67 PRODUÇÃO DE PIMENTA ORNAMENTAL EM FUNÇÃO DE SUBSTRATOS E DOSES DE ADUBAÇÃO COM FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO LENTA E TRADICIONAL BACKES, C.1; FERNANDES, F.M.2; KROHN, N.G.3; LIMA, C.P.4; KIIHL, T.A.M.5 1 Doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Horticultura, Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botucatu-SP. E-mail: [email protected]. Autor para correspondência. 2 Professor adjunto, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e solos, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, UNESP, Caixa Postal 31, CEP 15385-000 Ilha Solteira-SP. E-mail: [email protected] 3 Doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Biologia do Desenvolvimento e Biotecnologia, Universidade de Hamburgo, Biocentro Klein Flottbek, Ohnhorststr. 18 D-22609 Hamburgo Alemanha. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected] 4 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botucatu-SP. E-mail: cplimafca.unesp.br 5 Pesquisadora Científica, APTA, Instituto Agronômico de Campinas, Caixa Postal 28, CEP 13012970 Campinas-SP. E-mail: [email protected] RESUMO: O trabalho teve como objetivo avaliar a produção de pimenta ornamental com a utilização de substratos e doses de adubação, com fertilizantes de liberação lenta e tradicional. O experimento foi realizado na Fazenda de Ensino e Pesquisa da UNESP - Campus de Ilha Solteira, no período de março a maio de 2004. As mudas foram produzidas em bandejas, utilizando substrato comercial; quando apresentavam de 4 a 6 folhas, foram transplantadas para vasos com capacidade de 1,3 litros. Para preenchimento dos vasos utilizou-se dois substratos: comercial e comercial + composto (2:1), dois fertilizantes: Basacote Plus 6M e adubo tradicional, em quatro doses: 0, 2, 4 e 8 kg m-3. Realizou-se análises dos substratos antes da implantação da cultura. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 14 tratamentos e 3 repetições, com 4 plantas em cada repetição. Aos 56 dias após o transplante (ponto comercial), determinaram-se: a altura de plantas, diâmetro do caule, número de folhas e número de frutos por planta. Os dados foram submetidos à análise de variância sendo os fatores quantitativos submetidos à regressão polinomial. Conclui-se que: O substrato comercial + composto orgânico, sem adubo, foi suficiente para a produção e que o adubo de liberação lenta foi mais eficiente que o adubo tradicional para a maioria das variáveis avaliadas. PALAVRAS-CHAVE: Capsicum annuum, composto orgânico, substrato, fertilização. ABSTRACT: This work had as a purpose evaluate the ornamental pepper production using different substrates and fertilization levels, with slow liberation fertilizers and traditional fertilizer, on climate conditions of Ilha Solteira – SP. The experiment was carried out in the Experimental Station of UNESP – Ilha Solteira Campus, in the period of March to May 2004. The seedlings were produced in trays, using commercial substrates. When they presented 4 to 6 leaves the seedlings were transplanted to vases with 1,3 liters capacity. The experimental design adopted was entirely randomized block, with 14 treatments and 3 replications, with 4 plants for each replication. For filling the vases was used 2 substrates: commercial and commercial + composite (2:1); 2 fertilizers: Basacote Plus 6M and traditional fertilizer; and 4 levels: 0, 2, 4 and 8 kg m-3. It was accomplished the analysis of substrates before the crop installation. On fifty sixth day after transplant it was determined plant height, stem diameter, number of leaves and number of fruits for each plant of ornamental pepper. The data were evaluated through variance analysis and Tukey´s test with 5% of probability, for averages comparison, and for quantitative factors was obtained regression. It was concluded