A desgravação, “Aparelho Respiratório”, fará muito mais sentido se a sua leitura for feita em paralelo com a visualização dos acetatos do ficheiro “RespiraçãoI”, disponível na página do Miguel. O ficheiro ocupa 12,5 Mb, para que tenham a certeza de qual estou a falar. Quem ouvir o ficheiro áudio do módulo correspondente (6), verificará que a quase totalidade da aula foi baseada na leitura dos acetatos por parte da professora. Descrições como “aqui”, “neste gráfico” ou “esta fórmula” são claramente imperceptíveis para quem apenas acompanhasse a desgravação mas se quisesse evitar isso, não faria uma desgravação da aula mas sim um trabalho de pesquisa sobre o aparelho respiratório, pelo que optei por estruturar a desgravação por parágrafos, cada qual correspondente ao acetato indicado. Isto não quer dizer que tenha feito uma desgravação por tópicos. A desgravação está até feita de forma integral, só com exclusão dos (muitos) erros naturais na expressão oral. Achei apenas que seria mais fácil estudar seguindo os acetatos um a um, já que foi assim que a própria aula foi dada. Boa leitura ;) Aparelho Respiratório (Acetato 1) Os pulmões estão dentro das cavidades pleurais, separadas por um ??? na cavidade torácica. A cavidade torácica é constituída pelas costelas, pelo diafragma, pelo esterno, e pela coluna por trás. A cavidade torácica é elástica. A pleura é uma membrana serosa, o que quer dizer que segrega um líquido, o líquido pleural. É um saco constituído por duas paredes: a pleura parietal, que forra a caixa torácica, e a pleura visceral, que está encostada ao pulmão. É entre as pleuras visceral e parietal que se encontra o líquido pleural. Este existe em pequenas quantidades, na ordem de alguns mililitros. A sua função prende-se com a anulação da fricção entre as duas partes da pleura, durante os movimentos respiratórios. A cavidade torácica tem a forma de um cone grosseiro, tal como os pulmões, com o ápice virado para cima, e a base para baixo. O pulmão direito tem 3 lobos separados por fissuras, enquanto que o esquerdo tem apenas 2 lobos. A diferença deve-se à presença do coração naquela zona, bem como de todos os vasos sanguíneos que se prolongam para o lado esquerdo do tórax. (Acetato 2) A principal função do aparelho respiratório é a hematose. A hematose é a passagem do O2 do exterior para o sangue, enquanto que o CO2 percorre o sentido inverso, oriundo do metabolismo. Mas tem outras funções! Tem um papel na hematopoiese – manutenção da quantidade de eritrócitos, leucócitos, plaquetas, etc. Tem uma acção fibrinolítica. Tem uma função metabólica. Proporciona ainda trocas de líquidos nos pulmões. Os brônquios têm músculo liso e são enervados logo, podem contrair. Os brônquiolos maiores têm a mesma constituição, pelo que também podem contrair. (Acetato 3) Na respiração há uma cadeia de processos: A ventilação que faz o O2 deslocar-se do ar para os alvéolos – situados no parênquima pulmonar, a parte mais profunda do pulmão – e expulsa o CO2 na direcção oposta. A difusão é o movimento de gases através da barreira alvéolo-capilar. Há um controlo simultâneo da ventilação e do fluxo sanguíneo nos pulmões, para que a renovação do ar no sangue seja eficiente. Estudaremos ainda o fluxo sanguíneo pulmonar, o transporte de gases pelo sangue, a transferência de gases entre os capilares periféricos e as células e a utilização do oxigénio e produção do dióxido de carbono nas células. Estas são as fases da cadeia de processos respiratórios. (Acetato 4) Agora temos aqui um diagrama que nos ilustra as vias aéreas, os alvéolos pulmonares e os capilares pulmonares. O controlo entre a respiração e a passagem do sangue no capilar pulmonar, e o transporte de oxigénio para as células. (Acetato 5) A barreira alvéolo-pulmonar é muito importante porque é onde se dão as trocas gasosas entre o ar dos alvéolos, situados na