Economia Ecológica

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Economia Ecológica
Introdução
Paula Antunes
Centro de Economia Ecológica e Gestão do Ambiente
Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade Nova de Lisboa
Economia Ecológica e
Sustentabilidade
Princípios básicos da Economia Ecológica
Tipos de Capital
Capital natural e serviços dos
ecossistemas
Sustentabilidade forte vs fraca
Gestão do capital natural
Avaliação da sustentabilidade
Economia Ecológica
O Ambiente e a Economia
Ambiente
Economia
Economia
Ambiente
Economia Ecológica
Objectivos
Escala sustentável das actividades
humanas na biosfera
Equidade - Distribuição justa dos
recursos e direitos de propriedade
Eficiência - Afectação eficiente dos
recursos (transaccionáveis, ou não, no
mercado)
Sustentabilidade
Sustentabilidade
Natural
Capital
Produzido
Humano
Social
Stock de capital
constante
Renovável
Não Renovável
Capital Natural
Funções dos Ecossistemas
Regulação - capacidade dos ecossistemas naturais e seminaturais regularem processos ecológicos e sistemas de suporte
de vida essenciais, contribuindo para a manutenção de um
ambiente saudável, fornecendo ar, água, e solo limpos;
Suporte - os ecossistemas naturais e seminaturais fornecem
espaço e um substrato ou meio adequado para muitas
actividades humanas, tais como habitação, cultivo e recreio;
Produção - recursos fornecidos pela natureza, tais como
comida e matérias primas para uso industrial, recursos
energéticos, material genético, etc.
Informação - os ecossistemas naturais contribuem para a
manutenção da saúde mental, fornecendo oportunidades para
experiências estéticas, recreio, meditação,....
Capital Natural
Funções dos Ecossistemas
Funções de regulação
Funções de suporte – fornecer espaço e substrato
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
para
1. Habitação
2. Cultivo (agricultura, pecuária, aquacultura)
3. Conversão energética
4. Recreio e turismo
5. Protecção da natureza
Protecção contra influências cósmicas perigosas
Regulação do balanço energético local e global
Regulação da composição química da atmosfera
Regulação da composição química dos oceanos
Regulação do clima local e global
Regulação do escoamento e protecção de cheias
Retenção de água e recarga de aquíferos
Prevenção da erosão dos so los e controlo da
sedimentação
9. Formação de solo e manutenção da fertilidade
10. Fixação da energia solar e rpodução de biomassa
11. Armazenamento e reciclagem de matéria
orgânica
12. Armazenamento e reciclagem de nutrientes
13. Armazenamento e reciclagem de resíduos
humanos
14. Regulação de mecanismos de controlo biológico
15. Manutenção de habitats de migração e “nursery”
16. Manutenção da diversidade biológica (e genética).
Funções de informação
1. Informação estética
2. Informação religiosa e espiritual
Funções de produção
1. Oxigénio
2. Água (para consumo humano, irrigação,
industria,...)
3. Alimentos e bebidas
4. Recursos genéticos
5. Recursos medicinais
6. Matéria primas para vestuário e tecidos
7. Matérias primas para construção e uso industrial
8. Bioquímicos
9. Combustíveis e energia
10. Forragens e fertilizantes
3. Informação histórica
4. Inspiração cultural e artística
5. Informação científica e educacional
Serviços dos ecossistemas e
bem-estar
Capital Natural
Serviços dos Ecossistemas
Estimativa do valor anual dos serviços
dos ecossistemas:
US $ 16-54 triliões (1012)/ano
valor médio US$ 33 triliões/ano
Produto Nacional Bruto total:
US $ 18 triliões/ano
Fonte: Costanza et al, 1997
Sustentabilidade Forte vs Fraca
>Substituibilidade entre capital natural e
artificial
Sustentabilidade Forte
(não substituíveis)
Sustentabilidade Fraca
(substitutos perfeitos)
Capital Natural Crítico - estritamente não substituível
Capital cuja perda seria irreversível, teria custos incomportáveis
devido ao seu papel vital, ou seria considerada não-ética
Gestão do Capital Natural
Princípios
(Costanza e Daly, 1992)
1. Limitar a escala das actividades humanas a um
nível compatível com a capacidade de
sustentação do capital natural
I=PxAxT
2. Progresso tecnológico deve ser orientado para
aumentar a eficiência em vez de “throughput”.