that the commercial substrate + 68 organic composite, without fertilizer, was enough for production; the fertilizer with slow liberation was more efficient than the traditional fertilizer in most of the characters evaluated. KEY WORDS: Capsicum annuum, organic composite, substrate and fertilization. INTRODUÇÃO A pimenta ornamental é comercializada como planta anual envasada, sendo apreciada principalmente por causa do colorido dos seus frutos, tendo boa aceitação no mercado, porém, pouco tem sido estudado com relação a sua produção. Os substratos assumem cada vez maior importância na área de floricultura, desempenhando principalmente a função como suporte ao sistema de raízes de plantas. Todavia, é importante ressaltar que o desenvolvimento de raízes em vaso é diferente daquele em campo (KÄMPF, 2000a) que, em razão do volume e espaços reduzidos, alteram as relações entre as raízes e o substrato. Aliado a um bom substrato deve ser utilizado adubo de boa qualidade, em dose adequada e de liberação lenta de nutrientes, evitando perdas por lixiviação. A grande vantagem dos fertilizantes de liberação lenta nessa suplementação é que com uma simples aplicação no momento do transplante pode-se suprir a maioria dos nutrientes necessários durante todo o desenvolvimento da planta (FRENCH e ALSBURY, 1989) diminuindo, assim, o gasto com mão-de-obra. Além disso, devido a liberação lenta, os problemas como a queima das raízes por excesso de adubação são inexistentes em razão de manter baixo o nível de salinidade da solução do substrato. Porém têm como desvantagem a limitação do período de tempo de armazenamento sob altas temperaturas, pois essas aceleram a liberação dos nutrientes descontroladamente por propiciarem a decomposição da cobertura dos grânulos (KÄMPF, 2000b). Um dos benefícios da utilização de adubo de liberação lenta, em relação à utilização de adubos solúveis ou solução nutritiva, é a diminuição de perdas de nutrientes. Holcomb (1979) comprovou que a lixiviação de N foi de 54% em vasos com crisântemo adubados com solução nutritiva, ao passo que adubados com Osmocote foi de 11%. Segundo Huett (1997), a lixiviação de nutrientes quando se utiliza Osmocote é bem menor, quando comparada aos adubos solúveis. Santos et al. (2003), verificaram que o desenvolvimento de mudas de cafeeiro em saquinhos com formulações de adubos de liberação lenta foram superiores à adubação convencional quanto a altura de mudas, diâmetro do caule, número de pares de folhas, área foliar e volume de raízes. Todavia, Scivittaro et al. (2003) ao utilizarem fertilizantes solúveis e de liberação lenta na formação do porta-enxerto trifoliata, verificaram que ambas as fontes de nutrientes supriram adequadamente às exigências nutricionais das plantas. Em razão da variação nas composições física e química dos substratos e das necessidades de cada espécie de planta, torna-se necessário a calibração de doses e tipos de adubos para atender de forma equilibrada à demanda nutricional da planta. Dessa forma, o trabalho teve como objetivo avaliar a produção de plantas de pimenta ornamental (Capsicum annuum) em função da utilização de substratos e doses de fertilizantes de liberação lenta e tradicional, em casa de vegetação, nas condições climáticas de Ilha Solteira – SP. 69 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido em ambiente protegido, na Fazenda de Ensino e Pesquisa da Faculdade de Engenharia - UNESP, Campus de Ilha Solteira, no período março a maio de 2004. A cultura utilizada foi a pimenta ornamental (Capsicum annuum), família Solanaceae, cultivar Gion Red. As mudas foram produzidas em bandejas, preenchidas com substrato comercial. Quando apresentavam de 4–6 folhas, foram transplantadas para vasos plásticos, com capacidade de 1,3 litros, plantando-se uma muda por vaso. Os tratamentos foram arranjados em um fatorial 2 X 2 X 4 constituindo 16 tratamentos, obtidos pela combinação de dois substratos, dois tipos de fertilizantes avaliados em quatro doses. