Teixeira, FV et al., 2003. 15 USO DOS ÍNDICES

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15
Teixeira, F.V et al., 2003.
USO DOS ÍNDICES ALTURA DA PLANTA E COBERTURA DO SOLO E DA
ASSOCIAÇÃO DESSAS VARIÁVEIS PARA A ESTIMATIVA DA FORRAGEM
DISPONÍVEL EM PASTAGEM DE CAPIM-ELEFANTE 1
Flávio Valeriano Teixeira 2
Oriel Fajardo de Campos2
Antônio Carlos Cóser3
ABSTRACT: TEIXEIRA, F.V.; CAMPOS, O. F. & CÓSER, A. C. Utilization of plant
height and ground cover and its associations for estimating forage availability in
an elephantgrass pasture. Rev. Univ. Rural, Sér. Ciên. da Vida., v.22 n.2, p. 15-22. The
present experiment was carried out with the aim of to determine the extent in which plant
height and ground cover can be used to estimate forage availability in an elephantgrass
pasture (Pennisetum purpureum Schum.), under grazing,. Samplings to estimate forage
availability were done from March to April and from September to December of 1992, from
February to May and during December of 1993, and from January to April of 1994. Plant
height (m), ground cover by plants (%), and total dry matter (kg/ha) estimations were
taken. Regression models of dyr matter yield (kg/ha) were used in relation to the association
of plant height and ground cover (ALT + COB) and plant height x ground cover index (ALT x
COB) to each year isolately or together. The results showed that the best estimations of
forage availability were obtained by multiple regression combining plant height and ground
cover. It was concluded that these parameters when used in a combined form they provide
better estimations of forage availability in elephantgrass under grazing conditions.
Key Words: plant height, ground cover, forage availability
INTRODUÇÃO
Segundo GARDNER (1986), o principal
objetivo na determinação da forragem
disponível de uma pastagem é explicar a
produtividade animal. No entanto,
estimativas da disponibilidade de forragens
sob pastejo são difíceis de realizar,
principalmente quando se trata de
forrageiras cespitosas, como é o caso do
capim-elefante. Isto porque não se tem
domínio espacial da pastagem como um
1
Parte integrante da tese de mestrado do primeiro autor.
Eng. Agr., Aluno do Curso de Mestrado em Zootecnia,
UFRRJ, Seropédica, RJ.
3
Eng. Agr., DSc., Embrapa Gado de Leite, Rua Eugênio do
Nascimento, 610, 36038-330, Juiz de Fora-MG.
2
todo, o que, juntamente com as grandes
extensões
de
áreas,
limita
o
estabelecimento de metodologias
adequadas, bem como o uso de
amostragens mecanizadas. Por isso,
poucas são as informações encontradas
quando se trata de forrageiras de
crescimento ereto, como o capim-elefante.
Normalmente são utilizadas técnicas
convencionais de amostragens direta por
meio de corte e pesagem da forragem.
Esses métodos apresentam a vantagem de
serem mais exatos e simples, por exigirem
apenas
separação
manual
dos
componentes e cálculo da contribuição
individual do peso seco (CÓSER et al.,
1980). Nos métodos diretos, cada amostra
individual, embora medida com boa precisão,
16
Estimativa da forragem disponível em pastagem de capim-elefante.
representa apenas uma pequena parte de
uma população altamente variável em
termos de produção dentro da pastagem,
o que faz com que a estimativa da
pastagem como um todo apresente muitos
erros (HAYDOCK e SHAW, 1975). Assim,
no método direto, o maior problema é a
variabilidade da população da área
experimental, e não a precisão com que
cada amostra é medida. No entanto, esses
autores afirmam que o uso de amostragem
direta pode apresentar maior precisão,
desde que o tamanho da amostra aumente,
o que implica em necessidade de maior
tempo e aumento nos custos para a
realização do trabalho.
O uso de métodos indiretos, não
destrutivos, baseados em mensurações
sobre certos atributos relacionados com a
produção de matéria seca, tem sido
proposto por pesquisadores (CÓSER,
1988). Dessa forma, a utilização de
medidas como a altura da planta e a área
de cobertura do solo pelas plantas são
sugeridas por PASTO et al. (1957),
SPEDDING e LARGE (1957), EVANS e
JONES (1958), BAKHUIS (1960) e
WHITNEY (1974), bem como o uso de
estimativa visual (TOTHILL, 1978;
GARDNER, 1986). Essas medidas podem
permitir melhor precisão para a estimativa
da disponibilidade de forragem sob pastejo,
redução nos custos operacionais, redução
no tempo e no trabalho dispendidos para a
realização das avaliações, melhorando,
dessa forma, a eficiência de avaliação e a
estimativa da disponibilidade de forragem.
