveria ser concebido e executado de comum acordo entre o assistente social e a implementação de
ações que se complementem.
Sendo o contexto escolar uma espécie de micro sociedade, contendo, em seu meio, as
marcas dos conflitos de interesses, expressões de necessidades, além do corporativismo que
(de)marca as relações sociais na escola, torna-se necessário, ao assistente social, compreender essas
disputas e intervir no processo, não no sentido de buscar anular esses conflitos, mas, muito mais, no
sentido de contribuir para (des)velar as suas raízes e explicitá-las nas reuniões pedagógicas como
parte inerente daquele grupo.
A aceitação do papel e das contribuições do assistente social no meio escolar relaciona-se
com a demonstração prática de competências e habilidades úteis para os coletivos escolares. Um
exemplo refere-se à orientação e ao acompanhamento dos alunos fora da sala de aula, especialmente
no momento em que eles expressam dúvidas sobre suas trajetórias escolares e encaminhamentos
para o mercado de trabalho, bem como para a constituição das suas formas de organização, como o
Grêmio Estudantil.
O assistente social pode atuar, também, junto ao Colegiado da escola, não como membro
eletivo, com direito a voz e voto, mas como assessoria, no sentido de pensar e propor alternativas
diante de problemas e demandas de decisões, típicas dessa instância organizacional. O contato
direto com todas essas realidades (colegiado, grêmio, corpo docente) proporcionará, ao assistente
social, os caminhos para a inserção mais natural no espaço escolar, para a percepção dos problemas
e a elaboração de ações de intervenção de maneira mais qualificada e própria da formação deste
profissional.
Algumas distinções, em termos das funções específicas do profissional da assistência social,
devem ser levadas em conta para se evitar colisão e/ou justaposição de funções entre o assistente
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social e outros segmentos que trabalham na escola. Por exemplo, a função da Coordenação
Pedagógica deve ser entendida como o processo integrador e articulador de ações pedagógicas e
didáticas desenvolvidas na escola. O assistente social deve desenvolver ações que possam caminhar
junto com a Coordenação Pedagógica, porém, articulando contatos com as famílias, diagnosticando
as condições sócio-econômicas, culturais, profissionais, a fim de detectar casos específicos,
relacionados às questões sociais que interferem na aprendizagem do aluno.
Ao assistente social, pela sua própria formação, cabe, por exemplo, estabelecer contatos com
as famílias e o Conselho Tutelar Regional, bem como promover cursos de capacitação aos pais e
professores acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente, além de acompanhar e encaminhar
problemas mais evidentes de casos sociais.
A atuação interdisciplinar, incluindo nas equipes das escolas o profissional do Serviço
Social, pode ser decisiva para a superação de problemas socioeducacionais contemporâneos porque
o assistente social, por meio de sua prática, amplia, contribui e está comprometido com a
democracia e o acesso universal aos direitos sociais, civis e políticos.
A prática profissional do assistente social não está firmada sobre uma única necessidade; sua
especificidade está no fato de atuar sobre várias necessidades. Para que esta prática contribua no
processo educacional, é preciso que seja crítica e participativa e esteja relacionada com as
dimensões estruturais e conjunturais da realidade, ou seja, deve estar no conhecimento da realidade
em sua totalidade.
Salientamos a preocupação de que a implantação do Serviço Social nas escolas públicas
ocorra de “forma gradativa e articulada às redes e aos profissionais dos diversos setores sociais”.
Também, a identificação dos estabelecimentos de ensino, as localidades ou regiões onde esta
experiência deverá ser iniciada.
O trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais não se confunde ao dos educadores. Em
que pese a dimensão sócio-educativa de suas ações, sua inserção tem se dado no sentido de
fortalecer as redes de sociabilidade e de acesso aos serviços sociais e dos processos sócioinstitucionais, voltados para o reconhecimento e aplicação dos direitos dos sujeitos sociais. Sua
inscrição na organização do trabalho coletivo nas instituições educacionais não tem se sobreposto a
de nenhum outro profissional, visto que o estreitamento da interface entre a política educacional
com outras políticas sociais setoriais tem, historicamente, levado ao reconhecimento da necessidade
de uma atuação teórica e tecnicamente diferenciada daquelas desempenhadas pelos professores e
profissionais da educação de um modo em geral.