Gestão do Capital Natural
Princípios
(Costanza e Daly, 1992)
3. Capital natural renovável - explorado por forma
a maximizar o benefício líquido numa base
sustentável
a. taxas de extracção não devem exceder taxas
de regeneração
b. emissões de resíduos não devem exceder a
capacidade assimilativa do ambiente.
4. Capital natural não renovável - explorado a uma
taxa igual (ou inferior) à da criação de
substitutos renováveis.
Ambiente e
Desenvolvimento Económico
Crescimento como motor da qualidade do
ambiente
Maiores rendimentos implicam aumento da procura para
bens e serviços menos “materiais-intensivos”, bem como
aumento da procura para qualidade do ambiente, o que
conduz à adopção de medidas de protecção ambiental e
consequentemente a uma melhor qualidade do ambiente.
Melhor maneira de proteger o ambiente é aumentar a
riqueza
Podemos mesmo chegar ao ponto de argumentar que a
regulamentação ambiental, ao reduzir o crescimento
económico pode contribuir para diminuir a qualidade do
ambiente.
Ambiente e
Desenvolvimento Económico
Steady-state economics
Actividade económica (produção e consumo) crescente
requer maiores inputs de materiais e energia e gera
maiores quantidades de resíduos (maior throughput).
A crescente extracção de recursos naturais, acumulação
de resíduos e concentração de poluentes, ultrapassa
capacidade de sustentação da biosfera e resulta num
decréscimo de bem-estar, apesar dos rendimentos
crescentes.
Degradação da base de recursos põe a própria
actividade económica em risco (steady-state economics)
(Georgescu-Roegen Meadows, Daly)
Ambiente e
Desenvolvimento Económico
Curva de Kuznets ambiental
Degradação do
ambiente
Relação entre crescimento económico e qualidade do
ambiente (positiva ou negativa) não é constante ao longo do
caminho de desenvolvimento de um país
Economias
Pré-Industriais
Economias
Industriais
Economias
Pós-Industriais
(economia de serviços)
Desenvolvimento económico
Ambiente e
Desenvolvimento Económico
Curva de Kuznets ambiental - questões
relevantes
A que nível de rendimento per capita se situa o ponto de
viragem?
Quanto dano ambiental terá ocorrido e como pode ser evitado?
Será que vão ser ultrapassados alguns limiares ecológicos e
ocorrerem danos ambientais irreversíveis antes da diminuição da
degradação do ambiente, e como tal se pode evitar?
A melhoria ambiental para níveis mais elevados de rendimento é
automática, ou requer reformas políticas e institucionais
conscientes?
Como acelerar o processo de desenvolvimento de modo a que as
economias em desenvolvimento e em transição possam
beneficiar das mesmas (ou melhores) condições ambientais e
económicas dos países desenvolvidos?
Ambiente e
Desenvolvimento Económico
Curva de Kuznets ambiental
Degradação do
ambiente
Direitos de propriedade mal
definidos; externalidades não
internalizadas; utilização de
recursos e poluição subsidiadas
Remoção de subsídios
ambientalmente lesivos
Limiar Ecológico
Subsídios removidos;
Externalidades internalizadas;
Direitos de propriedade definidos
Rendimento per capita
Avaliação da
Sustentabilidade
Indicadores de Sustentabilidade Fraca
Poupanças Genuínas
ISEW
….
Indicadores de Sustentabilidade Forte
Apropriação da PPL
Pegada Ecológica
Avaliação de Fluxos de Materiais
Espaço Ambiental
Indicadores de
Sustentabilidade
Apropriação da Produtividade
Primária Líquida
Produtividade Primária Líquida (PPL) -
quantidade de energia (sobretudo solar) fixada
biologicamente deduzida da respiração dos
produtores primários (maioritariamente plantas).
PPL - base para sustentação, crescimento e
reprodução de todos os organismos heterotróficos;
base de alimentação total da Terra
Indicadores de
Sustentabilidade
Apropriação da Produtividade Primária
Líquida (Vitousek et al)
Quantidade
(Pg)
PPL Total
Terrestre
Aquática
PPL utilizada directamente pelos
humanos
%
224.5
132.1
92.4
7.2
3.2
PPL utilizada directamente +
ecossistemas humanizados
42.6
19.0
PPL utilizada directamente +
humanizados + perdas de
produtividade
58.1
24.8
Pg - petagrama = 1015 gramas
Indicadores de
Sustentabilidade
Pegada Ecológica (Wackernagel e Rees, 1996)
Área de terra necessária para
produzir numa base continuada
todos os bens consumidos e
assimilar todos os resíduos
produzidos por uma população.
