Mini-Curso Livre de Sistema Solar Nuno Peixinho 1 Grupo de Astrofísica da Universidade de Coimbra Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra Departamento de Matemática Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade de Coimbra O Sistema Solar Classificação Planetas Telúricos (Terrestres ou Interiores); Planetas Gigantes (Jovianos, Gasosos, ou Exteriores); Satélites Naturais (Luas); Sistema Plutão-Caronte; Cintura de Asteróides; Cometas; Centauros; Troianos; Objectos Trans-Neptunianos (Cintura de Kuiper); Nuvem de Oort. Dinâmica O Sistema Solar tem uma estrutura bastante regular: Os planetas orbitam no sentido directo (anti-horário); Movem-se em órbitas co-planares (com excepções); A distância ao Sol de cada planeta é mais ou menos o dobro da distância do anterior (lei de Titius-Bode - errada!) Leis de Kepler A dinâmica do Sistema Solar rege-se pelas leis de Kepler: As órbitas são elipses, sendo o Sol um dos focos; P2[anos]=a3[AU] : 1 AU≈150000000 km; Áreas iguais são percorridas em tempos iguais (relativamente ao foco, i.e. Sol). Formação do Sistema Solar Modelo de Acreção Colisional (Evolucionista) [Schmidt, Levin, Safronov, Wetheril (1944-92)] Há 4.6 Ga, uma nuvem de gás e poeiras de M≈2-3 MSol, D≈100 AU, T≈25 K, colapsa e aquece; No seu centro forma-se o Sol; Diferentes grãos sólidos condensam-se, em função da distância ao Sol (i.e. temperatura); Os grãos aglomeram-se (acreção): primeiro apenas por colisão (tipo pano do pó); depois também por atracção gravítica (tipo aspirador); até que o interior dos grandes corpos aquece; estes diferenciam-se; e dá-se origem aos planetas. Tudo em menos de 100 Ma! Os Planetas Telúricos Estrutura Interna Núcleos metálicos. Mantos de silicatos. Mercúrio Parâmetros Orbitais a = 0.387 AU q = 0.307 AU Q = 0.467 AU e = 0.205 i = 7.0° Ptra = 87.969 d Missões: Mariner 10 (NASA) - 1974; Messenger (NASA) - 2008; BepiColombo (ESA, Japão) - 2013 Mercúrio Parâmetros Físicos D = 4879 km (0.383 D ) M = 3.30x1023 kg (0.055 M ) ρ = 5.4 g/cm3 Prot = 58.646 d (3:2) Eixo≈ 0.01° Tmáx Tmed Tmin = 700 K = 440 K = 90 K Mercúrio Atmosfera Patm = 5x10-13 kPa Potássio Sódio Oxigénioato Hélio Oxigéniomlc Azoto CO2 Água Hidrogénio 31.7% 24.9% 9.5% 5.9% 5.6% 5.2% 3.6% 3.4% 3.2% Ressonância Orbital Mercúrio tem 3 “dias” em 2 “anos”. Fricção entre o núcleo e o manto levaram a tal configuração? Improvável. A evolução caótica da sua órbita levou-o a excentricidades maiores onde a probabilidade de captura na ressonância 3:2 é de 55.4% (Correia & Laskar, 2004). Precessão do Periélio O periélio de Mercúrio avança 43 segundos de arco por século. Mecânica Newtoniana (Clássica) não explica tal fenómeno. Por efeitos relativistas a massa é maior no periélio (uma vez que a velocidade é maior) resultando num “efeito catapulta”. Importante verificação da Teoria da Relatividade. Superfície Superfície bastante semelhante à da Lua. Formou-se de um impacto entre dois protoplanetas há 4.6 Ga. Cerca de 1.6x1019 kg da matéria ejectada deve ter atingido a Terra (Horner et al., 2006). O arrefecimento do planeta levou à sua contracção em 1-2 km criando uma rede