Ginástica Rítmica: Esporte, História e Desenvolvimento

Propaganda
Ginástica Rítmica: Esporte, História e Desenvolvimento
Angela Maria Da Paz Molinari
INTRODUÇÃO
A história nos mostra que a Ginástica Rítmica é um esporte
recente, muito complexo e que teve seu início na necessidade e
competência de um grande profissional em querer desenvolver a
percepção musical através de movimentos corporais expressivos e
contextualizados.
É interessante como a Ginástica Rítmica cada vez mais praticada
no mundo e em constante reestruturação procura aprimorar a
estreita relação entre a perfeição técnica e a arte de executar
movimentos expressos através da música.
OBJETIVO:
Analisar através do da história o desenvolvimento da Ginástica
Rítmica no Brasil e no mundo e perceber suas características e
especificidades,
ESPORTE E O DESPORTO
O ser humano é complexo na sua constante necessidade de
transformar, de buscar o novo, o diferente e principalmente na
arte de criar meios que possam ocupar o seu tempo dando vazão
ao seus sentimentos, motivando-o para continuar a viver e
perceber-se importante no percurso natural da vida . E nesta louca
necessidade comete muitos erros, mas também muitos acertos.
O esporte é um meio criado, estruturado e conquistado pelo
homem para somatizar ao seu tempo mais empolgação, brilho,
socialização, determinação, supremacia na arte de promover-se e
trabalhar o próprio corpo, além da glória de sentir-se campeão e
elite no momento da disputa.
Quando falamos em desporto devemos analisá-lo como uma
balança que deve pesar o positivo e o negativo. Resultado da
busca do equilíbrio interior de cada pessoa ou grupo de pessoas
que faz do esporte parte de sua vida, ou até mesmo um meio de
vida com maior ou menor qualidade e intensidade. O esporte tem a
magnitude de divertir, de arrebatar corações, de unir povos,
incluir mas também tem o poder de excluir e oprimir.
É empolgante falar de esporte, torna-se poesia, meio de vida e
transcendência.
A G.R. surgiu desta necessidade básica da busca pelo novo.
GINÁSTICA RÍTMICA
Ginástica Rítmica ou G.R., é uma modalidade especificamente
feminina, encanta pelo fato de aliar a arte potencial do movimento
expressivo do corpo, com a técnica da utilização ou não de
aparelhos a ela característicos, somados a interpretação de uma
música. É um esporte arte que empolga, motivado pela competição
e desejo de chegar a perfeição.
Caracterizou-se por substituir os movimentos mecânicos pelos
orgânicos, os métricos pelos rítmicos e os de força pelos
dinâmicos. A leveza, o ritmo, a fluência e a dinâmica trouxeram
amplas possibilidades de se desenvolver a agilidade, a
flexibilidade, a graça e a beleza dos movimentos.
O movimento é algo inato ao ser humano. E a ginástica tem na
prática dos movimentos o seu objetivo principal. Um dos papéis da
Ginástica Rítmica é ajudar no desenvolvimento, aprimoramento e
melhoria das categorias motoras (estabilização, locomoção,
manipulação). Isto incorpora uma ampla série de experiências de
movimentos, para que as crianças desenvolvam e refinem suas
habilidades motoras, além de promover o desenvolvimento dos
domínios cognitivo, afetivo e social, a Ginástica Rítmica favorece a
essa compreensão, pois é uma modalidade que tem o ritmo como
um dos seus fundamentos.
A Ginástica Rítmica, visa desenvolver o corpo em sua totalidade.
É fundamentada no aprimoramento dos movimentos naturais do
ser humano, no aperfeiçoamento de suas capacidades
psicomotoras, no desenvolvimento das qualidades físicas e do
ritmo, podendo também ser considerada como uma forma de
trabalho físico, artístico e expressivo.
A Ginástica Rítmica não existe a tanto tempo assim e merece de
acordo com Bárbara Lafranchi, técnica da seleção brasileira de
Ginástica Rítmica a interessante definição e interpretação: A G.R
como um Esporte-arte.
Evolução histórica
Um dos primeiros relatos acerca do princípio da atividade física
associada ao ritmo vem de Russeau (1712-1778), que realizou um
estudo sobre o desenvolvimento técnico e prático da ginástica
para a educação infantil. Foi por meio dos trabalhos de Muts
(1759-1839), considerado um dos pioneiros da ginástica, que se
obteve o desenvolvimento das atividades ginásticas relacionadas
ao fortalecimento do indivíduo e também com o propósito de
proporcionar saúde e preparação para a guerra.
O lado artístico da Ginástica Rítmica teve suas raízes lançadas
por Delsarte (1811-1871), que caracterizou o seu trabalho pela
busca da expressão dos sentimentos através dos gestos corporais.
Dalcroze (1865-1950), pedagogo suíço e professor de música,
iniciou a prática de exercícios rítmicos como meio de
desenvolvimento da sensibilidade musical através dos movimentos
do corpo. Realizou diversos estudos fisiológicos dos quais concluiu
a existência da íntima relação entre harmonia dos movimentos e
seu dinamismo, entre o equilíbrio e os diversos estados do sistema
nervoso central, exercendo ampla influência na formação das
escolas de dança e no desenvolvimento da Educação Física.
Posteriormente, Bode (1881-1971), aluno de Dalcroze,
apregoava que o mais importante era o fluir do movimento e seu
caráter natural e integral. Desenvolveu-se então, um sistema cujo
o objetivo era demonstrar através dos movimentos, os diversos
estados emocionais do indivíduo. Somou-se a isto, a música, a
utilização de aparelhos com a finalidade de ornamentar a
apresentação e as características femininas. Foi Bode, considerado
criador da Ginástica Rítmica, quem estabeleceu os princípios
básicos da mesma, os quais até hoje são consideradas importantes
e seguidos.
Suas teorias são fundamentadas no princípio da
contração e relaxamento, que é a própria essência do movimento
humano e forma a unidade do ritmo corporal. Quanto ao espaço
explorou as direções e planos em todas as suas possibilidades, o
que constitui a base da variação dos deslocamentos na ginástica
rítmica atual. Introduziu a ginástica de expressão e o trabalho em
grupos, destacando a cola´[boração e harmonia das partic
ipantes.
Duncan (1878-1929), seguidora de Bode, adaptou o sistema à
dança e o levou a antiga União soviética e lá iniciou o ensino desta
nova atividade como esporte independente e com manifestações
competitivas.
O alemão Medau, estudou os exercícios rítmicos e iniciou a
introdução de aparelhos como a bola, as maças e o arco, dando o
primeiro passo para a utilização dos aparelhos nos exercícios
femininos
A prática da Ginástica Rítmica
A Ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o final da
Primeira Guerra Mundial, mas não possuía regras específicas nem
um nome determinado. Várias escolas inovavam os exercícios
tradicionais da Ginástica Artística, misturando-os com música.
A então Ginástica Rítmica, esporte independente, passa a ser
chamada de Ginástica Moderna (1962), em reconhecimento pela
Federação Internacional de Ginástica (F.I.G.). Mais tarde em 1975,
passa a ser denominada de Ginástica Rítmica Desportiva,
estabelecendo-se definitivamente sua característica competitiva.
A Ginástica tornou-se um esporte olímpico oficial em 1984,
somente com competições individuais. Nos Jogos Olímpicos de
Atlanta, em 1996, incluiu-se as competições de conjunto.
Em 1946, na Rússia, surge o termo “rítmica”, devido a utilização
da música e da dança durante a execução dos movimentos.
Em 1961, alguns países do Leste Europeu organizaram o
primeiro campeonato internacional da modalidade. No ano
seguinte, a Federação Internacional de Ginástica ( FIG)
reconheceu a Ginástica Rítmica (G.R.) como um esporte. A partir
de 1963 começaram a ser realizados os primeiros campeonatos
mundiais promovidos pela FIG. Os aparelhos utilizados na
Ginástica Rítmica como a corda, a bola e o arco foram os primeiros
aparelhos a serem trabalhados, as maças e a fita foram elaborados
e desenvolvidos no ano de 1966.
Em 1984, a G.R. já reconhecida pelo Comitê Olímpico
Internacional foi introduzidos nos Jogos Olímpicos daquele ano.
No entanto, as melhores ginastas do mundo provenientes dos
países do Leste Europeu, ficaram fora da competição devido o
boicote liderado pela ex. - União Soviética. Assim a primeira
medalha Olímpica do esporte ficou com a canadense Lori Fung. Em
Seul- 1988, o esporte conquistou o público e se popularizou. Em
Barcelona – 1992, Aleksandra Timoshenko, competindo pela
Comunidade dos Estados Independentes foi a vencedora. Em
Atlanta – 1996, a Federação Internacional de Ginástica (FIG)
introduziu a competição de conjuntos nos Jogos Olímpicos. A
Espanha conquistou a primeira medalha Olímpica desta categoria,
ficando campeã no naipe individual a ucraniana Ekaterina
Serebyanskaya. Nos Jogos de Sidney – 2000 a Rússia confirmou
seu favoritismo.