Segundo ABRAMIDES et al. (1982), a
altura média das plantas, tomada no centro
do quadrado utilizado, é um dos principais
parâmetros que influenciam diretamente a
disponibilidade de forragem da pastagem.
Diversos são os estudos que
comprovam o efeito da altura das plantas
sobre a produção e disponibilidade de
forragem. HURD (1959) ao estudar o efeito
da altura foliar, da área basal e do número
de ramos floríferos sobre a produção de
matéria seca em Festuca idahoensis,
© Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro
encontrou alta correlação entre esses
fatores e a produção de matéria seca. No
entanto, o autor afirma que dos três fatores
a altura da planta foi o que teve maior
correlação com a produção de matéria
seca.
BAKHUIS (1960) afirma que a altura da
pastagem possui uma razoável correlação
com a produção de forragem. DANN (1966)
também encontrou elevadas correlações,
0,95 e 0,71, entre a altura da pastagem e a
produção de matéria seca em plantas
decumbentes e pastagens de crescimento
ereto, respectivamente. Esses autores
mencionam maiores dificuldades de
avaliação quando se trabalha em pastagens
de crescimento ereto, devido às limitações
impostas pela altura da pastagem.
ABRAMIDES e FRANZINI (1981)
utilizaram quatro variáveis (número de
plantas por área, altura média da
vegetação, cobertura do solo pela base da
touceira e cobertura do solo pela projeção
perpendicular da parte aérea das plantas
sobre o solo), de forma isolada e associada,
para estimar a quantidade de forragem em
pastagens de green panic (Panicum
maximum) e setária ‘Kazungula’ (Setaria
anceps ). Os autores encontraram,
respectivamente, valores de correlações
iguais a 80 e 84% para matéria verde, e 75
e 85% para matéria seca, usando a altura
isoladamente. Afirmam ainda, que a altura
da planta foi, entre as variáveis estudadas,
a que apresentou valores de correlação
mais elevados em relação à quantidade de
forragem produzida.
ABRAMIDES et al. (1982) estudaram o
efeito da altura média da vegetação sobre
a estimativa da quantidade de forragem em
capins prostrados tropicais. Os autores
encontraram valores de coeficiente de
correlação de 0,97, 0,95, 0,88 e 0,83 para
produção de matéria verde e de 0,97, 0,95,
0,84 e 0,85 para produção de matéria seca
de grama-batatais (P aspalum notatum
Flugge), grama-missioneira (A xonopus
compressus Sw.), braquiária (Brachiaria
decumbens Stapf.) e “coast-cross”
Revista Universidade Rural, Série Ciências da Vida
Vol. 22, n.2, p.15-22, 2003.
Teixeira, F.V et al., 2003.
(Cynodon
dactylon
(L.)
Pers),
respectivamente. Os autores afirmam que
a altura da planta é um método viável para
a estimativa da quantidade de forragem,
tanto para matéria verde quanto para matéria
seca. Enfatizam, ainda, que é importante
uma cobertura homogênea do solo e uma
boa amplitude de altura das plantas, para
a utilização da altura como parâmetro para
estimar a quantidade de forragem.
Segundo BROWN (1954), a cobertura
do solo pelas plantas é um excelente
critério para avaliar espécies componentes
das pastagens e medir as mudanças que
ocorrem na vegetação em função das
práticas de manejo em determinada área.
PAYNE (1974) e CÓSER et al. (1989)
encontraram boa correlação entre cobertura
de solo e produção de matéria seca,
discordando dos resultados encontrados
por SPEDDING e LARGE (1957). Estes
últimos afirmaram que a cobertura do solo
isoladamente não serve para estimar a
produção de matéria seca. Admitem, no
entanto, que a cobertura do solo combinada
com a altura da planta oferece uma boa
estimativa da matéria seca produzida na
pastagem. Resultados semelhantes foram
obtidos por PASTO et al. (1957), que
encontraram valores de R2 altamente
significativos, quando usaram esses dois
parâmetros para estimar a produção de
matéria seca, em comparação com a
utilização de cada um deles isoladamente.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Campo
Experimental Fazenda Santa Mônica, em
Valença – RJ, pertencente à Embrapa Centro Nacional de Pesquisa de Gado de
Leite.