O Trabalho do Assistente Social, Inserido na Equipe Interdisciplinar da Escola
O Serviço Social é uma profissão histórica e socialmente determinada, que atua nas variadas
expressões da questão social. Tem, como um dos seus princípios, a ampliação e consolidação da
cidadania; por meio desse trabalho, o Serviço Social busca uma abordagem ao usuário como
cidadão e sujeito de direito e integrante de diferentes segmentos da classe trabalhadora.
O assistente social desenvolve sua intervenção pautada no Código de Ética da profissão, e
em consonância com os princípios do Sistema Único da Assistência Social - SUAS, que visa à
universalidade, integralidade, equidade, participação social e à descentralização. O profissional de
Serviço Social necessita ter uma visão ampla da situação, procurando não tomar partido e, sim,
entender a necessidade de cada parte, juntando-as. Para se ter essa visão ampla, é necessário que o
assistente social tenha um conhecimento do histórico de cada situação, ou seja, na escola, conheça o
diagnóstico da família para conhecer a origem do elemento em estudo.
Para que se tenha um resultado vantajoso da equipe interdisciplinar, no âmbito escolar,
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torna-se necessário que o assistente social deixe bem claro o diagnóstico obtido no âmbito familiar,
para que a equipe possa desenvolver um trabalho vantajoso e positivo, levando-a a pensar em como
abordar tal situação e de que forma fazer com que possam entender “o porquê” se deve seguir
uma orientação. Qual a melhora que refletirá no desenvolvimento de seu(ua) filho(a). E quanto
à insatisfação por parte da família com a equipe, é necessário que o assistente social possa acolhê-la
e saber ouvir, observar e entender qual é a queixa e a insatisfação, levando sempre um retorno do
que se foi detectado.
No que se refere às práticas de intervenção social, faz-se necessário uma postura
interdisciplinar. A ação social, seja ela comunitária, institucional ou governamental, interfere, quase
sempre, nas condições materiais de vida da população na cidade. A intervenção social, fruto de uma
concepção e práxis interdisciplinar, rompe o reducionismo ativista da ciência, já que vê a produção
do conhecimento como um espaço de complementação entre áreas, saberes empíricos e científicos.
Estamos tratando de uma intervenção prática que se concretiza por meio da convergência das várias
especializações das ciências humanas. Abordar a área social é reunir saberes para uma interlocução
pronta a construir estratégias que não se reduzam aos seus próprios conhecimentos. Sobre isto,
Rodrigues diz:
[...] a interdisciplinaridade, favorecendo o alargamento e a flexibilização no âmbito
do conhecimento, pode significar uma instigante disposição para os horizontes do saber.
(...) Penso a interdisciplinaridade, inicialmente, como postura profissional que permite se
pôr a transitar o “espaço da diferença” com sentido de busca, de desenvolvimento da
pluralidade de ângulos que um determinado objeto investigado é capaz de proporcionar,
que uma determinada realidade é capaz de gerar, que diferentes formas de abordar o real
podem trazer” (RODRIGUES, 1998, p. 156).
Em relação às especificidades das profissões e as especialidades das áreas, a
interdisciplinaridade extrai o novo e diferente dos conhecimentos elaborados sobre o objeto de uma
referida prática. Possibilita o pluralismo de contribuições, visando um entendimento profundo deste
objeto e prática, visto que é assimilada como “postura profissional”.
O Serviço Social está ligado a outras áreas e isto é importantíssimo para seu
desenvolvimento, pois o isolamento seria prejudicial para a abrangência de sua prática social.