A Ginástica Rítmica no Brasil
No Brasil, a atual Ginástica Rítmica, teve várias denominações
diferentes, primeiramente denominada de Ginástica Moderna,
Ginástica Rítmica Moderna, e sendo praticada essencialmente por
mulheres, passou a ser chamada de Ginástica Feminina Moderna. E
a seguir, por decisão da Federação Internacional de Ginástica,
passou a denominação de Ginástica Rítmica Desportiva, e hoje,
finalmente Ginástica Rítmica.
O Brasil participou da estréia olímpica da G.R. em Los Angeles –
1984 com a ginasta Rosana Favilla, que não se classificou para a
final. Em Barcelona 1992, Marta Schonharst conseguiu a 41ª
colocação entre as 43 ginastas que disputaram o evento. Nos
Jogos de Sidney, em 2000, o conjunto brasileiro conseguiu o seu
melhor resultado em uma Olimpíada ficando em oitavo lugar.
Outra grande conquista do Brasil na G.R. foi a medalha de ouro
nos Jogos pan-americanos de Winnipeg, Canadá, em 1999. A
Seleção brasileira responsável pela conquista treina na UNOPAR
(Universidade do Norte do Paraná), em Londrina, o maior centro
de treinamento de G.R. no país.
Características da Ginástica Rítmica
A Ginástica Rítmica caracteriza-se pelo alto nível de exigência
coordenativa das atletas. Simetria e bilateralidade são
fundamentais para seu êxito, porém existe ainda o aspecto
artístico, ou seja, as apresentações das atletas são avaliadas por
árbitras, portanto, o desempenho físico e técnico podem ser
suplantados por uma interpretação subjetiva.
A G.R tem dois naipes de competição: Individual e de Conjunto.
Nos campeonatos individuais das categorias juvenil e adulta, a
ginasta obrigatoriamente participa de quatro provas (aparelhos)
dos cinco. Esses aparelhos são definidos a cada ciclo olímpico.
Os Elementos Corporais são a base indispensável dos exercícios
individuais e conjuntos. Os elementos corporais podem ser
realizados em várias direções, planos, com ou sem deslocamento,
em apoio sobre um ou dois pés, coordenados com movimentos de
todo o corpo. Fazem parte dos elementos corporais obrigatórios:
andar, correr, saltar, saltitar, balancear, circunduzir, girar,
equilibrar, ondular, executar pré acrobáticos, lançar e recuperar
sendo que os exercícios devem ser acompanhados por estímulo
musical . Os exercícios são avaliados de acordo com o Código de
Pontuação por árbitras devidamente licenciadas com brevês
obtidos em testes de qualificação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É interessante conheçer a desenvolvimento da Ginástica Rítmica
e refletir sobre sua identidade esportiva, suas características e
crescimento.
A G.R. através de sua recente história e reconhecimento está se
firmando e tendo um número cada vez maior de adeptos.
A G.R. proporciona uma série de benefícios e encanta como
esporte e arte.
REFERÊNCIAS
BOTT, Jenny . Ginástica Rítmica Desportiva. São Paulo:Manole,
1986.
BARROS, Daisy Regina; NEDIALCOVA , Giurgia T. A B C da
ginástica. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1999.
FERNANDEZ, Aurora. GIMNASIA Ritmica Deportiva Fundamentos.
Madrid, 1989.
Ferreira Neto.; GOELLNER, S.V.; BRACHT, V. As ciências do esporte
no Brasil. Campinas: Editora Autores Associados,1995.
FILIN, V. P. adaptação: GOMES, A .GOMES, A.C.; ZAKHAROV, A.
Ciência do treinamento desportivo. Rio de Janeiro: Palestra Sport,
1992.
LAFFRANCHI, Bárbara. Treinamento Desportivo Aplicado à
Ginástica Rítmica. Londrina, Unopar, 2001.
LEAL, Marcia. A preparação física na dança. Rio de Janeiro: Sprint,
1998.
MARTY, Beatriz. Gimnasia Moderna. Buenos Aires: Ministério de
Cultura Y Educacion, 1990.
MATVEEV,A.P. adaptação: GOMES, A.C. PALOMARES,E.M.G.
Educação física escolar: teoria e metodologia. Rio de Janeiro:
Palestra Sport, 1997.
MATVEEV,A.P. adaptação: GOMES, A.C. Treino desportivo:
metodologia e planejamento. Guarulhos: Phorte Editora, 1997.
MINAYO, Maria Cecília de Sousa. Entrevista. Petrópolis: 1994
NOGUEIRA, Écio Madeira. Alongamento para todos os esportes. Rio
de Janeiro: Sprint, 1990.
RÓBEKA, NesKa; RANKÉLOVA, Margarita. Escola de campeãs. São
Paulo: Ícone, 1991.
ROYAL ACADEMY OF DANCING. Curso de balé. São Paulo: Martins
Fontes, 1984.
SAUER, Erica. Ginástica Rítmica Escolar. Io de Janeiro: Editora
Tecnoprint, 1980.
SILVA, S.G. Desporto juvenil: teoria e metodologia. Londrina:
CID,1996.
WEINECK, J. Biologia do esporte. São Paulo: Manole, 2000.
WEINECK, J. Treinamento ideal. São Paulo: Manole, 1999.
Angela Maria da Paz Molinari
Graduada em
Em 1972, a UNOPAR, então FEFI (Faculdade de Educação Física do Norte
do Paraná), começou a realizar um trabalho em Ginástica Rítmica
Desportiva, desporto novo e pouco conhecido no Brasil na época. A
precursora deste trabalho em nosso estado foi a professora Elisabeth
Bueno Laffranchi, que com seus acadêmicos de Educação Física fazia em
Londrina e região a popularização do desporto. Hoje esses alunos estão
pelo estado do Paraná, em diferentes municípios, atuando em vários
órgãos desportivos.
A UNOPAR iniciou em 1978 o projeto de GRD, formando uma equipe de
competição com as próprias acadêmicas de Educação Física orientadas
pela técnica Elisabeth Laffranchi. Paralelo a isto, os alunos da FEFI
organizavam campeonatos entre as crianças da região, que eles mesmos
treinavam, onde era premiado até o 5º lugar. Essas crianças eram
chamadas a treinar com a equipe da professora Elisabeth passando a
participar de eventos estaduais e nacionais nas provas de conjunto e
individual.
Em 1979, a modalidade de GRD passou a integrar o Projeto Pólos
Esportivos, criado pelo então governador do Estado do Paraná, Ney Braga,
em parceria com a Prefeitura de Londrina (Prefeito Antônio Belinati). A
coordenação ficou a cargo da professora Elisabeth que incentivou a prática
de GRD em várias cidades do estado, divulgando a modalidade e criando
novos Pólos de iniciação nestes municípios.
No ano de 1998 a Seleção Brasileira, onde parte da integrantes eram
ginastas da UNOPAR, fez uma belíssima apresentação no Campeonato
Mundial realizado em Sevilla na Espanha descendo do vigésimo quarto
lugar para o décimo terceiro, tornando-se uma das favoritas a participar
das Olimpíadas de Sídney em 2000
Em 1999 a Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica, conseguiu um dos
títulos mais importante na história da modalidade no Brasil, o
Campeonato Panamerico de Winipeg.
Pouco tempo depois foi confirmada a presença das brasileiras nas
Olimpíadas de Sídney na Austrália em 2000, no qual foram finalistas,
devido a maravilhosa apresentação da equipe.
Mas não foi apenas a seleção que fez bonito naquele ano, as ginastas que
integravam a equipe adulta da UNOPAR conseguiram o título de Campeãs
Brasileiras de Conjunto em Aracaju, e as ginastas integrantes da equipe
infantil também conseguiram o título, confirmando o favoritismo em 2001
onde obtiveram o Bi Campeonato Brasileiro de Conjuntos.
Já em 2001, a Seleção Brasileira conquistou novamente o título do
campeonato Pan Americano realizado em Cancun no México e também
venceram o Campeonato dos 4 Continentes de Ginástica Rítmica realizado
em Curitiba Pr.
Hoje a UNOPAR conta com aproximadamente 800 crianças envolvidas com
Ginástica Rítmica, nos bairros carentes e na própria UNOPAR. São
meninas que entram na iniciação e após participarem de um processo
dirigido por profissionais especializados da UNOPAR vão se aprimorando
neste esporte e assim passam a participar de eventos estaduais, nacionais
e internacionais.
