ginástica rítmica nas aulas de educação física dos anos

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GINÁSTICA RÍTMICA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DOS ANOS
FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Thaís da Luz Porto(¹), Mauren Lúcia de Araújo Bergmann(²)
(1)
Acadêmico do curso de Licenciatura de Educação Física; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande
do Sul; [email protected];
(2)
Professora Orientadora; Universidade Federal do Pampa; Campus Uruguaiana, Rio Grande do Sul;
[email protected]
RESUMO: Este trabalho é um relato de experiências, a partir, das atividades desenvolvidas na Educação
Física nos anos finais do Ensino Fundamental, durante o componente curricular “Seminário de Estágio Supervisionado
III”. Teve por objetivo desmitificar a visão competitiva presente na educação física escolar, tomando como principal
referencial outro elemento da cultura corporal de movimento, a ginástica rítmica. As aulas de Educação Física foram
desenvolvidas em uma escola estadual do município de Uruguaiana-RS, com uma turma feminina do sexto ano do
ensino fundamental, em um período de quatorze semanas entre os meses de março e julho de 2015. As atividades
eram realizadas duas vezes por semana, no período da manhã, contabilizando três períodos de aulas semanais. As
aulas foram desenvolvidas de forma teórico-prática, com o método global e a técnica de ensino semidiretiva. Através do
estágio supervisionado III, foi possível inserir uma manifestação da cultura corporal do movimento, pouco conhecida por
parte das alunas, para uma turma inteira e desenvolvê-la de maneira agradável e prazerosa com sentido e significado.
Com esta proposta de ensino, foi possível verificar que, além de desenvolver habilidades motoras e proporcionar uma
nova vivência, esta experiência foi enriquecedora para ambas as partes (educador/aluno).
Palavras-Chave: Cultura Corporal do Movimento, Educação Física Escolar, Estágio Supervisionado, Ginástica Rítmica.
INTRODUÇÃO
É notório que a Educação Física tem avançado e se esforçado teoricamente para superar os
modelos competitivistas e tecnicistas evidenciados na década de 1980 e pertinentes até hoje no modelo da
Educação Física escolar através da esportivização. Segundo Prado e Silva (2009) “A opção pela inclusão
da ginástica nas aulas de Educação Física escolar implica coragem de remar contra a maré do ensino
formal”, podendo fazer da ginástica uma grande aliada das aulas de Educação Física escolar.
A ginástica rítmica é uma ramificação da ginástica que possui infinitas possibilidades de movimentos
corporais realizados fluentemente em harmonia com a música e coordenados com o manejo dos aparelhos
que são a corda, o arco, a bola, as maças e a fita. Esta manifestação da cultura corporal de movimento
(CCM) além de fugir dos jogos com bola desenvolve as capacidades motoras, cognitivas e afetivo-sociais.
Partindo desta perspectiva, o presente trabalho procurou desmitificar a visão competitiva presente
na Educação Física escolar, tomando como principal referencial outro elemento da CCM, a ginástica rítmica.
METODOLOGIA
As aulas de Educação Física foram desenvolvidas em uma escola estadual do município de
Uruguaiana-RS, com uma turma feminina do sexto ano do ensino fundamental, em um período de quatorze
semanas entre os meses de março e julho de 2015. As atividades eram realizadas duas vezes por semana,
no período da manhã, contabilizando três períodos de aulas semanais. Primeiramente foram realizadas
observações da realidade escola e da Educação Física para a escolha do conteúdo a ser trabalhado, onde
foram aplicados questionários a direção da escola, ao professor da turma e feitas observações das aulas de
Educação Física.
O local utilizado para as aulas foram o salão de atos da escola, o ginásio e salas de aulas, sendo
adaptadas para a execução das aulas. Os materiais utilizados foram construídos pelas alunas, com exceção
dos colchonetes e arcos que faziam parte do material da escola e do aparelho de som, que era de uso
pessoal da professora.
A metodologia de ensino utilizada foi a do método misto, que consiste na sincronia dos métodos
global- parcial- global. Onde primeiramente acontecia a execução do gesto como um todo. Em seguida, o
gesto era parcializado com o objetivo de proceder a “correções” do movimento ou dos movimentos e
finalmente, voltava-se à prática completa dos movimentos. Deste modo, a segunda parte serviu como base
no que foi observado no primeiro momento, para que o professor fizesse a demonstração do exercício e,
assim, a partir da terceira parte acontecesse o gesto completo. A técnica empregada de ensino foi a
semidiretiva, pois possibilitou um comando parcial das atividades propostas e para as alunas proporcionou
oportunidade de criatividade, permitindo que elas pudessem colaborar e construir combinações de
movimentos.
