FILOSOFIA E EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO

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Cláudia Battestin
Jorge da Cunha Dutra
Volume 1
Organizadores
DIÁLOGOS ENTRE
FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
Rio Grande
2015
© Cláudia Battestin; Jorge da Cunha Dutra
2015
Ilustração: Marcos Bettú
Criação do logo da Coleção Maiêutica Filosófica:
Fabrício Hoff Dupont
Formatação e diagramação:
João Balansin
Gilmar Torchelsen
Revisão: Julio Marchand
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Me. Márcia
Rodrigues, CRB 10/1411.
D536 Diálogos entre filosofia e educação / Cláudia Battestin,
Jorge da Cunha Dutra, organizadores. – Rio
Grande, RS: Ed. da FURG, 2015.
184 p. ; 21 cm. – (Coleção maiêutica filosófica; v. 1)
ISBN 978-85-7566-353-0 (Obra completa)
ISBN: 978-85-7566-343-1 (Volume 1)
1. Filosofia – Estudo e ensino. 2. Filosofia. I.
Battestin, Cláudia. II. Dutra, Jorge da Cunha.
CDU, 2ª ed.: 1:37
Índice para o catálogo sistemático:
1. Filosofia – Estudo e ensino
2. Filosofia
1:37
1
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Diálogos entre Filosofia e Educação: o início da
Coleção Maiêutica Filosófica
Cláudia Battestin (URI-FW) e Jorge da Cunha Dutra (FURG
e SEDUC/RS) ........................................................................
7
PREFÁCIO
A escola faz a Filosofia ou a Filosofia faz a escola?
Walter Omar Kohan (UERJ) ..................................................
13
PARTE I – O ENSINO DE FILOSOFIA NO CONTEXTO
EDUCACIONAL BRASILEIRO: CAMINHOS E
POSSIBILIDADES
CAPÍTULO 1
A pergunta e o ensinar Filosofia filosofando
Ursula Rosa da Silva (UFPel) ................................................
21
CAPÍTULO 2
A razão de ser da presença da Filosofia no ensino
superior
Antônio Joaquim Severino (USP e UNINOVE) .....................
35
CAPÍTULO 3
Apontamentos sobre a relação entre história da
Filosofia e ensino da Filosofia
Elisete Medianeira Tomazetti (UFSM) e Katiuska Izaguirry
Marçal (UFSM) ......................................................................
49
CAPÍTULO 4
Ensino de Filosofia e a caracterização do professor no
estado de São Paulo
Samuel Mendonça (PUC-Campinas) ....................................
65
CAPÍTULO 5
o ensino de Filosofia e a política educacional no
Paraná: análise das ações do Núcleo de Estudos e
Pesquisas sobre o Ensino de Filosofia (NESEF) no
contexto da conjuntura atual
Geraldo Balduíno Horn (UFPR) e Valéria Arias (UFPR) .......
79
PARTE II – FILOSOFIA, HISTÓRIA E CULTURA: VOZES
LATINO-AMERICANAS
CAPÍTULO 6
Os jesuítas e o ensino de Filosofia no Brasil
José Carlos da Silva (UFMS) ................................................
99
CAPÍTULO 7
Reflexões preliminares sobre a didática filosófica no
contexto brasileiro
Flávio Rovani de Andrade (UFPI) ..........................................
115
CAPÍTULO 8
Filosofía intercultural y pensamiento latinoamericano en
la enseñanza universitaria
Jorge Alejandro Santos (UBA y UNLZ – Argentina) ..............
131
CAPÍTULO 9
La Filosofía inculturada en la música popular
Mario Mejía Huamán (URP – Peru) y Saby Lazarte Oyague
(URP – Peru) …………………………………………………….
149
CAPÍTULO 10
Diálogo da contingência, Filosofia como cultura
Roberto Goto (UNICAMP) .....................................................
163
POSFÁCIO
Encontros de Filosofia e Educação
Mauro Augusto Burkert Del Pino (UFPel) .............................,
179
BREVE CURRÍCULO DOS AUTORES ................................
181
APRESENTAÇÃO
Diálogos entre Filosofia e Educação:
o início da Coleção Maiêutica Filosófica
[...] Sócrates — São dores de parto, meu
caro Teeteto. Não estás vazio; algo em tua
alma deseja vir à luz.
Teeteto — Isso não sei, Sócrates; só disse o
que sinto.
Sócrates — E nunca ouviste falar, meu
gracejador, que eu sou filho de uma parteira
famosa e imponente, Fanerete?
Teeteto — Sim, já ouvi.