Podemos dizer que a interdisciplinaridade desenvolve-o, flexiona-o e viabiliza a interação com o
diferente. Ela possibilita o rompimento dos vícios e preconceitos existentes na profissão. Ensina
também a pensar e ver diferente a metodologia. Para Etges (1993) apud Rodrigues (1998, p. 157), a
interdisciplinaridade deixa o cientista livre da “rigidez e a fixação em mundos que julgava
absolutos” (apud Rodrigues, 1998, p. 157). Possibilita a diferenciação, criatividade e uma postura
profissional que não é simplista. Ela exige um saber ético, técnico e profissional.
O assistente social, tem em seu trabalho influência de vários determinantes, como o
econômico, cultural, político, geográfico, além da sociedade civil e do Estado, que exigem, do
profissional, um conhecimento detalhado da realidade na qual está inserido. Isto exige dos
assistentes sociais uma intervenção prática que tem como requisito, a posse de informações e a
análise conjuntural.
Os assistentes sociais devem ser críticos, propositivos; devem estar atentos a todas as
possibilidades que o movimento da realidade apresenta, estabelecer parcerias, em concordância com
o projeto político profissional mais abrangente da sociedade. Neste sentido, a postura
interdisciplinar é condicional às atividades do assistente social. Por isso,
é necessário que o profissional envolvido em trabalhos interdisciplinares funcione como um
pêndulo, que ele seja capaz de ir e vir: encontrar no trabalho com outros agentes, elementos
para a (re)discussão do seu lugar e encontrar nas discussões atualizadas pertinentes ao seu
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âmbito interventivo, os conteúdos possíveis de uma atuação interdisciplinar (MELO e
ALMEIDA, 1999, p. 235).
As ações em parceria devem funcionar como fertilizantes para a produção de conhecimento
no processo de ir e vir das relações e demandas profissionais. Devem trazer para a intervenção
profissional, a possibilidade do pluralismo e da equidade, princípios fundamentais da profissão de
Serviço Social.
O projeto interdisciplinar não é produzido através de receita de sucesso, mas por meio de
condicionantes entre os profissionais. É por isso que a interdisciplinaridade encontra limites no
cotidiano de nossa história de vida e profissional.
A autonomia profissional é assegurada por meio de uma função técnica e política, que impõe
ao profissional um saber fazer bem, ou seja, o domínio de seu conteúdo teórico, a clareza de seus
objetivos e os da instituição em que trabalha. Uma reflexão crítica constante é exigida sobre seu
próprio atuar, como também sobre a realidade social. Esse saber fazer bem apresenta-se como
competência, que requer, dos técnicos a posse de estratégias, as quais possibilita trabalhar com os
limites e alternativas dentro de um posicionamento técnico, competente e compromissado.
A inserção do assistente social na equipe interdisciplinar da escola ocorre, portanto, como
um adicional importante, podendo contribuir com seus conhecimentos e práticas. Nas reuniões
pedagógicas por exemplo, em que se reúnem os membros de equipe diretiva, coordenadores
pedagógicos, orientadores educacionais e professores para discutir as problemáticas e elaborar
projetos pedagógicos, o assistente social pode participar como elemento integrador, trazendo
propostas baseadas em seu conhecimento sobre a realidade das famílias e dos educandos.
Outro exemplo concreto da possibilidade de atuação interdisciplinar do assistente social no
contexto escolar encontra-se na articulação com os demais profissionais tendo em vista a realização
da pesquisa socioantropológica, visando a compreensão do entorno da escola e dos desafios a serem
enfrentados para que a comunidade escolar possa avançar. Juntos, docentes, equipe diretiva,
orientadores, coordenadores pedagógicos e assistentes sociais podem desenvolver a pesquisa
socioantropológica, conhecendo a fundo o seu contexto de inserção e ampliando o diálogo entre os
distintos segmentos que compõem a comunidade escolar.
Diante do exposto, constatamos que as equipes interdisciplinares podem contribuir para a
constante melhoria e aperfeiçoamento do processo educativo. Para tanto, é imprescindível que a
sociedade como um todo esteja ciente da relevância da inserção do assistente social nas equipes
interdisciplinares, especialmente no tangente à escola.
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