parte mais profunda do pulmão, no parênquima pulmonar, e o sangue. A barreira alvéolo-pulmonar é formada pelo epitélio dos alvéolos, um espaço intersticial, e o endotélio dos capilares – sabem que a parede dos capilares é formada por uma só camada de células denominada endotélio. Na parede dos alvéolos existe um líquido que tem tensão superficial. Nesse líquido existe um fosfolípido chamado surfactante pulmonar, que tem uma função muito importante, que veremos mais à frente. (Acetato 6) Temos agora um esquema da árvore respiratória. A traqueia, que se divide nos grandes brônquios. Depois os brônquios e os brônquiolos. Vai haver cerca de 16 ramificações até os brônquiolos terminais, que são os últimos brônquiolos em que ainda não há alvéolos. Depois aqui começa a haver alguns alvéolos pulmonares. Depois temos o ducto alveolar em que todas as paredes são alvéolos. E finalmente os sacos alvéolares, no fundo de tudo. Esta parte até aqui em que não há alvéolos, constitui um espaço que não serve para a respiração, só serve para as trocas gasosas. Portanto temos a zona dos alvéolos, denominada “espaço respiratório”, e outra zona condutora, o “espaço morto respiratório”, que fica cheio de ar durante o ciclo respiratório. (Acetato 7) Os capilares formam uma rede de tal maneira densa sobre o pulmão, que é quase como se tivéssemos uma camada de sangue em volta do pulmão, tão juntos que eles estão uns em relação aos outros. Evidentemente nem todos os capilares colapsam de maneira que vão sendo abertos à medida que vai sendo necessário mais, ou menos, sangue. Além disto há ainda uma pequena circulação responsável pela irrigação dos brônquios. É uma circulação com muito menos importância mas que contem também alguns vasos linfáticos. (Acetato 8) Diz-se que a caixa torácica é elástica. O pulmão também o é! Se pusermos o pulmão dentro de um recipiente e com uma bomba fizermos diminuir a pressão no exterior, o pulmão dilata, porque a pressão exterior diminuiu. Se voltarmos a aumentar a pressão, o pulmão retrai. No gráfico, temos o volume em ordenadas e a pressão em abcissas. Portanto o pulmão tem histerese. Ora, estas propriedades elásticas do pulmão são devidas ao facto de no parênquima pulmonar existir elastina e colagénio e à sua disposição em rede. Por exemplo, as meias esticam não só porque o material é elástico mas também por causa da disposição deste mesmo material em rede. (Acetato 9) Para que haja ventilação, é necessário que se crie uma diferença de pressão entre o ar do exterior e o dos alvéolos. É preciso que a pressão nos alvéolos seja menor do que no exterior para que o ar entre para os pulmões, e é preciso que seja maior que no exterior para que o ar saia para o exterior. Portanto temos movimentos respiratórios que vão criar essas diferenças de pressão. Durante a inspiração, o diafragma contrai por acção do nervo pélvico. Contrai e vem para baixo. As costelas e o esterno são levantados por acção do diafragma e dos músculos intercostais esternos. O diâmetro lateral tranversal da caixa torácica aumenta e o antero-posterior também. Aumentámos assim o volume da caixa torácica e a pressão intra-pleural (do líquido dentro da pleura) diminui e logo a seguir os pulmões, como são elásticos, são expandidos. Ficamos com uma pressão negativa nos alvéolos em relação à atmosfera. A expiração normal é devida ao relaxamento de todos os músculos da caixa torácica. Pode haver expiração forçada em que os músculos abdominais contraem, empurrando o diafragma para cima. Além disso, existem os músculos intercostais internos que diminuem os diâmetros antero-posterior e tranversal. Na inspiração há outros músculos adicionais que podem auxiliar, levantando os ombros e as costelas, para o caso de querermos fazer uma inspiração muito forte. São eles os escalenos, que se situam na parte de trás do pescoço, e o esternocleidomastoideu, que