Link Bar 0
NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA
Você é o Autor
Emerson da Silva*
Marcelo Inácio da Silva*
RESUMO: O presente trabalho pretende, através de um breve
estudo de cunho bibliográfico, analisar a prática da GRD como um
dos aspectos que possibilitam o desenvolvimento psicomotor da
criança. Como sabemos, a criança ao longo de sua vida, passa por
diversas transformações, tanto biológicas como físicas e
emocionais. Para um primeiro momento, procuramos discutir o
desenvolvimento psicomotor, como inicia-se, quais os seus
objetivos e as estruturas que o compõe, destacando a sua
importância no desenvolvimento total da criança. Posteriormente,
analisamos a GRD, passando por um breve contexto histórico da
modalidade, para depois, destacarmos as suas características,
objetivos e os fatores que levam a GRD a ser um aspecto
importante para o desenvolvimento total da criança, promovendo
melhorias para as suas capacidades físicas, cognitivas, afetivas e
motoras.
Palavras chaves: desenvolvimento psicomotor, GRD e criança
THE IMPORTANCE FROM GYMNASTICS RHYTHMIC
SPORTING INTO THE DEVELOPMENT PSYCHOENGINE OF
THE CHILD.
ABSTRACT: The present work intends, through a briefing study of
bibliographical matrix, to analyze the practical one of the GRD as
one of the aspects that make possible the psychoengine
development of the child. As we know, the child throughout its life,
passes for diverse transformations, biological as physics and in
such a way emotional. For a first moment, we look for to argue the
psychoengine development, as it is initiated, which its objectives
and the structures that compose it, detaching its importance in the
total development of the child. Later, we analyze the GRD, passing
for a brief historical context of modalidae, about to after, to detach
its characteristics, objectives and the factors that take the GRD to
be an important aspect for the total development of child,
promoting improvements for its capacity physics, cognitives,
affective and motor.
KeyWords: development psychoengine, GRD and child.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho, tem como temática, a
importância da GRD no desenvolvimento psicomotor da
criança. Por meio de estudos bibliográficos, analisamos a
GRD como um dos fatores que auxiliam a criança em seu
desenvolvimento psicomotor.
Como todos sabemos, as crianças passam por diversas
transformações ao longo de sua vida, tanto biológicas, como
físicas e emocionais. Para compreendermos essas
transformações e o seu desenvolvimento, num primeiro
momento, discutiremos o desenvolvimento psicomotor:
como inicia-se; as estruturas que o compõem; e a sua
participação na vida ativa da criança, no movimentar-se e na
sociedade. Com essa identificação, passaremos,
posteriormente, à analisar a GRD, destacando um breve
contexto histórico da modalidade, para depois, discutirmos
as características que fazem da GRD um fator importante
para o desenvolvimento total da criança, promovendo
melhorias para suas capacidades físicas, cognitivas, afetivas
e motoras.
Portanto, este trabalho, visa atender as expectativas
de profissionais da educação física, como técnicos da GRD, a
fim de trabalha-la como uma modalidade completa, ou seja,
competitiva, mas que também colabore para o
desenvolvimento psicomotor, para o aprendizado e a
valorização do individuo na sociedade.
A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA RITMÍCA DESPORTIVA
PARA O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
O desenvolvimento psicomotor é o ponto de referência para
se avaliar e diagnosticar qualquer atraso na motricidade infantil e
desenvolver as faculdades expressivas dos indivíduos. Inicia-se a
partir do nascimento da criança estendendo-se até a adolescência,
passando por diversas fases que, são caracterizadas pelas relações
afetivas e emocionais vividas pelas crianças em seu meio social,
expressando-se por meio dos movimentos.
Uma das principais manifestações da vida do se humano é o
movimento, tornando-se essencial para a formação da
personalidade da criança. O movimento humano é à base da
constituição histórica da humanidade, traduzindo a relação do
homem com o seu exterior (natureza/sociedade), portanto é de
fundamental importância para o desenvolvimento total da criança,
como explica Fonseca (1983).
É o movimento que, projetando no meio
uma realidade humana, permite a criança
uma atenuação de grupos musculares
onerosos (sincinesias e paratonias), que
proporcionarão
uma
progressiva
coordenação e uma melhor habilidade
manual. (...) As percepções e os
movimentos , ao estabelecerem relação
com o
exterior, elaboram a função
simbólica que gera a linguagem, e esta dá
origem à representação e ao pensamento
(Fonseca, 1983, p. 23,26).
Ainda Fonseca (1983), comenta que “o movimento humano
é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção
como expressividade intima, o movimento transforma-se em
comportamento significante”. O movimento humano é a parte
mais ampla e significativa do comportamento do ser humano. É
obtido por intermédio de três fatores básicos: os músculos, a
emoção e os nervos, formados por um sistema de sinalizações que
lhes permitem atuar de forma coordenada.
A partir do movimento, a criança cria sua imagem de corpo,
o seu esquema corporal e o seu elo de comunicação com o
exterior, constituindo dessa forma, sua individualidade e a sua
história.
A
função
motora
(motricidade),
o
desenvolvimento
intelectual (mente) e o desenvolvimento afetivo-emocional estão
intimamente ligados na criança, compondo e formando relações
que, facilitam a abordagem global da criança e constituem as
estruturas do desenvolvimento psicomotor.
A unidade básica do movimento, que abrange a capacidade
de equilíbrio e assegura as posições estáticas, são as estruturas
psicomotoras. As estruturas psicomotoras definidas como básicas
são: locomoção, manipulação e tônus corporal, que interagem com
a organização espaço-temporal, as coordenações finas e amplas,
coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo
e o relaxamento (Barros, 1972).
Para Coste (1981, p 50) “a evolução da criança não se
realiza de um modo regular e progressivo, (...) por isso que nunca
se deve querer ir depressa demais, (...) querer ganhar tempo é
com freqüência uma forma de chegar atrasado”. Portanto, deve-se
respeitar
o
desenvolvimento
das
estruturas
psicomotoras
e
acompanhá-las para que não ocorram atrasos na evolução da
criança.
Para a compreensão das estruturas do desenvolvimento
psicomotor, baseamos na obra de Coste (1981), intitulada “A
Psicomotricidade”.
Por intermédio da obra citada acima, verificamos que o
primeiro passo para o desenvolvimento psicomotor é a percepção
e o reconhecimento do corpo pela criança (esquema corporal).
Para Wallon (APUD REIS, 1984) “o esquema corporal é um
elemento básico, indispensável para a formação da personalidade
da criança. É a representação relativamente global, cientifica e
diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo”.
Para Reis (1984) o desenvolvimento do esquema corporal
acontece de forma progressiva e, que a partir da conscientização
da criança em relação ao seu próprio corpo, ela passara a perceber
e a ter domínio sobre os seus movimentos, dessa forma agindo e
transformando a sociedade.
A própria criança percebe-se e percebe os
seres e as coisas que a cercam em função
da sua pessoa. Sua personalidade se
desenvolverá graças a uma progressiva
tomada de consciência do seu corpo, do
seu ser, de suas possibilidades de agir e
transformar o mundo à sua volta (Reis,
1984).
A progressão do reconhecimento da imagem do seu próprio
corpo pela criança, pode ser notada por meio de uma experiência
em que se coloca a criança na frente de um espelho, dessa forma,
cada semana verifica-se esse progresso, no qual a criança passa a
explorar a sua imagem refletida. Ainda existe outro teste para a
identificar a evolução do esquema corporal pela criança: “o teste
do homenzinho”, que se caracteriza por desenhos de crianças em
suas fases de desenvolvimento, que representam o corpo humano,
verificando dessa forma, a maturação delas a respeito de sua
concepção de corpo. (Coste, 1981).
Após o reconhecimento da criança do seu próprio corpo,
aparece a estruturação espaço–temporal. Essa estruturação é a
orientação, a tomada de consciência da situação de seu próprio
corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que
pode ter em relação às pessoas e objetos, estáticos ou em
movimento.
Para Coste, o desenvolvimento da estrutura espaço–
temporal, possibilita ao indivíduo organizar-se perante o mundo
que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um
lugar e de movimentá-las.
A estruturação espaço temporal é um dado
importante para uma adaptação favorável
do individuo. Ela permite-lhe não só
movimentar-se e reconhecer se no espaço,
mas também concatenar e dar seqüência
aos seus gestos, localizar as partes do seu
corpo e situá-los no espaço, coordenar sua
atividade e organizar sua vida cotidiana
(Coste, 1981, p. 57).
Todas as alterações e adaptações que ocorrem no meio
ambiente e nos indivíduos, passam, antes de tudo, pela adaptação
ao tempo e ao espaço.
O tempo é constituído por quatro níveis, duração, ordem,
sucessão e ritmo que se relacionam entre si, formando a
estruturação temporal do individuo.
Com o desenvolvimento da estruturação temporal, a criança
começa a distinguir as sucessões de acontecimentos (antes, após,
durante), a duração dos intervalos (tempo longo, curto), a
renovação cíclica de certos períodos (dias, meses, estações, anos)
e os ritmos exteriores e do corpo (são fatores de estruturação
temporal que sustenta a adaptação do tempo). As noções
temporais são muito abstratas, muitas vezes bem difíceis de
serem adquiridas pelas crianças.
