APLICAÇÃO DE EXTRATOS DE MENTHA X GRACILIS EM BACTÉRIAS PADRÕES ATCC POSSENTI, Cecilia G. Rubert1; FINKLER, Fabrine2; BORTOLLOTO, Josiane W. 3; SPEROTTO, Vitor da Rocha 4; DIAZ, Jorge Damián Stumpfs5; GARLET, Tânea Maria Bisognin6. Palavras chave: Plantas medicinais. Hortelã. Atividade antimicrobiana. INTRODUÇÃO As Lamiaceae compreendem uma família pertencente à ordem Lamiales, e abrangem cerca de 250 gêneros e, aproximadamente, 6 800 espécies, distribuídas em todo o mundo (JUDD et al, 2009). Menta é o nome comum de aproximadamente 25 espécies perenes do gênero Mentha, que se desenvolve melhor em regiões de clima temperado. Mentha x gracilis Sole é um complexo híbrido originado de M. arvensis L. e M. spicata L. (Harley & Brighton, 1977), que através de uma série de cruzamentos produz ervas estéreis e vários quimiotipos, todos com óleos essenciais ricos em monoterpenos. As várias aplicações dos constituintes dos óleos das mentas pela indústria justificam o interesse pelos monoterpenos. Garlet et al. (2007) estudaram um quimiotipo rico em linalol e carvona de grande interesse econômico, sendo que o linalol é empregado em perfumaria, enquanto a carvona é um potente agente antimicrobiano. Extratos e óleos de várias espécies de Mentha mostraram-se eficientes no controle de fungos relacionados a infecções da pele, sobre bactérias patogênicas bucais, e sobre uma variedade de bactérias gram-negativas e gram-positivas (CECANHO, 1999). Este trabalho objetivou verificar a ação antimicrobiana do extrato de Mentha x gracilis frente a bactérias padrões gram-positivas e gram-negativas. METODOLOGIA A planta Mentha x gracilis foi coletada no Jardim de Plantas Medicinais da UNICRUZ. 1 Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ). Email: [email protected] 2 Academica do Curso de Medicina Veterinária, Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ). Email: [email protected] 3 Professora M.sc do Curso de Farmácia, Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ). Email: 4 Professor M. sc do Curso de Medicina Veterinária, Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ). Email: [email protected] 5 Professor Dr. Do Curso de Medicina Veterinária, Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ). Email: [email protected] 6 Professora orientadora, Curso de Ciências Biológicas, UNICRUZ. [email protected] O trabalho foi conduzido no período de janeiro a maio de 2010 no Laboratório de Microbiologia Veterinária da UNICRUZ. Amostras de 150 g foram trituradas e a elas foi adicionado álcool 70%, onde permaneceram por 30 dias em frasco âmbar. Após esse período, foi filtrada a tintura, e esta foi submetida à extração em rotaevaporador. Os extratos foram trabalhados a uma concentração mínima inibitória (MIC) a 1mg ml-1. Foram utilizadas placas com duas espécies de bactérias, Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia coli (ATCC 25922). O experimento foi dividido em quatro tratamentos: T1= controle positivo do crescimento de bactérias; T2= contato da bactéria com o extrato de M. x gracilis; T3= contato da bactéria com o extrato de M. x gracilis com adição de agar Mueller Hinton, lecitina de soja e tween; T4= clorexidina a 1% em contato com as bactérias, com adição de agar Mueller Hinton, lecitina de soja e tween. A clorexidina é um desinfetante eficiente utilizado no mercado para assepsias de pele e materiais com ação sobre todos os tipos de bactérias. O experimento foi feito em duplicata. Trabalhou-se com tempo de contato de 1 hora, onde as placas permaneceram em estufa bacteriológica com temperatura de 37ºC, por 48 horas até o momento da contagem. Analisouse a formação de unidade de colônias (UFC). RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se alta sensibilidade dos extratos de M. gracilis sobre as bactérias testadas (Tabela 1). Nos tratamentos com o extrato da planta e com a clorexidina em E. coli os resultados também foram satisfatórios por se tratar de bactérias gram-negativas. Observou-se que o tratamento com clorexidina e com os extratos da planta demonstram alta eficiência com as