é fixo no esterno, na clavícula e na mastóide. Na expiração, dá-se o relaxamento de todos os músculos. Dá-se uma diminuição de volume da caixa torácica, aumenta a pressão pleural, aumenta a pressão alveolar – que fica positiva – e o ar sai para o exterior. (Acetato 10) No gráfico temos representadas as variações de volume pulmonar, pressão alveolar e pressão alveolar durante a inspiração e a expiração. A pressão pleural chega a -7.5 (a pressão pleural é negativa) durante a inspiração e depois a -5 na expiração. A pressão alveolar chega a -1 na inspiração e a +1 na expiração. À pressão entre a pleura e os alvéolos dá-se o nome de “Pressão Transpulmonar”. (Acetato 11) Vamos agora estudar os vários volumes pulmonares: O volume corrente, “Tidal Volume” em Inglês, é o volume de ar que é inspirado e expirado numa respiração normal, também conhecido como volume corrente. O “Espaço morto anatómico”, cerca de 150 ml. O “Volume de gás alveolar”, cerca de 3 ml. A frequência respiratória é de cerca de 15 ciclos respiratórios por minuto. Multiplicando o “volume corrente” pela “frequência respiratória”, obtém-se a chamada “ventilação total”, ou “volume por minuto”. Se tirarmos ao volume corrente o espaço morto anatómico, ficamos com o volume alveolar. Portanto, subtraindo a 500 ml, 150 ml, e multiplicando pela frequência respiratória, obtemos a “ventilação alveolar”, que é a ventilação que vem para o espaço alveolar. (Acetato 12) Há um aparelho muito usado para estudar a respiração, é o espirómetro. O indivíduo respira para uma peça bucal. Temos água e uma campânula com O2, donde ele extrai oxigénio, libertando anidrido carbónico. Quando este volume varia, um sistema de roldanas faz variar o registo num cilindro e portanto observam-se as variações de volume que se deram durante a respiração. (Acetato 13) Temos aqui um desses registos! Esta variação é o volume corrente: “inspiração expiração - inspiração - expiração - inspiração...” até que temos uma inspiração forçada! À variação de volume que verificamos no gráfico, ou seja, do volume corrente até ao máximo inspirado, dá-se o nome de “volume de reserva inspiratório”. Voltamos então ao volume corrente... Depois uma expiração forçada! O volume mínimo agora obtido chama-se “volume residual”. Voltamos mais uma vez ao volume corrente... Ao volume mínimo durante a respiração corrente dá-se o nome de “capacidade residual funcional”. À diferença entre esta e o volume residual, dá-se o nome de “volume de reserva expiratório. Todos estes parâmetros podemos observar mais facilmente no gráfico. De seguida, fizemos uma inspiração máxima, e temos a “capacidade inspiratória”. Depois, uma expiração forçada, e obtemos a “capacidade vital”. Temos ainda no gráfico a “capacidade pulmonar total”. O volume residual e a capacidade residual funcional são difíceis de medir, mas medem-se por processos que vamos aprender de seguida. (Acetato 17) Isto é como que uma fotografia da água ampliada um milhão de vezes. Temos os átomos de Oxigénio e de Hidrogénio. Há no entanto forças de coesão que provocam uma constante agitação molecular, o modelo representado deve ser encarado como dinâmico. (Acetato 18) A energia de uma dessas moléculas de água é igual a: E = Etranslação + Erotação + Evibração + Eligação dos electrões Ecinética = 2/3 . k . T , sendo k a constante de Boltzman A agitação molecular detecta-se bem se pusermos, por exemplo, grãos de pólen sobre uma superfície aquosa e observarmos ao microscópio. Verificamos que os grãos “andam de um lado para o outro” e isso é devido a choques das moléculas no grão de pólen e este é dirigido na direcção da força resultante. (Acetato 20) Quando há uma interface líquido-gás, vamos ver o que se passa de diferente em relação a uma caso líquido-sólido: Aqui temos uma molécula no interior do líquido. Há forças de coesão entre todas as outras