Avaliação da viabilidade embrionária na reprodução humana

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Rita de Cássia Savio Figueira
AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE EMBRIONÁRIA
NA REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA: VALOR
PREDITIVO DE PARÂMETROS MORFOLÓGICOS
Tese apresentada ao curso de PósGraduação da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo para
obtenção do título de Doutora em Ciências
da Saúde.
São Paulo
2015
Rita de Cássia Savio Figueira
AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE EMBRIONÁRIA
NA REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA: VALOR
PREDITIVO DE PARÂMETROS MORFOLÓGICOS
Tese apresentada ao curso de PósGraduação da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo para
obtenção do título de Doutora em Ciências
da Saúde.
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Ciências da Saúde
ORIENTADOR: Prof. Dr. Tsutomu Aoki
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Edson Borges Jr.
São Paulo
2015
Versão Corrigida
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Figueira, Rita de Cássia Savio
Avaliação da viabilidade embrionária na reprodução humana
assistida: valor preditivo de parâmetros morfológicos./ Rita de Cássia
Savio Figueira. São Paulo, 2015.
Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da
Saúde.
Área de Concentração: Ciências da Saúde
Orientador: Tsutomu Aoki
Co-Orientador: Edson Borges Júnior
1. Infertilidade 2. Fertilização in vitro 3. Desenvolvimento
embrionário 4. Transferência embrionária
BC-FCMSCSP/12-15
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, eternos exemplos de dedicação.
Ao meu irmão e amigo para toda a vida, Cezar.
Ao Murilo, meu amor verdadeiro e companheiro.
Ninguém pode tirar de você...
... A disposição de tentar mais uma vez.
... A vontade de enfrentar desafios.
... A sensação de dever bem cumprido.
... A coragem de ser simplesmente você.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Tsutomu Aoki pela orientação e pelo exemplo de determinação.
Ao Dr. Edson Borges Jr., pela orientação e não só pelo incentivo, mas também pelo exemplo na
busca incansável por conhecimento. Obrigada por tudo.
Ao Dr. Edson Borges Jr. e ao Dr. Assumpto Iaconelli Jr., diretores clínicos do Fertility Medical
Group, pela oportunidade e por toda a confiança em mim depositada ao longo desses 10 anos de
trabalho árduo e de bons momentos compartilhados.
À Gloria Calderon, diretora da empresa EmbryoTools, por ser a principal responsável pela
minha paixão pela morfologia embrionária e pelo seu apoio sempre.
A todos os membros da equipe de embriologistas dos Laboratórios de Fertilização in vitro e
Andrologia do Centro de Fertilização Assistida - Fertility: Livia Vingris, Matheus Azevedo,
Renata Ferreira, Rodrigo Provenza e Thais Serzedello, pelo verdadeiro significado de EQUIPE
resultando em muitos bebês em casa e pelos inúmeros bons momentos compartilhados. Amigos,
obrigada pela dedicação e por todo o carinho.
Aos novos membros desse time: Caroline Brogliato e Jéssica Rocha pelo interesse notório em
serem realmente parte desta EQUIPE.
A todos os funcionários do Centro de Fertilização Assistida - Fertility e do Instituto Sapientiae
pelo convívio, em especial à Carla Mercante, à Margaret Meira, à Daniela Braga e à Amanda
Setti pelo profissionalismo associado a boas risadas.
Aos meus pais Jorge e Maria José e ao meu irmão Cezar pelo amor incondicional, pelo apoio,
pelo incentivo constante e por estarem ao meu lado em todos os momentos, independente da
distância. Obrigada por tudo.
À Elvira, ao Ivaldir e à Nola, minha segunda família, por todo apoio e carinho sempre presentes.
Ao meu esposo Murilo, pelo companheirismo, compreensão, admiração e pelo amor sempre tão
presente. Obrigada pelo alicerce intelectual e emocional na finalização deste trabalho e por tudo
que “construímos” neste período.
À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e À Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo por proporcionarem a efetivação desta tese.
Ao Centro de Fertilização Assistida - Fertility e às pacientes submetidas ao tratamento pela
disponibilização dos dados utilizados para elaboração desta tese.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo suporte
financeiro.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
μL - Microlitro
UI - Unidades internacionais
ASRM - do inglês American Society for Reproductive Medicine (Sociedade Americana de
Medicina Reprodutiva)
CDC - do inglês Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção
de Doenças)
CFM - Conselho Federal de Medicina
CNS - Conselho Nacional de Saúde
CGH - do inglês Comparative Genomic Hybridization (Hibridização Genômica Comparativa)
CO2 - Dióxido de carbono
CP - Corpúsculo polar
CPN - Corpos Precursores de Nucléolos
DNA - do inglês Deoxyribonucleic Acid (Ácido desoxirribonucléico)
DP - Desvio padrão
E2 - Estradiol
EC - Extracitoplasmático
EOC - Estímulo Ovariano Controlado
EPV - Espaço perivitelineo
ESHRE - do inglês European Society of Human Reproduction and Embryology (Sociedade
Européia de Reprodução Humana e Embriologia)
FISH - do inglês Fluorescent In Situ Hybridization (Hibridização in situ fluorescente)
FIV - Fertilização in vitro
FSH - do inglês Follicle Stimulating Hormone (Hormônio Folículo Estimulante)
r-FSH - do inglês recombinant Follicle Stimulating Hormone (Hormônio Folículo Estimulante
recombinante)
HP-u-FSH - do inglês Highly Purified urinary Follicle Stimulating Hormone (Hormônio
Folículo Estimulante urinário altamente purificado)
GnRH - do inglês Gonadotropin Releasing Hormone (Hormônio Liberador das Gonadotrofinas)
hCG - do inglês human Chorionicgonadotropin (Gonadotrofina Coriônica Humana)
r-hCG - do inglês recombinant human Chorionicgonadotropin (Gonadotrofina Coriônica
Humana recombinante)
β-hCG - do inglês human Chorionicgonadotropin beta subunit (subunidade beta da
Gonadotrofina Coriônica Humana)
HEPES - (N-(2-hidroxietil)piperazina-N'-(2-ácido etanosulfônico)
HSA - do inglês Human Serum Albumin (Albumina Sérica Humana)
IC - Intracitoplasmático
ICSI - do inglês Intracytoplasmic Sperm Injection (Injeção Intracitoplasmática de
Espermatozóides)
MCI - Massa Celular Interna
NSFG - do inglês National Survey of Family Growth (Pesquisa Nacional de Crescimento
Familiar)
OMS - Organização Mundial da Saúde
OMICS - Conjunto de ferramentas de análise genômica, transcriptômica e proteômica
OR - do inglês Odds ratio (Razão de Chance)
PN – Pronúcleo(s)
POP – Procedimento Operacional Padrão
PVP - Polivinilpirrolidona
RE - Retículo endoplasmático
REDLARA - Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida
REL - Retículo endoplasmático liso
RHA - Reprodução Humana Assistida
RLA - Registro Latinoamericano
RNA - do inglês Ribonucleic Acid (Ácido ribonucleico)
mRNA - do inglês messenger Ribonucleic Acid (Ácido ribonucleico mensageiro)
rRNA - do inglês ribosomal Ribonucleic Acid (Ácido ribonucleico ribossomal)
RON - Regiões Organizadoras de Nucléolos
SART CORS - do inglês Society for Assisted Reproductive Technology Clinic Outcome
Reporting System (Sistema de Relato dos Resultados Clínicos da Sociedade Nacional Americana
para Tecnologia Reprodutiva Assistida)
SPTZ - Espermatozoides
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TRF - Trofoectoderma
VAC - Vacúolo
ZP - Zona pelúcida
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Esquema didático para avaliação da simetria de blastômeros nos dias 2 e 3 do
desenvolvimento embrionário........................................................................................................26
FIGURA 2: Modelo de categorização das variáveis número de células / ritmo de clivagem e
simetria de blastômeros para os dias 2 e 3 do desenvolvimento utilizados para submissão dos
dados à análise estatística...............................................................................................................34
FIGURA 3: Curva ROC para o modelo taxa de formação de blastocistos...................................62
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Modelo de classificação da fragmentação embrionária humana segundo
Alikani, 1999..................................................................................................................................14
TABELA 2: Modelo de classificação de blastocistos humanos cultivados in vitro
segundo Gardner and Schoolcraft, 1999.........................................................................................17
TABELA 3: Intervalos de horas em relação ao horário de realização do procedimentode ICSI
utilizados para avaliação regular dos embriões quanto aos critérios morfológicos
de interesse.....................................................................................................................................31
TABELA 4: Descrição das características dos casais inseridos no presente estudo
e de seus ciclos de tratamento de RHA..........................................................................................39
TABELA 5: Descrição das características clínicas da população estudada e dos ciclos de
tratamento de RHA. ......................................................................................................................40
TABELA 6: Descrição das variáveis de resposta folicular das pacientes submetidas
ao EOC...........................................................................................................................................41
TABELA 7: Descrição dos parâmetros seminais pré-processamento das amostras submetidas
à ICSI..............................................................................................................................................42
TABELA 8: Perfil laboratorial das variáveis de sucesso após submissão dos oócitos à
ICSI.................................................................................................................................................42
TABELA 9: Taxas de sucesso do tratamento de RHA para as pacientes avaliadas no estudo.....43
TABELA 10: Descrição das características e do perfil de resposta clínica e laboratorial dos
casais submetidos ao tratamento de RHA de acordo com a classificação do embrião no dia 5 do
desenvolvimento............................................................................................................................44
TABELA 11: Taxa de blastocistos obtidos no dia 5 do desenvolvimento de acordo com as
características dos casais e de seus ciclos de tratamento de RHA..................................................45
TABELA 12: Descrição da incidência dos dismorfismos oocitários avaliados no dia 0 do
desenvolvimento.............................................................................................................................47
TABELA 13: Taxa de formação de blastocisto de acordo com o dismorfismo oocitário detectado
no oócito submetido à ICSI............................................................................................................48
TABELA 14: Descrição da incidência das alterações do padrão de morfologia pronuclear
avaliadas no presente estudo...........................................................................................................49
TABELA 15: Taxa de formação de blastocisto de acordo com a alteração do padrão de
morfologia pronuclear detectado nos zigotos obtidos após a ICSI................................................50
TABELA 16: Descrição das características dos embriões de acordo com os critérios de
morfologia embrionária avaliados para o dia 2 do desenvolvimento.............................................52
TABELA 17: Taxa de formação de blastocisto de acordo com os critérios morfológicos
avaliados nos embriões em dia 2 do desenvolvimento..................................................................53
TABELA 18: Descrição das características correspondentes aos padrões de morfologia
embrionária do dia 2 do desenvolvimento, de acordo com a classificação do embrião no dia 5 do
desenvolvimento............................................................................................................................55
TABELA 19: Descrição das características dos embriões de acordo com os critérios de
morfologia embrionária avaliados para o dia 3 do desenvolvimento.............................................56
TABELA 20: Taxa de formação de blastocisto de acordo com os critérios morfológicos
avaliados nos embriões em dia 3 do desenvolvimento...................................................................58
TABELA 21: Descrição das características correspondentes aos padrões de morfologia
embrionária do dia 3 do desenvolvimento, de acordo com a classificação do embrião no dia 5 do
desenvolvimento.............................................................................................................................59
TABELA 22: Critérios selecionados pelo modelo de regressão logística binária múltipla como
preditores da obtenção de embriões em estágio de blastocisto quando cultivados até o dia 5 do
desenvolvimento.............................................................................................................................60
TABELA 23: Descrição das características dos casais e de seus ciclos de tratamento de RHA de
acordo com a taxa de implantação dos embriões transferidos em estágio de blastocisto...............64
TABELA 24: Taxa de implantação dos blastocistos transferidos de acordo com as características
dos casais e de seus ciclos de tratamento de RHA.........................................................................65
TABELA 25: Taxa de implantação embrionária dos blastocistos transferidos de acordo com o
dismorfismo oocitário detectado no oócito submetido à ICSI.......................................................66
TABELA 26: Taxa de implantação embrionária dos blastocistos transferidos de acordo com a
alteração do padrão de morfologia pronuclear detectado nos zigotos obtidos após a ICSI...........68
TABELA 27: Taxa de implantação embrionária dos blastocistos transferidos de acordo com os
critérios morfológicos detectados nos embriões em dia 2 do desenvolvimento.............................70
TABELA 28: Descrição das características correspondentes aos padrões de morfologia
embrionária do dia 2 do desenvolvimento, de acordo com a taxa de implantação dos embriões
transferidos em estágio de blastocisto............................................................................................71
TABELA 29: Taxa de implantação embrionária dos blastocistos transferidos de acordo com os
critérios morfológicos detectados nos embriões em dia 3 do desenvolvimento.............................72
TABELA 30: Descrição das características correspondentes aos padrões de morfologia
embrionária do dia 3 do desenvolvimento, de acordo com a taxa de implantação dos embriões
transferidos em estágio de blastocisto............................................................................................73
TABELA 31: Critérios selecionados pelo modelo de regressão logística binária múltipla como
preditores do potencial de implantação de embriões em estágio de blastocisto após transferência
embrionária.....................................................................................................................................74
SUMÁRIO
1) INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
1.1) REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA (RHA) ........................................................... 1
1.2) MORFOLOGIA OOCITÁRIA......................................................................................... 3
1.2.1) Dismorfismos intracitoplasmáticos ............................................................................ 5
1.2.1.1) Granulação ............................................................................................................ 5
1.2.1.2) Inclusões ................................................................................................................. 5
1.2.2) Dismorfismos extracitoplasmáticos ........................................................................... 6
1.2.2.1) Zona pelúcida ......................................................................................................... 6
1.2.2.2) Espaço perivitelineo ............................................................................................... 6
1.2.2.3) Corpúsculo polar ................................................................................................... 7
1.2.2.4) Forma ..................................................................................................................... 7
1.3) MORFOLOGIA EMBRIONÁRIA .................................................................................. 8
1.3.1) Morfologia pronuclear .............................................................................................. 10
1.3.1.1) Pronúcleo ............................................................................................................. 10
1.3.1.2) Corpos Precursores de Nucléolos (CPN) ............................................................ 11
1.3.1.3) Halo Citoplasmático ............................................................................................ 12
1.3.2) Classificação embrionária nos dias 2 e 3 do desenvolvimento .............................. 12
1.3.2.1) Número de células e ritmo de clivagem ............................................................... 13
1.3.2.2) Simetria de blastômeros ....................................................................................... 13
1.3.2.3) Fragmentação citoplasmática .............................................................................. 14
1.3.2.4) Multinucleação ..................................................................................................... 16
1.3.3) Classificação embrionária nos dias 5 e 6 do desenvolvimento .............................. 17
1.4) JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO..................................................... 19
2) OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 21
2.1) OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 21
3) CASUÍSTICA E MÉTODO .............................................................................. 22
3.1) REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 22
3.2) REVISÃO DOS PRONTUÁRIOS LABORATORIAIS ............................................... 26
3.3) TREINAMENTO DA EQUIPE E ELABORAÇÃO DE ESQUEMAS DIDÁTICOS 30
3.4) PACIENTES ..................................................................................................................... 22
3.5) ESTÍMULO OVARIANO CONTROLADO (EOC)..................................................... 23
3.6) RECUPERAÇÃO OOCITÁRIA .................................................................................... 23
3.7) OBTENÇÃO DE ESPERMATOZOIDES, ANÁLISE E PROCESSAMENTO
SEMINAL ................................................................................................................................ 24
3.8) INJEÇÃO INTRACITOPLASMÁTICA DE ESPERMATOZÓIDE (ICSI) ............. 25
3.9) AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E SELEÇÃO EMBRIONÁRIA ............................ 32
3.10) COLETA DE DADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS ........................................ 33
3.11) CATEGORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE ESTUDO ............................................. 34
3.12) SEGUIMENTO CLÍNICO............................................................................................ 36
3.13) CONCEITOS E VARIÁVEIS ....................................................................................... 36
3.14) ANÁLISE E ESTATÍSTICA DOS DADOS ................................................................ 38
4) RESULTADOS .................................................................................................. 40
4.1) Dados descritivos – Perfil da população estudada .................................................... 40
4.2) Objetivo 1 – Valor preditivo de critérios morfológicos oocitários e embrionários
avaliados nos dias 1, 2 e 3 do desenvolvimento na obtenção de embriões em estágio de
blastocisto. ............................................................................................................................ 44
4.2.1) Dados descritivos .................................................................................................... 44
4.2.2) Morfologia oocitária ............................................................................................... 47
4.2.3) Morfologia pronuclear ............................................................................................ 50
4.2.4) Morfologia do dia 2 do desenvolvimento embrionário ........................................... 52
4.2.5) Morfologia do dia 3 do desenvolvimento embrionário ........................................... 56
4.2.6) Obtenção de um modelo de regressão logística binária ......................................... 60
4.3) Objetivo 2 – Valor preditivo de critérios morfológicos oocitários e embrionários
avaliados nos dias 1, 2 e 3 do desenvolvimento no potencial de implantação de embriões
em estágio de blastocisto. .................................................................................................... 64
4.3.1) Dados descritivos .................................................................................................... 64
4.3.2) Morfologia oocitária ............................................................................................... 67
4.3.3) Morfologia pronuclear ............................................................................................ 68
4.3.4) Morfologia do dia 2 do desenvolvimento embrionário ........................................... 70
4.3.5) Morfologia do dia 3 do desenvolvimento embrionário ........................................... 72
4.3.6) Obtenção de um modelo de regressão logística binária ......................................... 75
5) DISCUSSÃO ....................................................................................................... 77
Dados descritivos .............................................................................................................. 77
Idade .................................................................................................................................. 77
Estímulo ovariano controlado ........................................................................................... 79
Amostra seminal ................................................................................................................ 81
Morfologia oocitária ......................................................................................................... 82
Morfologia do dia 1 do desenvolvimento .......................................................................... 85
Morfologia dos dias 2 e 3 do desenvolvimento ................................................................. 89
Modelos preditivos ............................................................................................................ 97
6) CONCLUSÕES ................................................................................................ 100
7) ANEXO ............................................................................................................. 103
8) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 131
FONTES CONSULTADAS................................................................................. 145
RESUMO .............................................................................................................. 146
ABSTRACT .......................................................................................................... 147
LISTAS E APÊNDICE ........................................................................................ 148
1) INTRODUÇÃO
1.1) REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA (RHA)
A infertilidade conjugal é definida como a incapacidade de conceber após um ano de
relações sexuais regulares sem o uso de métodos contraceptivos (Schmidt 2006). Evidências
epidemiológicas sugerem que a infertilidade acomete por volta de 15% dos casais em idade
reprodutiva (Templeton 1995). Segundo o mais recente registro do Centro de Controle e
Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, a partir de dados compilados pela Pesquisa Nacional de
Crescimento Familiar (NSFG), dentre aproximadamente 62 milhões de mulheres com idade entre
15 e 44 anos em 2010, cerca de 7,4 milhões, ou 12%, receberam tratamento para infertilidade em
algum momento de suas vidas. Dentre as mulheres casadas de mesma faixa etária estima-se que
1,5 milhões sejam inférteis (CDC 2006-2010). Em registro publicado em 2014, referente às taxas
de sucesso obtidas por centros de fertilização assistida em 2012, o CDC divulgou a realização de
176.247 procedimentos de RHA por 456 clínicas, que seriam representativas de 98% dos
tratamentos realizados no país (CDC 2012). Segundo o último registro da Sociedade Européia de
Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), 550.296 procedimentos de RHA foram relatados
por 991 clínicas de 31 países em 2010. Estima-se que tenham sido realizados 1221 ciclos por
milhão de habitantes (Kupka et al. 2014). Considerando-se o contexto no qual o Brasil encontrase inserido, segundo o último Registro Latinoamericano (RLA), órgão da Rede Latinoamericana
de Reprodução Assistida (REDLARA), foram reportados 47.326 procedimentos de RHA
realizados em 2012 por 155 centros de 14 países. Os dados relatados representam um aumento de
12,9% no número de ciclos realizados quando comparado ao ano de 2011 (Zegers-Hochschild et
al. 2015).
Dentre as técnicas de RHA utilizadas para o tratamento de infertilidade, destacam-se a
Fertilização in vitro (FIV) clássica e a Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides (ICSI). A
ICSI foi introduzida em 1992 (Palermo et al. 1992), sendo utilizada exclusivamente em casos de
fator masculino de infertilidade, incluindo alterações de concentração, motilidade e morfologia
espermática. De fato, por meio da utilização desta técnica é possível obter taxas satisfatórias de
fertilização e gestação em casos que envolvem recuperação cirúrgica de espermatozoides
(Semião-Francisco et al. 2010). Relatos atuais indicam que atualmente a técnica representa
72,6% dos procedimentos realizados nos EUA, sendo de 36,4% o número obtido para o ano de
2
1996 (CDC, ART, 2012). O aumento do uso da técnica está associado a sua aplicação para o
tratamento de casais inférteis na ausência de fator masculino (Boulet et al. 2015). Segundo
registro da RLA, a ICSI representou 85% dos procedimentos de RHA realizados na América
Latina, proporção que permanece sem alteração desde 2008 (Zegers-Hochschild et al. 2015).
O sucesso da técnica de ICSI pode ser associado, dentre outros fatores, à quantidade e à
qualidade de gametas e embriões obtidos (Varghese, Goldberg, and Agarwal 2007). Para que um
número adequado de oócitos seja recuperado, as pacientes são submetidas a protocolos de
estímulo ovariano controlado (EOC). Tendo como objetivo o bloqueio hipofisário, na grande
maioria dos casos as pacientes são tratadas com agonistas ou antagonistas do hormônio liberador
das gonadotrofinas (GnRH). O estímulo ovariano envolve a administração de gonadotrofinas, o
hormônio folículo estimulante (FSH) recombinante na maioria dos casos, as quais induzem o
desenvolvimento folicular sendo a maturação final dos múltiplos folículos induzida pela
administração da gonadotrofina coriônica humana (hCG) (Lopes, Iaconelli Jr, and Iaconelli
2011). Ao final do EOC, os folículos ovarianos são aspirados por punção guiada por ultrassom e
os oócitos recuperados a partir do fluido folicular. Após serem submetidos às técnicas de RHA os
oócitos fertilizados são incubados na maioria das vezes por 3 a 5 dias até que os embriões em
desenvolvimento sejam transferidos para o útero materno (Setti, Braga, and Figueira 2011, Braga,
Figueira, and Setti 2011, Maldonado and Iaconelli Jr 2011).
No início da aplicação das técnicas de RHA, baixas taxas de sucesso foram obtidas por
embrião transferido. Naquele momento, o aumento do número de embriões transferidos foi uma
estratégia aplicada com o objetivo de se obter um aumento significativo no valor destas taxas
(Edwards and Steptoe 1983). Ao longo dos anos, maiores taxas de implantação embrionária
foram obtidas, porém, acompanhadas de taxas elevadas de gestação múltipla relatadas até os dias
de hoje (Kupka et al. 2014, Zegers-Hochschild et al. 2015, CDC 2012). Com o objetivo de
diminuição dos índices de multiparidade algumas políticas de redução do número de embriões a
serem transferidos foram sugeridas (CFM 2010). Desta forma, a seleção do embrião com maior
probabilidade de implantação tornou-se um dos principais objetivos da RHA e foco de numerosos
estudos que serão abordados posteriormente de acordo com o dia de desenvolvimento
embrionário.