de fracturas. Pode existir água (gelo) nos pólos! Fractura Cratera de Impacto A Bacia Caloris Cratera de 1300 km de diâmetro. Reactivou o vulcanismo há 3.8 Ga. A onda de choque criou um terreno rugoso e fracturado nos antípodas. Antípodas Bacia Vénus Parâmetros Orbitais a = 0.723 AU q = 0.718 AU Q = 0.728 AU e = 0.007 i = 3.4° Ptra = 224.7 d Missões: Mariner 2, 5 (NASA) - 1962, 67; Venera 4-16 (URSS) - 1967-83; Pioneer-Venus 1,2 (NASA) - 1978, Magellan (NASA) - 1989; Venus Express (ESA) - 2006. Vénus Parâmetros Físicos D = 12104 km (0.945 D ) M = 4.87x1024 kg (0.815 M ) ρ = 5.2 g/cm3 Prot = -243.0 d (retrógrado) Eixo= 2.64° Tmáx Tmed Tmin = 773 K = 737 K = 228 K (nas nuvens) Vénus Atmosfera Patm = 9.3 MPa CO2 Azoto Argon Água SO2 96.5% 3.5% 0.007% 0.002% 0.015% Estranha Atmosfera Efeito de estufa intenso. Iniciou-se no primeiro Ga com a intensa actividade vulcânica: Água libertada fotodissocia-se; H escapa, O é absorvido pela crosta; Elevada T desgasifica rochas libertando CO2. Chove ácido sulfúrico e... cheira a ovos podres. Estranha Rotação A rotação e translacção de Vénus estão sincronizadas de tal forma que quando está na fase mais próxima da Terra mostra sempre a mesma face. Aparentemente, é apenas coincidência. Com ventos de 300 km/h no topo das nuvens a atmosfera gira mais depressa que o planeta. A sua rotação retrograda deve-se a: ou uma inversão de 180° do eixo de rotação; ou ter desenvolvido uma rotação retrógrada sem inverter o eixo (Correia & Laskar, 2001). Superfície Primeiras imagens em 1975, com as sondas Venera (URSS), e primeira altimetria em 1978 com a Pioneer-Venus 1 (NASA). Último grande estudo em 1989-94 com a sonda Magalhães (NASA). Neste momento temos lá a Venus Express (ESA). Superfície Cerca de 90% tem menos de 800 Ma Existiu um intenso recobrimento há 650 Ma. Superfície relativamente plana: apenas 2% acima dos 2000 m. Grande número de vulcões (inactivos?): D>20 km N 400 D<2 km N 100000 Não aparenta possuir actividade tectónica. Poucas crateras de impacto (N 900), não existindo crateras com D<2 km. Formas Crateras de impacto. Formas vulcânicas: Coronae: estruturas concêntricas de 100-500 km. Novae: estruturas radiais de 50-300 km. Aracnóides: estruturas em forma de teia de 50 -200 km. Panquecas: cúpulas fracturadas de 20-30 km. Grandes canais e escoamentos de lava. Formas Crateras de impacto. Formas vulcânicas: Coronae: estruturas concêntricas de 100-500 km. Novae: estruturas radiais de 50-300 km. Aracnóides: estruturas em forma de teia de 50 -200 km. Panquecas: cúpulas fracturadas de 20-30 km. Grandes canais e escoamentos de lava. Formas Crateras de impacto. Formas vulcânicas: Coronae: estruturas concêntricas de 100-500 km. Novae: estruturas radiais de 50-300 km. Aracnóides: estruturas em forma de teia de 50 -200 km. Panquecas: cúpulas fracturadas de 20-30 km. Grandes canais e escoamentos de lava. Formas Crateras de impacto. Formas vulcânicas: Coronae: estruturas concêntricas de 100-500 km. Novae: estruturas radiais de 50-300 km. Aracnóides: estruturas em forma de teia de 50 -200 km. Panquecas: cúpulas fracturadas de 20-30 km. Grandes canais