moléculas e a resultante é nula. No entanto, na superfície, já vimos (acetato 18) que as forças de coesão são muito fracas logo só há forças de coesão no líquido, provocando um movimento da molécula para baixo. Isto faz com que se quisermos aumentar a superfície de um líquido, tenhamos de fazer um trabalho igual ao produto da tensão superficial pelo aumento de superfície. Essa tensão é a força que se exerceria numa linha com um centímetro existente na superfície do líquido. O líquido existente nos alvéolos tem tensão superficial! Isto é muito importante! Nos sólidos, as forças de coesão molecular são muito maiores que as forças de repulsão, ou seja, podemos considerar só às forças de coesão. Nos líquidos elas estão equilibradas. Nos gases, as forças de coesão são muito pequenas, como já vimos. (Acetato 21) Provou-se que havia tensão superficial no pulmão pelo seguinte. Encheu-se um pulmão com água salgada e obteve-se, para a expansão do pulmão, “esta” curva (ndd - assinalada no gráfico). Portanto deixou de haver a interface líquido-gás que dá a tensão superficial. Quando se fez com ar, obteve-se “esta” curva (ndd - também assinalado no gráfico). A rigidez é a variação de volume / variação de pressão. Neste caso é muito maior a variação de pressão para o mesmo volume. Portanto a tensão superficial traz uma certa rigidez ao pulmão. (Acetato 22) A superfície dos balões tem tensão superficial. A pressão é igual a 4*Tensão superficial / Raio. De tal modo que quando o raio diminui, a pressão aumenta. “Este” balão tende a expulsar o ar para “este” maior e a colapsar (ndd - desgravo directamente porque na imagem é perceptível qual o maior, a que a professora se refere). Nos alvéolos, temos a pressão igual a 2 X Tensão superficial / Raio. Mas também haveria tendência para isso acontecer, o que não convém já que não é bom que os alvéolos colapsem. Começou então a estudar-se o mecanismo que impedia o colapso alveolar. Verificou-se então que existia um líquido chamado surfactante pulmonar que diminuía a tensão superficial dos alvéolos e além disso a tensão superficial nos alvéolos era menor quando a área relativa era menor. Portanto em todos os alvéolos é libertada a mesma quantidade de surfactante pulmonar. Se a área for mais pequena, a tensão superficial fica muito menor, logo a pressão também muito menor do que se a área for maior. As funções do surfactante são: Diminuir a tensão superficial, tornando o pulmão mais elástico. Fazer o equilíbrio entre os diferentes alvéolos. E ainda, porque devido à tensão, haveria tendência para a passagem de líquido para dentro dos alvéolos. Uma das funções do surfactante é precisamente, diminuindo a tensão superficial, secar os alvéolos. (Acetato 24) Outro fenómeno que mantém os alvéolos todos do mesmo tamanho é a chamada “interdependência”. Se houver um grupo de alvéolos que diminui de tamanho, há imediatamente forças retractivas dos outros à volta que os fazem expandir. O próprio parênquima fá-los expandir! (Acetato 25) O surfactante tem histerese. Pensa-se que a histerese pulmonar da curva de elasticidade pulmonar é devida sobretudo ao surfactante, ou pelo menos em grande parte. (Acetato 26) Disse-vos que a cavidade torácica era elástica e temos aqui a curva volume - pressão transorgânica para a cavidade torácica e para o pulmão – excisado, isto é, fora da cavidade torácica. Estas duas elasticidades vão interferir e vamos ter para o sistema respiratório esta curva aqui (ndd - ver gráfico, está assinalada). Têm a “capacidade residual funcional” para a pressão transorgânica zero. A “capacidade residual funcional” é o volume com que se fica na respiração corrente. (Acetato 27) Temos 3 tipos de fluxo. Turbulento (C), Instável (B), nas bifurcações, e Laminar (A). O fluxo turbulento aparece na traqueia e nos grandes brônquios. A pressão é igual ao produto de uma constante