Os dados foram coletados em uma
pastagem de capim-elefante manejada
rotativamente em área de 6 ha. A área de
cada parcela foi estabelecida considerandose 1 ha dividido pelo número de piquetes
necessários para os respectivos períodos
de ocupação e descanso utilizados no
17
manejo da pastagem.
As estimativas de disponibilidade de
forragem foram realizadas entre março de
1992 e maio de 1994, durante três anos,
usando medidas da altura da planta e da
cobertura do solo e o corte e pesagem da
forragem do capim-elefante. No primeiro ano
de experimento foram realizadas seis
amostragens, sendo três entre 19/03/92 e
09/04/92, com a coleta de três amostras
em cada um dos piquetes experimentais
nas duas primeiras. Com o intuito de
aumentar a precisão experimental, a partir
da terceira avaliação foram coletadas
quatro amostras em cada um dos piquetes
experimentais. Foram realizadas, ainda,
três avaliações entre 10/09/92 e 17/12/92,
perfazendo um total de 66 amostras durante
o ano de 1992. No segundo ano, foram
realizadas seis amostragens entre 11/02/
93 e 13/05/93 e duas amostragens entre
17/12/93 e 29/12/93, perfazendo um total
de 96 amostras durante o ano de 1993. No
terceiro ano, foram realizadas dez
avaliações entre 26/01/94 e 19/05/94,
perfazendo um total de 120 amostras.
A estimativa da disponibilidade de
forragem foi realizada sempre no período
da manhã, a partir do momento em que
não se observava mais a presença de
orvalho sobre as folhas. Utilizou-se para a
estimação da disponibilidade de forragem,
um quadrado com 1m de lado, com um dos
lados abertos, para facilitar a amostragem.
Foram feitas, de forma sistemática, em
cada piquete, estimativas da altura das
plantas (m) e da cobertura do solo pelas
plantas (%) para a determinação da
estimativa da disponibilidade de forragem
de capim-elefante sob pastejo, expressa
em kg/ha de matéria seca (MS). As
medidas de altura das plantas foram
obtidas com o uso de uma régua graduada
com intervalos de 5cm. Para esta
determinação estimou-se a altura média da
touceira contida no quadrado utilizado. Para
esta estimativa, considerava-se a altura
média em que as folhas da touceira
dobravam sobre si mesmas, ou seja a altura
18
Estimativa da forragem disponível em pastagem de capim-elefante.
média da inflexão das folhas da touceira.
As determinações da cobertura do solo
pelas plantas foram feitas por estimativa
visual da percentagem de área de solo
coberta pela base da touceira no interior
do quadrado, observando-se uma escala de
0 a 100%, com intervalos percentuais de
cinco unidades.
Após a obtenção das estimativas de
altura das plantas e da cobertura do solo
pelas plantas, todo o material contido no
quadrado era cortado a 40cm do nível do
solo e pesado em balança do tipo
dinamômetro, com capacidade para 20kg,
para a determinação da produção de
matéria verde total da amostra. Após esse
procedimento, era retirada, em laboratório,
de cada uma das amostras, uma
subamostra contendo quatro plantas
representativas da amostra original.
Após a pesagem, as subamostras eram
levadas para estufa de circulação forçada
de ar, a ± 65°C, por 72-96 horas. Após esse
tempo, as subamostras eram novamente
pesadas, para as determinações das
estimativas de produção de matéria seca
total, expressas em kg/ha de MS.
Os resultados foram analisados usandose diferentes modelos de regressão da
produção de matéria seca em função das
variáveis altura da planta e cobertura do solo
associadas e do índice altura x cobertura,
estimando-se as equações de regressão e
seus respectivos coeficientes de
determinação
(R 2).
Nos
casos
significativos, a escolha do melhor modelo
foi feita com base na significância da
regressão e na falta de ajuste, testados pelo
teste F, na significância dos coeficientes
de regressão, testados pelo Teste “t” de
Student, ao nível de até 5% de
probabilidade, no coeficiente de
determinação e na lógica biológica das
variáveis observadas.
© Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 podem-se verificar as
diferenças apresentadas em relação às
estimativas das médias de produção de
matéria seca total (MST) obtidas em cada
ano de estudo isoladamente. Os resultados
mostram que houve diferenças significativas
entre elas para os três anos do período
experimental, observando-se produções
crescentes ao longo do período. Esse
aumento da produção de matéria seca total
pode estar relacionado com o possível
aumento do número de perfilhos aéreos ao
longo do tempo, crescimento esse
explicado, provavelmente, por uma maior
reciclagem de nutrientes no sistema soloplanta-animal, assim como pela adubação
de manutenção realizada anualmente na
pastagem.
Dentre os vários modelos de regressão
testados, o modelo linear foi o que melhor
se ajustou aos dados coletados. Esses
resultados concordam com outros estudos
em que estimativas de disponibilidade de
forragem foram feitas por métodos indiretos,
como por exemplo os trabalhos de DANN
(1966), WHITNEY (1974), ABRAMIDES e
FRANZINI (1981).
Os resultados encontrados no presente
trabalho sugerem que a altura da planta em
capim-elefante é um parâmetro que pode
ser usado, com razoável confiabilidade, para
estimar a produção de matéria seca, uma
vez que o valor de R2 mínimo encontrado
para os três anos de estudo, em conjunto,
demonstra que pelo menos 61% da MS
disponível pode ser explicada por esse
atributo. Esse resultado confirma os obtidos
por BAKHUIS (1960) e ABRAMIDES e
FRANZINI (1981), que encontraram valores
de R2 mais elevados quando estimaram a
produção de matéria seca usando a altura
da planta. Os valores de R2 encontrados
para cada ano de estudo isoladamente
também demonstram a importância da
altura da planta para estimar a produção
de matéria seca total, sendo encontrados
Revista Universidade Rural, Série Ciências da Vida
Vol. 22, n.2, p.15-22, 2003.
Teixeira, F.V et al., 2003.
valores de R2 iguais a 67%, 57% e 73%,
para os anos de 1992, 1993 e 1994,
respectivamente (Quadro 2).
No Quadro 3, podemos verificar que os
valores de R2 encontrados entre a cobertura
do solo e a produção de matéria seca, para
os três anos de estudo, 34%, podem ser
considerados baixos, indicando que
apenas uma pequena parte da produção
de matéria seca em capim-elefante pode
ser explicada por essa variável. Isto talvez
possa ser explicado pelo fato do capimelefante ser uma espécie com hábito de
crescimento cespitoso, que não
proporciona uma cobertura total do solo.
Mesmo sem levar em conta outros fatores,
isso possibilita o aparecimento de áreas
descobertas na pastagem, o que sugere
que a cobertura do solo não deve ser
utilizada como único indicador para estimar
a produção de matéria seca em pastagens
de capim-elefante manejadas sob pastejo,
concordando com os resultados obtidos por
SPEDDING e LARGE (1957). Por outro
lado, PAYNE (1974) e CÓSER et al. (1989)
recomendam o uso da cobertura do solo
como parâmetro confiável para estimar a
disponibilidade de forragem em pastagens
naturais formadas por plantas prostradas
e/ou decumbentes. Esses autores
encontraram valores de R2 acima de 90%
entre este atributo e a estimativa de
produção de matéria seca para a maioria
das espécies vegetais presentes em seus
estudos.
Os valores de R2 encontrados entre a
cobertura do solo e a produção de matéria
seca total para os anos de estudo de 1992
e 1993 também foram baixos, uma vez que
os valores de R2 encontrados foram 26% e
39%, respectivamente. No entanto, para o
ano de 1994, o valor de R2 encontrado foi
mais elevado, 61%, pode ser explicado pelo
maior número de amostragens realizadas
durante este ano, totalizando 120
amostras.
Quando a produção de matéria seca foi
estimada pelo índice altura x cobertura
(Quadro 4), o valor de R2 determinado foi
19
de 61% para os três anos de estudo em
conjunto, sugerindo que esse índice
também pode explicar com razoável
confiança a produção de matéria seca em
capim-elefante sob pastejo. Esse resultado
encontra-se bem próximo daqueles obtidos
por ALEXANDER et al. (1962) e EVANS e
JONES (1958), que obtiveram valores de
coeficiente de correlação variando entre 60
e 92% e 53 e 98%, respectivamente, em
pastagens de clima temperado.
Para os anos de 1992 e 1993, os valores
de R2 determinados foram de 66% e 61%,
respectivamente. Com relação ao ano de
1994, o índice altura x cobertura foi mais
elevado, fato que pode ser tanto
conseqüência do maior número de
amostras estimadas quanto pelo maior
treinamento dos avaliadores ao longo dos
anos ou mesmo pelo conjunto dessas duas
premissas.