bactérias. Tabela 1: Aplicações do extrato de Mentha x gracilis em bactérias gram-positivas e gramnegativas. Tratamento Escherichia coli Staphylococcus aureus T1 1 090 000 000 b A 298 500 000 a B T2 640 000 000 c A 0bB T3 1 820 000 000 a A 0bB T4 0dA 0bA * Médias seguidas por letras minúsculas nas colunas não diferem entre os tratamentos e médias seguidas por letras maiúsculas na linhas não diferem entre as espécies de bactérias, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. Segundo Rios (2005) o uso freqüente e por longo prazo da clorexidina, apresenta alguns efeito indesejáveis, o que demonstra que pesquisas com tratamentos alternativos são necessários. Os resultados do presente trabalho foram diferentes dos encontrados por SALYERS & AMÁBILE-CUEVAS (1997); LEVY, (1997); CHARTONE-SOUZA (1998) que citam a existência de cepas de S. aureus multiresistentes, limitando as opções terapêuticas apenas a antibióticos comerciais como a vancomicina e teicoplamina. Neste experimento, as placas de S. aureus ATCC 25923 testadas com os extratos de M. x gracilis não apresentaram nenhuma unidade formadora de colônia (UFC), que demonstra a ação dos extratos desta sobre estas bactérias. Esses resultados corroboram as informações reportadas por DEANS & RITCHIE (1987); ZAIKA (1988); DORMAN & DEANS (2000), a respeito da tendência de maior resistência a extratos vegetais em microrganismos gram-positivos. Em outros relatos, porém, foi observada maior susceptibilidade de microrganismos gram-positivos a óleos essenciais (Smith-Palmer et al.,1998; Hussein, 1990). GONÇALVES et al. (2005) testaram extratos hidro-alcoólicos de 17 espécies vegetais no controle de S. aureus e verificaram que para sete destes extratos, a bactéria apresentou-se resistente, demonstrando sensibilidade para os demais. Nos tratamentos com extratos da planta utilizados com a E. coli (ATCC 25922) não houve tanta eficiência, quando se compara com a clorexidina. CONCLUSÃO Os extratos hidroalcoólicos de Mentha gracillis apresentaram atividade inibitória sobre Staphylococcus aureus, uma das principais bactérias causadoras de mastite clínica e de difícil tratamento. Novos estudos são necessários para pesquisar concentrações ou testar as plantas durante o fracionamento químico dos componentes, como perspectivas de melhores resultados e aplicação desses extratos como antibióticos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CECANHO, R.; KOO, H.; ROSALEN, P. L. J. A.; PARK, Y. K.; CURY, J. A. - Efeito do extrato hidroetanólico de Mikania laevigata sobre o crescimento bacteriano e a produção de glucamos por estreptococcus do grupo mutans. Anais da XIV Reunião Anual da FESBE, Caxambu - MG, v.14 p.290 (resumo 12.095), 1999. CHARTONE-SOUZA, E. Bactérias ultra-resistentes: uma guerra quase perdida. Ciência Hoje, v.23, n.138, p.26- 35, 1998. DEANS, S.G.; RITCHIE, G. Antibacterial properties of plant essential oils. International Journal of Food Microbiology, v.5, p.165-80, 1987. DORMAN, H.J.D.; DEANS, S.G. Antimicrobial agents from plants: antibacterial activity of plant volatile oils. Journal Applied Microbiolology, v.88, n.2, p.308-16, 2000. GARLET, T. M. B.; SANTOS, O. S.; MEDEIROS, S. L. P. MANFRON, P. A.; GARCIA, D. C.; BORCIONI, EL.; FLEIG, V. Produção e qualidade do óleo essencial de menta em hidroponia com doses de potássio. Ciência Rural, v. 37, n.4, p. 956962, 2007. HARLEY, R. M.; BRIGHTON, C. A. Chromossome numbers in the genus Mentha. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 74, p. 71-96, 1977. JUDD, W. S.; CAMPBELL, C. S.; KELLOG,E. STEVENS,P. DONOGHUE. M. Sistemática vegetal, um enfoque filogenético. 3 ed. Artmed, 2009. LEVY, C.E. Aspectos microbiológicos In: RODRIGUES, E.A.C. et al. Infecções hospitalares: prevenção e controle. Sarvier: São Paulo, 1997. p.591-8. SALYERS, A.A.; AMÁBILE-CUEVAS, C.F. Why are antibiotic genes so resistant to elimination. Antimicrobial Agents Chemotherapy, v.41, p.2315-21, 1997. Zaika, L.L. Spices and herbs: their antimicrobial activity and its determination. Journal Food Nutrition, v.9, p.97- 118, 1988.