pelo quadrado do débito ventilatório (Q). O número de Reynolds é maior, porque o diâmetro do vaso é maior. Durante o exercício, em que a velocidade de respiração é maior, existe turbulência na traqueia e nos grandes vasos. Nos brônquiolos, o número de Reynolds é menor, porque o ar caminha mais devagar. Nos brônquiolos terminais existe fluxo laminar. No geral, temos P = k.Q + k.Q2 , para k = constante e Q = débito ventilatório (Acetato 28) Vamos novamente ver as pressões e os fluxos durante o ciclo respiratório. O volume na inspiração e na expiração. A pressão intrapleural – se não houvesse resistência à passagem do ar seria a linha a tracejado mas como há, é a linha a cheio. O fluxo de ar na inspiração aumenta e depois diminui na expiração – é negativo porque é em sentido contrário. A pressão alveolar diminui e depois aumenta. (Acetato 29) Haveria tendência para pensar que o principal sítio de resistência respiratória seriam os brônquiolos terminais no entanto, onde há mais resistência à passagem do ar é nos brônquios médios. Os brônquios podem até contrair e dilatar, regulando assim a resistência que oferecem. (Acetato 30) Há além disso uma desigualdade na ventilação ao longo do pulmão, de “baixo” para “cima”. Se pusermos por exemplo um gás radioactivo, o xénon, e depois o detectarmos, vemos que na zona de “baixo” do pulmão, existe uma ventilação muito maior do que na zona média, e ainda mais em relação à zona de cima. É por isso que se danificarmos os alvéolos que se encontram na parte de “baixo” dos pulmões, é muito mais grave do que se danificarmos os de “cima”. E esses estragam-se por exemplo fumando. (Acetato 31) A área O A B C D é o trabalho da inspiração. A área O A E C D é o trabalho feito apenas pelas forças elásticas. Este trabalho é feito para vencer as forças viscosas das vias aéreas e dos tecidos. Na expiração, também representada, vemos que esta resistência das vias respiratórias e dos tecidos, cabe dentro da área elástica. É por este motivo que a expulsão do ar pode ser feita só por retracção elástica, não precisando de qualquer força muscular auxiliar. É passiva. (Acetato 32) Vamos iniciar agora o estudo da cinética dos gases perfeitos. Em primeiro lugar temos na figura um êmbolo, que se pode mover, e temos ar. A pressão é causada pelos choques das moléculas de ar contra as paredes e contra o êmbolo. Suponhamos agora que movemos lentamente o êmbolo para cima. Temos aqui uma dada agitação térmica, as partículas movem-se com uma certa velocidade. Quando o êmbolo está a subir lentamente, uma partícula choca no êmbolo e volta para trás com uma velocidade menor, porque o êmbolo tem este movimento e portanto a energia cinética das partículas diminui, e o gás arrefece. Se fizermos o contrário, ou seja, se empurrarmos o êmbolo, a partícula que choca vem para trás com uma velocidade maior, provocando um aumento da energia cinética e um consequente aumento da temperatura do ar. Podemos associar isto a uma bomba de encher pneus de bicicleta. (Acetato 33) Na definição de gás perfeito, as moléculas são assimiláveis a pontos materiais, o seu volume próprio é nulo. Por conseguinte apenas a energia de translação se toma em consideração. Não se pode conceber neste caso nem rotação nem vibração. As forças de interacção entre as moléculas são rigorosamente nulas. Apenas intervêm as forças de repulsão no momento do choque entre as moléculas. Entre dois choques as moléculas são perfeitamente independentes umas das outras. Os choques são elásticos. (Acetato 34) A Lei de Boyle diz que para um dado gás, mantendo a temperatura constante, o produto do volume pela pressão é constante. (Acetato 35) Na Lei de Charles, mantendo a pressão constante, V1 / V2 = T1 / T2, para T em valores absolutos. (Acetato 36) Pela Lei de Boyle-Mariotte, P. V = R. T, sendo R a constante dos gases perfeitos. (Acetato 37) A Lei de