Para Coste (1981 p, 57) “a adaptação ao tempo é função do
desenvolvimento do conjunto da personalidade”. Assim nota-se,
que através do desenvolvimento do esquema corporal, ou seja, da
conscientização da criança em relação ao seu próprio corpo, do
movimentar-se e das suas relações com o exterior, é que ela
passa ter, progressivamente, noções sobre o tempo.
O espaço é definido pela sua variedade de significados,
podendo estar relacionado a uma extensão infinita (espaço
sideral), a uma extensão superficial limitada (medidas) e a uma
extensão de tempo e intervalos (minutos, lento, rápido).
Para o estudo do desenvolvimento psicomotor, as noções
que analisaremos são ás de extensão superficial limitado e a de
extensão de tempo e intervalos.
Coste (1981) mostra-nos que o espaço é uma percepção do
mundo, onde a referência é o nosso corpo reduzido à superfície da
pele. Ainda para ele, o espaço e o tempo estão totalmente unidos;
e todos os fatos e movimentos se desenrolam durante um
determinado tempo e em um determinado espaço.
Para a criança, a concepção de espaço, passa a desenvolverse, inicialmente, a partir das suas impressões totais, progredindo
paralelamente com o desenvolvimento motor, sua expressividade,
e a suas relações no espaço da comunicação.
Para Coste (1981), o desenvolvimento da percepção do
espaço, passa por três fases: “espaço topológico vivido” – cujo
ponto de referência é o corpo próprio (antes dos 3 anos); “espaço
representativo
euclidiano”
–
reconhecimento
das
formas
geométricas (entre 3-7 anos); “espaço projetivo, intelectualizado”
– pontos de referência exteriores ao seu próprio corpo (entre 7-12
anos). Portanto, a concepção de espaço pela criança é construída a
partir das experiências vividas por elas com o seu corpo e com o
mundo exterior.
Durante o crescimento, naturalmente se define uma
dominância lateral da criança: será mais forte, mais hábil e mais
ágil do lado direito ou lado esquerdo.
A lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas
também é influenciado pelos hábitos sociais, dessa forma constitui
um elemento importante da adaptação psicomotora.
Para Coste, a dominância lateral só se desenvolvera “a partir
do momento em que os movimentos se combinam e se organizam
numa intenção motora” (p. 64), impondo-se dessa forma, a
lateralidade por intermédio das experiências e da complexidade
dos movimentos vividos pela criança.
A lateralidade da criança, para Le Bouch (1982), inicia-se a
partir dos dois anos de idade, durante um período denominado por
ele como “discriminação perceptiva”, que se elabora na criança a
predominância lateral, contudo porem, a lateralidade só pode ser
definida na criança, após os cinco anos de idade.
Com efeito, a lateralização participa em todos os níveis de
desenvolvimento da criança, só se instalando definitivamente após
a criança ter passado etapas de processo de desenvolvimento: a
montagem do esquema corporal, que organiza as percepções
totais, visuais e os movimentos coordenados; e a estrutura
espacial que ajuda a criança a discriminar a sua direita e
esquerda, frente-trás, por meio das percepções de espaço
adquiridas no seu movimentar-se cotidiano.
A lateralização (...) da criança (...)
acompanha cada um de seus passos:
localização no próprio corpo, projeção de
seus pontos de referenciais a partir do
corpo e, depois, organização do espaço
independentemente do corpo (Coste 1981,
p 66).
Não devemos confundir lateralidade (dominância de um lado
em relação ao outro) e conhecimento “direito-esquerdo” (domínio
dos termos “direito” e “esquerdo”)
O conhecimento “esquerda-direita” decorre da noção de
dominância lateral. É a generalização da percepção do eixo
corporal, a tudo que cerca a criança, esse conhecimento será mais
facilmente apreendido quanto mais acentuada e homogênea for à
lateralidade da criança. Com efeito, se a criança percebe que
trabalha naturalmente “com que mão”, guardará sem dificuldade
que “aquela mão” é esquerda ou direita.
Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) e desenvolvimento
psicomotor
A história da GRD aconteceu de forma progressiva e lenta,
recebendo influência de vários pensadores e de várias linhas da
ciência humana.
Um dos primeiros relatos acerca do principio da atividade
física associada ao ritmo Russeau (1712 – 1778), filosofo e
pedagogo, realizou estudos sobre o desenvolvimento técnico e
prático para a educação infantil, já Muts (1759 – 1839), foi o
criador da ginástica pedagógica, fundamentada em princípios
filosóficos e em exercícios que buscavam o fortalecimento do
individuo, saúde e preparação para a guerra.
O lado artístico da GRD teve seu inicio com Delsarte (18111871), que caracterizou o seu trabalho pela busca da expressão
dos sentimentos por intermédio dos gestos corporais,
influenciando a expressão da ginástica atual. Dalcroze (18651950), pedagogo e professor de música iniciou a prática de
exercícios rítmicos como meio de desenvolvimento da sensibilidade
musical através dos movimentos do corpo. Desenvolve diversos
estudos filosóficos dos quais conclui a existência da intima relação
entre harmonia dos movimentos e seu dinamismo, entre o
equilíbrio e os diversos estados do sistema nervoso central,
exercendo influência na formação das escolas de dança e no
desenvolvimento da Educação Física.
Dando continuidade ao lado artístico da GRD, Bode (1881 –
1971) aluno de Dalcroze, estabeleceu os princípios básicos de
GRD, onde o mais importante era o fluir do movimento e seu
caráter natural e integral, demonstrando através dos
movimentos, os diversos estados emocionais do individuo. Suas
teorias são fundamentadas no principio da contração e
relaxamento, que é a própria essência do movimento humano e
forma a unidade do ritmo corporal. Quanto ao espaço explorou as
direções e planos em todas as suas possibilidades, o que constitui
a base da variação dos deslocamentos na ginástica rítmica atual.
Introduziu a ginástica de expressão, que faz com que o individuo
tenha mais liberdade, flexibilidade, movimentos naturais e
espontâneos; e ainda o trabalho em grupo, destacando a
colaboração e harmonia entre seus participantes.
O alemão Medau (1890-1974), formado na escola de
ginástica de Bode, estudou os exercícios rítmicos e iniciou a
introdução de aparelhos, como o arco, as maças e a bola, dando o
primeiro passo para a utilização dos aparelhos nos exercícios
femininos.
A ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o final da
I guerra mundial, mas não possuía regras específicas nem um
nome determinado. Varias escolas inovavam os exercícios
tradicionais da Ginástica Artística, misturando-se com a música.
A então Ginástica Rítmica, esporte independente, passo a ser
chamada de Ginástica Moderna (1962), em reconhecimento pela
Federação internacional de Ginástica (F.I.G). Mais tarde em 1975
passa a ser denominado de Ginástica Rítmica Desportiva,
estabelecendo-se definitivamente sua característica competitiva.
A partir desse contexto histórico, verifica-se que a GRD se
tornou uma arte dinâmica, criativa e natural, que utiliza-se da
linguagem corporal por meio de movimentos expressivos ,
descrevendo a linguagem e o movimento através de seu veículo de
interpretação que é o corpo. É caracterizado pela música e
movimentos coordenados com a utilização de aparelhos portáteis
(corda, aro, fitas, maças e bolas). Para Barros e Nedialcova (n/d)
a GRD é definida “pela sua relação harmoniosa entre o corpo em
movimento, os objetos manipulados entre o corpo em movimento
e os espaços envolventes inter-relacionados a música,
possibilitando assim toda sua expressão”, já Roberval (1991),
caracteriza a GRD pela união do movimento e a música,
transformando-se em movimentos rítmicos próprios do GRD.
A GRD explora as qualidades estéticas e
rítmicas e suas principais características são
a utilização de materiais (...) e da música, o
que torna atraente e empolgante (...) com
movimentos de características próprias,
diferentes de outras escolas de expressão
corporal (Wiederkeh, 1985, p. 34).
Outra
forma
de
se
caracterizar
a
GRD
é
pela
sua
competitividade esportiva, que exige alto nível de capacidade
coordenativa das atletas, em que o desempenho físico, técnico e
rítmico do atleta devem estar presentes nas suas apresentações,
sejam individuais ou em conjunto.
Para Barros e Nedialcova (s/d), “como desporto competitivo
está presente em todas as formas harmônicas da totalidade do
movimento”. Portanto, mesmo na competição a GRD, tem caráter
de relação do corpo (EU), os objetos (aparelhos) e os outros.
Os objetivos da GRD estão intimamente ligados ao
desenvolvimento psicomotor da criança, propondo-se a estimular e
desenvolver as estruturas psicomotoras, educando os
movimentos, aumentando as qualidades físicas, desenvolvendo o
aspecto social do individuo (inclusão social), sua criatividade e
imaginação.