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Indicadores de
Sustentabilidade
Cálculo da Pegada Ecológica
1. Estimativa dos consumos individuais (ci)
2. Cálculo da área necessária per capita (aa), para
produzir cada item consumido (i)
aai = ci/pi
pi - produtividade média anual
3. Cálculo da área necessária para todos os consumos
individuais - pegada ecológica individual
ef = Σ
aai
4. Pegada ecológica da região/país/..
EF = N x ef
N - tamanho da população
Indicadores de
Sustentabilidade
Cálculo da Pegada Ecológica
Categorias de uso do solo
1. Área para energia fóssil
2. Área construída
3. Área agrícola
4. Pastagens
5. Florestas
6. Oceanos
Indicadores de
Sustentabilidade
Pegada Ecológica dos Países (ha/cap)
12
10
8
6
4
2
World 2.8
0
Área disponível no Mundo - 2.1 ha/cap
(assumindo 12% de área para preservação da biodiversidade)
Indicadores de
Sustentabilidade
Pegada Ecológica das Regiões do Mundo (ha/cap)
Fonte: WWF(2001)
Indicadores de
Sustentabilidade
http://redefiningprogress.org
Indicadores de
Sustentabilidade
Pegada Ecológica da Humanidade (ha/cap)
Fonte: Redefining Progress, 2004
Indicadores de
Sustentabilidade
Fonte: Redefining Progress, 2004
Evolução da
Pegada Ecológica
nos Países
Europeus
(ha/cap)
Indicadores de
Sustentabilidade
Pegada Ecológica nas Diferentes Regiões do Mundo
Fonte: Redefining Progress, 2004
Indicadores de
Sustentabilidade
Composição da Pegada Ecológica
Fonte: Redefining Progress, 2004
Indicadores de
Sustentabilidade
Necessidades Totais de Materiais
(TMR)
TMR - soma do input directo de materiais e dos fluxos
escondidos de uma economia, incluindo todos os recursos
naturais domésticos e importados
DMI – (input directo de materiais) – extracção de recursos
para processamento posterior (entram na economia)
Fluxos Escondidos - porção das necessidades de materiais
que não entram na economia (inclui materiais escavados,
auxiliares,...)
Indicadores de
Sustentabilidade
Indicadores de
Sustentabilidade
Análise de Fluxos de Materiais
Indicadores de
Sustentabilidade
TMR
(Total Material Requirements)
Fluxos
Domésticos
Fluxos
Importados
Fluxos Utilizados para
Processamento Directo
Fluxos Escondidos
DMI
(Direct Material Input)
Fluxos
Domésticos
Fluxos
Importados
Indicadores de
Sustentabilidade
TMR
(Total Material Requirements)
Indicadores de
Sustentabilidade
Bem Estar =
Bem Estar
Utilização de
Recursos
x
Utilização de
Recursos
Produtividade de
Recursos
Utilização de
Recursos =
Utilização de
Recursos
x Bem Estar
Bem Estar
Intensidade
Ecológica
Indicadores de
Sustentabilidade
Análise de Fluxos de Materiais
Produtividade de
recursos nos países
Europeus
Metas de Sustentabilidade
Dissociação do consumo de recursos e emissões do PIB
PIB
Dissociação
relativa
Emissões
Dissociação
absoluta
∆ PIB> ∆ Emissões
∆ PIB> 0
∆ Emissões < 0
Emissões
Metas de Sustentabilidade
Dissociação do consumo energético e
crescimento económico
Metas de Sustentabilidade
Dissociação da utilização de recursos e
crescimento
Utilização de Recursos na Alemanha
1980-1990
Cresc. PIB – 24.9%
Cresc. TMR – 0.8%
Metas de Sustentabilidade
Análise de Fluxos de Materiais
Dissociação do consumo de recursos do PIB
Metas de Sustentabilidade
Factor 4 (Weizsacker, Lovins, Lovins)
Meta de dissociação absoluta global entre o crescimento
económico e a utilização de recursos naturais.
É possível conseguir um aumento de 4x na produtividade
de recursos através da duplicação do rendimento e da
redução para metade na utilização de recursos.
Factor 10 (Schmidt-Bleek)
Meta de redução absoluta de 10x na utilização de
materiais nos países industrializados (que representam
20% da população mundial e consomem 80% dos
recursos) num período de 50 anos.
Fundamental para se alcançar Factor 4 global com maior
equidade na utilização de recursos
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