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com três repetições, tendo quatro vasos por repetição. Os substratos utilizados foram: substrato comercial (SC) e substrato comercial + composto orgânico (SC + C), na proporção 2:1, cujas características físicas e químicas encontram-se apresentadas na Tabela 1. Tabela 1: Características físicas e químicas dos substratos utilizados. Substrato Comercial Comercial + Composto 1 3 3 Macroporosidade mm 0,47 0,42 1 Microporosidade m3m3 0,31 0,36 1 3 3 Porosidade Total mm 0,78 0,78 1 Densidade g cm-3 0,49 0,78 2 pH 4,9 5,9 2 -1 CE dS m 3,3 3,9 2 N – Amônio mg L-1 58,4 39,6 2 N – Nitrato mg L-1 58,4 147,2 2 -1 Fósforo – P mg L 4,9 21,4 2 Potássio – K mg L-1 235 558 2 -1 Sódio – Na mg L 16,1 41,5 2 Cálcio – Ca mg L-1 208,1 118,6 2 Magnésio – Mg mg L-1 123,20 113,7 2 -1 Enxofre – S mg L 319,0 222,1 2 Boro – B mg L-1 2,56 1,25 2 -1 Cobre – Cu mg L 0,04 0,07 2 Ferro – Fe mg L-1 0,15 0,24 2 -1 Manganês – Mn mg L 2,19 0,50 2 Zinco – Zn mg L-1 0,25 0,11 2 -1 Cloro – Cl mg L 236,4 247,1 1 Realizado no Laboratório de Física do Solo, UNESP, Campus de Ilha Solteira utilizando a mesa de tensão de acordo com método citado por Kiehl (1979). 2 Realizado no Centro de Solos e Recursos Agroambientais, IAC. O extrato foi obtido utilizando a proporção substrato: água de 1:1,5 de acordo com Abreu et al. (2002). Análises Unidade 70 Temperatura (°C) O substrato comercial utilizado foi o Tropstrato®, composto por casca de pínus, acícula de pínus, carvão, turfa, macro e micronutrientes. O composto foi obtido no campus da UNESP – Ilha Solteira, proveniente da compostagem de folhas de figueira (Ficus elastica), parte aérea de grama batatais (Paspalum notatum) e esterco bovino, conforme Kiehl (1985). O composto orgânico foi passado em peneira de 4 mm, para ser misturado com o substrato comercial. Na adubação dos substratos foram utilizados adubo de liberação lenta (Basacote® Plus 6M) e o adubo químico tradicional, nas doses: 2, 4 e 8 kg m-3 de substrato. Na adubação química tradicional foi utilizada a mesma concentração de nutrientes que o adubo de liberação lenta, sendo as fontes: Ouro Verde®, enriquecido com sulfato de magnésio, sulfato de manganês, sulfato de amônio, uréia e cloreto de potássio. No caso da adubação tradicional, o nitrogênio e o potássio foram parcelados da seguinte forma: 1/3 no preparo do substrato e o restante em cobertura, 28 dias após o transplante das mudas para os vasos. A irrigação foi feita manualmente, colocando-se água conforme necessidade observada “in loco” por vaso, duas vezes ao dia. Durante o experimento, foram feitas pulverizações semanais para evitar o aparecimento de pragas e doenças fúngicas. Outros tratos culturais como podas e desbastes, não foram realizados. Obteve-se diariamente dados de temperatura máxima e mínima dentro da casa de vegetação (Figura 1). 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Temperatura máxima Temperatura mínima 1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 Dias Figura 1: Dados de temperatura máxima e mínima obtidos no interior da casa de vegetação durante o período de condução do experimento. Aos 56 dias após o transplante (ponto comercial), determinou-se: altura de plantas, diâmetro do caule, número de folhas e número de frutos por planta. Os dados resultantes foram avaliados por meio do programa SANEST (ZONTA e MACHADO, 1981). Os fatores qualitativos tiveram as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Os efeitos das doses dos adubos foram avaliados por meio de regressão polinomial, sendo a escolha dos modelos com base no maior valor de coeficiente de determinação (R2). 