De acordo com Pallares (1983, p17) a GRD se baseia em 3
princípios básicos: “movimento natural”: rítmico e orgânico; “movimento total”: corpo espírito e mente, e do “movimento
fluente”: renovação e espontaneidade. A mesma autora afirma que
o objetivo da GRD é “cooperar para a educação integral da
criança, podendo promover sua educação, atendendo suas
necessidades, possibilidades e interesses nas áreas físicas,
espiritual, mental e social” (p.17 e 18), já para Pereira (2000), a
GRD tem por objetivo:
Trabalhar a coordenação motora, a
percepção espacial, a lateralidade, como
também a consciência corporal, a postura
e as qualidades físicas (...) contribui para
o desenvolvimento e ou aprimoramento de
esquema corporal (Pereira 2000, p.18)
Na escola, a GRD, tem como objetivos, alem de auxiliar o
desenvolvimento psicomotor da criança, promover a inclusão
social, de forma que a criança passe a se tornar ativa na
sociedade, com uma formação crítica e transformadora.
Para que a GRD alcance os seus objetivos, são necessários
ter em mente os componentes básicos da modalidade, que são: os
elementos
corporais
dos
grupos
fundamentais
(salto,
pivô,
equilíbrio e flexibilidade) e outros grupos (saltitos, deslocamento
variado, balanceamentos, circunduções e giros) - movimentos
esses que geralmente estão no cotidiano de cada criança -; e os
elementos do grupo técnico dos aparelhos. É por meio desses
elementos que o profissional de educação física, irá desenvolver o
seu trabalho a fim de atingir os objetivos do GRD.
Por meio do desenvolvimento dos elementos corporais, a
GRD proporciona a criança o desenvolvimento/aprimoramento das
qualidades físicas, do esquema corporal da estruturação espaço
temporal,
além
de
uma
conscientização
dos
movimentos
apresentados pelo seu corpo, sendo a base indispensável dos
exercícios individuais e de conjuntos.
Para Barros e Nedialcova (S/D), os movimentos dos
elementos corporais da GRD, surgem com o desenvolvimento
psicomotor, que evoluem com a maturação neurológica da criança,
de forma natural. Para as autoras.
Essas atividades são as formas concretas
de ação das estruturas psicomotoras de
locomoção, manipulação, tônus corporal,
organização espaço temporal, coordenação
óculo-segmentar, equilíbrio, coordenação
da dinâmica geral, ritmo e relaxamento
(Barros e Nedialcova, s/d).
O desenvolvimento das qualidades físicas também tem sua
importância
na
GRD,
pois
sevem
de
suporte
para
o
desenvolvimento psicomotor da criança. Para Pereira (2000), as
qualidades físicas desenvolvidas pela GRD são: velocidade, força,
equilíbrio, coordenação, ritmo, agilidade, resistência, flexibilidade
e descontração; todos relacionam-se para dar a GRD movimentos
aperfeiçoados, de beleza estética e amplitude.
O profissional de educação física deve destacar em suas
aulas, a importância dos movimentos do elemento corporal e
principalmente identificar em seus alunos, possíveis “anomalias” –
distúrbios físicos, falta de ritmo, descoordenação motora, desvios
psicológicos – que podem surgir no movimentar-se, procurando
caracterizar o motivo dessa “anomalia” e buscar meios e
alternativas para corrigi-los, pois são movimentos do cotidiano de
cada criança. “Os processos de exploração e descobertas são
capazes de permitir a expressão natural e espontânea dos alunos
além de auxiliar no desenvolvimento de programas adequados a
seus anseios e suas capacidades individuais". (Velardi, 1999 p.
30).
Os elementos dos aparelhos (bola, corda, fita, maças e
arco), também têm seu papel de colaboração para o
desenvolvimento psicomotor, facilitando a realização dos
movimentos do cotidiano e a educação rítmica da criança. Dentro
de cada aparelho, desenvolve se os grupos técnicos que auxiliam
desenvolvimento das séries e dá a cada aparelho sua
autenticidade e beleza.
Os grupos técnicos são constituídos por movimentos do
corpo, contidos nos elementos corporais da GRD, com o manuseio
do aparelho. Destaca-se que através da utilização dos aparelhos, a
criança desenvolve sua lateralidade, sua percepção espacial,
dinamismo, criatividade e expressão corporal por intermédio dos
movimentos, além de segurança e confiabilidade em si própria.
Alguns dos aparelhos utilizados na GRD fazem parte do
cotidiano das crianças, como a corda, a bola e o arco, tornando o
aprendizado dos grupos técnicos desses aparelhos de maior
facilidade para se desenvolver. Os aparelhos atingem cada qual,
um objetivo diferente no desenvolvimento das capacidades
psicomotoras, como Bizzochi (1985) nos demonstra quando diz
que: pela forma arredondada e larga dimensões, o arco facilita a
aquisição e o desenvolvimento do senso no espaço, considerado
como base indispensável para que se possa ordenar e formar
movimentos. O trabalho com o Arco vai ainda favorecer e
melhorar a tonicidade muscular, a elasticidade e a mobilidade
rítmica, o fluxo sanguíneo, a organização espaço-temporal, o ritmo
do movimento (tensão/relaxamento), a diversidade de
movimentos e o trabalho articular. Vai levar o praticante a
estender-se e alongar-se, tomando consciência do movimento.
Outros fatores que colaboram para o desenvolvimento
psicomotor na GRD, são o ritmo e a constituição das séries em
conjunto.
O ritmo, além de dar suporte ao movimento ginástico, pode
também ser um instrumento de educação da criança, que é
determinado pelos seguintes objetivos: adaptações a ritmos
diferentes; conservar um determinado ritmo; seguir o ritmo com o
corpo e a voz; memorizar e reproduzir um ritmo; identificar os
compassos, os tempos fortes e fracos; e verbalizar o ritmo
mediante palavras. Através desses objetivos é possível fazer com
que a crianças entenda e tome consciência da importância que o
ritmo tem nas nossas vidas.
A
constituição
de
séries
em
conjunto,
auxilia
no
desenvolvimento da imaginação e da criatividade, na comunicação
e no aspecto social da criança (inclusão social).
Relacionar-se com o outro nas series de conjunto, por
intermédio do ensino da GRD, é fundamental. Este relacionamento
deve ser bem proporcionado para que haja uma relação entre
professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor. Nesse aspecto as
atividades psicomotoras propiciam a criança uma vivencia com
espontaneidade das experiências corporais, criando uma simbiose
afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor,
afastando os tabus e preconceitos que influenciam negativamente
as relações interpessoais.
Para que todos os fatores da GRD, que auxiliam no
desenvolvimento psicomotor sejam aplicados de forma eficaz, é
necessário que o profissional da área de educação física, esteja
realmente consciente dos objetivos da GRD, buscando sempre
inovações pedagógicas e formas de atuarem em suas aulas,
visando sempre o aprendizado e o desenvolvimento do aluno.
Conclusão
Na GRD, o desenvolvimento dos aspectos motor, social,
emocional e lúdico da personalidade e a destreza dos movimentos
corporais são vivenciados, por meio de atividades motoras
organizadas e seqüenciais, desenvolvidas individualmente e em
grupo.
Afirmamos, portanto, que a GRD, por intermédio de
atividades afetivas, psicomotoras e sociopsicomotoras, constitui-se
num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso na
integração entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o
individuo e o grupo, promovendo a totalidade do ser humano.
Possui
também
um
impacto
positivo
no
pensamento,
no
conhecimento e ação, nos domínios cognitivos, na vida de crianças
e jovens. E crianças e jovens fisicamente educados vão para uma
vida ativa, saudável e produtiva, criando uma integração segura e
adequado desenvolvimento de corpo, mente e espírito.
Assim, a GRD, pelas suas possibilidades de desenvolver a
dimensão psicomotora das pessoas, principalmente em crianças e
adolescentes, conjuntamente com os domínios cognitivos e sociais,
é de grande importância no ensino escolar e na vida da criança.
Referências Bibliográficas:
BARROS, Daisy e Nedialcova, Giurgo T. Os principais passos da
Ginástica Rítmica. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sports.
FONSECA, Vitor da, Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes,
1983.
PEREIRA, Sissi Aparecida Martins. Ginástica Rítmica Desportiva.
Rio de Janeiro: Shape, 2000.
A evolução da Ginástica Rítmica Desportiva.
VELARDI, Marilio. Ginástica Rítmica: a necessidade de novos
modelos
pedagógicos.
In:
PICOLLO,
Vilma
Lenista
(org).
Pedagogia dos esportes . Campinas: Papiocus , 1999.
COSTE, Jean-Claude. A Psicomotricidade. Paris: traduzido pela
Presses Universitaries de France, 1981.
BARROS, Daysy Regina e BARROS, Darcymires. Educação física
na escola primária. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
LE BOULCH, Jean. Desenvolvimento psicomotor – do
nascimento até os seis anos. Porto Alegre: Artes Médicas,
1982.
* Acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade
Estadual de Maringá
Link Bar 1
Link Bar 2
NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA
Você é o Autor
Emerson da Silva*
Marcelo Inácio da Silva*
RESUMO: O presente trabalho pretende, através de um breve
estudo de cunho bibliográfico, analisar a prática da GRD como um
dos aspectos que possibilitam o desenvolvimento psicomotor da
criança. Como sabemos, a criança ao longo de sua vida, passa por
diversas transformações, tanto biológicas como físicas e
emocionais. Para um primeiro momento, procuramos discutir o
desenvolvimento psicomotor, como inicia-se, quais os seus
objetivos e as estruturas que o compõe, destacando a sua
importância no desenvolvimento total da criança. Posteriormente,
analisamos a GRD, passando por um breve contexto histórico da
modalidade, para depois, destacarmos as suas características,
objetivos e os fatores que levam a GRD a ser um aspecto
importante para o desenvolvimento total da criança, promovendo
melhorias para as suas capacidades físicas, cognitivas, afetivas e
motoras.
Palavras chaves: desenvolvimento psicomotor, GRD e criança
THE IMPORTANCE FROM GYMNASTICS RHYTHMIC
SPORTING INTO THE DEVELOPMENT PSYCHOENGINE OF
THE CHILD.
ABSTRACT: The present work intends, through a briefing study of
bibliographical matrix, to analyze the practical one of the GRD as
one of the aspects that make possible the psychoengine
development of the child. As we know, the child throughout its life,
passes for diverse transformations, biological as physics and in
such a way emotional. For a first moment, we look for to argue the
psychoengine development, as it is initiated, which its objectives
and the structures that compose it, detaching its importance in the
total development of the child. Later, we analyze the GRD, passing
for a brief historical context of modalidae, about to after, to detach
its characteristics, objectives and the factors that take the GRD to
be an important aspect for the total development of child,
promoting improvements for its capacity physics, cognitives,
affective and motor.
KeyWords: development psychoengine, GRD and child.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho, tem como temática, a
importância da GRD no desenvolvimento psicomotor da
criança. Por meio de estudos bibliográficos, analisamos a
GRD como um dos fatores que auxiliam a criança em seu
desenvolvimento psicomotor.
Como todos sabemos, as crianças passam por diversas
transformações ao longo de sua vida, tanto biológicas, como
físicas e emocionais. Para compreendermos essas
transformações e o seu desenvolvimento, num primeiro
momento, discutiremos o desenvolvimento psicomotor:
como inicia-se; as estruturas que o compõem; e a sua
participação na vida ativa da criança, no movimentar-se e na
sociedade. Com essa identificação, passaremos,
posteriormente, à analisar a GRD, destacando um breve
contexto histórico da modalidade, para depois, discutirmos
as características que fazem da GRD um fator importante
para o desenvolvimento total da criança, promovendo
melhorias para suas capacidades físicas, cognitivas, afetivas
e motoras.
Portanto, este trabalho, visa atender as expectativas
de profissionais da educação física, como técnicos da GRD, a
fim de trabalha-la como uma modalidade completa, ou seja,
competitiva, mas que também colabore para o
desenvolvimento psicomotor, para o aprendizado e a
valorização do individuo na sociedade.
A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA RITMÍCA DESPORTIVA
PARA O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
O desenvolvimento psicomotor é o ponto de referência para
se avaliar e diagnosticar qualquer atraso na motricidade infantil e
desenvolver as faculdades expressivas dos indivíduos. Inicia-se a
partir do nascimento da criança estendendo-se até a adolescência,
passando por diversas fases que, são caracterizadas pelas relações
afetivas e emocionais vividas pelas crianças em seu meio social,
expressando-se por meio dos movimentos.
Uma das principais manifestações da vida do se humano é o
movimento, tornando-se essencial para a formação da
personalidade da criança. O movimento humano é à base da
constituição histórica da humanidade, traduzindo a relação do
homem com o seu exterior (natureza/sociedade), portanto é de
fundamental importância para o desenvolvimento total da criança,
como explica Fonseca (1983).
É o movimento que, projetando no meio
uma realidade humana, permite a criança
uma atenuação de grupos musculares
onerosos (sincinesias e paratonias), que
proporcionarão
uma
progressiva
coordenação e uma melhor habilidade
manual. (...) As percepções e os
movimentos , ao estabelecerem relação
com o
exterior, elaboram a função
simbólica que gera a linguagem, e esta dá
origem à representação e ao pensamento
(Fonseca, 1983, p. 23,26).
Ainda Fonseca (1983), comenta que “o movimento humano
é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção
como expressividade intima, o movimento transforma-se em
comportamento significante”. O movimento humano é a parte
mais ampla e significativa do comportamento do ser humano. É
obtido por intermédio de três fatores básicos: os músculos, a
emoção e os nervos, formados por um sistema de sinalizações que
lhes permitem atuar de forma coordenada.
A partir do movimento, a criança cria sua imagem de corpo,
o seu esquema corporal e o seu elo de comunicação com o
exterior, constituindo dessa forma, sua individualidade e a sua
história.
A
função
motora
(motricidade),
o
desenvolvimento
intelectual (mente) e o desenvolvimento afetivo-emocional estão
intimamente ligados na criança, compondo e formando relações
que, facilitam a abordagem global da criança e constituem as
estruturas do desenvolvimento psicomotor.
A unidade básica do movimento, que abrange a capacidade
de equilíbrio e assegura as posições estáticas, são as estruturas
psicomotoras. As estruturas psicomotoras definidas como básicas
são: locomoção, manipulação e tônus corporal, que interagem com
a organização espaço-temporal, as coordenações finas e amplas,
coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo
e o relaxamento (Barros, 1972).
Para Coste (1981, p 50) “a evolução da criança não se
realiza de um modo regular e progressivo, (...) por isso que nunca
se deve querer ir depressa demais, (...) querer ganhar tempo é
com freqüência uma forma de chegar atrasado”. Portanto, deve-se
respeitar
o
desenvolvimento
das
estruturas
psicomotoras
e
acompanhá-las para que não ocorram atrasos na evolução da
criança.
Para a compreensão das estruturas do desenvolvimento
psicomotor, baseamos na obra de Coste (1981), intitulada “A
Psicomotricidade”.
Por intermédio da obra citada acima, verificamos que o
primeiro passo para o desenvolvimento psicomotor é a percepção
e o reconhecimento do corpo pela criança (esquema corporal).
Para Wallon (APUD REIS, 1984) “o esquema corporal é um
elemento básico, indispensável para a formação da personalidade
da criança. É a representação relativamente global, cientifica e
diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo”.
Para Reis (1984) o desenvolvimento do esquema corporal
acontece de forma progressiva e, que a partir da conscientização
da criança em relação ao seu próprio corpo, ela passara a perceber
e a ter domínio sobre os seus movimentos, dessa forma agindo e
transformando a sociedade.
A própria criança percebe-se e percebe os
seres e as coisas que a cercam em função
da sua pessoa. Sua personalidade se
desenvolverá graças a uma progressiva
tomada de consciência do seu corpo, do
seu ser, de suas possibilidades de agir e
transformar o mundo à sua volta (Reis,
1984).
A progressão do reconhecimento da imagem do seu próprio
corpo pela criança, pode ser notada por meio de uma experiência
em que se coloca a criança na frente de um espelho, dessa forma,
cada semana verifica-se esse progresso, no qual a criança passa a
explorar a sua imagem refletida. Ainda existe outro teste para a
identificar a evolução do esquema corporal pela criança: “o teste
do homenzinho”, que se caracteriza por desenhos de crianças em
suas fases de desenvolvimento, que representam o corpo humano,
verificando dessa forma, a maturação delas a respeito de sua
concepção de corpo. (Coste, 1981).
Após o reconhecimento da criança do seu próprio corpo,
aparece a estruturação espaço–temporal. Essa estruturação é a
orientação, a tomada de consciência da situação de seu próprio
corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que
pode ter em relação às pessoas e objetos, estáticos ou em
movimento.
Para Coste, o desenvolvimento da estrutura espaço–
temporal, possibilita ao indivíduo organizar-se perante o mundo
que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um
lugar e de movimentá-las.
A estruturação espaço temporal é um dado
importante para uma adaptação favorável
do individuo. Ela permite-lhe não só
movimentar-se e reconhecer se no espaço,
mas também concatenar e dar seqüência
aos seus gestos, localizar as partes do seu
corpo e situá-los no espaço, coordenar sua
atividade e organizar sua vida cotidiana
(Coste, 1981, p. 57).
Todas as alterações e adaptações que ocorrem no meio
ambiente e nos indivíduos, passam, antes de tudo, pela adaptação
ao tempo e ao espaço.
O tempo é constituído por quatro níveis, duração, ordem,
sucessão e ritmo que se relacionam entre si, formando a
estruturação temporal do individuo.
Com o desenvolvimento da estruturação temporal, a criança
começa a distinguir as sucessões de acontecimentos (antes, após,
durante), a duração dos intervalos (tempo longo, curto), a
renovação cíclica de certos períodos (dias, meses, estações, anos)
e os ritmos exteriores e do corpo (são fatores de estruturação
temporal que sustenta a adaptação do tempo). As noções
temporais são muito abstratas, muitas vezes bem difíceis de
serem adquiridas pelas crianças.