3
1.2) MORFOLOGIA OOCITÁRIA
Na rotina da maioria dos laboratórios de FIV a avaliação morfológica oocitária inicia-se
com classificação do grau de expansão das células do complexo cumulus-corona em
estereomicroscópio. Em oócitos maduros, o complexo apresenta-se expandido formando uma
camada gelatinosa ao redor do oócito, resultado da secreção de ácido hialurônico compondo uma
matriz que se interpõe às células, separando-as e conferindo a aparência descrita. Considerandose a remoção destas células em oócitos que serão submetidos à ICSI, a avaliação mais acurada em
microscópio invertido fornece informações a respeito do grau de maturação nuclear, sendo o 1 o
corpúsculo polar (CP) marcador de maturidade em oócitos MII (Rienzi et al. 2012).
Posteriormente, todos os oócitos MII são submetidos à ICSI sendo o potencial de
desenvolvimento embrionário estimado exclusivamente com base na morfologia embrionária,
independente da qualidade do oócito a partir do qual este foi derivado. No entanto, a qualidade
oocitária pode ser considerada um fator limitante da fertilidade feminina, refletindo o potencial
de desenvolvimento intrínseco de um oócito, além de apresentar um papel crucial não apenas na
fertilização, mas também no desenvolvimento subsequente (Gilchrist, Lane, and Thompson 2008,
Figueira et al. 2010).
Uma complexa cascata de eventos de maturação que ocorrem durante o desenvolvimento
folicular confere ao oócito a capacidade de fertilização e o subsequente desenvolvimento
embrionário (Gougeon 1996, Gandolfi and Gandolfi 2001). A maturação oocitária envolve não
apenas alterações relacionadas a eventos nucleares, mas também alterações citoplasmáticas que
ocorrem de maneira coordenada, sendo que a maturidade nuclear não pode ser considerada
sinônimo de competência oocitária por não refletir a maturidade citoplasmática (Ebner, Moser,
and Tews 2006). A maturação citoplasmática envolve inúmeros processos moleculares e
estruturais responsáveis pela preparação do oócito para os eventos ligados à fertilização. As
mudanças estruturais do citoplasma são caracterizadas por uma extensa reorganização de
organelas intracelulares, destacando a reorganização de mitocôndrias visando o fornecimento de
um suprimento local de energia, a migração de grânulos corticais para a periferia do oolema para
bloqueio da polispermia e a movimentação do retículo endoplasmático (RE) antecipando a
liberação de Ca2+ que ocorre durante a fertilização (Eppig 1996, Krisher 2004). Desta forma,
deficiências no processo de maturação citoplasmática podem comprometer todos os processos
que preparam o oócito para ativação, adequada fertilização e desenvolvimento embrionário. Além
4
das deficiências do processo, a assincronia nos eventos de maturação nuclear e citoplasmática foi
associada à ocorrência de dismorfismos oocitários (Van Blerkom and Henry 1992). Oócitos
considerados morfologicamente normais devem apresentar: forma esférica; citoplasma
transparente moderadamente granular e livre de inclusões; pequeno espaço perivitelineo (EPV),
livre de granulações, contendo um único CP redondo e intacto e uma zona pelúcida (ZP) clara e
de espessura apropriada (Swain and Pool 2008). Usualmente, os dismorfismos oocitários podem
ser divididos em intra (IC) e extracitoplasmáticos (EC). Os dismorfismos IC envolvem a presença
de granulações e/ou inclusões citoplasmáticas como corpos refráteis, vacúolos (VAC) e/ou
agregados do retículo endoplasmático liso (REL). Os dismorfismos EC envolvem anormalidades
na forma do oócito, anormalidades no EPV como a presença de grânulos corticais, anormalidades
na ZP incluindo espessura e coloração e/ou anormalidades no CP como alteração do seu tamanho
(Veeck 1988).
Apesar de identificadas as alterações que podem comprometer a competência oocitária,
pouco se sabe em relação às suas origens, a quando e como estas alterações podem afetar
processos do desenvolvimento normal e ao fato da possibilidade de seus efeitos envolverem a
alteração da expressão de vias de sinalização regulatórias (Embryology 2011).
As variações morfológicas oocitárias podem ser resultado de fatores intrínsecos como a
idade da paciente, e/ou de fatores extrínsecos associados, por exemplo, aos protocolos de EOC e
a resposta da paciente ao tratamento (Figueira et al. 2010). A maioria dos oócitos recuperados
após EOC apresentam uma ou mais variações dos critérios morfológicos (Balaban and Urman
2006, Ebner, Moser, and Tews 2006, Rienzi et al. 2008), sendo o mesmo observado para
pacientes férteis doadoras de oócitos (Ten et al. 2007).
Relatos do consenso de Istambul de avaliação embrionária (Embryology 2011) sugerem
que dismorfismos EC são variações fenotípicas na maioria das vezes relacionadas às condições
de cultivo ou à idade da paciente. Por outro lado, a presença de agregados de REL foi associada
ao comprometimento da competência oocitária e relacionada a perdas fetais e distúrbios de
imprinting (Otsuki et al. 2004, Ebner, Moser, et al. 2008). De modo geral, a presença dos
dismorfismos IC e EC e sua associação com a competência oocitária e com o comprometimento
do desenvolvimento embrionário é controversa, conforme apontado em estudos recentes de
revisão sistemática e metanálise (Rienzi, Vajta, and Ubaldi 2011, Setti et al. 2011).
5
1.2.1) Dismorfismos intracitoplasmáticos
1.2.1.1) Granulação
O aumento da granulação do citoplasma pode ocorrer de forma homogênea, afetando todo
o citoplasma do gameta, ou de localização centralizada, sendo esta última associada a um pior
prognóstico (Kahraman et al. 2000, Meriano et al. 2004). Além da granulação, alterações na
viscosidade e fluidez do citoplasma também foram descritas (Ebner et al. 2001). A fluidez do
citoplasma pode ser avaliada de acordo com a persistência do cone de injeção formado no
citoplasma do oócito decorrente entrada da micropipeta de ICSI no momento da injeção, reflexo
da deficiência na textura do citoplasmática.
1.2.1.2) Inclusões
Numerosos tipos de inclusões citoplasmáticas podem ser observados no citoplasma de
oócitos avaliados em microscopia de luz. Os corpos refráteis, assim chamados devido sua
aparência quando identificados em microscopia de luz, são estruturas de aproximadamente 10μm
de diâmetro, compostas de material lipídico e grânulos densos. Os vacúolos (VAC) são inclusões
citoplasmáticas rodeadas por membrana, podendo variar em número e tamanho. Acredita-se que
estes possam surgir espontaneamente ou por fusão de vesículas derivadas do REL e/ou do
complexo de Golgi (Van Blerkom 1990, El Shafie et al. 2000). Por outro lado, os mecanismos
associados com o surgimento dos agregados de REL são desconhecidos. A distinção entre estas
estruturas é dada pelo fato de que os agregados de REL são estruturas translúcidas não
delimitadas por membrana (Otsuki et al. 2004, Ebner, Moser, and Tews 2006, Rienzi et al. 2012).
Estudos sugerem que a presença de algumas inclusões citoplasmáticas, como os corpos
refráteis, não exerce impacto na qualidade do oócito. Por outro lado, a presença de VAC e
agregados do REL foram associados ao comprometimento da competência de oócitos humanos
(Balaban et al. 1998, Ebner et al. 2001, Ebner, Moser, and Tews 2006).
Ainda não foi elucidado de que modo as inclusões citoplasmáticas ou deficiências na
fluidez do citoplasma afetariam a viabilidade oocitária. Estudos sugerem que os efeitos estariam
relacionados à função do citoesqueleto e a estrutura do fuso meiótico (Van Blerkom 1990, Collas
6
and Poccia 1998, Ebner et al. 2001). Desta forma, defeitos no citoplasma oocitário afetariam a
formação e o posicionamento dos PN, dado que o citoesqueleto poderia não se organizar
perfeitamente, comprometendo o posicionamento correto do fuso meiótico durante a retomada da
meiose. Além disso, a cascata de eventos da fertilização envolve a liberação de cálcio e grânulos
corticais, síntese de proteína e alterações do citoesqueleto (Dozortsev et al. 1995). Assim,
considerando a importância dos fatores presentes no ooplasma neste processo, fica clara a
possibilidade de comprometimento da fertilização por anormalidades oocitárias citoplasmáticas.
Por outro lado, relatos sugerem que as perdas fetais e as desordens de imprinting associadas à
presença dos agregados de REL estão associadas aos altos níveis de cálcio observados durante a
ativação oocitária, além do fato de os níveis serem mantidos elevados por maior período de
tempo (Otsuki et al. 2004, Akarsu et al. 2009).
1.2.2) Dismorfismos extracitoplasmáticos
1.2.2.1) Zona pelúcida (ZP)
A ZP é uma matriz multi-laminar composta por glicoproteínas, polissacarídeos e proteínas
específicas, com aproxidamente 15-20 µm de espessura, que envolve o oócito e o embrião no
início do desenvolvimento (Pelletier, Keefe, and Trimarchi 2004). A estrutura da zona pelúcida é
formada durante a maturação folicular pelo oócito (Nikas et al. 1994) e, em parte, pelas células da
granulosa (Gook et al. 2004). A formação e organização das proteínas específicas da ZP durante a
maturação oocitária pode refletir a competência oocitária (Shen et al. 2005, Madaschi et al. 2009,
Montag et al. 2011). Segundo consenso, não há benefício na determinação da espessura da zona
pelúcida em microscopia de luz. Porém, considerando-se a possibilidade de efeitos pacienteespecífico sugere-se o registro de alterações na espessura ou coloração dessa estrutura
(Embryology 2011).
1.2.2.2) Espaço perivitelineo (EPV)
O EPV é uma estrutura fluida que se encontra entre a membrana plasmática do oócito,
chamada oolema, e a ZP. O EPV pode variar em tamanho e conteúdo, sendo o tamanho do EPV
7
associado à fase de maturação oocitária. Nos oócitos maduros o EPV apresenta seu maior grau de
expansão quando comparado aos oócitos imaturos (Mikkelsen and Lindenberg 2001).
Duas hipóteses foram propostas para explicar a presença de grânulos no EPV. A primeira
hipótese é derivada de dados de microscopia eletrônica indicando a presença de uma matriz
extracelular formada por grânulos e filamentos no espaço entre o oolema e a ZP (Dandekar and
Talbot 1992). A segunda baseia-se na existência de processos das células da corona que
atravessam a ZP do oócito em PI. Acredita-se que após a remoção desses processos, alguns
resquícios permaneçam no EPV (Sathananthan 1997). A presença de grânulos parece estar
também associada à dose de gonadotrofina administrada durante o EOC (Hassan-Ali et al. 1998,
Farhi et al. 2002).
1.2.2.3) Corpúsculo polar (CP)
O 1o CP é uma célula filha, contendo 23 cromossomos e 46 cromátides, gerada após a
telófase da primeira divisão meiótica. Alguns critérios morfológicos do 1o CP, como a forma, o
tamanho e a integridade podem ser utilizados na predição da qualidade do oócito (Ebner, Moser,
and Tews 2006). Considerando-se a dependência do fator tempo, postula-se que a morfologia do
1o CP possa fornecer informações a respeito da idade pós-ovulatória do oócito. Apesar de alguns
CP permanecerem intactos por mais de 20h após a ovulação, em geral após este intervalo estas
estruturas apresentam sinais de fragmentação e degeneração (Ortiz, Lucero, and Croxatto 1983).
O aumento de tamanho do 1o CP pode ser considerado o mais importante dismorfismos
associados ao CP, estando relacionado ao aumento da incidência de aneuploidiais no oócitos
(Veeck 1988, Fancsovits et al. 2006).
1.2.2.4) Forma
Alterações na forma dos oócitos são acompanhadas de irregularidades na forma e
composição da ZP. Dois possíveis mecanismos foram sugeridos para a ocorrência de oócitos com
alteração de forma: o estresse mecânico durante o processo da punção folicular e/ou denudação
(Shen et al. 2005), deformando tanto o citoplasma quanto a ZP do oócito (com possível
recuperação de forma em 24h) e uma anomalia pré-existente gerada durante a maturação
8
intrafolicular (Ebner, Shebl, et al. 2008). A diminuição dos pontos de contato célula-célula em
embriões alongados, requisito essencial para o desenvolvimento embrionário e formação da
blastocele, justificaria o impacto negativo deste dismorfismo na competência oocitária (Suzuki et
al. 1995, Ebner, Moser, and Tews 2004).
1.3) MORFOLOGIA EMBRIONÁRIA
Apesar dos avanços tecnológicos significativos da medicina reprodutiva baseados no
advento da era do “OMICS” (conjunto de ferramentas de análise genômica, transcriptômica e
proteômica) e do estudo da cinética embrionária por meio da tecnologia de time-lapse, a maioria
dos laboratórios de Fertilização in vitro de todo o mundo selecionam para transferência embriões
humanos cultivados in vitro baseados em parâmetros morfológicos avaliados pontualmente em
microscopia de luz.
Registros de imagem em time-lapse foram rapidamente integrados a laboratórios de FIV
nos últimos cinco anos (Herrero and Meseguer 2013). Os sistemas de monitoramento time-lapse
registram imagens digitais dos embriões em cultivo em intervalos de tempo pré-determinados. Os
sistemas podem ser instalados em incubadoras convencionais de cultivo embrionário ou podem
ser adquiridos sistemas combinados de incubadoras time-lapse. As imagens obtidas são
compiladas por sistemas computacionais especializados que fornecem uma sequência em timelapse de todo o desenvolvimento embrionário, desta forma excluindo a necessidade de retirada do
embrião da incubadora pelo embriologista para avaliação de sua morfologia. A aquisição desta
tecnologia
envolve
investimento
significativo
sendo
três
as
principais
tecnologias
disponibilizadas no mercado: Embryoscope® (Fertilitech), Primo Vision (Vitrolife) e Eeva
(Auxogyn, Inc.) (Kovacs 2014). As vantagens propostas como, por exemplo, a possibilidade de
cultivo ininterrupto, a otimização da documentação dos procedimentos, o controle de qualidade e,
especialmente, a introdução de novos marcadores de qualidade embrionária, tem estimulado o
interesse pela tecnologia (Wong et al. 2013). Um grande número de publicações tem sugerido
que o intervalo de tempo no desenvolvimento difere entre embriões viáveis e não viáveis
(Herrero and Meseguer 2013), porém poucos relatos disponibilizam modelos aplicáveis de
seleção embrionária (Conaghan et al. 2013, Meseguer et al. 2011). Além disso, estudos
multicêntricos têm demonstrado as limitações destes modelos quando aplicados por diferentes
9
clínicas (Kirkegaard et al. 2014). Desta forma, evidências a respeito do aumento significativo das
taxas de nascidos vivos e da efetividade de custo da implementação desta tecnologia em
laboratórios de FIV tem sido questionada (Armstrong et al. 2015, Kirkegaard et al. 2015).
A metabolômica e a proteômica são, dentre as tecnologias “OMICS”, as plataformas mais
promissoras dado seu caráter não invasivo de avaliação da qualidade embrionária. Na
metabolômica é possível mensurar o consumo e a produção de múltiplos substratos pelo embrião
analisando o meio de cultivo ao qual o embrião foi exposto durante o cultivo in vitro (Tachibana
2014). O proteoma representa todas as proteínas responsáveis pelas funções celulares, traduzidas
a partir do transcriptoma das células, sendo diretamente influenciado pelo estado fisiológico da
célula em determinado momento (Dominguez, Lopes, and Torres 2007). A busca por marcadores
de viabilidade embrionária tem como foco o secretoma proteômico, definido pelas proteínas
produzidas pelo embrião e secretadas para o meio de cultivo (Katz-Jaffe et al. 2009). Desta
forma, a caracterização do metaboloma e do proteoma embrionário permite um maior
entendimento dos estágios iniciais da embriogênese, além da possibilidade de refletir a
competência embrionária resultando em aumento das taxas de sucesso de tratamentos de RHA
(Cortezzi et al. 2011, Cortezzi et al. 2013). No entanto, apesar dos resultados no campo da
pesquisa, a aplicação clínica e a disponibilização de técnicas rotineiramente aplicáveis ainda
estão sob investigação e requerem validação (Krisher, Schoolcraft, and Katz-Jaffe 2015).
Diversos aspectos morfológicos avaliados em microscopia de luz têm sido apontados
como preditivos do potencial de implantação embrionária incluindo aqueles relacionados às
etapas iniciais do desenvolvimento como, por exemplo, a morfologia pronuclear e as primeiras
clivagens embrionárias. De modo geral, independente do dia da transferência, tais critérios
parecem apresentar valor preditivo de viabilidade embrionária quando avaliados individualmente
ou coletivamente (Embryology 2011). Aspectos morfológicos avaliados no dia da transferência
embrionária têm sido priorizados, seja esta realizada em dia 3 ou 5 do desenvolvimento in vitro
(Racowsky et al. 2009, Racowsky et al. 2011, Van Royen et al. 2001, Vernon et al. 2009). A
seleção embrionária em dia 3 envolve basicamente a avaliação do número de células e ritmo de
clivagem, a avaliação quantitativa e qualitativa da fragmentação citoplasmática quando presente,
a avaliação da simetria entre os blastômeros resultantes das primeiras clivagens e a avaliação da
incidência de blastômeros multinucleados e anucleados. Por outro lado, os principais parâmetros
avaliados na seleção de embriões em estágio de blastocisto (dia 5 ou 6 do desenvolvimento)
10
incluem grau de expansão da blastocele e padrão de organização da massa celular interna (MCI) e
do trofoectoderma (TRF) (Embryology 2011).
1.3.1) Morfologia pronuclear
A morfologia pronuclear está diretamente relacionada à qualidade dos gametas, sendo a
etapa inicial na qual a normalidade destes pode ser avaliada fornecendo informações
complementares para a seleção embrionária nos estágios iniciais da clivagem. Um número
significativo de modelos tem sido proposto para classificação de embriões em estágio de
pronúcleo. Principalmente devido sua clareza e objetividade, os critérios de classificação
pronuclear descritos previamente por Tesarik & Greco (1999) e Scott et al. (2000) são os mais
utilizados até os dias de hoje. Os parâmetros morfológicos avaliados neste momento estão
relacionados às inúmeras transformações observadas durante a nucleogênese em humanos. A
avaliação da fertilização costuma ser direta, sendo um oócito considerado fertilizado aquele que
apresenta dois pronúcleos (PN) e dois corpúsculos polares (CP). No entanto, esta definição de
fertilização é um registro pontual de uma continuidade de eventos previamente ilustrados por
meio de time-lapse (Payne et al. 1997). Além disso, a definição de fertilização associada à
presença de dois corpúsculos polares é questionável dados que estes podem fragmentar e
desintegrar antes do intervalo de avaliação da fertilização (Embryology 2011).
1.3.1.1) Pronúcleo
O padrão normal para os PN feminino e masculino durante a avaliação do zigoto inclui
semelhança de tamanho, justaposição e posicionamento central em relação ao citoplasma (Payne
et al. 1997). O tamanho dos PN pode diferir, sendo o masculino o de maior diâmetro. Porém,
diferenças de 4 μm estão associadas ao comprometimento do desenvolvimento embrionário e a
maior incidência de aneuploidias (Munné & Cohen 1998, Sadowy et al. 1998, Gámiz et al. 2003).
A posição periférica dos PN ou a não justaposição pode indicar falha nos mecanismos do
processo de fertilização como, por exemplo, a formação do áster e dos microtúbulos (Simerly et
al. 1995, Gianaroli et al. 2003, Barroso et al. 2009).
11
1.3.1.2) Corpos Precursores de Nucléolos (CPN)
Presentes nos núcleos de todas as células em atividade mitótica, os nucléolos são sítios
nos quais os genes ribossomais são transcritos sendo, portanto, essenciais para síntese protéica. O
desenvolvimento dos nucléolos ocorre em áreas denominadas regiões organizadoras de nucléolos
(RON), localizadas em pontos específicos dos cromossomos nos quais estão localizados os genes
que codificam para os RNA ribossomais (rRNA). Os nucléolos são caracterizados por um
componente fibrilar denso, um centro fibrilar e um componente granular (Goessens 1984).
Oócitos de folículos antrais possuem nucléolos em atividade de síntese de rRNA e proteínas para
o crescimento oocitário. Durante a maturação oocitária, a síntese é interrompida e o nucléolo
desaparece. Desta forma, oócitos em Metafáse II (MII) e no estágio pronuclear estão
caraterizados apenas pela porção do centro fibrilar, sendo denominados corpos precursores de
nucléolos (CPN) (Tesarik & Kopecny 1989).
A nucleogênese inclui o crescimento, organização e fusão dos corpos precursores de
nucléolos (CPN), eventos dependentes da atividade transcricional pronuclear e da presença de
fatores do ooplasma relacionados à maturação oocitária. De modo geral, a fase inicial do
desenvolvimento pronuclear é caracterizada por um número elevado de corpos precursores de
nucléolos (CPN) de tamanho relativamente pequeno, distribuídos randomicamente em cada um
dos PN. Por outro lado, a fase mais tardia do desenvolvimento pronuclear é caracterizada por um
pequeno número de CPN de tamanho relativamente maior com distribuição polarizada sendo
observado acúmulo próximo ao local onde o PN faz contato com o outro. Tais considerações
apontam o desenvolvimento dos CPN um marcador potencial numa avaliação morfológica não
invasiva da qualidade do zigoto (Payne et al. 1997, Tesarik & Kopecny 1989, 1990).
Alterações do padrão dos CPN de embriões em estágio de PN resultam em efeitos
significativos no desenvolvimento embrionário dado que a falta de polarização, fusão e o
restabelecimento de um nucléolo funcional apresenta um efeito negativo na habilidade de
crescimento e função celular (Sadowy et al. 1998, Scott et al. 2000, Scott 2003, Zollner et al.
2002).
12
1.3.1.3) Halo Citoplasmático
Após a fertilização é possível observar um padrão diferencial de distribuição do
citoplasma no zigoto. A reorganização do citoplasma é dependente de processos da fertilização
que resultam em oscilações de cálcio caracterizadas por ondas coordenadas temporalmente e
espacialmente no citoplasma do oócito. A densa área observada próxima aos PN está associada
com a rotação e movimento do citoplasma bem como com a distribuição diferencial de organelas
e mitocôndrias, resultando na formação de um halo menos denso na periferia (Payne et al. 1997,
Bavister & Squirrell 2000). A distribuição diferencial das mitocôndrias por sua vez está
relacionada à concentração diferencial de cálcio no citoplasma afetando a produção de ATP e a
necessidade diferencial de energia pelo zigoto (Motta, Nottola, & Makabe 1997).
Anormalidades no processo de fertilização podem resultar na não formação do halo
citoplasmático com consequências para o desenvolvimento embrionário (Scott & Smith 1998,
Scott 2003). A localização das mitocôndrias em uma região diferente da periferia pronuclear
pode implicar na distribuição desigual destas para as células-filha de embriões em estágio de
clivagem, resultando em depleção da produção de ATP em alguns blastômeros. A ausência de
rotação do PN paterno, diretamente relacionada com a formação do halo citoplasmático, implica
no alinhamento anormal da cromatina e/ou no posicionamento inadequado dos centrossomos,
resultando em desenvolvimento embrionário anormal. Além disso, a ausência de rotação e o
resultado da não polarização do citoplasma podem implicar em distribuição incorreta de produtos
gênicos ao longo das sucessivas clivagens (Van Blerkom, Davis, & Alexander 2000).