A utilização de regressões múltiplas
envolvendo a altura da planta e a cobertura
do solo para estimar a produção de matéria
seca em capim-elefante sob pastejo,
proporcionou os maiores valores de R2
(Quadro 5) encontrados. O valor observado
foi de 67% para produção de matéria seca
total para os três anos de estudo em
conjunto. Para o ano de estudo de 1992, o
valor de R2 obtido foi de 73% para produção
de matéria seca total (MST). Para o ano
de 1993 esse valor foi bem próximos do
valor obtido para os três anos de estudo
em conjunto, 66%. Para o ano de 1994, o
valor de R2 encontrado foi o que apresentou
o melhor resultado, uma vez que para esse
ano de estudo o resultado obtido foi 82%
para produção de matéria seca total (MST).
Esses resultados deixam claro que os
atributos altura da planta e cobertura do
solo podem ser considerados como
parâmetros que se complementam nas
estimativas de produção de forragem de
capim-elefante. Quando comparados os
valores de R2 encontrados para um mesmo
modelo, para cada ano de avaliação
isoladamente, encontraram-se na maioria
dos casos os maiores valores de R2 para o
Estimativa da forragem disponível em pastagem de capim-elefante.
20
ano de 1994. Isso pode ser explicado,
provavelmente, em função do maior número
de observações realizadas durante este ano
(120 observações), como também em
função do maior treinamento e da
experiência adquirida pelos avaliadores ao
longo do período experimental.
Os resultados encontrados nesse
estudo permitem sugerir que o uso da altura
da planta e da cobertura do solo como
atributos para determinar a produção de
matéria seca em pastagem de capimelefante é adequado, por ser prático, não
destrutível, de fácil utilização, por ser pouco
exigente quanto ao emprego de mão-deobra, por não exigir o uso de instrumentos
sofisticados e, principalmente, devido a sua
confiabilidade. Pelas características
apresentadas, pode-se supor que o método
deve ser utilizado principalmente quando
forem desenvolvidos trabalhos em extensas
área de pastagens de capim-elefante
manejado sob pastejo.
Quadro 2: Estimativas das equações de
regressão 1 e coeficientes de determinação
(R2) da produção de matéria seca de capimelefante ( Y$ , em kg/ha), em função da altura da
planta, (ALT, X1, em metros), para cada ano
de estudo isoladamente e para os três anos
de estudo em conjunto.
Quadro 1: Estimativas das produções
médias de matéria seca (kg/ha), desviospadrão e erros-padrão obtidos em cada ano
de estudo em pastagem de capim-elefante.
Produção de Matéria Seca
Ano
Média
1992
1993
1994
9.251 c
12.818 b
13.561 a
Desvio-padrão
Erro- padrão
3.976
489,5
4.818
491,8
5.160
471,0
Modelo
ALT
1993
ALT
1994
ALT
1992/1994
ALT
Equação de Regressão
Y$
R2
0,6793
= - 6558,3851 + 11088,5273 X1
=
Y$- 19177,7743 + 19620,6090 X 1
Y$= - 26264,5281 + 25272,6461 X 1
0,5700
Y$= -15207,6950 + 17639,5702 X 1
0,6174
0,7376
1
São apresentadas apenas as equações em que os valores
de b (beta) foram significativos, ao nível de 5% de
probabilidade, pelo Teste F.
Quadro 3: Estimativas das equações de
regressão 1 e coeficientes de determinação
(R2) da produção de matéria seca de capimelefante ( Y$ , em kg/ha) ,
em função da
cobertura do solo (COB, X2, em percentagem),
para cada ano de estudo isoladamente e
para os três anos de estudo em conjunto.
CONCLUSÕES
Nas condições deste experimento,
conduzido em área de capim-elefante
manejado sob pastejo, pode-se concluir que
tanto a altura da planta como a cobertura
do solo pelas plantas não devem ser
usadas, isoladamente, como indicador para
estimar a disponibilidade de forragem em
pastagem de capim-elefante; e que a
associação entre a altura da planta e a
cobertura do solo e seu respectivo índice
proporcionaram as melhores estimativas de
disponibilidade de forragem em pastagem
de capim-elefante.