71 RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 2 apresenta os valores dos quadrados médios, significância do teste F e coeficiente de variação (C.V.) para altura de planta, diâmetro do caule, número de folhas e número de frutos de pimenta ornamental aos 56 dias após o transplante. Tabela 2: Quadrados médios e significância do teste F para altura de planta, diâmetro do caule, número de folhas e número de frutos de pimenta ornamental aos 56 dias após o transplante. Quadrados médios e significância do teste F Altura de planta Diâmetro de Número de folhas Número de caule frutos Substratos (S) 1 17,521** 6,021** 5808,000** 374,083* Adubo (A) 1 11,021** 1,021** 161,333NS 56,333NS ** ** ** Dose (D) 3 13,687 5,243 17890,787 1214,750** NS ** ** SXA 1 1,687 0,521 2760,333 21,333NS ** ** ** SXD 3 13,687 1,465 9119,788 598,750** ** ** NS AXD 3 3,076 0,354 123,780 26,889NS NS * ** SXAXD 3 0,187 0,187 1216,111 37,000NS Resíduo 32 0,583 0,062 159,890 74,065 C.V. 4,51 4,30 7,79 30,78 NS, *, ** - não significativo a 5 % e, significativos a 5 e 1 % de probabilidade, respectivamente pelo teste F. Fonte de variação G.L. Na Tabela 3 verifica-se que o substrato comercial + composto proporcionou maior diâmetro do caule e número de folhas quando comparado ao substrato comercial, isso quando utilizou-se o adubo de liberação lenta. Quando utilizado adubo tradicional, não houve diferença entre os substratos para essas variáveis. Verifica-se também que o adubo de liberação lenta foi superior ao tradicional quando aplicado em substrato comercial + composto, proporcionando maiores valores para o diâmetro do caule e número de folhas. Tabela 3: Interação entre substrato e adubo para altura de planta, diâmetro do caule, número de folhas e número de frutos de pimenta ornamental aos 56 dias após o transplante. Substrato Adubo de Liberação Lenta Adubo Tradicional Altura de plantas -------------------cm--------------------Comercial + Composto 17,00 a A 15,67 a A Comercial 17,83 a A 17,25 a A Diâmetro de caule -------------------mm--------------------Comercial + Composto 6,42 a A 5,92 a B Comercial 5,50 b A 5,42 a A Número de folhas ----------------n° folha/planta-------------------Comercial + Composto 183 a A 164 a B Comercial 145 b A 157 a A Número de frutos ----------------n° fruto/planta-------------------Comercial + Composto 31 a A 32 a A Comercial 28 a A 18 a A Médias seguidas por mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 72 Na Figura 2A verifica-se que o substrato comercial respondeu melhor às doses de adubo aplicadas, onde a altura de plantas aumentou até um máximo de 18,38 cm, que correspondeu à dose estimada de 5,12 kg m-3, enquanto que para o substrato comercial + composto, o máximo valor de altura (16,06 cm), foi obtido com a dose estimada de 2,71 kg m-3. Portanto, dose acima de 5,12 kg m-3 para SC e de 2,71 kg m-3 para SC + C passaram a prejudicar o crescimento em altura. Serrano et al. (2002) utilizando o substrato comercial obteve resposta linear crescente com o aumento das doses para a altura de plantas do porta-enxerto cítrico (Citrus limonia Osbeck cv. Cravo), obtendo a altura máxima com a dose de 3,5 kg m-3. Verificou-se efeito superior do adubo de liberação lenta na altura de plantas (Figura 2B), obtendo-se a máxima altura de 19,11 cm com a dose estimada de 5,11 kg m-3 e de 17,11 cm correspondente à dose estimada de 4,37 kg m-3 do adubo tradicional. Portanto, para os dois adubos utilizados a aplicação de doses acima de 5,11 kg m-3 (LL) e de 4,37 kg m-3 (T) influenciou negativamente o crescimento das plantas. Provavelmente com a aplicação dessas doses de adubo a planta já tenha atingido o seu máximo crescimento. Silva et al. (2001) obtiveram resultados superiores em todas as características de crescimento de mudas de maracujazeiro quando utilizaram o substrato comercial; porém, quando