1.3.2) Classificação embrionária nos dias 2 e 3 do desenvolvimento
Os critérios mais utilizados na seleção de embriões a serem transferidos estão baseados na
morfologia embrionária nos dias 2 e 3 do desenvolvimento. De modo geral, a avaliação inclui
número de células e ritmo de clivagem, simetria de blastômeros, fragmentação citoplasmática,
multinucleação e ausência de núcleo nos blastômeros.
13
1.3.2.1) Número de células e ritmo de clivagem
A ocorrência de divisão celular pode ser considerada o mais importante indicador de
viabilidade embrionária. Espera-se observar embriões com 4 células em dia 2 (44h+1) e com 8
células em dia 3 (68h+1), considerando-se o intervalo de tempo após a ICSI sugerido para
avaliação dos embriões (Embryology 2011).
Além da importância do número de células, relatos prévios demonstraram a existência de
ritmos de clivagem ideais. Diversos estudos concluíram que tanto o ritmo lento quanto o
acelerado de clivagem resultam em comprometimento significativo do desenvolvimento
(Giorgetti et al. 1995, Ziebe et al. 1997, Van Royen et al. 1999). Nestes estudos, quando
considerado como ritmo de clivagem ideal a ocorrência de embriões com 8 células no dia 3
provenientes de embriões com 4 células no dia 2, a transferência resultou em taxas de
implantação significativamente maiores. Segundo o consenso, embriões com ritmo de clivagem
lento ou rápido apresentam reduzido potencial de implantação (Embryology 2011).
A correlação entre o ritmo de clivagem e a constituição cromossômica do embrião foi
previamente investigada (Almeida & Bolton 1996, Magli et al. 2007). O ritmo lento bem como
acelerado de clivagem tem sido relacionado ao aumento da incidência de anormalidades
cromossômicas, incluindo aneuploidias, mosaicismo e poliploidias.
1.3.2.2) Simetria de blastômeros
Devemos destacar que para embriões em estágio de 2, 4 e 8 células a simetria de
blastômeros é representada pela observação de blastômeros de tamanho idêntico. Por outro lado,
para embriões em estágio de 3, 5, 6 e 7 células espera-se observar diferentes tamanhos celulares
como indicativo de clivagem normal. Por exemplo, um embrião de 7 células de clivagem normal
deve apresentar 1 célula de maior tamanho e 6 menores, sendo que apenas após a divisão da
célula de maior tamanho devem ser observados 8 blastômeros de tamanho semelhante. Neste
caso, a diferença de tamanho entre os blastômeros é apenas indicativa de assincronia no processo
de clivagem das células (a célula maior de um embrião de 7 células encontra-se em ritmo de
clivagem mais lento que as demais) (Puissant et al. 1987).
14
Apesar de subestimada, a ocorrência de irregularidades na clivagem celular é considerada
indicador clássico de qualidade embrionária e capacidade de desenvolvimento, afetando
negativamente o potencial de implantação embrionário (Ziebe et al. 1997, Hardarson et al. 2001).
Além da possível distribuição desigual de proteínas, mRNA, mitocôndrias e outras organelas
celulares entre as duas células-filha a clivagem desigual pode também estar relacionada à
distribuição desigual de material genético (Antczak & Van Blerkom 1999). Um aumento
significativo na incidência de anomalias cromossômicas foi observado em embriões que
apresentaram blastômeros assimétricos quando comparado a embriões de blastômeros simétricos
ou semelhantes (Hardarson et al. 2001).
1.3.2.3) Fragmentação citoplasmática
A fragmentação pode ser definida como uma estrutura extracelular, anuclear, de conteúdo
citoplasmático delimitado por membrana (Alikani et al. 1999). A incidência da fragmentação é
difícil de ser avaliada dado que é necessário inicialmente diferenciar os fragmentos das células, e
então estimar a proporção relativa do embrião ocupada por estes fragmentos (Embryology 2011).
Johansson, Hardarson, & Lundin 2003 definiram os fragmentos como sendo <45 μm em diâmetro
para embriões em dia 2, e <40 μm em diâmetro para embriões em dia 3. Apesar das causas exatas
da fragmentação não estarem estabelecidas, alguns processos celulares parecem estar envolvidos
como apoptose, deficiência de ATP no embrião, perda de blastômero por apoptose devido
alteração cromossômica, ou meramente fragmentos anucleados resultantes da clivagem que serão
posteriormente reabsorvidos (Hardy 1999, Chavez et al. 2012, Stensen et al. 2015).
A classificação quantitativa da porcentagem do volume do embrião que é ocupada por
fragmentos citoplasmáticos anucleados pode ser associada a uma classificação qualitativa dos
fragmentos em cinco grupos (I a V) de acordo com seu tamanho e distribuição (Tab. 1) (Alikani
et al. 1999).
15
TABELA 1: Modelo de classificação da fragmentação embrionária humana segundo Alikani,
1999.
Tipo I
Volume mínimo, fragmentos associados a um blastômero
Tipo II
Fragmentos localizados e predominantemente no espaço
perivitelínico
Tipo III
Fragmentos pequenos dispersos entre os blastômeros, no
espaço perivitelínico ou em ambos
Tipo IV
Fragmentos grandes semelhantes a blastômeros, distribuídos
randomicamente, associados a blastômeros desiguais
Tipo V
Fragmentos necróticos, granulosidade e contração
citoplasmática característica
Considerando embriões com baixa porcentagem de fragmentação, a avaliação do tamanho
e organização dos fragmentos passa a ser um parâmetro crítico a ser considerado. No entanto, o
padrão de fragmentação não pode ser considerado de fácil avaliação dado a natureza não estática
de tais estruturas, além da possibilidade de serem reabsorvidas ou sofrerem lise durante o
desenvolvimento embrionário (Embryology 2011).
Independente do mecanismo ou da causa, a fragmentação embrionária parece estar
diretamente relacionada com o comprometimento da viabilidade embrionária sendo que a
fragmentação tipo IV apresenta um efeito negativo mesmo quando compromete um volume
restrito do embrião (Alikani et al. 1999). Atualmente, o valor da porcentagem do volume do
embrião comprometido pela fragmentação a partir do qual se observa uma importância clínica
varia entre os estudos (10-20%) (Alikani et al. 2000, Van Royen et al. 2001). A relação positiva
da ocorrência de fragmentação com a incidência de mosaicismo foi previamente observada
(Munné & Cohen 1998, Ziebe et al. 2003, Munné 2006, Magli et al. 2007), sugerindo que os
fragmentos possam conter pedaços cromossômicos resultados de erros no funcionamento dos
fusos.
16
1.3.2.4) Multinucleação
Um blastômero contendo mais de um único núcleo em interfase é definido como
multinucleado (Embryology 2011). Os relatos da incidência da multinucleação variam
consideravelmente. Estudos relatam que a multinucleação incide em cerca de 30% dos embriões
produzidos in vitro, sendo que 17% a 87% dos ciclos apresentam pelo menos um embrião
multinucleado (Balakier & Cadesky 1997, Jackson et al. 1998, Van Royen et al. 2003, Rienzi et
al. 2005). Apesar de a literatura que descreve a multinucleação em embriões ser bastante extensa,
a razão da sua ocorrência ainda não foi esclarecida. Os possíveis mecanismos descritos para a
ocorrência de multinucleação incluem a cariocinese na ausência da citocinese, a fragmentação
parcial do núcleo ou a migração anormal dos cromossomos durante a anáfase da mitose
(Pickering et al. 1995, Staessen & Van Steirteghem 1998, Munné & Cohen 1993).
Especula-se ainda que a multinucleação possa ser induzida pelo protocolo de estimulação
ovariana controlada e por condições adversas de cultivo embrionário. A utilização de altas doses
de gonadotrofina implica em rápido crescimento folicular na ausência de vascularização
adequada resultando em hipóxia, ou seja, suprimento inadequado de oxigênio para o oócito em
processo de maturação (Van Blerkom, Antczak, & Schrader 1997). Além disso, esse tipo de
protocolo de estímulo está associado ao recrutamento de uma população heterogênea de folículos
aumentando a possibilidade da recuperação de oócitos de competência comprometida (Jackson et
al. 1998, Figueira et al. 2010). Estudos em humanos demonstraram que os fusos meióticos e
mitóticos são estruturas sensíveis a oscilações de temperatura sendo que os microtúbulos sofrem
despolimerização quando em situação de estresse provocada por baixas temperaturas, podendo
resultar em embriões cromossomicamente anormais (Pickering et al. 1990). Considerando-se a
fragilidade das estruturas essenciais para a correta divisão celular, sugere-se que as causas da
multinucleação possam estar associadas a oscilações de temperatura e pH durante o cultivo de
gametas e embriões (Pickering et al. 1990, Pickering et al. 1995, Munné & Cohen 1993).
O potencial negativo da ocorrência de multinucleação no desenvolvimento embrionário
pode ser relacionado a erros na replicação e segregação cromossômica, resultando em redução
significativa das taxas de sucesso após transferência de embriões multinucleados (Jackson et al.
1998, Pelinck et al. 1998, Van Royen et al. 2003). Considerando os núcleos de um blastômero
multinucleado como entidades separadas, espera-se que a replicação e o condensamento da
17
cromatina ocorram de forma independente, resultando em duas estruturas cromossômicas em um
único fuso mitótico e na distribuição cromossômica anormal nas células-filha (Hardarson et al.
2001, Meriano et al. 2004).
1.3.3) Classificação embrionária nos dias 5 e 6 do desenvolvimento
A significância da avaliação de embriões no estágio pós-compactação relaciona-se ao fato
de ser realizada após ativação do genoma embrionário. Neste estágio, o alto grau de diferenciação
celular e a ativação do genoma embrionário podem fornecer informações importantes referentes à
viabilidade embrionária (Embryology 2011). As variações morfológicas observadas em cultivos
prolongados envolvem estágios de compactação e blastulação, sendo considerado como padrão
de normalidade a compactação completa no dia 4 de desenvolvimento e a blastulação,
rompimento da zona pelúcida e a eclosão do blastocisto entre os dias 5 e 6. Após 120h (+3) do
momento do procedimento de ICSI, o blastocisto deve apresentar uma blastocele definida
ocupando pelo menos metade do volume do embrião, uma distinta massa celular interna (MCI)
destacando-se como uma saliência na cavidade e um anel formado por células do trofoectoderme
(TRF) de tamanho similar distribuídas uniformemente de modo a formar um epitélio coesivo
(Gardner DK 1999, Gardner & Schoolcraft 1999).
A relação entre a morfologia do blastocisto e o subseqüente potencial de implantação tem
sido investigada de acordo com critérios variados. Dois principais sistemas de classificação
morfológica de blastocistos considerando expansão da blastocele e características da MCI e do
TRF foram desenvolvidos com o objetivo de predizer o potencial de implantação (Gardner &
Schoolcraft 1999, Dokras, Sargent, & Barlow 1993). O sistema de classificação de blastocisto
descrito por Gardner é o mais utilizado até os dias de hoje (Tab. 2).
18
TABELA 2: Modelo de classificação de blastocistos humanos cultivados in vitro segundo
Gardner & Schoolcraft, 1999.
CLASSIFICAÇÃO DO BLASTOCISTO
CLASSIFICAÇÃO DO BLASTOCISTO
Grau de expansão da blastocele
Grau 1
Blastocisto
Blastocsito jovem, blastocele ocupa menos de 50% do volume
do embrião
Grau 2
Blastocele ocupa metade ou mais do volume do embrião
Grau 3
Blastocisto completo, blastocele ocupa todo o volume do
embrião
Grau 4
Blastocisto expandido, zona pelúcida de espessura fina
Grau 5
Blastocisto com parte do trofoectoderme eclodindo da zona
pelúcida
Grau 6
Blastocisto com eclosão completa da zona pelúcida
CLASSIFICAÇÃO
DADA
MASSA
CELULAR
INTERNA
(MCI)
CLASSIFICAÇÃO
MASSA
CELULAR
INTERNA
(para
embriões de
3-6)3-6
Para
blastocistos
degrau
GRAU
Grau A
Muitas células fortemente agrupadas
Grau B
Algumas células dispersas
Grau C
Células escassas
CLASSIFICAÇÃO
DODO
TROFOECTODERMA
(TRF)
CLASSIFICAÇÃO
TROFOECTODERME
(para
embriões de
3-6)3-6
Para
blastocistos
degrau
GRAU
Grau A
Muitas células formando um epitélio coesivo
Grau B
Poucas células formando um frouxo epitélio
Grau C
Células escassas e grandes
19
1.4) JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO
A subjetividade da avaliação morfológica, bem como a ampla diversidade de sistemas de
classificação embrionária aplicados por diferentes clínicas, implica em resultados contraditórios
tornando extremamente difícil a implementação de um consenso do valor preditivo dos diferentes
parâmetros morfológicos avaliados (Rienzi et al. 2005, Racowsky et al. 2010, Racowsky et al.
2011). A otimização dos critérios morfológicos a serem avaliados, bem como a determinação do
valor preditivo de cada um destes critérios, representa um grande potencial de aumento
significativo das taxas de sucesso do tratamento além de possibilitar a redução da incidência de
gestações múltiplas por assegurar que as taxas de gestação não estariam comprometidas pela
transferência de um menor número de embriões.
A importância da necessidade de padronização da avaliação morfológica embrionária é
atualmente foco da comunidade internacional. O recente encontro de membros da associação
internacional de embriologistas ALPHA e do grupo de embriologia da ESHRE teve como
objetivo o estabelecimentos de critérios e terminologias a serem utilizados na classificação de
oócitos, zigotos e embriões que pudessem ser facilmente aplicados na rotina (Embryology 2011).
No entanto, a implementação dos pontos abordados neste consenso por laboratórios de FIV em
todo o mundo ainda é opcional, não sendo abrangida nos relatos de dados anuais da sociedade na
qual o laboratório está inserido. Em 2007, dados de morfologia embrionária foram inseridos nos
bancos de dados do Sistema de Relato dos Resultados Clínicos da Sociedade Nacional Americana
para Tecnologia Reprodutiva Assistida (SART CORS) após estabelecimento de um sistema de
avaliação embrionária. Os dados foram coletados por laboratórios de forma voluntária e avaliados
de forma retrospectiva para validação do sistema com resultados promissores (Racowsky et al.
2011). Porém, dados de morfologia embrionária ainda não fazem parte dos bancos de dados do
SART. No Brasil, centros de fertilização assistida acreditados pela REDLARA relatam
anualmente dados de todos os procedimentos realizados, porém nenhum dado de morfologia
embrionária é incluído ou abordado pelo RLA.
Com relação ao estabelecimento do valor preditivo dos critérios, muitos têm sido
correlacionados com o desenvolvimento embrionário até o estágio de blastocisto e com o
potencial de implantação dos blastocisto obtidos, conforme abordado no tópico Introdução. O
cultivo embrionário até o estágio de blastocisto ofereceria algumas destas vantagens quando
comparado à transferência de embriões em estágio de clivagem incluindo: (i) maiores taxas de
20
implantação, (ii) oportunidade de melhor seleção de embriões viáveis para transferência, (iii)
redução potencial do número de embriões transferidos, (iv) melhor sincronização temporal entre
o embrião e o endométrio no momento da transferência embrionária (Alper et al. 2001, Gardner,
Lane, & Schoolcraft 2000, Gardner & Balaban 2006, Technology 2013). Porém, o desafio atual
seria determinar de forma prospectiva, para cada paciente, se este tipo de estratégia implicaria em
uma maior chance de gestação em comparação com a transferência de embriões em estágio de
clivagem. Tal desafio torna-se complicado ao considerarmos nossa inabilidade em predizer se (ou
quais) embriões em estágio de clivagem irão formar blastocistos viáveis. Na tentativa de
estabelecimento dos valores preditivos dos critérios de morfologia embrionária poucos estudos
tiveram como foco determinar a interdependência dos parâmetros avaliados ou determinar o peso
relativo destes parâmetros em predizer o potencial de desenvolvimento ou implantação
(Embryology 2011). Do mesmo modo, modelos preditivos previamente estabelecidos com o
objetivo de classificar os embriões de acordo com seu potencial de implantação foram baseados
em um número limitado de critérios avaliados e de dados disponíveis, sendo ainda necessários
estudos de validação (Giorgetti et al. 1995, Holte et al. 2007, Racowsky et al. 2009, Racowsky et
al. 2011, Steer et al. 1992, Van Royen et al. 1999, Ziebe et al. 1997).
Desta forma, a determinação de quais critérios morfológicos avaliados no início do
desenvolvimento embrionário seriam capazes de predizer qual a probabilidade de embriões em
estágio de clivagem formarem blastocistos viáveis e, ainda, a determinação de quais destes
critérios seriam capazes de auxiliar na seleção do blastocisto a ser transferido seriam ferramentas
importantes a serem aplicadas com o objetivo de definir quais os ciclos se beneficiariam do
cultivo prolongado com a obtenção de maiores chances de implantação.
21
2) OBJETIVO GERAL
Avaliar o valor preditivo de parâmetros morfológicos oocitários e embrionários na
determinação da viabilidade de embriões humanos cultivados in vitro provenientes de casais
inférteis submetidos a tratamentos de RHA.
2.1) OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Determinar o valor preditivo de parâmetros morfológicos oocitários e embrionários,
avaliados nos dias 0, 1, 2 e 3 do desenvolvimento, na obtenção de embriões em estágio de
blastocisto quando cultivados até o dia 5 do desenvolvimento.

Determinar o valor preditivo de parâmetros morfológicos oocitários e embrionários,
avaliados nos dias 0, 1, 2 e 3 do desenvolvimento, no potencial de implantação de
embriões em estágio de blastocisto após transferência embrionária.
22
3) CASUÍSTICA E MÉTODO
3.1) PACIENTES
O estudo transversal incluiu dados de ciclos 1521 pacientes submetidas a procedimentos
de RHA no Centro de Fertilização Assistida – Fertility no período de Julho/2011 a Junho/2014.
Critérios de inclusão
Foram incluídos no estudo ciclos de pacientes que iniciaram o tratamento neste período e
que apresentaram os seguintes critérios:
 Todos os embriões foram mantidos em cultivo até o dia 5 do desenvolvimento;
 A transferência embrionária foi realizada no ciclo no qual a paciente foi submetida ao
EOC;
 Os embriões foram transferidos em dia 5 do desenvolvimento.
Critérios de exclusão
Os seguintes critérios foram considerados para a exclusão dos ciclos do estudo:
 Utilização de oócitos descongelados e/ou aquecidos;
 Utilização de oócitos doados;
 Utilização de espermatozoides provenientes de recuperação cirúrgica;
 Utilização de espermatozoides com ausência de motilidade progressiva;
 Transferência de embriões descongelados e/ou aquecidos;
 Transferência de embriões doados;
 Realização do diagnóstico genético pré-implantacional dos embriões obtidos.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE):
Todas as pacientes submetidas a tratamento no Centro de Fertilização Assistida - Fertility
assinam, previamente ao início do tratamento proposto, o TCLE concordando com os
procedimentos a serem realizados, conforme estabelecido pelas normas éticas para utilização das
técnicas de reprodução assistida (CFM 1992, CNS 1996).
23
3.2) ESTÍMULO OVARIANO CONTROLADO (EOC)
As pacientes foram submetidas ao bloqueio hipofisário realizado por meio da
administração do análogo agonista do Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (Gonadotrophin
Releasing Hormone agonist – GnRH, Lupron Kit™, Abbott S.A Societé Française des
Laboratoires, Paris, França) ou antagonista (Gonadotrophin Releasing Hormone antagonist –
Cetrotide©, Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha ou Orgalutran®, Merck Sharp & Dohme
(MSD) and Schering-Plough, New Jersey, EUA) seguido por EOC, com administração do
Hormônio Folículo Estimulante recombinante (Recombinant Follicular Stimulating Hormone –
r-FSH, Gonal-F®, Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha) ou altamente purificado (Highly
purified Follicular Stimulating Hormone – HP-u-FSH, Menopur® ou Bravelle®, Ferring, New
Jersey, EUA). A estimulação ovariana foi acompanhada por dosagens séricas de estradiol (E2,
pg/mL) e ultrassonografias pélvicas por via endovaginal seriadas, sendo os dados obtidos
utilizados para definir o dia de administração da Gonadotrofina Coriônica humana recombinante
(Recombinant Human Corionic Gonadotrophin – r-hCG, Ovidrel®, Merck KGaA, Darmstadt,
Alemanha), utilizada para induzir a maturação folicular final e a luteinização, após a estimulação
do desenvolvimento folicular.
3.3) RECUPERAÇÃO OOCITÁRIA
A recuperação oocitária foi realizada 34 a 36 horas após a administração do r-hCG por
meio de aspiração folicular transvaginal guiada por ultrassom, sendo a paciente submetida à
sedação. Após a recuperação, os oócitos foram incubados em meio de cultura (Global® for
Fertilization, LifeGlobal Group, Connecticut, EUA) suplementado em 10% (Protein supplement,
LifeGlobal Group, Connecticut, EUA) e coberto por óleo mineral (Parafin Oil, LifeGlobal
Group, Connecticut, EUA) por 4 horas em atmosfera controlada a 37 ºC e 7,5% de CO2. As
células do complexo cúmulus-corona foram removidas por exposição durante 30 seg ao meio
tamponado com HEPES contendo 80 UI/mL da enzima hialuronidase (Hyaluronidase, Irvine
Scientific, California, EUA). Posteriormente, as células restantes foram cuidadosamente
removidas por denudação mecânica usando pipetas Pasteur de vidro manualmente afiladas. Os
oócitos denudados foram então avaliados em estereomicroscópio quanto ao seu grau de
24
maturação nuclear. Oócitos que apresentaram a extrusão do primeiro corpúsculo polar foram
classificados em Metáfase II (MII) e submetidos à ICSI.
3.4) OBTENÇÃO DE ESPERMATOZOIDES, ANÁLISE E PROCESSAMENTO
SEMINAL
As amostras de sêmen ejaculado foram obtidas por masturbação, após dois a cinco dias de
abstinência ejaculatória, coletadas em frasco plástico e estéril e enviadas para análise e
processamento seminal. Primeiramente as amostras foram submetidas à análise seminal, de
acordo com protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS 2010). Foram
obtidas, então, a concentração de espermatozoides, a porcentagem de espermatozoides móveis
progressivos, não progressivos e imóveis e a morfologia seminal segundo critério de Kruger
(Kruger et al. 1986). Após análise seminal, foi realizado protocolo de processamento seminal
pelas técnicas de gradiente descontínuo de densidade ou migração ascendente de
espermatozoides, conforme indicações estabelecidas no II Consenso de Infertilidade Masculina
(Rhoden 2003) para recuperação de espermatozoides com motilidade progressiva a serem
utilizados na técnica de ICSI.
Gradiente descontínuo de densidade
Para a realização do gradiente descontínuo de densidade, foram utilizadas duas camadas
de Isolate (Irvine Scientific, California, EUA) nas densidades de 90% e 50%. Utilizando uma
pipeta estéril, 1 mL da camada inferior (90%, Isolate) foi transferida para um tubo cônico, sendo
1 mL da camada superior (50%, Isolate) depositada gentilmente sobre a camada inferior. Foi
adicionado 1 mL da amostra seminal liquefeita sobre as camadas de Isolate seguido de
centrifugação por 10 min a 300g. As camadas do reagente Isolate foram cuidadosamente retiradas
por aspiração e o precipitado contendo os espermatozoides foi ressuspendido em 1 mL de meio
de cultura tamponado com HEPES ((N-(2-hidroxietil)piperazina-N'-(2-ácido etanosulfônico),
Global® w/HEPES, LifeGlobal Group, Connecticut, EUA) seguido de centrifugação por 8 min a
300g para lavagem. O sobrenadante foi, então, removido e o precipitado final ressuspendido em
0,5 mL de meio de cultivo com HEPES (Global® w/HEPES, LifeGlobal Group, Connecticut,
25
EUA). A amostra recuperada foi analisada com relação aos parâmetros descritos acima e
encaminhada ao laboratório de FIV para utilização na técnica de ICSI.
