SINDROME DE WALLENBERG A SÍNDROME DE

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SINDROME DE WALLENBERG
A SÍNDROME DE WALLENBERG deve-se a descrição de uma sindrome bulbar
cujas características fundamentais consistem em desordens da série cerebelar
ipsolaterais à lesão, tendência à queda na atividade vertical, desvios durante
a marcha, paresia do palato mole e da corda vocal e distúrbios da
sensibilidade. Estes se apresentam geralmente sob a forma de dissociação
seringomiélica e se revestem de disposição alterna, acometendo a hemiface
do mesmo lado da lesão e os membros e o tronco do lado oposto.
A síndrome de Claude Bernard-Horner e desordens vestibulares completam
ordinariamente o quadro sintomatológico da síndrome. Valendo-se de um
trabalho de Duret, que distinguia, no bulbo, dois territórios vasculares bem
definidos – um medial, irrigado pela artéria espinal anterior, e outro lateral,
dependente da artéria cerebelar posterior inferior – Wallenberg atribuiu o
conjunto sintomático, por ele discriminado, à obstrução deste ultimo vaso
arterial. Seis anos mais tarde, as verificações anátomo-patológicas, do próprio
caso que havia sido estudado do ponto de vista clínico por Wallenberg,
comprovaram a exatidão deste raciocínio.
O território bulbar comprometido nos casos de síndrome de Wallenberg
embora anatomicamente de dimensões exíguas, engloba estruturas
concernentes a sistemas funcionais diversos, e por isso a riqueza e
complexidade das desordens que compõem a síndrome. Resulta da lesão de
uma área lateral cuneiforme, situada imediatamente atrás da oliva bulbar e
cujo ápice, aprofundando-se em direção posterior e medial, aproxima-se do
trato solitário, na porção superior do bulbo.
Esta área abrange os tratos espinocerebelares ventral e dorsal, o trato
espinotalâmico lateral, os núcleos do vago, e glossofaríngeo (porção superior
do núcleo ambíguo, principalmente), parte das formações reticulares ,
inclusive as vias simpáticas, a raiz descendente do trigêmeo, os dois terços
anteriores da substância gelatinosa de Rolando, e mesmo o polo superior da
oliva bulbar.
Em virtude de variações vasculares, um número maior ou menos dessas
estruturas poderá ser afetado, manifestando-se, por conseguinte, sob
diferentes aspectos e combinações, os vários tipos de distúrbios existentes.
Como a irrigação dessa fosseta tem sido atribuída à artéria cerebelar posterior
inferior, a síndrome de Wallenberg é correntemente designada também como
síndrome da artéria cerebelar posterior inferior. Todavia, a angiografia
demonstrou a incorreção dessa denominação pois, na maior parte das vezes, a
oclusão se situa na artéria vertebral e muito mais raramente, na própria
artéria cerebelar posterior inferior.
A síndrome de Wallenberg completa constitui-se dos seguintes elementos: do
lado da lesão: hemissíndrome cerebelar, paralisia velofaringolaríngea
(e consequentes disfagia e alterações da palavra), síndrome oculossimpática
de Claude Bernard-Horner e comprometimento da sensibilidade superficial na
hemiface correspondente, sobretudo das formas térmica e dolorosa; do lado
oposto à lesão, anestesia dos membros e tronco, com dissociação do tipo
siringomiélico. Por influência irritativa de edema ou por extensão maior da
lesão, comprometimento do núcleo do hipoglosso ou dos núcleos do VIII par,
especialmente do núcleo vestibular, pode se processar. Diante dessa situação
integram frequentemente à síndrome de Wallenberg: paresia da hemilíngua,
vertigens e nistagno.
A sintomatologia cerebelar ipsolateral à lesão, encontra a explicação no
acometimento dos tratos espinocerebelares ventral e dorsal. O
comprometimento do núcleo ambíguo, principalmente em sua porção
superior, explica, por outro lado, a paralisia velofaríngea, e também sua
predominância em intensidade sobre a paralisia laríngea, ao ponto de poder
ocorrer mesmo integridade completa da corda vocal (síndrome velofaríngea
dissociada de paralisia da corda vocal).
A ocorrência da síndrome oculossimpática de Claude Bernard-Horner, na
síndrome de Wallenberg, prende-se à lesão, na altura do bulbo, das fibras
supramedulares que unem o núcleo ciliospinal de Budge às estruturas nervosas
de segmentos superiores (hipotálamo e tálamo).
A dissociação do tipo siringomiélico, observada nos membros e tronco
contralaterais à lesão, subordina-se ao acometimento do trato espinotalâmico
lateral na própria área afetada pelo processo patológico. A integridade da
sensibilidade táctil decorre da situação mais medial das fibras encarregadas
de sua condução, as quais, dispostas junto ao lemnisco medial, escapam à
lesão causadora da síndrome de Wallenberg.
Milton Marchioli
Disciplina – Educação em Ciências da Saúde
FAMEMA
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