e escoamentos de lava. Formas Crateras de impacto. Formas vulcânicas: Coronae: estruturas concêntricas de 100-500 km. Novae: estruturas radiais de 50-300 km. Aracnóides: estruturas em forma de teia de 50 -200 km. Panquecas: cúpulas fracturadas de 20-30 km. Grandes canais e escoamentos de lava. Formas Crateras de impacto. Formas vulcânicas: Coronae: estruturas concêntricas de 100-500 km. Novae: estruturas radiais de 50-300 km. Aracnóides: estruturas em forma de teia de 50 -200 km. Panquecas: cúpulas fracturadas de 20-30 km. Grandes canais e escoamentos de lava. Terra Parâmetros Orbitais Parâmetros Físicos Atmosfera a = 1.000 AU D = 12745.6 km Patm = 100 kPa q = 0.983 AU M = 5.97x1024 kg Q = 1.017 AU ρ = 5.5 e = 0.017 Prot = 1.0 d i = 0.0° Eixo= 23.44° Ptra = 365.26 d Tmáx Tmed Tmin g/cm3 = 331 K = 287 K = 185 K Azoto Oxigénio Argon CO2 77% 21% 1% 0.04% Lua Parâmetros Orbitais (em torno da Terra) aT = 384400 km qT = 363104 km QT = 405696 km eT = 0.055 ie = 5.1° Ptra = 27.3 d (29.5 d) Missões: Luna 3-24 (URSS) - 1959-76 (+Lunokhod 1,2); Zond 3-8 (URSS) - 1965 -70; Ranger 7-9 (NASA) 1964-65; Lunar Orbiter 1-5 (NASA) - 1966-67; Surveyor 1,3,5-7 (NASA) - 1966-68; Apollo 11-17 (NASA) - 1969-72; Lunar Prospector (NASA) - 1998; Clementine (NASA) - 1994; Smart-1 (ESA) - 2003. Lua Parâmetros Físicos Atmosfera D = 3475 km (0.237 D ) Patm = 3x10-13 kPa M = 7.34x1022 kg (0.012 M ) ρ = 3.3 g/cm3 Prot = 27.3 d (síncrona) Eixo= 1.54° Tmáx Tmed Tmin = 396 K = 250 K = 40 K Hélio Néon Hidrogénio Argon 25% 25% 23% 20% Tch...! NãoDoutor vale a Ói! Aqui pena, ninguém liga Schmitt, o últimome homem nenhuma. na Lua. Superfície Grande assimetria entre a face visível e a face oculta. Não se observam cones vulcânicos. Elevado número de crateras de impacto: Crateras simples: D<10-15 km. Crateras complexas: D>10-15 km. Bacias: D>200-300 km. Cratera Complexa Superfície Grande assimetria entre a face visível e a face oculta. Não se observam cones vulcânicos. Elevado número de crateras de impacto: Cratera Simples Crateras simples: D<10-15 km. Crateras complexas: D>10-15 km. Bacias: D>200-300 km. Bacia Superfície Terrae (84%): terras altas brilhantes, com 4.4 Ga, e muito craterizadas. Maria (16%): planícies escuras, com 3.1 -3.9 Ga, de lava solidificada. Dorsa: “rugas” devido arrefecimento e contracção de lava. Rima: “rios” de lava ou fendas de abatimentos. A sonda Clementine detectou gelo de água ( 1 km3). Trouxeram-se 382 kg de amostras lunares. Rima Mare Dorsa Terrae Superfície Terrae (84%): terras altas brilhantes, com 4.4 Ga, e muito craterizadas. Maria (16%): planícies escuras, com 3.1 -3.9 Ga, de lava solidificada. Dorsa: “rugas” devido arrefecimento e contracção de lava. Rima: “rios” de lava ou fendas de abatimentos. A sonda Clementine detectou gelo de água ( 1 km3). Trouxeram-se 382 kg de amostras lunares. Rima Rima Mare Dorsa Terrae Formação da Lua Há 4.533 Ga, a Terra colidiu com um objecto (Theia) de cerca de metade do seu diâmetro (Canup & Asphaug, 2001). No impacto a Terra “engoliu” o núcleo do impactor, formando-se a Lua dos detritos em apenas 1-100 a. Marés A Lua provoca as marés na