Migração ascendente de espermatozoides
Para a técnica de migração ascendente de espermatozoides, 0,5 mL da amostra seminal
após liquefação foi depositada em um tubo cônico, sendo 1 mL de meio de cultura com HEPES
(Global® w/HEPES, LifeGlobal Group, Connecticut, EUA) cuidadosamente adicionado, de
forma a obtermos uma camada de meio de cultivo sobre a amostra seminal. Após um período de
incubação de uma hora a 37 ºC, mantendo-se o tubo inclinado a 45o, parte do sobrenadante foi
aspirado e transferido para outro tubo cônico. A amostra recuperada foi analisada com relação
aos parâmetros descritos acima e encaminhada ao laboratório de FIV para utilização na técnica de
ICSI.
3.5) INJEÇÃO INTRACITOPLASMÁTICA DE ESPERMATOZÓIDE (ICSI)
A técnica de fertilização in vitro utilizada para todos os casos incluídos neste estudo foi a
injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), realizada de acordo com a técnica-padrão
descrita por Palermo et al. (1992). Para a ICSI, os oócitos foram dispostos individualmente em
gotas de 4 µL de meio tamponado (Global® w/HEPES, LifeGlobal Group, Connecticut, EUA), e
a amostra seminal adequadamente processada foi adicionada em gotas centrais de solução de
10% polivinilpirrolidona (PVP) em meio tamponado com HEPES contendo albumina sérica
humana (HSA) (Polyvinylpyrrolidone (PVP) Solution with HSA, Irvine Scientific, California,
EUA), cobertas com óleo mineral (Parafin Oil, LifeGlobal, Connecticut, EUA). Após a injeção,
os oócitos foram cultivados individualmente em microgotas de 50 µL de meio de cultivo
embrionário (Global®, LifeGlobal Group, Connecticut, EUA) suplementado em 10% (Protein
supplement, LifeGlobal Group, Connecticut, EUA) e coberto por óleo mineral (Parafin Oil,
LifeGlobal Group, Connecticut, EUA) em atmosfera controlada a 37 ºC e 7,5% de CO2 até o dia 3
do desenvolvimento embrionário. Neste dia, após avaliação da morfologia embrionária, o meio
de cultivo foi renovado e os embriões foram mantidos atmosfera controlada a 37 ºC, 7,5% de
26
CO2 e 7% de O2 até o momento da transferência embrionária, realizada no dia 5 do
desenvolvimento.
3.6) REVISÃO DE LITERATURA
A seleção dos parâmetros morfológicos embrionários que seriam avaliados para cada dia
do desenvolvimento foi baseada em levantamento bibliográfico em base de dados MEDLINE. O
levantamento incluiu manuscritos disponíveis escritos em inglês e publicados em ou após Janeiro
de 1992. Para a busca utilizamos uma adequada combinação dos seguintes termos: fertilização in
vitro (in vitro fertilization), embrião humano (human embryo), morfologia embrionária (embryo
morphology), valor preditivo (predictive value), viabilidade embrionária (embryo viability), taxa
de blastocisto (blastocyst rate), potencial de implantação (implantation potential), morfologia
oocitária (oocyte morphology), morfologia pronuclear (pronuclear morphology), número de
células em dia 2 (day 2 cell number), número de células em dia 3 (day 3 cell number), simetria de
blastômeros (blastomere symmetry), fragmentação de blastômeros (blastomere fragmentation),
multinucleação (multinucleation), morfologia embrionária de dia 3 (day 3 embryo morphology),
morfologia embrionária de dia 5 (day 5 embryo morphology), classificação de blastocisto
(blastocyst grading).
Os manuscritos obtidos foram então submetidos a processos de seleção a partir da análise
do título, resumo e do manuscrito completo, obrigatoriamente nesta ordem. Foram incluídos na
revisão manuscritos nos quais parâmetros morfológicos de avaliação oocitária e embrionária para
os dias 1, 2 e 3 do desenvolvimento haviam apresentado uma correlação significativa com o
potencial de formação de blastocisto e/ou com o potencial de implantação do blastocisto.
3.7) REVISÃO DOS PRONTUÁRIOS LABORATORIAIS
Todos os parâmetros abordados como preditivos de viabilidade embrionária, segundo
manuscritos selecionados durante a revisão bibliográfica, foram listados e incluídos nos
prontuários laboratoriais de acordo com o dia de desenvolvimento embrionário para o qual este
seria devidamente avaliado. Os prontuários laboratoriais foram então revisados e adequados à
rotina laboratorial.
27
Os critérios incluídos, bem como seu respectivo dia de análise com relação ao
desenvolvimento embrionário, estão listados abaixo. O termo descrito entre parênteses representa
a forma abreviada utilizada nos prontuários laboratoriais. Os itens descrevem as alterações
possíveis de serem detectadas. Com a finalidade de otimizar a coleta de dados os parâmetros
aferidos foram inseridos de forma a serem facilmente localizados e registrados no prontuário.
Caso a alteração estivesse presente, a identificação foi registrada por meio da marcação de um
(X) na coluna correspondente, evitando a exposição prolongada do embrião ao microscópio
óptico durante a avaliação. Cabe ressaltar que os critérios de normalidade foram enumerados no
manual de Procedimento Operacional Padrão (POP) do Centro de Fertilização Assistida Fertility, atualizado segundo levantamento do presente estudo (Anexo 1).
Dia 0, Morfologia oocitária:
Parâmetros intracitoplasmáticos:
 Granulosidade citoplasmática excessiva (CG);
 Granulosidade citoplasmática em cluster (CL);
 Citoplasma enegrecido (CE);
 Presença de vacúolos (PV);
 Retículo endoplasmático liso agregado (RE);
 Presença de inclusões citoplasmáticas (IN);
Parâmetros extracitoplasmáticos:
 1º corpúsculo polar fragmentado (CF);
 Granulações no espaço perivitelineo (DP);
 Espaço perivitelineo aumentado (EP);
 Alteração de forma e/ou espessura e/ou coloração da zona pelúcida (ZP);
 Alteração de forma do oócito (AF);
 Membrana plasmática oocitária resistente no momento da ICSI (MR);
 Membrana plasmática oocitária sem resistência no momento da ICSI (MSR).
28
Dia 1, Morfologia pronuclear:
 Número de pronúcleos (No PN);
 Número de corpúsculos polares (No CP);
 PN - Alteração de tamanho (Tamanho);
 PN – Posição não central em relação ao citoplasma (Periféricos);
 PN – Não justapostos (Afastados);
 Nucléolo – Número de nucléolos em pelo menos um dos PN menor do que 3
(número (0, 1 e 2));
 Nucléolo – Tamanho não correspondente ao estágio da nucleogênese (Tamanho);
 Nucléolo – Assincronismo da organização dos nucléolos durante a nucleogênese
(Polarização);
 Ausência ou irregularidade na formação do halo citoplasmático (Halo);
 Detecção de vacúolos no citoplasma (Vac);
 Granulosidade excessiva no citoplasma (CG);
 Detecção de irregularidade da membrana plasmática (Memb. Irreg.).
Dia 2:
 Embrião - No de células (Algarismos decimais);
 Embrião - Simetria de blastômeros (Simétrico (Si), Semelhante (Se) ou
Assimétrico (As));
 Embrião - Fragmentação em % (Porcentagem do volume do embrião ocupado por
fragmentos anucleados);
 Embrião - Tipo de fragmentação (Posição dos fragmentos de acordo coma
classificação de Alikani, 1999);
 Presença de fragmentos grandes (Frag gdes, número decimal);
 Granulosidade excessiva no citoplasma (CG);
 Detecção de vacúolos no citoplasma de pelo menos um dos blastômeros (Vac);
 Alteração de forma do embrião (Forma);
 Alteração na zona pelúcida do embrião (ZP);
29
 Presença de blastômeros sem núcleo (BL s/ N, número decimal);
 Presença de blastômeros multinucleados (Multinucleação, número de blastômeros
comprometidos e número de núcleos detectados).
Dia 3:
 Embrião - No de células (Algarismos decimais) e/ou grau de compactação;
 Embrião - Simetria de blastômeros (Simétrico (Si), Semelhante (Se) ou
Assimétrico (As));
 Embrião - Fragmentação em % (Porcentagem do volume do embrião ocupado por
fragmentos anucleados);
 Embrião - Tipo de fragmentação (Posição dos fragmentos de acordo coma
classificação de Alikani, 1999);
 Presença de fragmentos grandes (Frag gdes, número decimal);
 Granulosidade excessiva no citoplasma (CG);
 Detecção de vacúolos no citoplasma de pelo menos um dos blastômeros (Vac);
 Alteração de forma do embrião (Forma);
 Alteração na zona pelúcida do embrião (ZP);
 Presença de blastômeros sem núcleo (BL s/ N, número decimal);
 Presença de blastômeros multinucleados (Multinucleação, número de blastômeros
comprometidos e número de núcleos detectados);
 Presença de blastômero apresentando diferença de tamanho maior ou igual a 50%
em relação ao menor blastômero do embrião - Blastômero dominante (BD).
30
Dias 5 e 6:
MCI (massa celular interna):
 MCI - Ausente, caso não detectada durante avaliação;
 MCI - Não compacta, caso não detectada formação de protuberância na blastocele;
 MCI - Granulosidade excessiva no citoplasma das células que compõem a MCI
(CG);
 MCI - Detecção de células degeneradas na MCI (Cel Deg);
TRF (trofoectoderma):
 TRF – Detecção de formação de TRF irregular, não observação da formação de
epitélio coesivo (Irreg);
 TRF – Presença de poucas células na formação do TRF (Poucas cel);
 TRF – Granulosidade excessiva no citoplasma das células que compõem o TRF
(CG);
 TRF – Detecção de células degeneradas no TRF (Cel Deg);
Os prontuários revisados para os dias 1, 2, 3 e 5 do desenvolvimento embrionário e que
foram utilizados na rotina laboratorial encontram-se anexos (Anexo 2).
3.8) TREINAMENTO DA EQUIPE E ELABORAÇÃO DE ESQUEMAS DIDÁTICOS
Com o objetivo de reduzir variações intra e interobservador a equipe de embriologistas do
Centro de Fertilização Assistida - Fertility recebeu treinamento para avaliação da morfologia
embrionária incluindo todos os parâmetros apontados no presente estudo. Ainda com o objetivo
de tornar essa avaliação menos subjetiva, esquemas didáticos foram desenvolvidos e
incorporados aos POPs do laboratório. Abaixo um exemplo de esquema didático desenvolvido
para abordagem do parâmetro simetria de blastômero para os dias 2 e 3 do desenvolvimento (Fig.
1). Os esquemas foram utilizados neste caso para uma clara diferenciação entre a assimetria do
tamanho dos blastômeros e a assincronia de clivagem, conforme detalhado previamente no tópico
Introdução.
31
Fig. 1a
No de células
Blastômeros de mesmo tamanho
Blastômeros de tamanho diferente
3 células
4 células
5 células
6 células
7 células
8 células
Fig. 1b
CLASSIFICAÇÃO EMBRIONÁRIA - SIMETRIA
O DE
NNo
DECÉLULAS
CÉLULAS
SIMETRIA ESPERADA
2
2 CEL =
3
1 CEL GDE
2 CEL MENORES =
4
4 CEL =
5
3 CEL GDE
2 CEL MENORES =
6
2 CEL GDE
4 CEL MENORES =
7
1 CEL GDE
6 CEL MENORES =
8
8 CEL =
FIGURA 1: Esquema didático para avaliação da simetria de blastômeros nos dias 2 e 3 do
desenvolvimento embrionário. Embriões apresentando a simetria esperada para cada dia do
desenvolvimento estão destacados na Fig. 1a e demonstrados na Fig. 1b.
32
3.9) AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E SELEÇÃO EMBRIONÁRIA
A avaliação dos critérios de morfologia oocitária foi realizada no momento da ICSI. O
oócito classificado na linha de número “1” foi identificado como embrião “1” da placa de cultivo
de forma que as características oocitárias de cada um dos embriões resultantes estivessem
disponíveis para utilização como parâmetro de seleção para transferência. Os embriões foram
avaliados em intervalos regulares quanto aos critérios morfológicos de interesse, sendo o
intervalo de tempo correspondente ao número de horas após a realização da ICSI: dia 1 ou
checagem da fertilização (17h+1), classificação do dia 2 do desenvolvimento (44h+1), dia 3
(68h+1) e dia 5 (116h+2) (Tab. 3).
TABELA 3: Intervalos de horas em relação ao horário de realização do procedimento de ICSI
utilizados para avaliação regular dos embriões quanto aos critérios morfológicos de interesse.
OBSERVAÇÃO
Fertilização (±1)
Dia 2 (±1)
Dia 3 (±1)
Dia 5 (±2)
INTERVALO (horas)
17
44
68
116
PADRÃO ESPERADO
Estágio pronuclear
Estágio de 4-cel
Estágio de 8-cel
Blastocisto
A seleção dos embriões a serem transferidos foi baseada em critérios discutidos
recentemente pelas Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e Européia de
Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) (Racowsky et al. 2011, Embryology 2011). Cabe
ressaltar que a idade da mulher não foi considerada critério de exclusão para o estudo, sendo até 4
embriões transferidos em alguns ciclos cujas pacientes apresentavam idade igual ou superior a 40
anos, conforme sugerido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM 2010).
33
3.10) COLETA DE DADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS
Os prontuários das pacientes inseridas neste estudo foram arquivados no Centro de
Fertilização Assistida – Fertility, além de estarem disponíveis para consulta em formato
digitalizado. Todos os dados clínico-laboratoriais referentes a cada um dos procedimentos
realizados foram inseridos em banco de dados eletrônico formato Access.
Para cada ciclo a partir do qual foram incluídos embriões para este estudo foram também
coletadas as seguintes informações listadas abaixo, além de todos os critérios de morfologia
oocitária e embrionária descritos previamente:
 Dados pessoais do casal (Nome, idade);
 Data da punção folicular;
 Fator de infertilidade;
 Protocolo de indução (Unidades e tipo de gonadotrofina / Bloqueio hipofisário);
 Dosagem de estradiol no dia do hCG (E2);
 Tipo de coleta da amostra seminal (Ejaculado / Punção aspirativa epididimária ou
testicular);
 Parâmetros seminais pré e pós-processamento, sendo os critérios de normalidade
definidos de acordo com a OMS (2010);
 Motilidade dos espermatozoides utilizados para ICSI (Motilidade progressiva, não
progressiva, imóvel);
 No de folículos puncionados;
 No de oócitos obtidos;
 Grau de maturação nuclear dos oócitos após denudação (PI, MII ou MII)
 No de oócitos injetados e grau de maturação nuclear;
 Morfologia oocitária (Dia 0, para cada um dos oócitos injetados);
 Morfologia embrionária (Dias 1, 2, 3 e 5, parâmetros descritos previamente – para cada
um dos embriões obtidos);
 No de embriões obtidos;
 No de embriões transferidos;
 No de embriões criopreservados;
34
 Dia de desenvolvimento embrionário na transferência;
 Espessura endometrial (mm) no dia da administração do hCG;
 Resultado de gestação (Dosagem sérica de β-hCG);
 No de sacos gestacionais com batimento cardíaco.
A disponibilidade destas informações torna-se relevante dado que devemos considerar a
possível influência de outros fatores, além dos critérios morfológicos oocitários e embrionários
focos deste estudo, na chance de sucesso do tratamento como, por exemplo, o fator idade
materna.
3.11) CATEGORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE ESTUDO
Após tabulação, tornou-se necessária a organização dos dados para possibilitar a
submissão dos mesmos para as análises estatísticas, incluindo o modelo de regressão logística.
Alguns exemplos do agrupamento das variáveis em categorias para avaliação dos parâmetros
número de células, ritmo de clivagem e simetria de blastômeros para os dias 2 e 3 do
desenvolvimento estão na Figura abaixo (Fig. 2).
Foram considerados para este estudo embriões com ritmo de clivagem normal aqueles que
apresentaram de 3 a 5 células em dia 2 e 7 ou 8 células em dia 3 do desenvolvimento. Embriões
com 2 células em dia 2 ou com um número menor ou igual a 6 células em dia 3 foram
classificados como ritmo lento de clivagem. Por outro lado, embriões apresentando 6 ou mais
células em dia 2 ou 9 ou mais células em dia 3 foram considerados como ritmo de clivagem
rápido. Quanto ao ritmo de clivagem avaliamos ainda para o dia 2 do desenvolvimento a não
ocorrência de clivagem ou a compactação precoce. Para o dia 3 do desenvolvimento os embriões
foram classificados como parada de clivagem ou clivagem anormal quando não houve ocorrência
de clivagem no intervalo entre a avaliação do dia 2 e do dia 3 ou quando foi detectada clivagem
de apenas uma célula neste intervalo, respectivamente. Além disso, realizou-se o agrupamento de
algumas destas categoriais para análise dos dados como a inserção dos ritmos lento e rápido de
clivagem em uma mesma categoria, ou ainda a inserção de todas as categoriais que representam
uma variação do ritmo de clivagem normal na categoria “anormal”. Com relação ao parâmetro
35
simetria de blastômeros, embriões classificados como simétricos (Si) ou semelhantes (Se) foram
agrupados em uma mesma categoria e assimétricos (As) inseridos em outra categoria.
No DE CÉLULAS E RITMO DE CLIVAGEM
ESTATÍSTICA 1 DIA 2
ESTATÍSTICA 1 DIA 3
Ritmo de clivagem
No células Categorias
GRUPOS
LENTA
2
1
33 a
NORMAL
a 45
2
>6
RÁPIDA
>5
3
Não
clivado
PARADO
NC
4
COMPACTAÇÃO PRECOCE
5
Ritmo de clivagem
LENTA
NORMAL
RÁPIDA
PARADO
CLIVAGEM 1CEL
ESTATÍSTICA 2 DIA 2
ESTATÍSTICA 2 DIA 3
Ritmo de clivagem
LENTA/RÁPIDA
NORMAL
PARADO
Categorias
GRUPOS
1
0
2
Ritmo de clivagem
LENTA/RÁPIDA
NORMAL
PARADO
CLIVAGEM 1CEL
No células Categorias
GRUPOS
<6
1
7a8
2
>9
3
4
5
Categorias
GRUPOS
1
0
2
3
ESTATÍSTICA 3 DIAS 2 E 3
Ritmo de clivagem
ANORMAL
NORMAL
Categorias
GRUPOS
1
0
DIAS
SIMETRIA DE BLASTÔMEROS Dia
2 e 23 E 3
Categorias
Si ou Se
As
0
1
FIGURA 2: Modelo de categorização das variáveis número de células / ritmo de clivagem e
simetria de blastômeros para os dias 2 e 3 do desenvolvimento utilizados para submissão dos
dados à análise estatística.
Si= Simétrico, Se= Semelhante, As= Assimétrico
36
Outros parâmetros não exemplificados acima foram categorizados para análise como a
presença de fragmentos anucleados, de blastômeros multinucleados e de blastômeros anucleados.
O parâmetro fragmentação embrionária foi categorizado de acordo com o tipo (II, III ou IV) e
grau (ausente, comprometendo até 10 ou 20% do volume do embrião), além da combinação de
ambos os critérios. A presença ou ausência de blastômeros multinucleados e de blastômeros
anucleados foi registrada, bem como a porcentagem de blastômeros comprometidos (> ou <
25%). Ainda para o parâmetro multinucleação, o maior número de núcleos visualizados em pelo
menos um dos blastômeros comprometidos foi considerado (> ou < 2 núcleos), de forma
independente do número de blastômeros comprometidos.
3.12) SEGUIMENTO CLÍNICO
No intervalo de 10 dias após a transferência embrionária foi realizada a dosagem
quantitativa dos níveis séricos da subunidade beta da gonadotrofina coriônica humana (β-hCG),
indicativo de gestação positiva. A gestação clínica foi definida por meio da detecção de saco
gestacional e de batimento cardíaco fetal em ultrassonografia pélvica transvaginal realizada de 3
a 4 semanas após a transferência embrionária.
3.13) CONCEITOS E VARIÁVEIS
Oócito PI
Oócito em grau de maturação nuclear Prófase I da Meiose I, caracterizado pela presença
de vesícula germinativa.
Oócito MI
Oócito em grau de maturação nuclear Metáfase I da Meiose I, caracterizado pela ausência
de vesícula germinativa e de corpúsculo polar.
Oócito MII
Oócito em grau de maturação nuclear Metáfase II da Meiose II, caracterizado pela
presença do 1o corpúsculo polar.
37
Taxa de oócitos recuperados
A taxa de oócitos recuperados foi definida pelo número de oócitos recuperados após
punção folicular dividido pelo número de folículos puncionados.
Taxa de oócitos MII
A taxa de oócitos MII foi definida pelo número de oócitos classificados como MII quanto
ao grau de maturação nuclear dividido pelo número de oócitos recuperados após punção folicular.
Taxa de oócitos injetados
A taxa de oócitos injetados foi definida pelo número de oócitos submetidos à ICSI
dividido pelo número de oócitos recuperados após punção folicular.
Taxa de 2PN
A taxa de 2PN foi definida pelo número de zigotos com fertilização normal (2PN) obtidos
dividido pelo número de oócitos submetidos à ICSI.
Taxa de blastocistos
A taxa de blastocistos foi definida como o número de embriões que atingiram o estágio de
blastocisto, independente do grau de expansão da blastocele, dividido pelo número de embriões
que foram mantidos em cultivo até o dia 5 do desenvolvimento.
Viabilidade embrionária
No presente estudo optamos por definir a viabilidade embrionária como sendo o potencial
de o embrião atingir o estágio de blastocisto quando cultivado até o dia 5 do desenvolvimento e,
ainda, o potencial de implantação deste embrião quando selecionado para a transferência.
Taxa de gestação clínica
A taxa de gestação clínica foi definida pelo número de pacientes que apresentaram
dosagem positiva de β-hCG, detecção de saco gestacional e de batimento cardíaco fetal dividido
pelo número de pacientes que realizaram transferência embrionária.
Taxa de implantação
38
A taxa de implantação foi definida pelo número de sacos gestacionais que apresentaram
batimento cardíaco dividido pelo número de embriões transferidos.
Taxa de aborto
A taxa de aborto foi definida pelo número de pacientes que apresentaram perda
gestacional dividido pelo número de pacientes com gestação clínica detectada.