Sócrates — Então, já te contaram também
que eu exerço essa mesma arte? (PLATÃO,
s/d, parte VI)1
O nome dado a esta coleção se inspira no pensamento de
Sócrates, o qual se utilizava do método da maiêutica para “parir as
ideias” de seus interlocutores em busca da verdade. De maneira
distinta, mas com a mesma pretensão de “parir as ideias”, a coleção
Maiêutica Filosófica tem como objetivo “dar à luz” as investigações
filosóficas de educandos e educadores das mais diversas
instituições do Brasil e também da América Latina, permitindo,
assim, o intercâmbio de conhecimentos e a valorização da
integração interinstitucional. É nesse sentido que esta primeira obra
da coleção, intitulada Diálogos entre Filosofia e Educação,
apresenta um amplo grupo de trabalhos, articulando professores
tanto nos comitês científico e editorial bem como na autoria dos
artigos. A nossa intenção é que esta obra permita reunir
experiências e investigações de várias instituições de ensino,
apresentando um panorama sobre o que vem sendo pesquisado e
debatido sobre o mundo da filosofia e da educação na atualidade.
Os artigos escritos possibilitam ao leitor observar e sentir o
1
PLATÃO. Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Membros do Grupo de
Discussão
Acrópolis,
s/d.
Disponível
no
site:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000068.pdf>. Acesso em: 05 jun.
2013.
quanto estão presentes as vozes, as discussões, os diálogos, os
pensamentos, os devaneios, a coragem e a determinação dos
autores em assumirem e escolherem temáticas tão desafiadoras e
importantes para o nosso tempo. A Maiêutica está aqui, faz-se
presente em cada página, em cada capítulo, em cada sujeito que
escreve, que trabalha, que sonha e que acredita no potencial da
Filosofia e da Educação.
Nesse sentido, buscamos uma interlocução com professores
das mais distintas universidades, acreditando que a diversidade de
pensamentos e experiências contribui para o crescimento de um
projeto coletivo. O trabalho dos professores da comissão científica
contribuiu valiosamente para a seleção e avaliação dos textos
recebidos. Com notoriedade, destacamos a colaboração dos
seguintes professores: Altair Fávero, da Universidade de Passo
Fundo – UPF; Filipe Ceppas, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ; Fernando Estonssoro, da Universidad de Santiago
de Chile – USACH; Fernando Lema, da Fundación Pólo Mercosur –
Uruguai; Jayme Paviani, da Universidade de Caxias do Sul – UCS;
Marcos de Camargo Von Zuben, da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte – UERN; Pedro Gontijo, da Universidade de
Brasília – UnB; Sílvio Gallo, da Universidade Estadual de Campinas
– UNICAMP; e Vilmar Alves Pereira, da Universidade Federal do Rio
Grande – FURG. Também queremos destacar a participação do
professor Walter Omar Kohan, da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro – UERJ, que nos presenteou com um prefácio repleto de
reflexões sobre a escola e a Filosofia, intitulado com uma pertinente
pergunta: A escola faz a Filosofia ou a Filosofia faz a escola? Essas,
entre outras questões, são possíveis de serem analisadas na
dualidade de pensamento apresentadas pelo autor.
Os escritos publicados neste primeiro volume foram divididos
em duas seções. Na primeira, contemplam-se os textos que
abrangem o ensino de Filosofia no contexto educacional brasileiro. Na
segunda, abrange-se a temática Filosofia, História e Cultura a partir
de um viés reflexivo latino-americano. Todos os capítulos contemplam
um diálogo em torno da Filosofia, articulada ou relacionada com a
educação, com o ensino, com as práticas, as teorias e as
investigações.
Na primeira parte do livro, o capítulo intitulado A pergunta e o
ensinar Filosofia filosofando, Úrsula Rosa da Silva aborda o ensino
de filosofia e suas temáticas relacionando com a essência própria da
filosofia, refletindo também sobre as metodologias do ensino desta
disciplina na sala de aula, considerando o professor como filósofo e
trazendo como referenciais teóricos Mathew Lipman e Maurice
Merleau-Ponty. No texto de Antônio Joaquim Severino, intitulado A
razão de ser da presença da Filosofia do ensino superior, o autor
analisa o contexto do ensino superior brasileiro, bem como a
presença dos conteúdos filosóficos nos currículos dos cursos
superiores, identificando questões filosóficas fundamentais que
fazem parte dos pressupostos de qualquer profissão e buscando
não somente a formação para o mercado de trabalho, mas também
a formação integral do ser humano. As autoras Elisete Medianeira
Tomazetti e Katiuska Izaguirry Marçal escrevem o capítulo
denominado Apontamentos sobre a relação entre história da
Filosofia e ensino de Filosofia, no qual propõem reconstituir os
discursos sobre o método inaugurado pela Faculdade de Filosofia
da Universidade de São Paulo – os quais remetem a proposta da
transmissibilidade da história da Filosofia – e pensam a relação