As aulas foram planejadas abrangendo as três dimensões dos conteúdos (conceitual, procedimental
e atitudinal) possibilitando primeiramente um resgate histórico sobre as origens da prática de ginástica
rítmica, sua prática na atualidade, seus aparelhos e adaptações para o ambiente escolar. Na sequência
com a dimensão procedimental, ocorreram as atividades práticas, onde as alunas puderam vivenciar desde
a construção dos aparelhos à prática da ginástica rítmica. A dimensão atitudinal foi abordada de forma que
através do conhecimento e prática da ginástica rítmica, as alunas cultivassem e valorizassem esta prática
que faz parte da cultura corporal do movimento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período de observações da rotina escolar e da Educação Física, percebeu-se que as
aulas eram realizadas apenas na quadra, utilizando bolas e quando questionadas, as alunas deixaram claro
que gostariam de aprender e praticar outras manifestações, que não só o jogo. A ideia de proporcionar a
vivencia da ginástica rítmica surgiu após este questionamento, onde a ginástica foi citada por várias alunas.
Inserir um conteúdo que foge da rotina das aulas é uma tarefa complicada, pois há receio da evasão
das aulas de Educação Física, por fugir do habitual. Nesta experiência, ocorreu exatamente o contrário.
Alunas que não frequentavam as aulas começaram a frequentar, e relatavam que não iam às aulas por não
saber jogar. Pois bem, voltamos ao ponto em que a Educação Física escolar atual prioriza os esportes com
bola, jogados em quadra, privilegiando a dimensão procedimental, priorizando o saber fazer, deixando de
explorar as dimensões conceitual (saber sobre) e atitudinal (saber pra quê), tornando-se uma Educação
Física acrítica. Visto isto, foi notável a aceitação da turma com a proposta do conteúdo da ginástica rítmica,
onde o interesse foi aumentando gradativamente ao decorrer do estágio. Na prática, as alunas foram se
familiarizando com os movimentos, com a música e com os instrumentos que elas mesmas construíram,
fazendo com que elas se sentissem ainda mais pertencentes às aulas. Assim, percebi, que as aulas tinham
sentido e significado para elas. Fui surpreendida inúmeras vezes com a criatividade com que estas alunas
conseguiram desenvolver os elementos desta manifestação da CCM, à medida que foram instigadas e
desafiadas a criarem movimentos diferentes e articulados, a partir de um ambiente agradável de
aprendizagem.
BRASIL (1998, p. 28) “Dentro desse universo de produções da cultura corporal de movimento,
algumas foram incorporadas pela Educação Física como objetos de ação e reflexão: os jogos e
brincadeiras, os esportes, as danças, as ginásticas e as lutas, que têm em comum a representação corporal
de diversos aspectos da cultura humana. São atividades que resignificam a cultura corporal humana e o
fazem utilizando ora uma intenção mais próxima do caráter lúdico, ora mais próxima do pragmatismo e da
objetividade”. Assim cabe a nós, acadêmicos e futuros professores, possibilitar aos alunos do ensino
fundamental vivências de ginástica, assim como dança e lutas para desenvolver capacidades motoras,
cognitivas e afetivo-sociais.
CONCLUSÕES
Através do estágio supervisionado III, julgo que as aulas aplicadas alcançaram as expectativas
esperadas. Em um período curto, foi possível inserir uma manifestação da CCM, pouco conhecida por parte
das alunas, para uma turma inteira e desenvolvê-la de maneira agradável e prazerosa.
Com esta proposta de ensino, foi possível verificar que, além de desenvolver habilidades motoras e
proporcionar uma nova vivência, esta experiência foi uma via de mão dupla, pois ao mesmo tempo em que
enriqueceu e aumentou a minha bagagem como futura educadora, possibilitou à turma o conhecimento e a
vivência sobre outra manifestação pertencente a cultura corporal do movimento, que não os esportes.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1998.
PRADO, N.; SILVA, S. A ginástica rítmica como proposta pedagógica nas aulas de Educação Física
Escolar: Uma experiência em Palmas – Tocantins. Congresso Norte Paranaense de Educação Escolar.
Londrina – PR. Julho, 2009.
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