3.14) ANÁLISE E ESTATÍSTICA DOS DADOS
Os dados de morfologia obtidos para todos os dias do desenvolvimento (desde o dia 0 –
morfologia oocitária até o dia 3 – 68h após a fertilização) dos embriões obtidos foram associados
aos dados obtidos para o dia 5 do desenvolvimento, ou seja, o sucesso na obtenção do embrião
em estágio de blastocisto (Blastocisto (S)) ou a falha na formação do blastocisto (Blastocisto
(N)), com o objetivo de identificarmos possíveis parâmetros preditivos de formação de
blastocistos. Da mesma forma, os dados de ocorrência (Implantação 100%) ou não (Implantação
0%) de implantação embrionária foram avaliados juntamente com os dados de morfologia
obtidos para todos os dias do desenvolvimento, com o objetivo de identificação de possíveis
parâmetros preditivos do sucesso da implantação embrionária. Cabe ressaltar que para alcançar
tal objetivo foram utilizados apenas dados de embriões provenientes dos ciclos que apresentaram
0% ou 100% de implantação, de forma que pudéssemos afirmar o sucesso ou a falha de
implantação do embrião estudado. O fato de não podermos afirmar qual foi o embrião implantado
em um ciclo cuja taxa de implantação foi de, por exemplo, 50% implicou na não inclusão destes
dados.
A associação entre a normalidade/anormalidade dos critérios morfológicos e a viabilidade
embrionária foram avaliadas com o auxílio dos programas computacionais Minitab 17,
GraphPad Prism 5.0 e SPSS 20.0. Inicialmente, foi realizada a análise bivariada centrada nos
testes de associação entre as variáveis independentes e a variável resposta (Blastocisto e/ou
Implantação) para a identificação das principais variáveis associadas à viabilidade embrionária.
Para variáveis quantitativas os valores foram expressos em média + desvio padrão. Para avaliação
de duas populações de dados as variáveis quantitativas foram submetidas ao teste paramétrico t
de Student ou ao teste não-paramétrico de Mann-Whitney, de acordo com o resultado obtido após
39
submissão destas variáveis ao teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Nas análises de
associação de variáveis qualitativas foram aplicados os testes Qui-Quadrado ou o Teste Exato de
Fisher, conforme apropriado. Finalmente, foi construído um modelo de regressão, através do
programa SPSS, visando a ajustar as variáveis preditoras da variável resposta. Sendo a variável
resposta de ambos os objetivos deste estudo uma variável dicotômica, análises de regressão
logística binária foram aplicadas e os resultados foram expressos como Odds ratio (OR) ou
Razão de Chance (calculado em relação ao critério de normalidade para cada um dos
parâmetros), Intervalo de Confiança a 95% (IC) e valor de P. O método Foward foi utilizado,
deste modo as variáveis preditivas foram adicionadas ao modelo de acordo com a força da
associação. Foram incluídas na determinação do modelo todas as variáveis que apresentaram um
nível descritivo de significância menor ou igual a 0,20 na análise bivariada. Os resultados foram
considerados ao nível crítico de 5% de significância (P<0,05).
40
4) RESULTADOS
4.1) Dados descritivos – Perfil da população estudada
Considerando o período proposto para este estudo foram realizados 2155 ciclos de
aspiração folicular e fertilização in vitro com injeção intracitoplasmática de espermatozoides
(ICSI), resultado do tratamento de 1521 pacientes.
Considerando-se os critérios de inclusão do presente estudo como inicialmente o fato de
que houvesse transferência embrionária (80,0% dos ciclos iniciados) e de que a transferência
fosse realizada em dia 5 do desenvolvimento em estágio de blastocisto (53,7% dos ciclos
transferidos) poderíamos incluir 926 ciclos de 699 pacientes submetidas ao tratamento. Após
considerarmos todos os critérios de exclusão do estudo conforme descrito em Método, foram
incluídos no presente estudo os dados de morfologia oocitária e embrionária de 743 ciclos de 583
pacientes submetidas ao tratamento.
Os dados descritos na tabela abaixo (Tab. 4) representam o perfil clínico dos casais e dos
ciclos de tratamento inseridos no presente estudo, incluindo dados relacionados ao EOC.
TABELA 4: Descrição das características dos casais inseridos no presente estudo e de seus
ciclos de tratamento de RHA.
Variáveis do EOC
N
Média
Intervalo
Desvio padrão
Pacientes
583
-
-
-
Punções foliculares
743
-
-
-
Idade Mulher (anos)
-
34,3
21-45
4,1
Idade Homem (anos)
-
37,2
25-63
5,6
Unidades de FSH (UI) administrada
-
2279
600-4950
605
Dosagem do E2 no dia da administração do hCG (pg/mL)
-
2124
125-10000
1538
Espessura endometrial (mm) no dia de administração do hCG
-
10,8
5,0-18,6
2,1
A média de idade das pacientes submetidas ao tratamento, cujos embriões foram
avaliados no presente estudo, foi de 34,3 anos sendo a idade mínima e a máxima observada de 21
e de 45 anos, respectivamente. A média de idade foi de 37,2 anos para os respectivos parceiros,
41
com mínima de 25 e máxima de 63 anos. Em média, foram aplicadas 2279 UI de FSH para EOC,
sendo de 2124 pg/mL o valor médio de E2 no dia da administração do hCG. A espessura
endometrial obtida para o mesmo dia de avaliação foi em média 10,8 mm.
Buscando uma melhor caracterização da população estudada, bem como o estudo de todos
os possíveis fatores clínicos que pudessem interferir nas variáveis de resposta objetivo deste
estudo, as variáveis cujas incidências estão descritas na tabela abaixo (Tab. 5) foram levantadas e
analisadas para as pacientes incluídas no estudo.
TABELA 5: Descrição das características clínicas da população estudada e dos ciclos de
tratamento de RHA.
Variáveis de perfil clínico
Incidência (%)
Pacientes (mulher) com idade ≥ a 38 anos
21,9
Pacientes (homem) com idade ≥ a 38 anos
43,0
Ciclos com uso de FSH recombinante
94,8
Ciclos com bloqueio hipofisário por antagonista
92,2
Ciclos com fator masculino de infertilidade
47,4
Ciclos com fator feminino de infertilidade
61,4
Ciclos com fator masculino e feminino de infertilidade associados
19,2
Ciclos com indicação de endometriose
15,7
Ciclos com concentração seminal normal pré-processamento
68,9
Ciclos com motilidade total normal pré-processamento
81,3
Ciclos com motilidade progressiva normal pré-processamento
70,5
Mais de 20% das pacientes submetidas ao tratamento apresentaram idade igual ou
superior a 38 anos, sendo esta proporção ainda maior (43%) considerando-se a idade do homem.
O bloqueio hipofisário foi obtido em 92,2% dos casos com o uso de antagonista do GnRH e o
EOC foi induzido em 94,8% dos casos pelo uso de r-FSH. O fator masculino de infertilidade
isolado ou associado a outros fatores de infertilidade estava presente em cerca de 50% dos casos
sendo esta proporção maior para o fator feminino de infertilidade, 61,4% dos casos. A presença
de ambos foi relatada para 19,2% dos casos. Cerca de 15% das pacientes incluídas no estudo
42
apresentavam diagnóstico clínico de endometriose. Os parâmetros seminais pré-processamento
incluindo Concentração, Motilidade total e Motilidade progressiva estavam dentro do critério de
normalidade para a maioria dos ciclos de tratamento, sendo de 68,9%, 81,3% e de 70,5% a
incidência de normalidade para estes critérios, respectivamente.
As variáveis de resposta folicular após submissão ao EOC estão resumidas na Tab. 6 para
as pacientes incluídas no estudo.
TABELA 6: Descrição das variáveis de resposta folicular das pacientes submetidas ao EOC.
Variáveis de resposta folicular
N
Média
Intervalo
Desvio padrão
o
14905
20,1
2,0-64
10,6
o
10868
14,6
1,0-50
8,1
-
73,7
12-100
18,0
N de oócitos em grau de maturação nuclear MII
Taxa média de MII (%)
8072
10,9
1,0-41
6,0
-
77,0
12-100
15,8
No de oócitos injetados
7609
10,2
1,0-36
5,0
-
75,3
12-100
18,6
N de folículos puncionados
N de oócitos recuperados
Taxa média de oócitos recuperados (%)
o
Taxa média de oócitos injetados (%)
Os valores médios obtidos para as pacientes submetidas ao EOC foram de 20,1 folículos
puncionados; 14,6 oócitos recuperados com taxa média de recuperação oocitária de 73,7%; 10,9
oócitos em MII com taxa média de MII de 77,0%; 10,2 oócitos injetados com taxa média de
oócitos injetados de 75,3%.
Os dados de parâmetros seminais macroscópicos e microscópicos avaliados préprocessamento, para todas as amostras utilizadas nos ciclos estudados, encontram-se resumidos
na tabela abaixo (Tab. 7).
43
TABELA 7: Descrição dos parâmetros seminais pré-processamento das amostras submetidas à
ICSI.
Características seminais
Média
Intervalo
Desvio padrão
3,1
0,2-11,5
1,6
Concentração de sptz na amostra pré-processamento (x10 /mL)
37,8
0,0002-207,5
34,9
Motilidade total (%)
54,8
6,0-95,0
17,5
Motilidade progressiva (%)
40,3
3,0-85,0
16,7
Volume seminal (mL)
6
SPTZ= Espermatozoide
Em média, as amostras submetidas ao processamento seminal para ICSI apresentaram na
avaliação pré-processamento um volume ejaculado de 3,1mL, Concentração de 37,8x106/mL,
Motilidade total de 54,8% e Motilidade progressiva de 40,3%.
Algumas variáveis de sucesso laboratorial, após submissão dos oócitos à ICSI, estão
descritas na tabela abaixo (Tab.8). Dentre estas podemos destacar a taxa de oócitos que
apresentaram fertilização normal após serem submetidos à ICSI (Taxa média de 2PN, 82,0%) e a
taxa de blastocistos formados após cultivo dos embriões obtidos até o dia 5 do desenvolvimento
(Taxa de blastocistos, 53,8%). O número médio de embriões transferidos foi de 2,2 com um
intervalo de 1 a 4 embriões transferidos, sendo que em 40,4% dos ciclos houve criopreservação
dos embriões excedentes.
TABELA 8: Perfil laboratorial das variáveis de sucesso após submissão dos oócitos à ICSI.
Variáveis de sucesso laboratorial
o
N de oócitos com fertilização normal (2PN)
Taxa média de 2PN (%)
N
Média
Intervalo
Desvio padrão
5850
7,9
1,0-28
4,1
-
82,0
11-100
14,9
o
1639
2,2
1,0-4,0
0,6
o
N de embriões congelados
1295
4,3
1,0-14
2,2
Taxa de blastocistos (%)
3147
53,8
-
-
% de ciclos com criopreservação de embrião
300
40,4
-
-
N de embriões transferidos
Os resultados clínicos obtidos após transferência embrionária estão descritas na Tab. 9.
44
TABELA 9: Taxas de sucesso do tratamento de RHA para as pacientes avaliadas no estudo.
Variáveis de sucesso clínico
(%)
Taxa de gestação clínica
41,5
(308/743)
Taxa de aborto
15,6
(48/308)
Taxa de implantação
24,8
(407/1639)
Dos 743 ciclos de ICSI iniciados e nos quais houve transferência embrionária, obtivemos
308 ocorrências de gestação clínica positiva, resultando em 41,5% de taxa de gestação. A taxa de
implantação embrionária foi de 24,8% sendo resultado de um total de 1639 embriões transferidos
e da obtenção de 407 sacos gestacionais com batimento cardíaco detectado. Foram relatadas 48
ocorrências de aborto, resultando em uma taxa de 15,6% de abortamento.
4.2) Objetivo 1 – Valor preditivo de critérios morfológicos oocitários e embrionários
avaliados nos dias 1, 2 e 3 do desenvolvimento na obtenção de embriões em estágio de
blastocisto.
4.2.1) Dados descritivos
Variáveis quantitativas (Tab. 10) e qualitativas (Tab. 11) correspondentes ao perfil das
pacientes submetidas ao tratamento e ao perfil de resposta clínica e laboratorial foram avaliadas
quanto ao possível valor preditivo na taxa de obtenção de blastocistos.
Dentre as diferenças significativas observadas para as variáveis quantitativas, os seguintes
parâmetros apresentaram um valor médio menor para o grupo de embriões que atingiram o
estágio de blastocisto no dia 5 do desenvolvimento: média de idade da mulher (33,6+4,0 vs
34,2+3,9; p<0,001); número médio de UI de FSH administradas (2205+632 vs 2274+605;
p<0,001); número médio de oócitos recuperados após punção folicular (17,1+8,3 vs 17,7+8,6;
p=0,015), taxa média de oócitos recuperados (74,3%+16,9 vs 76,9%+16,1; p<0,001) e motilidade
seminal total (54,2%+17,3 vs 55,1%+17,6, p=0,023). Por outro lados as variáveis taxa média de
MII (78,6%+14,3 vs 76,9%+14,7; p<0,001), taxa média de oócitos injetados (75,6%+18,1 vs
45
74,8%+17,3; p=0,022) e taxa média de 2PN (81,4%+14,1 vs 80,4%+14,3; p=0,011) apresentaram
um valor médio maior para o grupo de embriões que atingiram o estágio de blastocisto no dia 5
do desenvolvimento. Não houve associação estatística significativa para as seguintes variáveis
quantitativas na taxa de formação de blastocistos: idade do homem, nível de E2, concentração e
motilidade progressiva da amostra seminal, número de folículos puncionados, número de oócitos
MII, número de oócitos submetidos à ICSI e número de oócitos com fertilização normal.
TABELA 10: Descrição das características e do perfil de resposta clínica e laboratorial dos
casais submetidos ao tratamento de RHA de acordo com a classificação do embrião no dia 5 do
desenvolvimento.
Média (+DP)
Variáveis quantitativas - Perfil geral dos ciclos
de ICSI
Grupo A
Blastocisto (N)
Grupo B
Blastocisto (S)
Valor de P
Idade mulher
34,2 (3,9)
33,6 (4,0)
<0,001
Idade homem
37,0 (5,5)
36,9 (5,5)
0,561
FSH (UI)
2274 (605)
2205 (632)
<0,001
E2 (pg/mL)
2429 (1708)
2443 (1719)
0,823
Concentração seminal (10 /mL)
37,1 (34,5)
36,6 (33,9)
0,646
Motilidade total (%)
55,1 (17,6)
54,2 (17,3)
0,023
Motilidade progressiva (%)
40,4 (16,7)
40,0 (16,7)
0,272
No de folículos puncionados
23,4 (10,8)
23,7 (11,7)
0,891
No de oócitos recuperados
17,7 (8,6)
17,1 (8,3)
0,015
Taxa média de oócitos recuperados (%)
76,9 (16,1)
74,3 (16,9)
<0,001
No de oócitos em grau de maturação nuclear MII
13,3 (6,5)
13,1 (6,4)
0,486
Taxa média de MII (%)
76,9 (14,7)
78,6 (14,3)
<0,001
No de oócitos injetados
12,5 (5,6)
12,2 (5,3)
0,058
Taxa média de oócitos injetados (%)
74,8 (17,3)
75,6 (18,1)
0,022
9,9 (4,6)
9,8 (4,4)
0,482
80,4 (14,3)
81,4 (14,1)
0,011
6
o
N de oócitos com fertilização normal (2PN)
Taxa média de 2PN (%)
Nota: Teste estatístico aplicado – Mann-Whitney.
46
TABELA 11: Taxa de blastocistos obtidos no dia 5 do desenvolvimento de acordo com as
características dos casais e de seus ciclos de tratamento de RHA.
Variáveis qualitativas - Perfil geral dos ciclos
de ICSI
Taxa de blastocistos
obtidos (%)
Valor de P
Idade da mulher
<37a
>38a
39,2
34,1
0,002
Idade do homem
<37a
>38a
38,5
38,5
0,982
Bloqueio hipofisário
GnRH agonista
GnRH antagonista
41,7
38,2
0,147
Estímulo ovariano controlado
FSH urinário
FSH recombinante
42,0
38,3
0,230
Fator de infertilidade
Endometriose (N)
Endometriose (S)
38,7
36,5
0,236
Perfil seminal
Concentração inicial
>15 (106 /mL)
37,8
<15 (106 /mL)
Motilidade total
>40%
<40%
Motilidade progressiva
>32%
<32%
40,6
Nota: Teste estatístico aplicado – Qui-quadrado.
0,059
38,2
41,2
0,084
37,9
40,9
0,044
47
Utilizando a classificação de variáveis qualitativas que caracterizam a população do
estudo, a variável idade da mulher aparece novamente como possível interferente do potencial de
formação de blastocistos. Pacientes com idade menor ou igual a 37 anos apresentaram uma taxa
de formação de blastocistos de 39,2%, significativamente maior do que a observada para
pacientes com idade igual ou superior a 38 anos, que foi de 34,1% (p=0,002). Para a variável
motilidade seminal, a taxa de blastocistos formados foi maior para o grupo que apresentou
motilidade progressiva de padrão anormal, ou seja, <32% (37,9% vs 40,9%; p=0,044). As
seguintes variáveis avaliadas de forma qualitativa: idade do homem, estratégia de bloqueio
hipofisário, tipo de gonadotrofina aplicada para EOC, diagnóstico clínico de endometriose,
concentração e motilidade seminal total não apresentaram associação estatística significativa com
a taxa de formação de blastocistos.
4.2.2) Morfologia oocitária
Parâmetros de morfologia oocitária avaliados no dia 0 do desenvolvimento, previamente
ao procedimento de ICSI, foram avaliados e registrados para todos os 7609 oócitos submetidos à
injeção. A incidência dos dismorfismos intracitoplasmáticos e extracitoplasmáticos foi descrita
para os 5850 oócitos que resultaram em embriões após a ICSI e que foram incluídos no estudo
para avaliação do possível valor preditivo destes parâmetros na taxa de formação de blastocistos
(Tab. 12).
A granulação citoplasmática em padrões superiores ao considerado normal foi relatada
para 96,4% dos oócitos avaliados. Por outro lado, alterações nos outros parâmetros
intracitoplasmáticos de morfologia oocitária foram observadas em menos de 10% dos oócitos,
com destaque para o acúmulo de REL cuja incidência foi de 2,2%. Apesar de nenhum dos
dismorfismos extracitoplasmáticos apresentarem incidência maior que 50%, a ocorrência de
alteração de pelo menos um destes parâmetros foi detectada em 65,5% dos oócitos estudados. De
modo geral, 98,3% dos oócitos apresentaram ao menos a presença de um dismorfismo intra ou
extracitoplasmático.
48
TABELA 12: Descrição da incidência dos dismorfismos oocitários avaliados no dia 0 do
desenvolvimento.
Dismorfismos oocitários intracitoplasmáticos
Incidência (%)
CG - Granulação citoplasmática
96,4
CL - Granulação citoplasmática centralizada
7,1
REL - Acúmulo de Retículo endoplasmático liso
2,2
VAC - Presença de vacúolos
4,8
Alteração de pelo menos um parâmetro intracitoplasmático
96,6
Dismorfismos oocitários extracitoplasmáticos
DB - Presença de debris no espaço perivitelíneo
42,9
ZP - Alteração de zona pelúcida
4,3
EP - Espaço perivitelíneo aumentado
15,2
CP frag - Corpúsculo polar fragmentado
33,8
FORMA - Alteração de forma
1,9
Alteração de pelo menos um parâmetro extracitoplasmático
65,5
Dismorfismos oocitários intra ou extracitoplasmáticos
Alteração de pelo menos um parâmetro intra ou extracitoplasmático
98,3
Os dados de detecção ou a ausência dos dismorfismos oocitários avaliados foram
submetidos à análise estatística para estudo do possível valor preditivo destes parâmetros na taxa
de obtenção de blastocistos. Os resultados obtidos foram resumidos na Tab. 13. As taxas de
formação de blastocisto descritas correspondem àquelas observadas para oócitos nos quais as
alterações foram detectadas. Nos casos em que houve uma diferença significativa (p<0,05) para a
taxa de formação de blastocisto entre embriões provenientes de oócitos nos quais as alterações
estavam ou não presentes foram relatadas também as taxas de formação de blastocisto para
oócitos nos quais as alterações não foram detectadas.
49
TABELA 13: Taxa de formação de blastocisto de acordo com o dismorfismo oocitário detectado
no oócito submetido à ICSI.
Taxa de blastocistos
obtidos (%)
Valor de P
CG - Granulação citoplasmática
38,4
0,996
CL - Granulação citoplasmática centralizada
38,1
0,891
RE - Acúmulo de Retículo endoplasmático liso
48,8
0,017
Variáveis qualitativas - Dismorfismos oocitários
alteração ausente
38,2
VAC - Presença de vacúolos
33,5
0,083
Alteração de pelo menos um parâmetro intracitoplasmático
38,4
0,830
DB - Presença de debris no espaço perivitelíneo
40,5
0,005
alteração ausente
36,9
ZP - Alteração de zona pelúcida
38,1
0,915
EP - Espaço perivitelíneo aumentado
33,5
0,001
alteração ausente
CP frag - Corpúsculo polar fragmentado
39,3
40,5
alteração ausente
0,019
37,4
FORMA - Alteração de forma
33,6
0,296
Alteração de pelo menos um parâmetro extracitoplasmático
39,7
0,006
alteração ausente
Alteração de pelo menos um parâmetro intra ou extracitoplasmático
36,0
38,5
0,747
Nota: Teste estatístico aplicado – Qui-quadrado.
Foram observadas taxas de formação de blastocistos significativamente maiores para
embriões provenientes de oócitos cujas seguintes alterações de morfologia oocitária estavam
presentes: acúmulo de REL (48,8% vs 38,2%, p=0,017), presença de debris no EPV (40,5% vs
36,9%, p=0,005), fragmentação do 1o CP (40,5% vs 37,4%, p=0,019) e detecção de alteração de
pelo menos um dos parâmetros extracitoplasmáticos (39,7% vs 36,0%, p=0,006). Por outro lado,
para o parâmetro extracitoplasmático aumento do EPV uma menor taxa de blastocistos foi
observada para oócitos cuja alteração estava presente (33,5% vs 39,3%, p=0,001). Não houve
associação estatística significativa entre a presença dos seguintes dismorfismos e a taxa de
formação de blastocistos: granulação citoplasmática, granulação citoplasmática centralizada,
50
presença de VAC, alteração de ZP, alteração de forma, presença de pelo menos um parâmetro
intracitoplasmático ou presença de pelo menos um parâmetro intra ou extracitoplasmático.
4.2.3) Morfologia pronuclear
Parâmetros de morfologia pronuclear avaliados no dia 1 do desenvolvimento foram
avaliados e registrados para todos os 5850 zigotos obtidos após a ICSI. As incidências das
possíveis alterações do padrão normal de morfologia pronuclear foram descritas na tabela abaixo
(Tab. 14).
TABELA 14: Descrição da incidência das alterações do padrão de morfologia pronuclear
avaliadas no presente estudo.
Morfologia pronuclear
Incidência (%)
Alteração de tamanho de PN
7,6
Ocorrência de PN periféricos
5,2
Ocorrência de PN afastados
4,3
Ocorrência de alteração de número de CPN
3,9
Ocorrência de alteração de polarização de CPN
22,5
Alteração na formação do halo citoplasmático
20,4
Detecção de vacúolos em estágio de 2PN
16,4
Padrão anormal de morfologia pronuclear
37,4
PN= Pronúcleo(s), CPN= Corpos precursores de nucléolos
Alterações do padrão de morfologia do PN propriamente dito, incluindo a alteração no
tamanho ou na disposição (periféricos ou afastados) dessa organela não apresentaram incidência
superior a 10% dos zigotos obtidos. Por outro lado, alterações na organização dos CPN durante a
nucleogênese foram observadas em 22,5% dos embriões em estágio de 2PN. Cabe ressaltar que a
detecção de alteração no padrão normal de morfologia pronuclear estava presente em 37,4% dos
embriões avaliados.