utilizaram o adubo de liberação lenta, não encontraram diferença entre o substrato comercial e vermiculita, com exceção da altura de plantas, que foi maior com substrato comercial na presença do adubo de liberação lenta. Esses resultados divergentes demonstram a importância de se ajustar a adubação ao tipo de substrato para cada espécie de planta. A Altura de planta (cm) 20 18 16 14 12 ǔ = 13,657 + 1,855 x -0,183 x2 R2 = 0,89** SC 2 2 * SC + C ǔ = 15,255 + 0,4698x - 0,0682x R = 0,98 10 0 2 4 6 8 -3 Dose (kg m ) B Altura de planta (cm) 20 18 16 14 12 LL T 10 0 ǔ = 15,803 + 1,5187x - 0,1759x2 R2 = 0,93** ǔ = 15,604 + 0,5942x - 0,0588x2 R2 = 0,89* 2 4 6 8 -3 Dose (kg m ) Figura 2: Altura de planta de pimenta ornamental cultivada em: substrato comercial (SC) e substrato comercial + composto (SC + C) em função de doses de dois de adubos, e em função de doses de adubo de liberação lenta (LL) e adubo tradicional (T), aos 56 dias após o transplante. 73 A Figura 3 representa a interação entre dose, adubo e substrato para o diâmetro do caule, em forma de regressão polinomial, aos 56 dias após o transplante. O substrato comercial respondeu positivamente ao aumento das doses (Figura 3A), com valores máximos estimados de 6,48 e 6,40 mm encontrados com a aplicação das doses de 5,40 kg m-3 do adubo de liberação lenta e 5,03 kg m-3 do adubo tradicional, respectivamente. A Diâmetro do caule (mm) 8 7 6 5 2 2 ** SC - LL ǔ = 4,31 + 0,7946x - 0,0746x R = 0,89 2 2 SC - T ǔ = 4,297 + 0,828x - 0,0828x R = 0,89** 4 0 2 4 6 8 -3 Dose (kg m ) B Diâmetro do caule (mm) 8 7 6 5 SC + C - LL ǔ = 5,559 + 0,423x - 0,029x2 R2 = 0,90** SC + C - T ǔ = ʆ = 5,92 4 0 2 4 6 8 -3 Dose (kg m ) Figura 3: Diâmetro do caule de planta de pimenta ornamental cultivada em: substrato comercial (SC) e substrato comercial + composto (SC + C), em função de doses de adubo de liberação lenta (LL) e adubo tradicional (T), aos 56 dias após o transplante. Para o substrato comercial + composto, houve aumento muito pequeno do diâmetro com o aumento das doses do adubo de liberação lenta, atingindo o valor máximo estimado de 7,06 mm, com a dose de 7,05 kg m-3, sendo que na dose zero, obteve-se um diâmetro de 5,67 mm, enquanto que não houve efeito da adubação química tradicional para este substrato no diâmetro de caule (Figura 3B). Melo (2004) verificou que o substrato comercial fertilizado com adubos solúveis mostrou pouca eficiência na formação de mudas e as misturas de substratos fertilizados com adubo de liberação lenta, permitiram a obtenção de mudas de cafeeiro com desenvolvimento comparado àquelas produzidas no substrato comercial, também fertilizado com adubo de liberação lenta. Para o número de folhas, as curvas de resposta do substrato comercial adubado com o adubo de liberação lenta e o adubo tradicional tiveram comportamento quadrático, apresentando valores máximos estimados de 210 e 224 folhas com as doses de 5,60 e 6,67 kg m-3, respectivamente (Figura 4A). Na Figura 4B verifica-se que a curva de resposta do substrato comercial + composto em função de doses do adubo de liberação lenta apresentou aumento linear com o aumento das doses; todavia não houve efeito do uso da adubação química tradicional neste substrato para o número de folhas por planta. 74 A Número de folhas/planta 250 200 150 100 SC - LL ǔ = 56,506 + 54,81x - 4,89x2 R2 = 0,99** SC - T ǔ = 67,58 + 46,96x - 3,518x2 R2 = 0,98** 50 0 2 4 6 8 -3 Dose (kg m ) B Número de folhas/planta 250 200 150 100 SC + C - LL ǔ = 167,93 + 4,2576x R2 = 0,67** SC + C - T ǔ = ʆ = 164 50 0 2 4 6 8 -3 Dose (kg m ) Figura 4: Número de folhas por planta de pimenta ornamental cultivada em: substrato comercial (SC) e substrato comercial + composto (SC + C), em função de doses de adubo de liberação lenta (LL) adubo tradicional (T), aos 56 dias após o transplante. Na Figura 5 verifica-se