entre a história da filosofia e o seu ensino, analisando os discursos
que reafirmam a história da filosofia como condição para a
existência da filosofia como prática e como saber. O texto Ensino de
Filosofia e a caracterização do professor no estado de São Paulo,
escrito por Samuel Mendonça, problematiza a caracterização do
professor de Filosofia presente na Proposta Curricular do Estado de
São Paulo, apontando os avanços necessários para o
aprimoramento do ensino de Filosofia. Como resultado de suas
análises, o autor defende que quem deve caracterizar o professor de
Filosofia é o próprio docente em sua prática profissional e não o
estado. Encerrando a primeira parte, Geraldo Balduíno Horn e
Valéria Arias escrevem o capítulo intitulado O ensino de Filosofia e a
política educacional no Paraná: análise das ações do Núcleo de
Estudos e Pesquisas sobre o Ensino de Filosofia (NESEF) no
contexto da conjuntura atual. O respectivo texto apresenta uma
análise sobre o NESEF (Núcleo de Estudos sobre o Ensino de
Filosofia/Educação Filosófica), mostrando a natureza e os objetivos
desse Núcleo, bem como sua inserção na comunidade acadêmica e
escolar, por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Na segunda parte do livro, temos o capítulo escrito por José
Carlos da Silva, intitulado Os jesuítas e o ensino de Filosofia no
Brasil, o qual retrata historicamente, por meio de uma pesquisa
bibliográfica, as influências dos jesuítas na educação filosófica
brasileira presentes até a atualidade. No texto de Flávio Rovani de
Andrade, autor do texto Reflexões preliminares sobre a didática
filosófica no contexto brasileiro, encontramos uma análise histórica
referente à presença do ensino de Filosofia na educação básica
brasileira, analisando também algumas das abordagens didáticas
para o desenvolvimento da disciplina, ao passo que apresenta como
exemplo o procedimento didático-filosófico da Filosofia como criação
de conceitos.
O capítulo intitulado Filosofía intercultural y pensamiento
latinoamericano en la enseñanza universitária, escrito em idioma
espanhol pelo argentino Jorge Alejandro Santos, denuncia a
ausência do pensamento latino americano e intercultural nos
programas universitários do ensino de Filosofia. Nesse sentido, o
texto propõe, de forma sucinta, uma reformulação do currículo, do
ensino e da transmissão da Filosofia na universidade, a fim de que
seja possível a presença da reflexão filosófica proveniente de outras
tradições filosóficas.
Os autores peruanos Mario Mejía Huamán e Saby Lazarte
Oyague pontuam no capítulo – escrito no idioma espanhol – La
Filosofía inculturada en la música popular, uma possibilidade de
despertar o interesse dos jovens pela Filosofia por meio de um
caminho diferente do tradicional, como por exemplo a partir das
manifestações culturais e artísticas, dos problemas econômicos,
entre outros. No respectivo texto, os autores dedicam-se a
apresentar um panorama da filosofia inculturada a partir da música
popular. Por fim, o capítulo intitulado Diálogo da contingência,
Filosofia como cultura, de Roberto Goto, realiza uma análise
interpretativa do filme Rebel without a cause (traduzido para a
Língua Portuguesa como Juventude transviada) e discute, no âmbito
do ensino de Filosofia como disciplina escolar, o lugar da
contingência como algo fundamental da condição humana. Esta
reflexão envolve a questão relativa ao modo como pode assumir o
ensino de Filosofia, a fim de que possa dar conta das ressonâncias
da contingência da vida na existência dos jovens, tanto na qualidade
de pessoas humanas, como de futuros cidadãos.
Esperamos que esta coleção, além de apresentar um material
teórico para pesquisas, leituras e conhecimento, possa abrir mais
uma via de discussão sobre temas que se fazem cada vez mais
urgentes e necessários para tempos de incertezas e buscas. Com
esse almejo, pretendemos manter uma maiêutica filosófica viva
entre os interlocutores, a fim de vivenciar e oportunizar novas ideias
e vivências através das novas experiências sobre o ensino. Dentro
desta perspectiva, novos organizadores serão convidados a “darem
à luz” a próxima edição.
Finalizando, queremos agradecer a todos os colaboradores
desta obra e desejamos que a proposta de difundir o conhecimento
aumente cada vez mais. Que este espaço possa ser um lugar que
permita o exercício da maiêutica filosófica, de modo que muitas
ideias e iniciativas de trabalho possam servir de exemplo e de
inspiração para os que seguem na luta e no desafio de ser
educador.
Desejamos a todos uma ótima leitura e muita sabedoria
sempre!
Cláudia Battestin
Jorge da Cunha Dutra
Doutora em Educação (UFPel)
Professora da Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das
Missões – URI-FW
Doutor em Educação (UFPel)
Professor da Universidade Federal do
Rio Grande – FURG
Professor de Filosofia da Rede Pública
Estadual – SEDUC/RS
Organizadores da Coleção Maiêutica Filosófica
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