51
Os dados de presença ou ausência de alterações no padrão normal de morfologia
pronuclear foram submetidos à análise estatística para estudo do possível valor preditivo destes
parâmetros na taxa de obtenção de blastocistos. Os resultados obtidos foram resumidos na Tab.
15. As taxas de formação de blastocisto descritas correspondem àquelas observadas para zigotos
nos quais as alterações foram detectadas. Nos casos em que houve uma diferença significativa
(p<0,05) para a taxa de formação de blastocisto ou ainda para aqueles casos em que o valor de p
foi não significante, porém <0,2, foram apresentadas também as taxas de formação de blastocisto
para zigotos nos quais as alterações não foram detectadas.
TABELA 15: Taxa de formação de blastocisto de acordo com a alteração do padrão de
morfologia pronuclear detectado nos zigotos obtidos após a ICSI.
Variáveis qualitativas - Morfologia pronuclear
Taxa de blastocistos
obtidos (%)
Valor de P
31,8
0,003
Alteração de tamanho de PN
alteração ausente
Ocorrência de PN periféricos
39,0
31,9
alteração ausente
Ocorrência de PN afastados
38,8
33,3
alteração ausente
Ocorrência de alteração de número de CPN
alteração ausente
0,017
0,092
38,7
27,9
0,154
38,5
Ocorrência de alteração de polarização de CPN
39,5
0,368
Alteração na formação do halo citoplasmático
42,5
0,002
alteração ausente
37,4
Incidência de vacúolos em estágio de 2PN
38,5
0,943
Incidência do padrão anormal de morfologia pronuclear
36,8
0,050
alteração ausente
Nota: Teste estatístico aplicado – Qui-quadrado.
PN= Pronúcleo(s), CPN= Corpos precursores de nucléolos
39,4
52
Dentre as diferenças significativas observadas, os seguintes parâmetros apresentaram uma
menor taxa de blastocistos obtidos quando detectados nos zigotos avaliados: alteração de
tamanho de PN (31,8% vs 39,0%, p=0,003); detecção de PN periféricos no momento da avaliação
(31,9% vs 38,8%, p=0,017) e detecção de padrão pronuclear anormal (36,8% vs 39,4%, p=0,050).
A alteração do parâmetro formação do halo citoplasmático resultou na obtenção de uma maior
taxa de blastocistos formados (39,4% vs 36,8%, p=0,002).
A detecção de PN afastados (33,3% vs 38,7%, p=0,092) e de alteração no número de CPN
(27,9% vs 38,5%, p=0,154) também resultaram em menor taxa de formação de blastocisto, porém
não houve diferença significativa. As variáveis alteração da polarização dos CPN e presença de
vacúolos também não demonstraram associação estatística significativa com a taxa de formação
de blastocistos.
4.2.4) Morfologia do dia 2 do desenvolvimento embrionário
Parâmetros de morfologia embrionária avaliados no dia 2 do desenvolvimento foram
avaliados e registrados para todos os 5850 embriões obtidos após a ICSI. O perfil dos embriões
obtidos, de acordo com os parâmetros avaliados, pode ser observado na tabela abaixo (Tab. 16).
Os dados correspondem à incidência de embriões observados para os diferentes padrões descritos
para os critérios: ritmo de clivagem; simetria de tamanho de blastômeros, fragmentação
citoplasmática; multinucleação e ausência de núcleo.
53
TABELA 16: Descrição das características dos embriões de acordo com os critérios de
morfologia embrionária avaliados para o dia 2 do desenvolvimento.
Morfologia embrionária - Parâmetros dia 2
Incidência (%)
Ritmo de clivagem
Ritmo normal de clivagem
71,2
Ritmo lento de clivagem
15,3
Ritmo rápido de clivagem
13,5
Ausência de clivagem
1,1
Compactação precoce
0,1
Simetria de tamanho de blastômeros
Blastômeros simétricos ou semelhantes
46,6
Fragmentação citoplasmática
Ocorrência de fragmentação comprometendo até 10% do volume do embrião (≠ de tipo IV)
95,3
Multinucleação / Ausência de núcleo
Multinucleação presente
22,9
Multinucleação comprometendo mais de 25% dos blastômeros do embrião
61,8
Ausência de núcleo
22,7
Núcleo ausente em mais de 25% dos blastômeros do embrião
70,5
Ritmo normal de clivagem, presença de blastômeros simétricos ou semelhantes e detecção
de fragmentos anucleados comprometendo até 10% do volume do embrião foram observados em,
respectivamente, 71,2%, 46,6% e 95,3% dos embriões. Considerando-se os critérios discutidos
podemos afirmar que, de modo geral, mais de 50% dos embriões obtidos poderiam ser
classificados como embriões de boa qualidade para o dia 2 do desenvolvimento.
A detecção de blastômeros multinucleados ou de blastômeros com ausência de núcleo no
momento da observação correspondeu a 22,9% e 22,7% dos embriões avaliados. Por outro lado,
dentre os embriões que apresentaram a alterações destes critérios, a multinucleação e a ausência
de núcleo foi detectada em mais de 25% dos blastômeros do embrião em 61,8% e em 70,5% dos
casos, respectivamente.
Variáveis qualitativas (Tab. 17) e quantitativas (Tab. 18) correspondentes aos padrões de
morfologia embrionária do dia 2 do desenvolvimento foram avaliadas quanto ao possível valor
preditivo na taxa de obtenção de blastocistos.
54
TABELA 17: Taxa de formação de blastocisto de acordo com os critérios morfológicos
avaliados nos embriões em dia 2 do desenvolvimento.
Variáveis qualitativas - Morfologia do dia 2 do desenvolvimento
Taxa de blastocistos
obtidos (%)
Valor de P
Ritmo de clivagem
Ritmo lento de clivagem
16,9
Ritmo normal de clivagem
47,3
Ritmo rápido de clivagem
20,8
Ritmo lento ou rápido de clivagem
18,7
Ritmo normal de clivagem
47,3
<0,001
<0,001
Simetria de tamanho de blastômeros
Blastômeros assimétricos
30,8
Blastômeros simétricos ou semelhantes
48,6
<0,001
Fragmentação citoplasmática
Ausência de fragmentação
43,2
Ocorrência de fragmentação de tipo II
37,0
Ocorrência de fragmentação de tipo III
36,2
Ocorrência de fragmentação de tipo IV
5,4
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo até 10% do volume do embrião (≠ de
tipo IV)
40,5
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo de 10% a 35% do volume do
embrião (≠ de tipo IV)
16,2
Ocorrência de fragmentação de tipo IV
5,4
<0,001
<0,001
Multinucleação
Multinucleação presente em pelo menos um dos blastômeros do embrião
22,1
Multinucleação ausente
43,9
Multinucleação presente, porém mais de 2 núcleos detectados em um mesmo blastômero
15,0
Multinucleação presente, porém até 2 núcleos detectados em um mesmo blastômero
28,8
Multinucleação comprometendo mais de 25% dos blastômeros do embrião
13,9
Multinucleação comprometendo até 25% dos blastômeros do embrião
35,5
<0,001
<0,001
<0,001
Ausência de núcleo
Ausência de núcleo em pelo menos um dos blastômeros do embrião
28,6
Núcleo presente em todos os blastômeros do embrião
41,3
Núcleo ausente em mais de 25% dos blastômeros do embrião
25,5
Núcleo ausente em até de 25% dos blastômeros do embrião
36,1
Nota: Teste estatístico aplicado – Qui-quadrado.
<0,001
<0,001
55
Podemos observar que para todos os critérios avaliados no dia 2 do desenvolvimento
embrionário houve uma diferença significativa (p<0,001) entre a taxa de formação de blastocistos
quando detectados padrões de normalidade ou anormalidade para as categorias previamente
definidas. Em todos os casos observamos uma queda significativa na formação de blastocistos
para embriões de dia 2 nos quais os padrões observados foram de anormalidade do critério
avaliado como: ritmo anormal de clivagem; assimetria de blastômeros; detecção de fragmentos
anucleados; presença de multinucleação e presença de blastômeros anucleados. Além disso, o
agravamento do padrão de anormalidade como, por exemplo, um maior comprometimento do
volume embrionário pela presença de fragmentos anucleados, uma maior incidência de
blastômeros multinucleados e/ou anucleados foram determinantes para uma queda significativa
da taxa de obtenção de blastocistos dentre os embriões nos quais tais alterações estavam
presentes.
Corroborando os dados obtidos na avaliação qualitativa dos critérios divididos em
categorias, a avaliação de variáveis quantitativas demonstrou uma diferença significativa para o
número de células do embrião em dia 2, o número de blastômeros multinucleados e a
porcentagem de blastômeros comprometidos pela multinucleação. O grupo de embriões que
atingiu a classificação de blastocisto quando cultivado até o dia 5 do desenvolvimento apresentou
no dia 2 do seu desenvolvimento em sua maioria 4 células em média, um menor número de
blastômeros multinucleados e uma menor porcentagem de blastômeros comprometidos pela
multinucleação quando presente (Tab. 18). A avaliação quantitativa dos critérios número e
porcentagem de blastômeros anucleados não apresentou diferença significativa entre os grupos
Blastocisto (N) ou (S), sendo este último menor para o grupo de embriões que atingiram o estágio
de blastocisto (49,6% vs 50,3%, p=0,1036).
56
TABELA 18: Descrição das características correspondentes aos padrões de morfologia
embrionária do dia 2 do desenvolvimento, de acordo com a classificação do embrião no dia 5 do
desenvolvimento.
Média (+DP)
Variáveis quantitativas - Morfologia do dia 2
do desenvolvimento
Grupo A
Blastocisto (N)
Grupo B
Blastocisto (S)
Valor de P
No de células
4,1 (1,7)
4,1 (0,9)
0,0053
No de blastômeros multinucleados
1,4 (0,6)
1,3 (0,6)
0,0017
% de blastômeros multinucleados
47,5 (26,5)
37,5 (23,5)
<0,001
No de blastômeros sem núcleo
1,7 (0,8)
1,7 (0,8)
0,7553
% de blastômeros sem núcleo
50,3 (27,3)
49,6 (30,2)
0,1063
Nota: Teste estatístico aplicado – Mann-Whitney.
4.2.5) Morfologia do dia 3 do desenvolvimento embrionário
Parâmetros de morfologia embrionária avaliados no dia 3 do desenvolvimento foram
avaliados e registrados para todos os 5850 embriões obtidos após a ICSI. O perfil dos embriões
obtidos, de acordo com os parâmetros avaliados, pode ser observado na tabela abaixo (Tab. 19).
Os dados correspondem à incidência de embriões observados para os diferentes padrões descritos
para os critérios: ritmo de clivagem; simetria de tamanho de blastômeros, fragmentação
citoplasmática; multinucleação e ausência de núcleo.
57
TABELA 19: Descrição das características dos embriões de acordo com os critérios de
morfologia embrionária avaliados para o dia 3 do desenvolvimento.
Morfologia embrionária - Parâmetros dia 3
Incidência (%)
Ritmo de clivagem
Ritmo normal de clivagem
57,4
Ritmo lento de clivagem
22,9
Ritmo rápido de clivagem
12,5
Parada de clivagem ou Clivagem de 1 célula em 24 horas
6,2
Embrião compacto
1,0
Simetria de tamanho de blastômeros
Blastômeros simétricos ou semelhantes
30,7
Fragmentação citoplasmática
Ocorrência de fragmentação até 10% do volume do embrião (≠ de tipo IV)
92,9
Multinucleação / Ausência de núcleo
Multinucleação presente
11,2
Multinucleação comprometendo mais de 25% dos blastômeros do embrião
23,5
Ausência de núcleo
16,8
Núcleo ausente mais de 25% dos blastômeros do embrião
34,6
Ritmo normal de clivagem, presença de blastômeros simétricos ou semelhantes e detecção
de fragmentos anucleados comprometendo até 10% do volume do embrião foram observados em,
respectivamente, 57,4%, 30,7% e 92,9% dos embriões. Considerando-se os critérios discutidos
podemos afirmar que, de modo geral, menos de 50% dos embriões obtidos poderiam ser
classificados como embriões de boa qualidade para o dia 3 do desenvolvimento, diferente do
previamente observado para o dia 2 do desenvolvimento.
A detecção de blastômeros multinucleados ou de blastômeros com ausência de núcleo no
momento da observação correspondeu a 11,2% e 16,8% dos embriões avaliados. Por outro lado,
dentre os embriões que apresentaram a alterações destes critérios, a multinucleação e a ausência
de núcleo foi detectada em mais de 25% dos blastômeros do embrião em 23,5% e em 34,6% dos
casos, respectivamente.
58
Variávies qualitativas (Tab. 20) e quantitativas (Tab. 21) correspondentes aos padrões de
morfologia embrionária do dia 3 do desenvolvimento foram avaliadas quanto ao possível valor
preditivo na taxa de obtenção de blastocistos.
Da mesma forma que o observado anteriormente para a classificação do dia 2, houve uma
diferença significativa (p<0,001) entre a taxa de formação de blastocistos para todos os critérios
avaliados no dia 3 do desenvolvimento embrionário (Tab. 20). Em todos os casos observamos
uma queda significativa na formação de blastocistos para embriões de dia 3 nos quais os padrões
observados foram de anormalidade do critério avaliado como: ritmo anormal de clivagem;
assimetria de blastômeros; detecção de fragmentos anucleados; presença de multinucleação e
presença de blastômeros anucleados. Além disso, mais uma vez o agravamento do padrão de
anormalidade como, por exemplo, um maior comprometimento do volume embrionário pela
presença de fragmentos anucleados, uma maior incidência de blastômeros multinucleados e/ou
anucleados foram determinantes para uma queda significativa da taxa de obtenção de blastocistos
dentre os embriões nos quais tais alterações estavam presentes.
59
TABELA 20: Taxa de formação de blastocisto de acordo com os critérios morfológicos
avaliados nos embriões em dia 3 do desenvolvimento.
Variáveis qualitativas - Morfologia do dia 3 do desenvolvimento
Taxa de blastocistos
obtidos (%)
Valor de P
Ritmo de clivagem
Ritmo lento de clivagem
14,8
Ritmo normal de clivagem
51,1
Ritmo rápido de clivagem
37,8
Parada de clivagem ou Clivagem de 1 célula em 24 horas
6,6
Embrião compacto
65,5
Ritmo lento ou rápido de clivagem
22,9
Ritmo normal de clivagem
51,1
Parada de clivagem ou Clivagem de 1 célula em 24 horas
6,6
Embrião compacto
65,5
<0,001
<0,001
Simetria de tamanho de blastômeros
Blastômeros assimétricos
32,2
Blastômeros simétricos ou semelhantes
52,9
<0,001
Fragmentação citoplasmática
Ausência de fragmentação
43,5
Ocorrência de fragmentação de tipo II
33,4
Ocorrência de fragmentação de tipo III
37,1
Ocorrência de fragmentação de tipo IV
9,4
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo até 10% do volume do embrião (≠ de
tipo IV)
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo de 10% a 35% do volume do
embrião (≠ de tipo IV)
Ocorrência de fragmentação de tipo IV
<0,001
40,3
18,2
<0,001
9,4
Multinucleação
Multinucleação presente em pelo menos um dos blastômeros do embrião
22,6
Multinucleação ausente
40,6
Multinucleação presente, porém mais de 2 núcleos detectados em um mesmo blastômero
14,9
Multinucleação presente, porém até 2 núcleos detectados em um mesmo blastômero
26,8
Multinucleação comprometendo mais de 25% dos blastômeros do embrião
11,1
Multinucleação comprometendo até 25% dos blastômeros do embrião
26,2
<0,001
<0,001
<0,001
Ausência de núcleo
Ausência de núcleo em pelo menos um dos blastômeros do embrião
30,8
Núcleo presente em todos os blastômeros do embrião
40,0
Núcleo ausente em mais de 25% dos blastômeros do embrião
22,5
Núcleo ausente em até de 25% dos blastômeros do embrião
35,5
Nota: Teste estatístico aplicado – Qui-quadrado.
<0,001
<0,001
60
Corroborando os dados obtidos na avaliação qualitativa dos critérios divididos em
categorias, a avaliação de variáveis quantitativas demonstrou uma diferença significativa para o
número de células do embrião em dia 3, o número de blastômeros multinucleados e a
porcentagem de blastômeros comprometidos pela multinucleação. O grupo de embriões que
atingiu a classificação de blastocisto quando cultivado até o dia 5 do desenvolvimento apresentou
no dia 3 do seu desenvolvimento em sua maioria 8 células em média, um menor número de
blastômeros multinucleados e uma menor porcentagem de blastômeros comprometidos pela
multinucleação quando presente, bem como um menor número de blastômeros anucleados e uma
menor porcentagem de blastômeros com ausência de núcleo (Tab. 21).
TABELA 21: Descrição das características correspondentes aos padrões de morfologia
embrionária do dia 3 do desenvolvimento, de acordo com a classificação do embrião no dia 5 do
desenvolvimento.
Média (+DP)
Variáveis quantitativas - Morfologia do dia 3
do desenvolvimento
Grupo A
Blastocisto (N)
Grupo B
Blastocisto (S)
Valor de P
No de células
7,2 (2,2)
8,1 (1,5)
<0,001
No de blastômeros multinucleados
1,4 (0,6)
1,2 (0,5)
0,0313
% de blastômeros multinucleados
25,5 (18,1)
17,4 (7,7)
<0,001
No de blastômeros sem núcleo
1,8 (1,0)
1,6 (0,8)
0,0453
% de blastômeros sem núcleo
27,8 (15,8)
21,6 (13,1)
<0,001
Nota: Teste estatístico aplicado – Mann-Whitney.
4.2.6) Obtenção de um modelo de regressão logística binária
Com o objetivo de determinar a influência dos parâmetros morfológicos na determinação
da viabilidade embrionária, avaliada neste caso como a formação de blastocisto no dia 5 do
desenvolvimento,
análises
de
regressão
logística
binária
múltipla
foram
realizadas.
Considerando-se os resultados obtidos na análise bivariada, 43 possíveis fatores preditivos foram
inseridos na determinação do modelo.
61
Encontram-se na Tab. 22 as 14 variáveis definidas como preditoras da formação de
blastocisto com o uso da regressão logística binária múltipla.
TABELA 22: Critérios selecionados pelo modelo de regressão logística binária múltipla como
preditores da obtenção de embriões em estágio de blastocisto quando cultivados até o dia 5 do
desenvolvimento.
Ordem de entrada da
variável no modelo
Variáveis selecionadas pelo modelo
8
Idade da mulher
11
10
Coeficiente da
Razão de chance Intervalo de confiança
variável na
Valor de P
(OR)
(IC 95%)
equação
-0.042
0,959
0,943-0,975
Taxa média de oócitos recuperados (%)
-0.006
0,994
0,990-0,998
0,003
EP - Espaço perivitelíneo aumentado
-0.403
0,668
0,556-0,804
<0,001
Ritmo lento de clivagem (dia 2)
-0.497
0,608
0,474-0,780
<0,001
Ritmo rápido de clivagem (dia 2)
-1.048
0,351
0,271-0,453
<0,001
3
Blastômeros assimétricos (dia 2)
-0.412
0,663
0,568-0,773
<0,001
14
Multinucleação presente, porém mais de 2 núcleos detectados em um mesmo
blastômero (dia 2)
-0.415
0,660
0,464-0,939
0,021
4
Multinucleação comprometendo mais de 25% dos blastômeros do embrião (dia 2)
-0.579
0,560
0,392-0,801
0,001
5
Ausência de núcleo em pelo menos um dos blastômeros do embrião (dia 2)
-0.479
0,619
0,525-0,730
<0,001
N de células (dia 3)
0.218
1,244
1,145-1,351
<0,001
Ritmo lento de clivagem (dia 3)
-0.765
0,465
0,351-0,616
<0,001
Ritmo rápido de clivagem (dia 3)
-0.685
0,504
0,370-0,687
<0,001
Blastômeros assimétricos (dia 3)
-0.392
0,676
0,575-0,795
<0,001
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo até 10% do volume do
embrião (≠ de tipo IV) (dia 3)
-0.844
0,430
0,261-0,709
0,001
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo até 20% do volume do
embrião (≠ de tipo IV) (dia 3)
-1.264
0,283
0,155-0,514
<0,001
2
6
1
7
9
o
o
<0,001
12
N de blastômeros multinucleados (dia 3)
-0.24
0,786
0,663-0,933
0,006
13
No de blastômeros sem núcleo (dia 3)
-0.116
0,891
0,815-0,973
0,010
62
A razão de chance ou probabilidade de formação de blastocistos encontra-se listada na
tabela acima para cada variável definida como preditora independente. Além disso, estão listados
acima os coeficientes de cada uma destas variáveis na equação matemática definida pelo modelo,
a qual permite que para cada embrião seja obtida uma probabilidade de formação de blastocisto
com base na soma de valores obtida para os critérios avaliados:
= 0,882 (Constante) + (-0,042 x Idade da mulher) + (-0,006 x Taxa média de oócitos
recuperados) + (-0,403 x Espaço Perivitelineo aumentado (Sim=1 e Não=0)) + (-0,497 x Ritmo
lento de clivagem em dia 2 do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-1,048 x Ritmo rápido de
clivagem em dia 2 do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-0,412 x Blastômeros assimétricos
em dia 2 do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-0,415 x Multinucleação presente, porém
mais de 2 núcleos detectados em pelo menos um dos blastômeros do embrião em dia 2 do
desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-0,579 x Multinucleação presente, comprometendo mais
de 25% dos blastômeros do embrião em dia 2 do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-0,479 x
Ausência de núcleo em pelo menos um dos blastômeros do embrião em dia 2 do desenvolvimento
(Sim=1 e Não=0)) + (0,218 x Número de células em dia 3 do desenvolvimento) + (-0,765 x
Ritmo lento de clivagem em dia 3 do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-0.685 x Ritmo
rápido de clivagem em dia 3 do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-0,392 x Blastômeros
assimétricos em dia 3 do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-0,844 x Ausência ou Presença
de Fragmentos anucleados comprometendo até 10% do volume do embrião em dia 3 (Sim=1 e
Não=0)) + (-1,264 x Ausência ou Presença de Fragmentos anucleados comprometendo até 20%
do volume do embrião em dia 3 (Sim=1 e Não=0)) + (-0,240 x Multinucleação presente em pelo
menos um dos blastômeros do embrião em dia 3 do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (0,116 x Ausência de núcleo em pelo menos um dos blastômeros do embrião em dia 3 do
desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)).
A predição do modelo obteve uma taxa de acerto de 71,7%. Além disso, considerando-se
um ponto de corte de 50% na chance de formação ou não do blastocisto o modelo obteve uma
sensibilidade de 63,8% e especificidade de 76,9% (Fig. 3).
63
Figura 3: Curva ROC para o modelo taxa de formação de blastocistos. A área sob a curva foi
0,780.
64
4.3) Objetivo 2 – Valor preditivo de critérios morfológicos oocitários e embrionários
avaliados nos dias 1, 2 e 3 do desenvolvimento no potencial de implantação de embriões em
estágio de blastocisto.
Dentre os 1639 embriões transferidos foram incluídos nesta análise 767 embriões sendo
618 embriões provenientes de ciclos com 0% de implantação e 149 embriões provenientes de
ciclos com 100% de implantação.