que para o substrato comercial houve, inicialmente, aumento progressivo do número de frutos com o aumento da dose, atingindo a produção máxima estimada de 43,45 frutos com a dose de 5,10 kg m-3 de adubo. Entretanto, quando se utilizou o substrato comercial + composto não houve resposta a adubação. Número de frutos/plamta 50 40 30 20 10 SC ǔ = 2,41 + 16,067x - 1,5854x2 R2 = 0,99** SC + C ǔ = ʆ = 30,74 0 0 2 4 6 8 -3 Dose (kg m ) Figura 5: Número de frutos por planta de pimenta ornamental cultivada em substrato comercial (SC) e substrato comercial + composto (SC + C), em função de doses de adubo, aos 56 dias após o transplante. 75 Quando não fertilizado, o substrato comercial + composto proporcionou maior número de frutos, comparado com o substrato comercial, indicando que houve influência da constituição do substrato. Dificilmente um único material apresentará todas as características desejáveis como um bom meio de cultivo. Por essa razão os substratos, em geral, representam a mistura de dois ou mais componentes, podendo contornar problemas, como falta ou excesso de retenção de nutrientes (KÄMPF 2000a). Neste experimento pode-se observar dados relacionados ao ciclo e altura média de plantas, diferentes dos citados na literatura. Com relação ao ciclo, isto é, do transplante até o ponto de colheita, foram 56 dias, enquanto que a altura média de plantas foi de mais ou menos 18 cm. Esses dados, comparados com os valores citado por Sakata (2001), revelam uma redução do ciclo da cultura e um aumento da altura média de plantas, provavelmente, em função das condições climáticas, que são diferentes das regiões produtoras tradicionais de pimenta ornamental (Figura 1). A altura de planta superior, não trouxe prejuízos à cultura, pois houve boa conformação da planta em relação à altura, diâmetro do caule e número de folhas, conseqüentemente, apresentando boa aparência visual. De um modo geral, nas menores doses de adubo, o substrato comercial + composto orgânico foi melhor do que o substrato comercial, enquanto que o SC apresentou maior resposta à aplicação de adubo. Estes resultados, provavelmente, ocorreram em função da adição do composto orgânico ao substrato comercial ter melhorado as condições químicas e físicas desse substrato, melhorando a disponibilidade água e nutrientes às plantas. Com relação aos adubos, de liberação lenta e tradicional, verificou-se, para a maioria das variáveis analisadas, efeito favorável ao adubo de liberação lenta. Sabe-se que a disponibilidade de nutrientes deste adubo é influenciada pela temperatura. No entanto, como houve redução no ciclo da cultura, o efeito da temperatura elevada no período do experimento, provavelmente, reduzindo o período de disponibilidade de nutrientes, foi compensado, conferindo melhor eficiência ao adubo de liberação lenta. As interações substratos X adubos, para as variáveis avaliadas de planta de pimenta ornamental, evidenciaram menor necessidade de fertilizante quando o substrato comercial foi misturado com o composto orgânico. Por outro lado, a pimenta ornamental cultivada no substrato comercial respondeu melhor à adubação. Essa resposta diferenciada pode ser devida às características físicas e químicas desses substratos, com balanço mais favorável, ao crescimento da pimenta ornamental, à mistura do composto ao substrato comercial. CONCLUSÕES A mistura do composto orgânico ao substrato comercial foi suficiente para a produção da pimenta ornamental, dispensando o uso de fertilizante químico; O adubo de liberação lenta foi mais eficiente que o adubo tradicional para a maioria das variáveis avaliadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, M.F.; ABREU, C.A.; BATAGLIA, O.C. Uso da análise química na avaliação da qualidade de substratos e componentes. 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