Ano
1992
Ano
Modelo
1992
COB
1993
COB
1994
COB
1992/1994
COB
Equação de Regressão
Y$ = 53,8496 + 17196,1168 X2
Y$
= - 3387,3459 + 28234,5772 X 2
Y$ = -8603,3068 + 43601,8167 X 2
Y$
R2
0,2648
0,3966
0,6188
0,3412
= - 2340,8089 + 27269,0827 X 2
1
São apresentadas apenas as equações em que os valores
de b (beta) foram significativos, ao nível de 5% de
probabilidade, pelo Teste F.
Quadro 4: Estimativas das equações de
regressão 1 e coeficientes de determinação
(R2) da produção de matéria seca de capimelefante ( Y$ , em kg/ha), em função do índice
altura x cobertura (ALT x COB, X3), para cada
ano de estudo isoladamente e para os três
anos de estudo em conjunto.
Ano
Modelo
1992
ALT x COB
Y$
1993
ALT x COB
Y$
1994
ALT x COB
1992/1994
ALT x COB
Equação de Regressão
= 234,4180 + 11632,8087 X 3
= - 2085,0320 + 15763,1519 X 3
Y$=
R2
0,6688
0,6125
0,7995
- 3729,4354 + 21300,6827 X 3
Y=$ - 1149,6823 + 15847,0773 X 3
0,6100
1
São apresentadas apenas as equações em que os valores
de b (beta) foram significativos, ao nível de 5% de
probabilidade, pelo Teste F.
*
Médias seguidas de uma mesma letra não diferem entre
si, ao nível de 5 % de probabilidade, pelo Teste de Tukey.
© Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro
Revista Universidade Rural, Série Ciências da Vida
Vol. 22, n.2, p.15-22, 2003.
21
Teixeira, F.V et al., 2003.
Quadro 5: Estimativas das equações de
regressão 1 e coeficientes de determinação
(R2) da produção de matéria seca de capimelefante ( Y$ , em kg/ha) ,
em função da
associação das variáveis (ALT + COB, X1 e
X2), para cada ano de estudo isoladamente e
para os três anos de estudo em conjunto.
Ano
Modelo
1992
ALT + COB
Equação de Regressão
1993
ALT + COB
Y$ = - 21127,6319 + 15259,1274 X 1 + 15789,0430 X 2
0,6651
1994
ALT + COB
0,8248
1992/1994
ALT + COB
Y$= - 25351,1262 + 17678,3485 X1 + 21745,4663 X 2
Y$
Y$= - 9421,3119 + 9826,6162 X1 + 8716,6855 X2
= - 17633,2561 + 14709,0995 X1 + 13029,6085 X2
R2
0,7383
0,6779
1
São apresentadas apenas as equações em que os valores
de b (beta) foram significativos, ao nível de 5% de
probabilidade, pelo Teste F.
LITERATURA CITADA
ABRAMIDES, P.L.G.; FRANZINI, W.
Utilização de quatro variáveis, isoladas
ou associadas, na estimativa de
quantidade de forragem em duas
pastagens de capins tropicais de hábito
cespitoso. Zootecnia, Nova Odessa,
v.19, n.2, p.115-139, 1981.
ABRAMIDES, P.L.G.; ALCÂNTARA, P.B.;
STAFUZZA, J.A.; FOSCHINE, A.;
DOWER, J.B. Estimativa da quantidade
de forragem em pastagens de capins
prostrados tropicais, através da medida
da altura da vegetação. Zootecnia, Nova
Odessa, v.20, n.1, p.17-41, 1982.
ALEXANDER, C.W.; SULLIVAN, J.T.;
McCLOUD, D.E. A method for
estimating forage yield. Agronomy
Journal, Madison, v.54, n.5, p.468-469,
1962.
BAKHUIS, J.A. Estimating pasture production by use of grass lenght and sward
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BROWN, D. Methods of surveying and measuring vegetation. Commonwealth Bureau of Pasture and Field Crops, Hurley,
Berkshire, 1954. 223p. (Bulletin 42).
CÓSER, A.C. Avaliação do Botanal e suas
comparações com classes estimadas
e classes exatas, seus relevos côncavo
e convexo das pastagens nativas do
município de Viçosa - MG. Viçosa: UFV,
Imprensa Universitária, 1988. 106p.
(Tese Doutorado).
CÓSER, A.C.; COLLARES, A.L.;
MARASCHIN, G.E. Estimativa visual da
forragem disponível como critério para
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