Para Coste (1981 p, 57) “a adaptação ao tempo é função do
desenvolvimento do conjunto da personalidade”. Assim nota-se,
que através do desenvolvimento do esquema corporal, ou seja, da
conscientização da criança em relação ao seu próprio corpo, do
movimentar-se e das suas relações com o exterior, é que ela
passa ter, progressivamente, noções sobre o tempo.
O espaço é definido pela sua variedade de significados,
podendo estar relacionado a uma extensão infinita (espaço
sideral), a uma extensão superficial limitada (medidas) e a uma
extensão de tempo e intervalos (minutos, lento, rápido).
Para o estudo do desenvolvimento psicomotor, as noções
que analisaremos são ás de extensão superficial limitado e a de
extensão de tempo e intervalos.
Coste (1981) mostra-nos que o espaço é uma percepção do
mundo, onde a referência é o nosso corpo reduzido à superfície da
pele. Ainda para ele, o espaço e o tempo estão totalmente unidos;
e todos os fatos e movimentos se desenrolam durante um
determinado tempo e em um determinado espaço.
Para a criança, a concepção de espaço, passa a desenvolverse, inicialmente, a partir das suas impressões totais, progredindo
paralelamente com o desenvolvimento motor, sua expressividade,
e a suas relações no espaço da comunicação.
Para Coste (1981), o desenvolvimento da percepção do
espaço, passa por três fases: “espaço topológico vivido” – cujo
ponto de referência é o corpo próprio (antes dos 3 anos); “espaço
representativo
euclidiano”
–
reconhecimento
das
formas
geométricas (entre 3-7 anos); “espaço projetivo, intelectualizado”
– pontos de referência exteriores ao seu próprio corpo (entre 7-12
anos). Portanto, a concepção de espaço pela criança é construída a
partir das experiências vividas por elas com o seu corpo e com o
mundo exterior.
Durante o crescimento, naturalmente se define uma
dominância lateral da criança: será mais forte, mais hábil e mais
ágil do lado direito ou lado esquerdo.
A lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas
também é influenciado pelos hábitos sociais, dessa forma constitui
um elemento importante da adaptação psicomotora.
Para Coste, a dominância lateral só se desenvolvera “a partir
do momento em que os movimentos se combinam e se organizam
numa intenção motora” (p. 64), impondo-se dessa forma, a
lateralidade por intermédio das experiências e da complexidade
dos movimentos vividos pela criança.
A lateralidade da criança, para Le Bouch (1982), inicia-se a
partir dos dois anos de idade, durante um período denominado por
ele como “discriminação perceptiva”, que se elabora na criança a
predominância lateral, contudo porem, a lateralidade só pode ser
definida na criança, após os cinco anos de idade.
Com efeito, a lateralização participa em todos os níveis de
desenvolvimento da criança, só se instalando definitivamente após
a criança ter passado etapas de processo de desenvolvimento: a
montagem do esquema corporal, que organiza as percepções
totais, visuais e os movimentos coordenados; e a estrutura
espacial que ajuda a criança a discriminar a sua direita e
esquerda, frente-trás, por meio das percepções de espaço
adquiridas no seu movimentar-se cotidiano.
A lateralização (...) da criança (...)
acompanha cada um de seus passos:
localização no próprio corpo, projeção de
seus pontos de referenciais a partir do
corpo e, depois, organização do espaço
independentemente do corpo (Coste 1981,
p 66).
Não devemos confundir lateralidade (dominância de um lado
em relação ao outro) e conhecimento “direito-esquerdo” (domínio
dos termos “direito” e “esquerdo”)
O conhecimento “esquerda-direita” decorre da noção de
dominância lateral. É a generalização da percepção do eixo
corporal, a tudo que cerca a criança, esse conhecimento será mais
facilmente apreendido quanto mais acentuada e homogênea for à
lateralidade da criança. Com efeito, se a criança percebe que
trabalha naturalmente “com que mão”, guardará sem dificuldade
que “aquela mão” é esquerda ou direita.
Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) e desenvolvimento
psicomotor
A história da GRD aconteceu de forma progressiva e lenta,
recebendo influência de vários pensadores e de várias linhas da
ciência humana.
Um dos primeiros relatos acerca do principio da atividade
física associada ao ritmo Russeau (1712 – 1778), filosofo e
pedagogo, realizou estudos sobre o desenvolvimento técnico e
prático para a educação infantil, já Muts (1759 – 1839), foi o
criador da ginástica pedagógica, fundamentada em princípios
filosóficos e em exercícios que buscavam o fortalecimento do
individuo, saúde e preparação para a guerra.
O lado artístico da GRD teve seu inicio com Delsarte (18111871), que caracterizou o seu trabalho pela busca da expressão
dos sentimentos por intermédio dos gestos corporais,
influenciando a expressão da ginástica atual. Dalcroze (18651950), pedagogo e professor de música iniciou a prática de
exercícios rítmicos como meio de desenvolvimento da sensibilidade
musical através dos movimentos do corpo. Desenvolve diversos
estudos filosóficos dos quais conclui a existência da intima relação
entre harmonia dos movimentos e seu dinamismo, entre o
equilíbrio e os diversos estados do sistema nervoso central,
exercendo influência na formação das escolas de dança e no
desenvolvimento da Educação Física.
Dando continuidade ao lado artístico da GRD, Bode (1881 –
1971) aluno de Dalcroze, estabeleceu os princípios básicos de
GRD, onde o mais importante era o fluir do movimento e seu
caráter natural e integral, demonstrando através dos
movimentos, os diversos estados emocionais do individuo. Suas
teorias são fundamentadas no principio da contração e
relaxamento, que é a própria essência do movimento humano e
forma a unidade do ritmo corporal. Quanto ao espaço explorou as
direções e planos em todas as suas possibilidades, o que constitui
a base da variação dos deslocamentos na ginástica rítmica atual.
Introduziu a ginástica de expressão, que faz com que o individuo
tenha mais liberdade, flexibilidade, movimentos naturais e
espontâneos; e ainda o trabalho em grupo, destacando a
colaboração e harmonia entre seus participantes.
O alemão Medau (1890-1974), formado na escola de
ginástica de Bode, estudou os exercícios rítmicos e iniciou a
introdução de aparelhos, como o arco, as maças e a bola, dando o
primeiro passo para a utilização dos aparelhos nos exercícios
femininos.
A ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o final da
I guerra mundial, mas não possuía regras específicas nem um
nome determinado. Varias escolas inovavam os exercícios
tradicionais da Ginástica Artística, misturando-se com a música.
A então Ginástica Rítmica, esporte independente, passo a ser
chamada de Ginástica Moderna (1962), em reconhecimento pela
Federação internacional de Ginástica (F.I.G). Mais tarde em 1975
passa a ser denominado de Ginástica Rítmica Desportiva,
estabelecendo-se definitivamente sua característica competitiva.
A partir desse contexto histórico, verifica-se que a GRD se
tornou uma arte dinâmica, criativa e natural, que utiliza-se da
linguagem corporal por meio de movimentos expressivos ,
descrevendo a linguagem e o movimento através de seu veículo de
interpretação que é o corpo. É caracterizado pela música e
movimentos coordenados com a utilização de aparelhos portáteis
(corda, aro, fitas, maças e bolas). Para Barros e Nedialcova (n/d)
a GRD é definida “pela sua relação harmoniosa entre o corpo em
movimento, os objetos manipulados entre o corpo em movimento
e os espaços envolventes inter-relacionados a música,
possibilitando assim toda sua expressão”, já Roberval (1991),
caracteriza a GRD pela união do movimento e a música,
transformando-se em movimentos rítmicos próprios do GRD.
A GRD explora as qualidades estéticas e
rítmicas e suas principais características são
a utilização de materiais (...) e da música, o
que torna atraente e empolgante (...) com
movimentos de características próprias,
diferentes de outras escolas de expressão
corporal (Wiederkeh, 1985, p. 34).
Outra
forma
de
se
caracterizar
a
GRD
é
pela
sua
competitividade esportiva, que exige alto nível de capacidade
coordenativa das atletas, em que o desempenho físico, técnico e
rítmico do atleta devem estar presentes nas suas apresentações,
sejam individuais ou em conjunto.
Para Barros e Nedialcova (s/d), “como desporto competitivo
está presente em todas as formas harmônicas da totalidade do
movimento”. Portanto, mesmo na competição a GRD, tem caráter
de relação do corpo (EU), os objetos (aparelhos) e os outros.
Os objetivos da GRD estão intimamente ligados ao
desenvolvimento psicomotor da criança, propondo-se a estimular e
desenvolver as estruturas psicomotoras, educando os
movimentos, aumentando as qualidades físicas, desenvolvendo o
aspecto social do individuo (inclusão social), sua criatividade e
imaginação.