Avogadro diz que “Iguais volumes de diferentes gases, à mesma pressão e temperatura, contêm o mesmo número de moléculas”. (Acetato 38) A Lei dos gases perfeitos, P . V = n . R . T demonstra que iguais volumes de diferentes gases, à mesma pressão e temperatura contêm o mesmo número de moléculas. (Acetato 39) Finalmente, a Lei de Dalton, diz que para uma mistura de gases, a pressão parcial de um gás é igual ao produto da pressão total pela fracção molar (concentração fraccional do gás). (Acetato 40) Temos agora água, com oxigénio e hidrogénio, enquanto temos cá fora vapor de água e ainda moléculas de azoto. Há agitação térmica e há choques maiores, pelo que há partículas de água que conseguem vencer a tensão superficial, passando para o ar. Ao mesmo tempo, há partículas de azoto que conseguem passar para a água, ficando azoto dissolvido na água. (Acetato 41) A Lei de Henry diz que a concentração de um gás dissolvido é igual ao produto da constante de solubilidade pela pressão parcial desse gás na parte gasosa. (Acetato 42) Voltando aos pulmões... Vimos que tínhamos uma zona condutora de ar, até aos brônquiolos terminais e depois a zona respiratória. Nesta, que tem só alguns milímetros, as partículas de ar movem-se apenas por difusão. Num segundo, esta zona é atravessada. A área da geração dos brônquios aumenta muito pouco numa primeira fase, depois vai aumentando bastante até aos brônquiolos terminais. Temos a zona condutora, onde há o fluxo de ar normal, ou por convecção. (Acetato 43) Na convecção, há uma força aplicada às moléculas com sentido e direcção perfeitamente definidos. A energia necessária para o deslocamento da molécula vem do exterior. (Acetato 44) Quanto à difusão, nesta há ausência de uma força que se exerce numa direcção ou num sentido precisos sobre uma molécula. O movimento é ao acaso, e pode ser estudado hoje em dia pela Teoria do Caos. O deslocamento está relacionado com a agitação térmica e com a existência duma diferença de concentração entre dois pontos. (Acetato 45) A Lei da Difusão é a Lei de Fick. Temos na figura uma região com uma grande concentração, e outra com uma pequena concentração. O fluxo de gás = - D . A . dC/dx, sendo D a constante de difusão, A a área da secção, e dC/dx o gradiente de concentração. O sinal menos põe-se porque se o gradiente for negativo, o fluxo é positivo. (Acetato 46) Ainda existe a Lei de Graham da difusão na fase gasosa que diz que a velocidade de difusão é inversamente proporcional à “raiz” da massa específica do gás. Portanto as moléculas mais pesadas difundem mais lentamente, enquanto que as mais leves difundem mais rapidamente. Isto entre gases! A difusão de gases dissolvidos diz que a velocidade de difusão é proporcional à solubilidade do gás / (“sobre”) a raiz do peso molecular. Quando respiramos partículas mais pesadas, elas não chegam em geral ao pulmão profundo. Acabam por ser depositadas nas vias aéreas maiores. Só chegam ao pulmão profundo partículas muito pequenas. (Acetato 47) Vamos ver agora como se pode determinar a capacidade residual funcional. Temos aqui um aparelho onde se põe hélio, que é um gás que não passa dos pulmões para o sangue. Pretende-se determinar a capacidade residual V2, que ficou depois da expiração. Abre-se a torneira e manda-se o indivíduo respirar várias vezes. Passa a haver uma concentração de hélio diferente porque o volume é muito maior. Então a partir da fórmula de cima, extraímos o volume V2, como se representa na fórmula de baixo. (Acetato 48) Outra forma de calcular a CRF é com o Pletismógrafo. Introduz-se o indivíduo numa caixa cuja pressão e volume de ar são medidos rigorosamente. A pressão e o volume dos pulmões também são medidos. Quando o indivíduo inspira, o volume dos pulmões aumenta, enquanto o volume no exterior diminui. A pressão aumenta já que P.V é constante. O mesmo mecanismo mas na forma