Terra mas a Terra roda mais depressa que a órbita da Lua Aceleração e afastamento da Lua, e desaceleração da Terra. A Lua afasta-se 38 mm/a O dia terrestre aumenta 15 μs/a. Marte Parâmetros Orbitais a = 1.523 AU q = 1.381 AU Q = 1.666 AU e = 0.093 i = 1.9° Ptra = 686.7 d Missões: Mariner 4,6,7,9 (NASA) - 1964-71; Viking 1,2 (NASA) - 1975; Mars 3,6,7 (URSS) - 1971-73; Phobos 2 (URSS) - 1988; Mars Global Surveior (NASA) - 1996; Mars Pathfinder (NASA) - 1996 (+Sojourner); Mars Odyssey (NASA) - 2001; Mars Express (ESA) - 2003; “Rovers” Spirit e Opportunity (NASA) - 2003; Mars Reconaissance Orbiter (NASA) - 2005; Phoenix Mars (NASA) - 2007. Marte Parâmetros Físicos D = 6805 km (0.533 D ) M = 6.42x1023 kg (0.107 M ) ρ = 3.9 g/cm3 Prot = 1.025 d Eixo= 25.19° Tmáx Tmed Tmin = 293 K = 210 K = 133 K Marte Atmosfera Patm = 0.7-0.9 kPa CO2 Azoto Argon Oxigénio CO Água 95.3% 2.7% 3.6% 0.13% 0.07% 0.03% Mais Sobre a Atmosfera A atmosfera é demasiado ténue para manter o calor. Em 2004 o Mars Express Orbiter confirmou a presença de Metano. Existem fontes de gás (e.g. vulcões, impactos de cometas ou... microorganismos)? No Inverno 25% da atmosfera condensa-se em gelo seco (CO2). Quando sublima gera ventos de 400 km/h, criando enormes nuvens. Mais Sobre a Atmosfera A atmosfera é demasiado ténue para manter o calor. Em 2004 o Mars Express Orbiter confirmou a presença de Metano. Existem fontes de gás (e.g. vulcões, impactos de cometas ou... microorganismos)? No Inverno 25% da atmosfera condensa-se em gelo seco (CO2). Quando sublima gera ventos de 400 km/h, criando enormes nuvens. Superfície Grande disparidade de formas. Montanhas: cobrem cerca de 2/3 da superfície. Planícies: cobrem cerca de 1/3 da superfície. Crateras de impacto muitas indiciam transporte de material fluido. Vales e canais. Vulcões Região dos Montes Tharsis: M. Olympus: Alt=27km, D=90 km, Sup. Basal=500000 km2. M. Arsia, M. Pavonis, M Ascraeus. Alba Patera. Região do Elysium Planitia: Elysium Mons, Hecates Tholus, Albor Tholus. Vulcões Região dos Montes Tharsis: M. Olympus: Alt=27km, D=90 km, Sup. Basal=500000 km2. M. Arsia, M. Pavonis, M Ascraeus. Alba Patera. Região do Elysium Planitia: Elysium Mons, Hecates Tholus, Albor Tholus. Vales e Canais Grande número de vales e canais, provavelmente de origem fluvial, principalmente no hemisfério Sul. Vales Marineris: 10000 km2 tem origem fluvial! Não Água Em 2004 os rovers Opportunity e Spirit detectam hematite e goethite. Estes minerais apenas se formam na presença de água. Nem todos os canais foram leitos de rios. Água Em 2004 os rovers Opportunity e Spirit detectam hematite e goethite. Estes minerais apenas se formam na presença de água. Nem todos os canais foram leitos de rios. Vida Em 1996, a NASA anuncia a descoberta possíveis fósseis de organismos unicelulares num meteorito de origem marciana (ALH84001). Porém, em 2005, a maioria dos especialista crê que se trata de uma contaminação terrestre. Satélites de Marte Phobos: 28x22x16 km, d=9377 km. Deimos: 16x12x10 km, d=23460 km. Phobos perde 9 cm de altitude por ano. Em 40 Ma desintegrar-se-á. Cenas do próximo episódio