De acordo com Pallares (1983, p17) a GRD se baseia em 3
princípios básicos: “movimento natural”: rítmico e orgânico; “movimento total”: corpo espírito e mente, e do “movimento
fluente”: renovação e espontaneidade. A mesma autora afirma que
o objetivo da GRD é “cooperar para a educação integral da
criança, podendo promover sua educação, atendendo suas
necessidades, possibilidades e interesses nas áreas físicas,
espiritual, mental e social” (p.17 e 18), já para Pereira (2000), a
GRD tem por objetivo:
Trabalhar a coordenação motora, a
percepção espacial, a lateralidade, como
também a consciência corporal, a postura
e as qualidades físicas (...) contribui para
o desenvolvimento e ou aprimoramento de
esquema corporal (Pereira 2000, p.18)
Na escola, a GRD, tem como objetivos, alem de auxiliar o
desenvolvimento psicomotor da criança, promover a inclusão
social, de forma que a criança passe a se tornar ativa na
sociedade, com uma formação crítica e transformadora.
Para que a GRD alcance os seus objetivos, são necessários
ter em mente os componentes básicos da modalidade, que são: os
elementos
corporais
dos
grupos
fundamentais
(salto,
pivô,
equilíbrio e flexibilidade) e outros grupos (saltitos, deslocamento
variado, balanceamentos, circunduções e giros) - movimentos
esses que geralmente estão no cotidiano de cada criança -; e os
elementos do grupo técnico dos aparelhos. É por meio desses
elementos que o profissional de educação física, irá desenvolver o
seu trabalho a fim de atingir os objetivos do GRD.
Por meio do desenvolvimento dos elementos corporais, a
GRD proporciona a criança o desenvolvimento/aprimoramento das
qualidades físicas, do esquema corporal da estruturação espaço
temporal,
além
de
uma
conscientização
dos
movimentos
apresentados pelo seu corpo, sendo a base indispensável dos
exercícios individuais e de conjuntos.
Para Barros e Nedialcova (S/D), os movimentos dos
elementos corporais da GRD, surgem com o desenvolvimento
psicomotor, que evoluem com a maturação neurológica da criança,
de forma natural. Para as autoras.
Essas atividades são as formas concretas
de ação das estruturas psicomotoras de
locomoção, manipulação, tônus corporal,
organização espaço temporal, coordenação
óculo-segmentar, equilíbrio, coordenação
da dinâmica geral, ritmo e relaxamento
(Barros e Nedialcova, s/d).
O desenvolvimento das qualidades físicas também tem sua
importância
na
GRD,
pois
sevem
de
suporte
para
o
desenvolvimento psicomotor da criança. Para Pereira (2000), as
qualidades físicas desenvolvidas pela GRD são: velocidade, força,
equilíbrio, coordenação, ritmo, agilidade, resistência, flexibilidade
e descontração; todos relacionam-se para dar a GRD movimentos
aperfeiçoados, de beleza estética e amplitude.
O profissional de educação física deve destacar em suas
aulas, a importância dos movimentos do elemento corporal e
principalmente identificar em seus alunos, possíveis “anomalias” –
distúrbios físicos, falta de ritmo, descoordenação motora, desvios
psicológicos – que podem surgir no movimentar-se, procurando
caracterizar o motivo dessa “anomalia” e buscar meios e
alternativas para corrigi-los, pois são movimentos do cotidiano de
cada criança. “Os processos de exploração e descobertas são
capazes de permitir a expressão natural e espontânea dos alunos
além de auxiliar no desenvolvimento de programas adequados a
seus anseios e suas capacidades individuais". (Velardi, 1999 p.
30).
Os elementos dos aparelhos (bola, corda, fita, maças e
arco), também têm seu papel de colaboração para o
desenvolvimento psicomotor, facilitando a realização dos
movimentos do cotidiano e a educação rítmica da criança. Dentro
de cada aparelho, desenvolve se os grupos técnicos que auxiliam
desenvolvimento das séries e dá a cada aparelho sua
autenticidade e beleza.
Os grupos técnicos são constituídos por movimentos do
corpo, contidos nos elementos corporais da GRD, com o manuseio
do aparelho. Destaca-se que através da utilização dos aparelhos, a
criança desenvolve sua lateralidade, sua percepção espacial,
dinamismo, criatividade e expressão corporal por intermédio dos
movimentos, além de segurança e confiabilidade em si própria.
Alguns dos aparelhos utilizados na GRD fazem parte do
cotidiano das crianças, como a corda, a bola e o arco, tornando o
aprendizado dos grupos técnicos desses aparelhos de maior
facilidade para se desenvolver. Os aparelhos atingem cada qual,
um objetivo diferente no desenvolvimento das capacidades
psicomotoras, como Bizzochi (1985) nos demonstra quando diz
que: pela forma arredondada e larga dimensões, o arco facilita a
aquisição e o desenvolvimento do senso no espaço, considerado
como base indispensável para que se possa ordenar e formar
movimentos. O trabalho com o Arco vai ainda favorecer e
melhorar a tonicidade muscular, a elasticidade e a mobilidade
rítmica, o fluxo sanguíneo, a organização espaço-temporal, o ritmo
do movimento (tensão/relaxamento), a diversidade de
movimentos e o trabalho articular. Vai levar o praticante a
estender-se e alongar-se, tomando consciência do movimento.
Outros fatores que colaboram para o desenvolvimento
psicomotor na GRD, são o ritmo e a constituição das séries em
conjunto.
O ritmo, além de dar suporte ao movimento ginástico, pode
também ser um instrumento de educação da criança, que é
determinado pelos seguintes objetivos: adaptações a ritmos
diferentes; conservar um determinado ritmo; seguir o ritmo com o
corpo e a voz; memorizar e reproduzir um ritmo; identificar os
compassos, os tempos fortes e fracos; e verbalizar o ritmo
mediante palavras. Através desses objetivos é possível fazer com
que a crianças entenda e tome consciência da importância que o
ritmo tem nas nossas vidas.
A
constituição
de
séries
em
conjunto,
auxilia
no
desenvolvimento da imaginação e da criatividade, na comunicação
e no aspecto social da criança (inclusão social).
Relacionar-se com o outro nas series de conjunto, por
intermédio do ensino da GRD, é fundamental. Este relacionamento
deve ser bem proporcionado para que haja uma relação entre
professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor. Nesse aspecto as
atividades psicomotoras propiciam a criança uma vivencia com
espontaneidade das experiências corporais, criando uma simbiose
afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor,
afastando os tabus e preconceitos que influenciam negativamente
as relações interpessoais.
Para que todos os fatores da GRD, que auxiliam no
desenvolvimento psicomotor sejam aplicados de forma eficaz, é
necessário que o profissional da área de educação física, esteja
realmente consciente dos objetivos da GRD, buscando sempre
inovações pedagógicas e formas de atuarem em suas aulas,
visando sempre o aprendizado e o desenvolvimento do aluno.
Conclusão
Na GRD, o desenvolvimento dos aspectos motor, social,
emocional e lúdico da personalidade e a destreza dos movimentos
corporais são vivenciados, por meio de atividades motoras
organizadas e seqüenciais, desenvolvidas individualmente e em
grupo.
Afirmamos, portanto, que a GRD, por intermédio de
atividades afetivas, psicomotoras e sociopsicomotoras, constitui-se
num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso na
integração entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o
individuo e o grupo, promovendo a totalidade do ser humano.
Possui
também
um
impacto
positivo
no
pensamento,
no
conhecimento e ação, nos domínios cognitivos, na vida de crianças
e jovens. E crianças e jovens fisicamente educados vão para uma
vida ativa, saudável e produtiva, criando uma integração segura e
adequado desenvolvimento de corpo, mente e espírito.
Assim, a GRD, pelas suas possibilidades de desenvolver a
dimensão psicomotora das pessoas, principalmente em crianças e
adolescentes, conjuntamente com os domínios cognitivos e sociais,
é de grande importância no ensino escolar e na vida da criança.
Referências Bibliográficas:
BARROS, Daisy e Nedialcova, Giurgo T. Os principais passos da
Ginástica Rítmica. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sports.
FONSECA, Vitor da, Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes,
1983.
PEREIRA, Sissi Aparecida Martins. Ginástica Rítmica Desportiva.
Rio de Janeiro: Shape, 2000.
A evolução da Ginástica Rítmica Desportiva.
VELARDI, Marilio. Ginástica Rítmica: a necessidade de novos
modelos
pedagógicos.
In:
PICOLLO,
Vilma
Lenista
(org).
Pedagogia dos esportes . Campinas: Papiocus , 1999.
COSTE, Jean-Claude. A Psicomotricidade. Paris: traduzido pela
Presses Universitaries de France, 1981.
BARROS, Daysy Regina e BARROS, Darcymires. Educação física
na escola primária. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
LE BOULCH, Jean. Desenvolvimento psicomotor – do
LinkBar3
nascimento até os seis anos. Porto Alegre: Artes Médicas,
1982.
* Acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade
Estadual de Maringá
Download