inversa se passa na expiração. A partir das fórmulas presentes no acetato, é possível calcular a capacidade residual funcional, V2. (Acetato 49) A medição da ventilação alveolar, pode fazer-se medindo o “espaço morto anatómico”. Há uma diferença entre o “espaço morto anatómico” e o “espaço morto fisiológico”. Tal como podemos ver na primeira fórmula, o volume corrente VT, é igual à soma do volume do espaço morto, VD, com o volume alveolar, VA. Se multiplicarmos pela frequência respiratória, obtemos a ventilação total (2ª fórmula), que por sua vez é igual à ventilação no espaço morto somada com a ventilação alveolar. Portanto a ventilação alveolar vai ser igual à ventilação total “menos” a ventilação do espaço morto anatómico. Veremos em seguida como determinar este “espaço morto anatómico”. (Acetato 50) Outro modo de medir a ventilação alveolar, é pensar que no espaço morto anatómico não há quase anidrido carbónico, só há nos alvéolos. O espaço morto tem ar cuja composição quase não tem CO2. De tal forma que a ventilação em CO2 é igual ao produto da ventilação alveolar pela concentração fraccional em CO2, tirando-se daqui a ventilação alveolar. A concentração fraccional em CO2 pode ser substituída pela pressão parcial alveolar em CO2. A pressão parcial alveolar em CO2 é praticamente igual à pressão arterial em CO2! Portanto, medindo – por exemplo com uma seringa – a pressão de CO2 no sangue arterial, consegue-se determinar a ventilação alveolar. Evidentemente que se o indivíduo tiver uma pneumonia e consequentemente muitos alvéolos a funcionar deficientemente, temos muito CO2 no sangue e a ventilação alveolar ???... (ndd - será mais elevada?... é imperceptível...) (Acetato 51) O método de Fowler para determinação do espaço morto anatómico consiste na inspiração de azoto por parte do indivíduo testado. Temos um aparelho que mede a concentração do azoto inspirado e expirado, bem como outro de registo dessa concentração de azoto. De repente faz-se o indivíduo inspirar oxigénio puro. Então, a concentração de azoto passa para zero, até que começa a expiração. No gás alveolar, havia azoto, de maneira que no princípio da expiração ainda é “espaço morto anatómico” pelo que a concentração de azoto é nula mas depois há uma súbita da concentração em azoto até um patamar, como é visível no gráfico. Ao mesmo tempo que se mede a concentração em azoto, mede-se o volume expirado em litros, traçando-se um gráfico concentração - volume expirado. Temos então uma curva e traça-se uma recta de tal modo que a área B seja igual à área A. O espaço morto anatómico é o volume correspondente à área B. (Acetato 51) Agora o espaço morto fisiológico. Já tivemos a noção de que se houver um grupo de alvéolos que não está a funcionar bem, é como se tivéssemos um espaço morto muito maior. A ventilação alveolar é também menor. Continuando a pensar que só há CO2 nos alvéolos, e não no espaço morto, o produto do volume corrente pela concentração fraccional de CO2 expirada é “igual” ao produto do volume alveolar pela concentração fraccional de CO2 nos alvéolos. O volume corrente é igual à soma do volume alveolar com o espaço morto. Substitui-se o volume alveolar e obtém-se uma nova fracção (ndd - a 4ª equação do acetato). A razão entre o espaço morto anatómico e o volume corrente. Substituindo estas concentrações fraccionais pelas pressões, nas fórmulas dadas anteriormente, obtém-se a chamada equação de Bohr, que dá a razão entre o volume do espaço morto fisiológico e o volume corrente. Pode substituir-se estas pressões alveolares pelas pressões arteriais, determinando assim o espaço morto fisiológico. ndd - no fim da aula a professora indicou alguma bibliografia. Para além do Bern&Levy, fez referência ao “Guyton” e ainda a outro livro cuja denominação ultrapassou as minhas capacidades auditivas... não havia acetato para confirmar...