4.3.1) Dados descritivos
Variáveis quantitativas (Tab. 23) e qualitativas (Tab. 24) correspondentes ao perfil das
pacientes submetidas ao tratamento e ao perfil de resposta clínica e laboratorial foram avaliadas
quanto ao possível valor preditivo no potencial de implantação de embriões em estágio de
blastocisto.
Dentre as diferenças significativas observadas, os seguintes parâmetros apresentaram um
valor médio menor para o grupo de embriões que implantaram após transferência: média de idade
da mulher (32,3+4,1 vs 34,4+3,9; p<0,001); média de idade do homem (35,3+5,4 vs 37,3+5,4;
p<0,001) e número médio de UI de FSH administradas (2179+614 vs 2279+642; p=0,031) (Tab.
23). Para nenhuma outra variável quantitativa descrita na Tabela houve associação estatística
significativa com a ocorrência ou não de implantação embrionária
65
TABELA 23: Descrição das características dos casais e de seus ciclos de tratamento de RHA de
acordo com a taxa de implantação dos embriões transferidos em estágio de blastocisto.
Média (+DP)
Variáveis quantitativas - Perfil geral dos ciclos
de ICSI
Grupo A
Implantação 0%
Grupo B
Implantação 100%
Valor de P
Idade mulher
34,4 (3,9)
32,3 (4,1)
<0,001
Idade homem
37,3 (5,4)
35,3 (5,4)
<0,001
FSH (UI)
2279 (642)
2179 (614)
0,031
E2 (pg/mL)
2319 (1593)
2717 (1942)
0,108
Concentração seminal (10 /mL)
40,8 (37,8)
33,3 (27,3)
0,252
Motilidade total (%)
55,5 (17,7)
53,6 (17,5)
0,090
Motilidade progressiva (%)
41,8 (17,2)
39,3 (15,9)
0,114
No de folículos puncionados
22,1 (11,3)
21,6 (9,8)
0,809
No de oócitos recuperados
15,8 (8,1)
15,9 (7,5)
0,591
Taxa média de oócitos recuperados (%)
73,4 (17,4)
75,5 (17,7)
0,151
No de oócitos em grau de maturação nuclear MII
11,9 (6,1)
12,0 (6,0)
0,758
Taxa média de MII (%)
77,1 (15,7)
76,3 (13,8)
0,474
No de oócitos injetados
11,2 (5,2)
10,9 (4,8)
0,730
Taxa média de oócitos injetados (%)
75,1 (18,4)
72,4 (18,9)
0,146
8,8 (4,3)
8,6 (4,1)
0,845
79,6 (15,6)
79,9 (17,8)
0,318
6
o
N de oócitos com fertilização normal (2PN)
Taxa média de 2PN (%)
Nota: Teste estatístico aplicado – Mann-Whitney.
Utilizando a classificação de variáveis qualitativas que caracterizam a população do
estudo, as variáveis idade da mulher e idade do homem destacam-se novamente como possíveis
interferentes do potencial de implantação de blastocistos. Mulheres com idade menor ou igual a
37 anos apresentaram uma taxa de implantação dos blastocistos transferidos de 22,5%,
significativamente maior do que a observada para pacientes com idade igual ou superior a 38
anos, que foi de 9,1% (p<0,001), para os homens as taxas obtidas foram de 22,4% e 15,6%,
respectivamente, com p=0,023 (Tab. 24). A estratégia de bloqueio hipofisário, o tipo de
gonadotrofina aplicada para EOC, o diagnóstico clínico de endometriose, a concentração e
66
motilidade seminal total não apresentaram associação estatística significativa com a taxa de
implantação embrionária.
TABELA 24: Taxa de implantação dos blastocistos transferidos de acordo com as características
dos casais e de seus ciclos de tratamento de RHA.
Variáveis qualitativas - Perfil geral dos ciclos
de ICSI
Taxa de implantação
embrionária (%)
Valor de P
Idade da mulher
<37a
>38a
22,5
9,1
<0,001
Idade do homem
<37a
>38a
22,4
15,6
0,023
Bloqueio hipofisário
GnRH agonista
GnRH antagonista
16,9
19,7
0,587
Estímulo ovariano controlado
FSH urinário
FSH recombinante
16,0
19,8
0,515
Fator de infertilidade
Endometriose (N)
Endometriose (S)
19,4
19,4
0,998
Perfil seminal
Concentração inicial
>15 (106 /mL)
19,6
<15 (106 /mL)
Motilidade total
>40%
<40%
Motilidade progressiva
>32%
<32%
18,7
Nota: Teste estatístico aplicado – Qui-quadrado.
0,783
18,5
22,5
0,309
19,6
18,0
0,638
67
4.3.2) Morfologia oocitária
Os dados de presença ou a ausência dos dismorfismos oocitários avaliados foram
submetidos à análise estatística para estudo do possível valor preditivo destes parâmetros no
potencial de implantação de embriões em estágio de blastocisto. Os resultados obtidos foram
resumidos na Tab. 25. As taxas de implantação embrionária descritas correspondem àquelas
observadas para embriões provenientes de oócitos nos quais as alterações foram detectadas. Nos
casos em que houve uma diferença significativa (p<0,05) para a taxa de implantação entre oócitos
nos quais as alterações estavam ou não presentes foram relatadas também as taxas de implantação
obtidas na ausência das alterações.
TABELA 25: Taxa de implantação embrionária dos blastocistos transferidos de acordo com o
dismorfismo oocitário detectado no oócito submetido à ICSI.
Taxa de implantação
embrionária (%)
Valor de P
CG - Granulação citoplasmática
19,0
0,204*
CL - Granulação citoplasmática centralizada
25,4
0,226*
RE - Acúmulo de Retículo endoplasmático liso
0,0
0,012 +
Variáveis qualitativas - Dismorfismos oocitários
alteração ausente
20,0
VAC - Presença de vacúolos
19,2
0,326*
Alteração de pelo menos um parâmetro intracitoplasmático
19,0
0,168*
DB - Presença de debris no espaço perivitelíneo
20,5
0,448*
ZP - Alteração de zona pelúcida
7,4
0,108*
alteração ausente
19,9
EP - Espaço perivitelíneo aumentado
18,1
0,711*
CP frag - Corpúsculo polar fragmentado
18,1
0,469*
FORMA - Alteração de forma
22,2
0,689+
Alteração de pelo menos um parâmetro extracitoplasmático
19,5
0,963*
Alteração de pelo menos um parâmetro intra ou extracitoplasmático
19,5
1,0+
Nota: Teste estatístico aplicado – *Qui-quadrado ou +Exato de Fisher.
A transferência de embriões em estágio de blastocisto provenientes de oócitos nos quais
foi detectada a presença de agregados de REL resultou em falha total de implantação (taxa de
68
implantação de 0%), sendo de 20% a taxa de implantação obtida na ausência de detecção desta
alteração no dia 0 do desenvolvimento embrionário (p=0,012). A detecção de nenhum outro
dismorfismo oocitário apresentou associação estatística significativa com a taxa de implantação
embrionária. Apesar da reduzida taxa de implantação de blastocistos provenientes de oócitos com
alteração de zona pelúcida (7,4%), não houve diferença significativa quando comparada a taxa de
implantação (19,9%) obtida na ausência desta alteração oocitária (p=0,108).
4.3.3) Morfologia pronuclear
Os dados de detecção ou ausência de alterações no padrão normal de morfologia
pronuclear foram submetidos à análise estatística para estudo do possível valor preditivo destes
parâmetros no potencial de implantação de embriões em estágio de blastocisto. Os resultados
obtidos foram resumidos na Tab. 26. As taxas de implantação embrionária descritas
correspondem àquelas observadas para zigotos nos quais as alterações foram detectadas. Nos
casos em que o valor de p foi não significante, porém a diferença entre as taxas foi considerada
relevante, foram apresentadas também as taxas de implantação para blastocistos provenientes de
zigotos nos quais as alterações não foram detectadas.
69
TABELA 26: Taxa de implantação embrionária dos blastocistos transferidos de acordo com a
alteração do padrão de morfologia pronuclear detectado nos zigotos obtidos após a ICSI.
Variáveis qualitativas - Morfologia pronuclear
Taxa de implantação
embrionária (%)
Valor de P
10,0
0,183*
Alteração de tamanho de PN
alteração ausente
Ocorrência de PN periféricos
19,8
14,3
alteração ausente
Ocorrência de PN afastados
19,6
15,4
alteração ausente
Ocorrência de alteração de número de CPN
alteração ausente
0,484*
0,596*
19,6
0,0
1,0+
19,5
Ocorrência de alteração de polarização de CPN
16,9
0,107*
Alteração na formação do halo citoplasmático
16,5
0,232*
alteração ausente
20,4
Incidência de vacúolos em estágio de 2PN
20,0
0,863*
Incidência do padrão anormal de morfologia pronuclear
21,8
0,272*
Nota: Teste estatístico aplicado – *Qui-quadrado ou +Exato de Fisher.
PN= Pronúcleo(s), CPN= Corpos precursores de nucléolos
Nenhuma das variáveis apresentou diferença significativa para a taxa de implantação de
blastocistos provenientes de zigotos nos quais alterações nos parâmetros de morfologia
pronuclear haviam ou não sido detectados, apesar de terem sido observadas diferenças relevantes
nos valores obtidos. Cabe destacar a queda da taxa de implantação de blastocistos provenientes
de zigotos nos quais havia sido detectada alteração de tamanho de PN (10,0% vs 19,8%,
p=0,183). Dada à relevância desta informação, bem como o fato de o nível de significância ser
<0,2, o valor preditivo da variável poderá ser avaliado no ajuste do modelo de regressão logística.
70
4.3.4) Morfologia do dia 2 do desenvolvimento embrionário
Variáveis qualitativas (Tab. 27) e quantitativas (Tab. 28) correspondentes aos padrões de
morfologia embrionária do dia 2 do desenvolvimento foram avaliadas quanto ao possível valor
preditivo no potencial de implantação de embriões em estágio de blastocisto.
Podemos observar que houve uma diferença significativa para a taxa de implantação de
blastocistos quando detectados padrões de normalidade ou anormalidade, segundo as categorias
previamente definidas, para os seguintes critérios do dia 2 do desenvolvimento embrionário:
ritmo de clivagem, detecção de fragmentos anucleados; presença de multinucleação e presença de
blastômeros anucleados. Apesar da redução observada para implantação de blastocistos que
apresentaram blastômeros assimétricos em dia 2 (16,1% vs 21,2%, p=0,084), não houve diferença
estatística significativa (Tab. 27). No entanto, dada a relevância desta informação, bem como o
fato de o nível de significância ser <0,2, o valor preditivo da variável poderá ser avaliado no
ajuste do modelo de regressão logística.
O agravamento do padrão de anormalidade com relação ao número de núcleos detectados
e a incidência de blastômeros multinucleados não foi determinante de uma queda significativa na
taxa de implantação de blastocistos para os quais a multinucleação havia sido detectada. No
entanto, as diferenças observadas podem ser consideradas relevantes sendo de 8,5% a taxa de
implantação para embriões multinucleados nos quais foram detectados até 2 núcleos em um
mesmo blastômero e de 0% para os quais houve detecção de mais de 2 núcleos (p=0,291).
Observamos ainda uma taxa de implantação de 7,0% para embriões multinucleados nos quais até
25% dos blastômeros estavam comprometidos e de 3,4% para os quais houve comprometimento
de mais de 25% dos blastômeros (p=0,644).
71
TABELA 27: Taxa de implantação embrionária dos blastocistos transferidos de acordo com os
critérios morfológicos detectados nos embriões em dia 2 do desenvolvimento.
Variáveis qualitativas - Morfologia do dia 2 do desenvolvimento
Taxa de implantação
embrionária (%)
Valor de P
Ritmo de clivagem
Ritmo lento de clivagem
8,7
Ritmo normal de clivagem
20,5
Ritmo rápido de clivagem
4,0
Ritmo lento ou rápido de clivagem
7,0
Ritmo normal de clivagem
20,5
0,021 *
0,006 *
Simetria de tamanho de blastômeros
Blastômeros assimétricos
16,1
Blastômeros simétricos ou semelhantes
21,2
0,084*
Fragmentação citoplasmática
Ausência de fragmentação
22,2
Ocorrência de fragmentação de tipo II
14,5
Ocorrência de fragmentação de tipo III
16,9
Ocorrência de fragmentação de tipo IV
-
Ausência de fragmentação
22,2
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo até 10% do volume do embrião (≠ de
tipo IV)
15,5
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo até 20% do volume do embrião (≠ de
tipo IV)
15,7
0,064*
0,022 *
Multinucleação
Multinucleação presente em pelo menos um dos blastômeros do embrião
5,6
Multinucleação ausente
20,9
Multinucleação presente, porém mais de 2 núcleos detectados em um mesmo blastômero
0,0
Multinucleação presente, porém até 2 núcleos detectados em um mesmo blastômero
8,5
Multinucleação comprometendo mais de 25% dos blastômeros do embrião
3,4
Multinucleação comprometendo até 25% dos blastômeros do embrião
7,0
0,002 *
0,291+
0,644
+
0,029
*
Ausência de núcleo
Ausência de núcleo em pelo menos um dos blastômeros do embrião
11,5
Núcleo presente em todos os blastômeros do embrião
20,7
Núcleo ausente em mais de 25% dos blastômeros do embrião
13,8
Núcleo ausente em até de 25% dos blastômeros do embrião
7,7
Nota: Teste estatístico aplicado – *Qui-quadrado ou +Exato de Fisher.
0,528+
72
Não houve diferença significativa para as variáveis quantitativas de classificação dos
embriões no dia 2 do desenvolvimento entre o grupo de embriões que implantaram com relação
àqueles que não implantaram (Tab.28).
TABELA 28: Descrição das características correspondentes aos padrões de morfologia
embrionária do dia 2 do desenvolvimento, de acordo com a taxa de implantação dos embriões
transferidos em estágio de blastocisto.
Média (+DP)
Variáveis quantitativas - Morfologia do dia 2
do desenvolvimento
Grupo A
Implantação 0%
Grupo B
Implantação 100%
Valor de P
No de células
4,0 (0,8)
4,0 (0,5)
0,9242
No de blastômeros multinucleados
1,3 (0,6)
1,2 (0,5)
0,9510
% de blastômeros multinucleados
39,5 (24,8)
35,4 (20,8)
0,8634
No de blastômeros sem núcleo
1,5 (0,7)
2,0 (0,7)
0,0571
% de blastômeros sem núcleo
49,1 (30,5)
55,4 (26,7)
0,2545
Nota: Teste estatístico aplicado – Mann-Whitney.
4.3.5) Morfologia do dia 3 do desenvolvimento embrionário
Variáveis qualitativas (Tab. 29) e quantitativas (Tab. 30) correspondentes aos padrões de
morfologia embrionária do dia 3 do desenvolvimento foram avaliadas quanto ao possível valor
preditivo no potencial de implantação de embriões em estágio de blastocisto.
73
TABELA 29: Taxa de implantação embrionária dos blastocistos transferidos de acordo com os
critérios morfológicos detectados nos embriões em dia 3 do desenvolvimento.
Variáveis qualitativas - Morfologia do dia 3 do desenvolvimento
Taxa de implantação
embrionária (%)
Valor de P
Ritmo de clivagem
Ritmo lento de clivagem
11,5
Ritmo normal de clivagem
20,7
Ritmo rápido de clivagem
15,5
Ritmo lento ou rápido de clivagem
12,1
Ritmo normal de clivagem
20,7
0,096*
0,031 *
Simetria de tamanho de blastômeros
Blastômeros assimétricos
16,0
Blastômeros simétricos ou semelhantes
23,2
0,015 *
Fragmentação citoplasmática
Ausência de fragmentação
22,0
Ocorrência de fragmentação de tipo II
16,9
Ocorrência de fragmentação de tipo III
16,7
Ocorrência de fragmentação de tipo IV
-
Ausência de fragmentação
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo até 10% do volume do embrião
(≠ de tipo IV)
Ausência ou ocorrência de fragmentação comprometendo até 20% do volume do embrião
(≠ de tipo IV)
0,204*
22,0
16,8
0,075*
16,7
Multinucleação
Multinucleação presente em pelo menos um dos blastômeros do embrião
10,8
Multinucleação ausente
20,0
Multinucleação presente, porém mais de 2 núcleos detectados em um mesmo blastômero
25,0
Multinucleação presente, porém até 2 núcleos detectados em um mesmo blastômero
6,9
Multinucleação comprometendo mais de 25% dos blastômeros do embrião
0,0
Multinucleação comprometendo até 25% dos blastômeros do embrião
11,4
0,168*
0,198+
+
1,0
Ausência de núcleo
Ausência de núcleo em pelo menos um dos blastômeros do embrião
12,8
Núcleo presente em todos os blastômeros do embrião
20,4
Núcleo ausente em mais de 25% dos blastômeros do embrião
9,5
Núcleo ausente em até de 25% dos blastômeros do embrião
13,7
Nota: Teste estatístico aplicado – *Qui-quadrado ou +Exato de Fisher.
0,081*
+
1,0
74
Podemos observar que houve uma diferença significativa para a taxa de implantação de
blastocistos quando detectados padrões de normalidade ou anormalidade, segundo as categorias
previamente definidas, para os seguintes critérios do dia 3 do desenvolvimento embrionário:
ritmo de clivagem e simetria de blastômeros.
Apesar da redução observada para implantação de blastocistos que apresentaram em dia 3
presença de fragmentos anucleados, presença de multinucleação e presença de blastômeros
anucleados, não houve diferença estatística significativa (Tab. 29). No entanto, dada a relevância
destas informações, bem como o fato de o nível de significância ser <0,2, o valor preditivo das
variáveis poderá ser avaliado no ajuste do modelo de regressão logística.
O agravamento do padrão de anormalidade com relação à incidência de blastômeros
multinucleados e/ou anucleados não foi determinante para uma queda significativa na taxa de
implantação de blastocistos para os quais havia sido detectada a presença destas alterações.
Não houve diferença significativa para as variáveis quantitativas de classificação dos
embriões no dia 3 do desenvolvimento entre o grupo de embriões que implantaram com relação
àqueles que não implantaram.
TABELA 30: Descrição das características correspondentes aos padrões de morfologia
embrionária do dia 3 do desenvolvimento, de acordo com a taxa de implantação dos embriões
transferidos em estágio de blastocisto.
Média (+DP)
Variáveis quantitativas - Morfologia do dia 3
do desenvolvimento
Grupo A
Implantação 0%
Grupo B
Implantação 100%
Valor de P
No de células
8,0 (1,3)
7,9 (0,9)
0,9380
No de blastômeros multinucleados
1,1 (0,3)
1,0 (0,0)
1,0
% de blastômeros multinucleados
16,1 (5,3)
12,9 (0,9)
0,2711
No de blastômeros sem núcleo
1,5 (0,6)
1,6 (0,5)
0,4050
% de blastômeros sem núcleo
20,8 (10,6)
20,6 (7,1)
0,6751
Nota: Teste estatístico aplicado – Mann-Whitney.
75
4.3.6) Obtenção de um modelo de regressão logística binária
Com o objetivo de determinar a influência dos parâmetros morfológicos na determinação
da viabilidade embrionária, avaliada neste caso como o potencial de implantação de blastocistos
transferidos no dia 5 do desenvolvimento, análises de regressão logística binária múltipla foram
realizadas. Considerando-se os resultados obtidos na análise bivariada, 20 possíveis fatores
preditivos foram inseridos na determinação do modelo.
Encontram-se na Tab. 31 as 4 variáveis definidas como preditoras do potencial de
implantação dos blastocistos transferidos com o uso da regressão logística binária múltipla.
TABELA 31: Critérios selecionados pelo modelo de regressão logística binária múltipla como
preditores do potencial de implantação de embriões em estágio de blastocisto após transferência
embrionária.
Variáveis selecionadas pelo modelo
Coeficiente da variável na Razão de chance Intervalo de confiança
Valor de P
equação
(OR)
(IC 95%)
Idade da mulher
-0.131
0,878
0,833-0,925
<0,001
Blastômeros assimétricos (dia 2)
-0.471
0,624
0,393-0,992
0,046
Multinucleação presente em pelo menos um dos blastômeros do embrião (dia 2)
-1.369
0,254
0,088-0,732
0,011
Ausência de núcleo em pelo menos um dos blastômeros do embrião (dia 2)
-0.796
0,451
0,221-0,923
0,029
76
A razão de chance ou probabilidade de implantação dos blastocistos transferidos encontrase listada na tabela acima para cada variável definida como preditora independente. Além disso,
estão listados acima os coeficientes de cada uma destas variáveis na equação matemática definida
pelo modelo, a qual permite que para cada embrião seja obtida uma probabilidade de implantação
com base na soma de valores obtida para os critérios avaliados:
= 3,34 (Constante) + (-0,131 x Idade da mulher) + (-0,471 x Blastômeros assimétricos em dia 2
do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-1,369 x Multinucleação presente em pelo menos um
dos blastômeros do embrião em dia 2 do desenvolvimento (Sim=1 e Não=0)) + (-0,796 x
Ausência de núcleo em pelo menos um dos blastômeros do embrião em dia 2 do desenvolvimento
(Sim=1 e Não=0)).
A predição do modelo obteve uma taxa de acerto de 80,1%. Além disso, considerando-se
um ponto de corte de 50% na chance de implantação ou não do blastocisto o modelo obteve uma
sensibilidade de 3,2% e especificidade de 99,4%.
77
5) DISCUSSÃO
Dados descritivos
A qualidade de oócitos e embriões pode ser afetada de modo negativo por fatores
diversos, incluindo idade materna (de Bruin et al. 2004, te Velde & Pearson 2002, Keefe,
Marquard, & Liu 2006), idade paterna (Simon et al. 2014, Robertshaw et al. 2014, Ferreira et al.
2010), dose de FSH e resposta ao EOC (Figueira et al. 2010, Figueira et al. 2011, Greb, Behre, &
Simoni 2005), dentre outros.
No presente estudo, pudemos observar um amplo intervalo para a variável idade dos
casais submetidos ao tratamento cujos dados laboratoriais foram avaliados, sendo de 21 a 45 anos
para as mulheres e de 25 a 63 anos para os homens. O mesmo foi observado para as variáveis (i)
dose total de FSH administrada durante EOC que variou de 600 a 4950 UI e (ii) nível sérico de E2
com resultados de 125 a 10000 pg/mL, sendo este último associado aos intervalos observados
para o número de folículos puncionados (de 2 a 64 folículos) e para o número de oócitos
recuperados (de 1 a 50 oócitos). Cabe ressaltar que nenhum critério de exclusão foi aplicado para
as variáveis em questão dado que estas foram avaliadas quanto ao possível valor preditivo frente
à taxa de formação de blastocistos e a taxa de implantação embrionária, variáveis de resposta
deste estudo.
Idade
A queda da fertilidade, definida como a capacidade biológica de reprodução, com o
aumento da idade da mulher tem sido foco de estudos epidemiológicos e demográficos há
décadas, os quais consistentemente demonstram que o início da queda ocorre por volta dos 35
anos (Menken, Trussell, & Larsen 1986, te Velde & Pearson 2002, Leridon 2004, Weinstein,
Wood, & Greenfield 1993). O estudo de Piette et al. (1990) sugere 37 anos como valor de corte
na idade da mulher para uma redução significativa das chances de gravidez. As bases biológicas
para o declínio da fecundidade com o aumento da idade parecem estar relacionadas com o
declínio da quantidade e qualidade dos oócitos da coorte folicular. A qualidade oocitária diminui
em paralelo à diminuição progressiva do número de folículos (Faddy et al. 1992, te Velde &
Pearson 2002). A incidência de aneuploidia parece ser a maior causa de declínio da qualidade
78
oocitária, sendo o principal mecanismo relacionado a este fato a ocorrência da não-disjunção
cromossômica durante a meiose destes oócitos (Battaglia et al. 1996, Jones 2008). De fato,
embriões provenientes de mulheres com idade superior a 37 anos submetidas à FIV apresentam,
em sua maioria, anormalidades cromossômicas incluindo inúmeras combinações de monossomias
e trissomias (Munné et al. 1995, Gianaroli et al. 1999, Wells & Delhanty 2000, Munné 2006).
