Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde Prevenção e atenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis IST Excerto do Manual de Bolso (sífilis) 6.5. Tratamento da Sífilis Sífilis adquirida a)Sífilis primária, Sífilis secundária e latente recente Penicilina G benzatina, 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo); Alternativa(exceto para gestantes): Doxiciclina 100mg, 2x dia (VO), ou tetraciclina 500 mg, 6/6 horas (VO) ou eritromicina 500 mg, 6/6h (VO), por 15 dias; b) Sífilis latente tardia e terciária Penicilina G benzatina, 2,4 milhões UI, IM, (1,2 milhão UI em cada glúteo), semanal, por três semanas. Dose total de 7,2 milhões UI. Alternativa* (exceto para gestantes) Doxiciclina 100mg, 2x dia, por 30 dias, ou tetraciclina 500mg, 6/6 horas (VO) ou eritromicina 500 mg, 6/6H (VO). Nota: O uso de tratamentos que não penicilina não são considerados adequados e devem ser reservados para casos em que realmente não se possa fazer uso de penicilina. c)Neurossífilis Penicilina G aquosa, 18-24 milhões UI por dia, por via endovenosa, administradas em doses de 3-4 milhões UI, a cada 4 horas ou por infusão continua, por 14 dias. Alternativa: Penicilina procaína, 2,4 milhões UI, IM, uma vez ao dia mais probenecide 500 mg VO, 6/6, ambos por 10-14 dias. Alternativa para pacientes alérgicos a penicilina (não grávidas): Doxiciclina 200mg 12/12horas, 28 dias. Nota: A evidência para tratamento da sífilis com outros antibióticos que não a penicilina é fraca e alguns especialistas recomendam a dessensibilização em todos os pacientes com neurossífilis alérgicos à penicilina. Para gestantes com alergia confirmada à penicilina: Como não há garantia de que outras drogas consigam tratar a gestante e o feto, impõe-se a dessensibilização e o tratamento com penicilina. Para tanto, é fundamental que haja a garantia de retaguarda em nível secundário ou terciário para esse fim. Na total impossibilidade de dessensibilização, a mãe pode ser tratada com: Estearato de Eritromicina 500mg, 4x dia, por 14 dias se sífilis recente e 30 dias, se sífilis tardia. A eritromicina por não atravessar a barreira placentária, não trata o feto. Após o parto, a gestante deverá ser tratada novamente com Doxiciclina (100mg, 2x dia por 30 dias) O ideal é que o recém-nascido seja avaliado, conforme o capítulo deste protocolo referente à sífilis congênita. Alternativa: Ceftriaxona 500 mg, uma vez ao dia por 10 dias. Podendo acontecer reação alérgica cruzada numa pequena proporção de casos. Entretanto, se a paciente apresentou anafilaxia prévia com penicilina, a ceftriaxona não deverá ser utilizada. Reação de Jarisch-Herxheimer Após a primeira dose de penicilina, o paciente pode apresentar exacerbação das lesões cutâneas, com eritema, dor ou pruridoque regridem espontaneamente após 12 a 24 horas sem a necessidade da descontinuidade do tratamento. Tipicamente é acompanhada de febre, artralgia e mal-estar. Essa reação, não configura alergia à penicilina. Gestantes que apresentam esta reação podem apresentar ameaça de trabalho de parto pré-termo (TPP) pela liberação de prostraglandinas em altas doses. Alergia à penicilina Alergia à penicilina tanto na população em geral quanto em gestantes é um evento muito raro, mas potencialmente grave. O diagnóstico de alergia deve ser avaliado pela história o que, na grande maioria dos casos, evita a realização de testes de sensibilidade que deverão ser realizados em unidades de referência. A utilização de medicações alternativas no tratamento requerem seguimento de cura a longo prazo, ou se procede a dessensibilização com administração oral de doses progressivas de penicilina sempre deve ser feita em ambiente hospitalar. Controle da cura Os testes não treponêmicos (VDRL/RPR) devem ser realizados em gestantes mensalmente e população geral a cada 3 meses no primeiro ano e a cada 6 meses no segundo ano. A redução em quatro títulos da sorologia ou sua negativação de seis meses a nove meses após o tratamento demonstra a cura da infecção. No caso de sífilis primária e secundária, os títulos devem declinar em torno de duas diluições em 3 meses e três diluições em 6 meses: Exemplo: de 1:32 para 1:8, após 3 meses e 1:2, após 6meses. Se os títulos se mantiverem baixos e estáveis em duas oportunidades, após dois anos, pode-se dar alta. A elevação de títulos do VDRL/RPR em duas diluições (exemplo: 1:16 para 1:64) em relação ao último exame realizado, justifica um novo tratamento. Considerar a necessidade de oferecimento de testes periódicos em pessoas com vulnerabilidade aumentada.