ESTUDO DE CASO – MÓDULO X O Déficit do

Propaganda
ESTUDO DE CASO – MÓDULO X O Déficit do Governo Norte­Americano sob uma perspectiva histórica 1 O déficit orçamentário do governo é definido como os gastos do governo menos os seus recebimentos. Historicamente, os maiores déficits surgiram em conseqüência de guerras, ocasião em que os gastos aumentaram mais do que o governo recebia em impostos. O governo optou por não arcar com o custo total das guerras por meio de taxação, com medo de que impostos pesados desmoralizassem os cidadãos quando se necessitava dos seus maiores esforços para a guerra. O gráfico superior da figura abaixo reproduz a evolução dos recebimentos e gastos reais do governo (incluindo pagamentos de transferências), ambos como porcentagem do PIB potencial, neste século. 1 GORDON, Robert J. Macroeconomia. Porto Alegre: Bookman, 2000, p.96­98
A diferença entre dos gastos e os recebimentos está sombreada. Escuro indica déficit orçamentário do governo e claro indica um superávit orçamentário. Não está incluído apenas o déficit do governo federal, mas também o dos governos estaduais e municipais. Quatro fatos se destacam no gráfico superior da figura acima. Primeiro os gastos do governo apresentam uma ascensão bem marcante nos anos de guerra, com a Segunda Guerra Mundial tendo um impacto bem maior do que a Primeira Guerra Mundial. Segundo, as receitas tributárias também apresentam uma ascensão bem marcante em tempos de guerra, mas uma ascensão menor do que os gastos, portanto os déficits aumentam em tempos de guerra. Terceiro, o governo aumentou de tamanho nos anos após a Segunda Guerra Mundial em relação aos períodos antes de 1930, com os gastos reais atingindo uma média de 30% do PIB potencial e subindo para cerca de 35% na década de 90. Quarto, os gastos aumentaram mais do que os recebimentos depois de 1980, levando a um déficit persistente no orçamento. O gráfico do meio mostra o déficit orçamentário e o superávit do governo. As áreas sombreadas de escuro e claro no gráfico são idênticas às regiões equivalentes no gráfico superior. Nele, a tendência de as guerras criarem déficits é ainda mais evidente. Os déficits após 1980 são pequenos em comparação ao déficit gigante da Segunda Guerra Mundial. Para comparar mais claramente os déficits que ocorreram desde 1980, o período de 1955­1996 foi ampliado no gráfico inferior. Nele vemos um déficit relativamente pequeno em 1971m resultado da recessão de 1970. Déficits consideravelmente maiores ocorreram em 1975­1976 e 1982­1986. Durante a recessão, os recebimentos do governo caem e os pagamentos de transferências aumentam. Observe no gráfico inferior como os déficits ocorreram nas recessões de 1970, 1975, 1982, 1990­1991 e na recessão de 1958, quando o superávit caiu drasticamente, quase criando um déficit. Se os déficits do governo têm sido freqüentemente associados a recessões no passado, por que os déficits dos anos 80 e 90 geram tanta controvérsia? A resposta fica visível no gráfico inferior da figura aqui exposta. Cada episódio anterior de recessão tem um formato em V e o déficit orçamentário do governo caiu rapidamente para zero quando a economia se recuperou depois da recessão. Mas em 1982­1996 foi diferente. Quando a economia se recuperou depois da recessão de 1982, o déficit orçamentário do governo não desapareceu mas continuou relativamente grande. Os grandes déficits no orçamento
depois de 1982 ocorreram em tempos de paz, não em tempo de guerra, e numa situação de recuperação e expansão econômica, ao invés de recessão (exceto pela leve recessão de 1990­1991). QUESTÕES PARA DISCUSSÃO Por que o endividamento crescente da economia americana não tem o mesmo efeito nocivo do endividamento brasileiro? Será que após as investidas bélicas americanas no Afeganistão e no Iraque sua situação de endividamento poderá comprometer o desenvolvimento dos EUA? Por que?
Download