Segundo Wells e Delhanty (2000) a ocorrência da não-disjunção cromossômica nos eventos de
mitose durante o desenvolvimento embrionário também estaria associado ao comprometimento
oocitário com o avanço da idade.
No presente estudo, a variável idade da mulher apresentou um valor médio menor para o
grupo de embriões que atingiram o estágio de blastocisto no dia 5 do desenvolvimento. Além
disso, pacientes com idade igual ou superior a 38 anos apresentaram uma taxa de formação de
blastocistos significativamente menor do que a observada para pacientes com idade inferior a 37
anos. Resultados similares foram obtidos por outros estudos, demonstrando uma associação da
queda de desenvolvimento embrionário até o estágio de blastocisto com a idade da paciente
(Janny & Menezo 1996, Shapiro et al. 2002, Braga et al. 2012). O estágio de blastocisto não pode
ser considerado indicador de normalidade cromossômica embrionária. Porém, embriões
aneuplóides apresentam maior taxa de parada de desenvolvimento entre o dia 3 e os dias 5-6 do
desenvolvimento, quando comparados àqueles diagnosticados como euplóides (Magli et al.
2000). Desta forma, podemos sugerir que a maior incidência de embriões cromossomicamente
anormais justifica a menor taxa de formação de blastocistos para pacientes de maior faixa etária.
Além disso, postula-se que os embriões obtidos de pacientes com idade avançada apresentam
uma capacidade diminuída de implantação (Navot et al. 1991, Shapiro et al. 2002). Os dados
obtidos no presente estudo corroboram estas observações dado que a média de idade da mulher
apresentou-se como fator interferente da capacidade de implantação dos blastocistos formados,
sendo esta menor para o grupo de embriões implantados após transferência. Além disso, mulheres
com idade menor ou igual a 37 anos apresentaram uma taxa de implantação dos blastocistos
transferidos significativamente maior do que a observada para pacientes com idade igual ou
superior a 38 anos.
Da mesma forma, observamos um menor potencial de implantação para blastocistos
provenientes de oócitos injetados com espermatozoides de pacientes com idade igual ou superior
a 38 anos. Blastocistos com maior taxa de implantação foram observados para homens com
79
menor média de idade. Diferente do observado para a idade materna, os efeitos do avanço da
idade paterna nos resultados dos tratamentos de RHA são controversos. Alguns autores
associaram o declínio das taxas de gestação com o avanço da idade paterna (Ford et al. 2000,
Klonoff-Cohen & Natarajan 2004, Ferreira et al. 2010). Outros estudos sugerem que não há
associação da idade paterna com a qualidade embrionária e com as taxas de sucesso do
tratamento (Braga et al. 2012, Spandorfer et al. 1998).
A função reprodutiva masculina não sofre uma mudança abrupta com a idade, porém
alguns fatores importantes podem ser afetados com o avanço da idade. O declínio dos parâmetros
seminais como volume, concentração, motilidade e morfologia foram observados com o aumento
da idade do homem (Aboulghar et al. 2007, Plas et al. 2000, Kühnert & Nieschlag 2004). Além
disso, a fragmentação de DNA do espermatozoide, fator que pode ser um importante preditor das
taxas de sucesso, foi previamente associado com a idade paterna (Larson-Cook et al. 2003). Uma
maior porcentagem de fragmentação foi observada em pacientes de idade avançada (Moskovtsev,
Willis, & Mullen 2006). Tesarik, Greco, & Mendoza (2004) sugerem que a fragmentação de
DNA do espermatozoide apresenta um efeito adverso tardio no desenvolvimento embrionário,
sem efeito negativo aparente na morfologia dos embriões transferidos. O presente estudo
corrobora com tais informações uma vez que apesar de nenhum efeito ter sido observado para a
taxa de blastocistos formados, foi observado um efeito negativo da idade paterna no potencial de
implantação dos blastocistos obtidos. Além disso, um estudo do nosso grupo já havia
demonstrado a ausência de influência da idade paterna na qualidade morfológica dos blastocistos
obtidos (Braga et al. 2012). A idade paterna também foi associada a uma maior frequência de
alterações cromossômicas (Martin 2008). Assim, alterações genéticas podem também ser
associadas com o prejuízo da implantação dos embriões obtidos.
Estímulo ovariano controlado
De modo geral pudemos observar que um EOC que resulte não apenas em menor resposta
folicular (uso de menor quantidade de FSH e obtenção de um menor número de oócitos), mas que
também resulte em um melhor aproveitamento dos oócitos obtidos (maiores taxas de oócitos em
MII, aptos para ICSI, e de melhor qualidade que resultem em maior taxa de 2PN) implicaria em
maior chance de obtenção de embriões em estágio de blastocisto no dia 5. Estudos anteriores
80
demonstraram que de fato o aproveitamento do ciclo de tratamento pode ser menor para aqueles
nos quais o EOC resulta em um grande número de oócitos recuperados. A fertilização, primeiro
evento de possível perda oocitária durante um ciclo de FIV parace não ser afetada pelo número
de oócitos recuperados (Figueira et al. 2011, De Sutter et al. 1996). Por outro lado, a porcentagem
de embriões de boa qualidade decresce significativamente de acordo com a taxa de recuperação
oocitária (Figueira et al. 2011, Klinkert et al. 2005). Protocolos agressivos de estimulação podem
ser responsáveis pela baixa taxa de embriões de boa qualidade (Baart et al. 2007) e, portanto,
pelas taxas significativamente menores de formação de blastocistos observadas no presente
estudo para pacientes que apresentaram valores médios maiores para o número de unidades de
FSH administradas, o número médio de oócitos recuperados após punção folicular e para a taxa
média de oócitos recuperados. Além disso, taxas significativamente menores de implantação
foram obtidas após transferência de blastocistos provenientes de ciclos nos quais uma maior dose
de FSH havia sido utilizada.
Em um ciclo natural, geralmente apenas um folículo antral torna-se dominante enquanto o
restante dos folículos em desenvolvimento será destinado à atresia. Por outro lado, durante um
EOC estes folículos serão resgatados e os oócitos obtidos poderão estar intrinsicamente
comprometidos (Kovalevsky & Patrizio 2005, Patrizio et al. 2007). Desta forma, oócitos de
diferentes qualidades são recuperados após punção folicular de pacientes submetidas ao EOC,
principalmente resultado da falta de sincronização dos eventos de maturação citoplasmática e
nuclear na maturação oocitária (Ebner, Moser, & Tews 2006). Além disso, a habilidade de
retomada da meiose e a competência para o desenvolvimento pré-implantacional é
progressivamente determinada durante a fase antral (Bukovsky et al. 2005). Tais modificações
envolvem ambos os compartimentos nuclear e citoplasmático e eventos intracelulares que podem
ser afetados por uma hiperestimulação ovariana. Estudos de Plachot & Crozet (1992), Haaf et al.
(2009) sugerem que o desenvolvimento de uma menor coorte oocitária pode representar uma
resposta mais apropriada à estimulacão ovariana, permitindo apenas que os mais competentes
folículos e oócitos se desenvolvam, aumentando a qualidade e maturidade oocitária. De fato,
pacientes que apresentaram um melhor aproveitamento oocitário com valores maiores de taxa
média de oóciots MII, taxa média de oócitos injetados e taxa média de oócitos com fertilização
normal apresentaram uma maior taxa de blastocistos formados.
81
Protocolos de estimulação mínima devem ser considerados como alternativa válida
expondo a paciente a menores níveis hormonais, mantendo um ambiente hormonal melhor
balanceado para o endométrio e limitando o risco de hiperestimulação ovariana (Hurst, Tucker, &
Schlaff 2002, Edwards 2007, Nygren 2007). Além disso, estudos prévios demonstraram que uma
estimulação ovariana leve, levando a uma menor recuperação oocitária, está associada a uma
menor proporção de embriões aneuplóides (Baart, Macklon, & Fauser 2009).
Amostra seminal
No presente estudo, observamos um valor médio menor da variável motilidade seminal
total para o grupo de embriões que atingiram o estágio de blastocisto no dia 5 do
desenvolvimento. Além disso, observamos uma taxa de blastocistos formados maior para o grupo
que apresentou motilidade progressiva de padrão anormal sendo segundo a OMS (OMS 2010).
Apesar de as taxas de sucesso da ICSI terem sido previamente consideradas não dependentes de
parâmetros seminais básicos (Nagy et al. 1995), relatos mais recentes sugerem que falhas
repetidas após ICSI podem ser relacionadas a fatores derivados do espermatozoide e seu papel no
desenvolvimento embrionário pré-implantacional (Tesarik 2005, Barroso et al. 2009, Tesarik,
Mendoza-Tesarik, & Mendoza 2006). Apesar da correlação negativa observada entre a qualidade
seminal e o desenvolvimento embrionário (Verza & Esteves 2008), o parâmetro motilidade não
foi associado ao comprometimento do potencial de implantação de blastocistos (Braga, Setti,
Vingris, et al. 2013). O uso da técnica de ICSI e a seleção artificial do espermatozoide a ser
injetado pelo embriologista podem implicar na perda do possível papel preditivo da variável
motilidade. O potencial da variável em questão talvez pudesse ser melhor avaliado em ciclos de
FIV convencional no qual ocorre a seleção natural do espermatozoide capaz de atingir e fecundar
o óvulo ou em caso de ausência total de espermatozoides movéis disponíveis para ICSI (Liu et al.
1995, Tesarik 2005).
82
Morfologia oocitária
A qualidade oocitária pode ser considerada um fator chave na fertilidade feminina sendo
previamente reportado que o desenvolvimento de anomalias intra e extracitoplasmáticas durante
o processo de maturação podem resultar em falha de fertilização (Rienzi et al. 2008, Ebner et al.
2005), aneuploidia cromossômica (Van Blerkom & Henry 1992) e alteração do desenvolvimento
embrionário (Ebner, Moser, & Tews 2006).
Espaço perivitelineo aumentado
No presente estudo observamos um efeito negativo da presença de EP aumentado na taxa
de formação de blastocistos provenientes de oócitos nos quais este dismorfismo havia sido
detectado no momento da ICSI.
Estudos anteriores demonstraram uma menor probabilidade de fertilização em oócitos que
apresentaram EP aumentado (Figueira et al. 2010, Rienzi, Vajta, & Ubaldi 2011, Setti et al.
2011). Segundo revisão sistemática (Rienzi, Vajta, & Ubaldi 2011), a alteração de tamanho do
EP foi previamente avaliada de modo individual em 8 publicações, além de ser incluído em
sistemas de avaliação da morfologia oocitária em outros 3 relatos. Balaban et al. (1998), Rienzi
et al. (2008), De Sutter et al. (1996), Balaban et al. (2008) não observaram uma correlação
significativa entre a presença deste dismorfismo e o desenvolvimento embrionário. No entanto,
os resultados deste estudo corroboram com os dados de Ten et al. (2007) e Chamayou et al.
(2006), os quais encontraram uma correlação entre o tamanho do EP e a qualidade embrionária.
Além disso, a influência negativa da presença de EP aumentado na qualidade dos blastocistos
obtidos, incluindo grau de expansão e qualidade da MCI e do TE foi previamente descrita (Braga,
Setti, Figueira, Machado, et al. 2013).
A falta de consenso pode ser associada a diversos fatores. Segundo Balaban & Urman
(2006), defeitos EC devem ser considerados variações fenotípicas resultante da heterogeneidade
dos oócitos recuperados, sem implicação clínica. Além disso, segundo conclusão do consenso, a
alteração do tamanho do EP deve ser registrada apenas nos casos nos quais o mesmo apresentarse excepcionalmente aumentado (Embryology 2011).
83
Não houve associação com os índices de gestação e implantação e a presença de EP
aumentado em nenhum dos relatos anteriores. Da mesma forma, não houve associação da
presença deste dismorfismo com o potencial de implantação dos blastocistos transferidos no
presente estudo.
Retículo endoplasmático liso
Os resultados do presente estudo demonstraram uma influência negativa da presença de
agregados de REL no potencial de implantação de blastocistos provenientes de oócitos nos quais
este dismorfismo estava presente. A frequência relativamente baixa de ocorrência deste
dismorfismo pode ser apontada como motivo do efeito deste critério não ter sido avaliado
individualmente. Assim, a maioria dos estudos não avalia a ocorrência de vacúolos e agregados
de REL como critérios individuais (Xia 1997, Ebner et al. 2001, De Sutter et al. 1996, Wilding et
al. 2007, Serhal et al. 1997, Loutradis et al. 1999), sendo estes classificados como inclusões
citoplasmáticas. De acordo com estes estudos, inclusões citoplasmáticas não apresentam
correlação com fertilização, qualidade embrionária e taxas de implantação (Balaban et al. 1998,
De Sutter et al. 1996). Por outro lado, alguns estudos associaram a presença do aglomerado de
REL com reduzidas taxas de fertilização e comprometimento da qualidade embrionária (Xia
1997, Otsuki et al. 2004). Ebner, Moser, et al. (2008) demonstraram não haver limitação do
desenvolvimento embrionário até os dia 3 e 4 uma vez fertilizado com sucesso o oócito no qual a
alteração estava presente. No entanto, um número significativamente menor de blastocistos foi
observado para embriões derivados destes oócitos. Otsuki et al. (2004) relataram uma taxa de
apenas 18,2% de gametas afetados que atingem o estágio de blastocisto no dia 5 do
desenvolvimento. Além disso, Braga, Setti, Figueira, Machado, et al. (2013) demonstraram que a
presença deste dismorfismo influencia de modo negativo o grau de expansão e a qualidade da
MCI dos blastocistos obtidos. Em outros dois estudos prévios nos quais a presença de agregados
de REL foi individualmente registrada, resultados controversos foram relatados sendo observadas
menores chances de sucesso de fertilização e gestação (Sá et al. 2011) ou a ausência de influência
deste dismosfirmo nas taxas de sucesso (Rienzi et al. 2008).
De acordo com Otsuki et al. (2004), a presença deste dismorfismo está associada com
uma menor chance de gestação, até mesmo para oócitos não portadores desta alteração, porém
84
provenientes de uma coorte oocitária na qual o agregado de REL foi detectado. Ciclos nos quais
oócitos portadores de aglomerados de REL foram identificados apresentaram taxas
significativamente maiores de gestação bioquímica (22,2% vs 3,5%) e reduzidas taxas de
gestação clínica (28,2% vs 5,6%). Apenas uma gestação positiva foi relatada neste estudo, sendo
o bebê nascido diagnosticado com a Síndrome Beckwith-Wiedemann. No presente estudo, a
transferência de embriões em estágio de blastocisto provenientes de oócitos nos quais foi
detectada a presença de agregados de REL resultou em falha total de implantação. Além das
chances reduzidas de sucesso, a presença de agregados de REL foi associada com anomalias
fetais (Akarsu et al. 2009). Apesar de a presença deste dismorfismo estar associada com uma
maior taxa de aneuploidia oocitária (18-37%), a organização do fuso meiótico não foi afetada
pela presença mesmo de grandes aglomerados de REL (Chamayou et al. 2006).
Dados os riscos do desenvolvimento de embriões derivados de gametas alterados sugerese que gametas portadores deste dismorfismo não sejam inseminados (Embryology 2011). No
entanto, em publicações recentes Mateizel et al. (2013), Ebner, Shebl, & Oppelt (2013)
demonstraram que bebês saudáveis poderiam ser obtidos a partir destes gametas. Em um estudo
de revisão sistemática, Shaw-Jackson et al. (2014) relataram o nascimento de 183 bebês
provenientes de oócitos portadores de agregados de REL, sendo 171 bebês saudáveis, 8 nascidos
portadores de malformação, 3 mortes neonatais, 1 natimorto e 4 abortamentos. Os resultados
sugerem uma revisão da opinião do consenso, bem como a necessidade de um maior número de
estudos de forma que possamos melhor compreender a origem deste dismorfismo e evitar sua
ocorrência.
Assim, uma análise da literatura demonstra que o efeito de alterações da morfologia
oocitária nas taxas de sucesso após ICSI permanece controverso, fazendo com que exista uma
tendência de não se considerar a morfologia oocitária no processo de decisão durante a seleção de
embriões ou blastocistos para transferência. No presente estudo resultados diferente do esperado
foram observados para muitos dos dismorfismos sendo que o acúmulo de REL, a presença de
debris no espaço perivitelineo, o espaço perivitelineo aumentado, a fragmentação do 1o
corpúsculo polar e a detecção de alteração de pelo menos um dos parâmetros
extracitoplasmáticos foram fatores de influência positiva na taxa de obtenção de blastocistos.
Considerando-se que muitos dismorfirmos oocitários são avaliados em conjunto, e não
85
individualmente, ou não são avaliados em muitos destes estudos, o papel negativo das alterações
de morfologia oocitária na competência embrionária ainda não foi elucidado. Além disso, o
impacto da qualidade oocitária no desenvolvimento embrionário pré-implantacional parece estar
relacionado ao número e grau de extensão dos dismorfismos, dificultando a realização de estudos
comparativos (Embryology 2011). Em contraste com os processos in vivo, nos quais a maturação
ocorre como resultado de um longo e meticuloso processo de seleção natural (Van Soom et al.
2007), procedimentos de estimulação ovariana suprimem este mecanismo de seleção permitindo
a maturação de oócitos de qualidade comprometida de forma inerente, destinados à falha de
fertilização e desenvolvimento embrionário comprometido (Swain & Pool 2008). A qualidade
oocitária é determinada não apenas pelo genoma nuclear e mitocondrial, mas também pelo
microambiente do ovário e do folículo pré-ovulatório capaz de modificar a transcrição gênica e a
tradução de proteínas. Avaliando este complexo cenário, torna-se difícil acreditar que um simples
fator, característica ou mecanismo possa de forma adequada indicar a competência oocitária.
Uma análise complexa baseada em sistemas de pontuação parece ser uma estratégia promissora,
porém resultados contraditórios também foram observados nestes estudos dadas variações nos
sistemas de pontuação (Rienzi et al. 2008, La Sala et al. 2009).
Morfologia do dia 1 do desenvolvimento
O valor preditivo da morfologia pronuclear tem sido foco de estudos nos últimos anos. O
efeito prognóstico foi abordado (Scott & Smith 1998, Tesarik & Greco 1999, Scott et al. 2000,
Scott 2003, Braga, Setti, Figueira, Iaconelli, et al. 2013, Balaban et al. 2001, Tesarik et al. 2000,
Nagy et al. 2003), bem como a correlação com aneuploidia (Sadowy et al. 1998, Gianaroli et al.
2003). Por outro lado, alguns autores não observaram o valor preditivo deste critério (Salumets et
al. 2001, James et al. 2006, Weitzman et al. 2010). As alterações mais frequentes observadas em
zigotos incluem o tamanho e posição dos PN, o número e distribuição dos CPN e o halo
citoplasmático. Conforme sugestão do consenso, alterações de tamanho ou localização nuclear
devem sem registradas, bem como alterações do número de CPN. PN apresentando nenhum ou
apenas um CPN devem ser associados ao desenvolvimento anormal (Embryology 2011).
86
Morfologia pronuclear
Scott et al. (2000) demonstraram a ocorrência de uma forte correlação entre a
classificação da morfologia pronuclear com a morfologia dos embriões no dia 3 do
desenvolvimento e com a capacidade de formação de blastocisto no dia 5. Braga, Setti, Figueira,
Iaconelli, et al. (2013) e Balaban et al. (2001) demonstraram que o padrão pronuclear do zigoto
está diretamente correlacionado com a formação e a qualidade dos blastocistos. De modo geral,
segundo estudos prévios a normalidade do padrão nuclear em zigotos está associada a melhor
classificação morfológica em estágio de clivagem, a maior taxa de formação de blastocistos e a
obtenção de blastocistos de melhor qualidade. De fato, no presente estudo observamos uma taxa
significativamente menor de formação de blastocistos para zigotos que apresentaram alteração de
tamanho de PN, localização pronuclear periférica ou padrão geral de morfologia pronuclear
alterado, sendo o maior impacto observado para a observação de alteração do tamanho dos PN. A
alteração do tamanho dos PN foi previamente sugerida como o principal critério avaliado no dia 1
do desenvolvimento capaz de comprometer o desenvolvimento embrionário nos estágios de
clivagem e na formação de blastocistos (Gámiz et al. 2003, Scott 2003). Além disso, a detecção
de PN afastados e a alteração do número de CPN também resultaram em menor taxa de formação
de blastocistos, porém não foi observada diferença estatística significativa. Sendo estas as
alterações detectadas com menor incidência, houve provavelmente uma limitação do número de
eventos no grupo “alteração presente” não permitindo que fosse observada uma diferença
significativa. Cabe ressaltar que muitos estudos baseiam-se apenas na distribuição dos CPN para
classificação da morfologia pronuclear (Balaban et al. 2001, Fisch et al. 2001). Além disso, o
afastamento dos PN foi previamente associado com pior qualidade embrionária e reduzido
potencial de desenvolvimento (Scott et al. 2000, Scott 2003, Zollner et al. 2002).
O estabelecimento dos critérios preditivos de seleção embrionária em dia 1 do
desenvolvimento torna-se relevante em alguns países cuja legislação exige que a seleção
embrionária seja realizada no estágio de zigoto, eliminando ainda neste estágio embriões com
potencial de implantação comprometido (Montag, van der Ven, & Group 2001). Por outro lado,
considerando-se o cultivo prolongado de embriões, a avaliação embrionária nos dias 2 e 3 seria
capaz de fornecer informações indiretas a respeito da qualidade dos gametas, dado que gametas
anormais não produziriam embriões de desenvolvimento normal, além de um maior número de
87
informações referentes a qualidade embrionária. Além disso, o desenvolvimento embrionário
tardio (dia 5) reflete a expressão gênica e diferenciação embrionária, tendo um importante papel
na determinação do potencial de implantação dos embriões avaliados. Assim, o valor preditivo da
morfologia pronuclear torna-se questionável em casos nos quais a transferência será realizada em
dia 5 do desenvolvimento. No entanto, o potencial de implantação de blastocistos foi avaliado de
acordo com o padrão de morfologia pronuclear dos zigotos dos quais estes haviam sido
derivados, ressaltando a importância dos critérios avaliados ainda no dia 1 do desenvolvimento
(Braga, Setti, Figueira, Iaconelli, et al. 2013, Balaban et al. 2001). Blastocistos de boa qualidade
derivados de zigotos de morfologia pronuclear normal apresentam maiores taxas de implantação.
No entanto, blastocistos de boa qualidade derivados de zigotos de morfologia pronuclear anormal
ainda apresentam potencial de implantação, porém com taxas abaixo daquelas esperadas
considerando-se apenas a qualidade dos blastocistos obtidos. Scott et al. (2000) utilizando o
sistema de classificação pronuclear sugerido pelo próprio autor observaram que embriões em
estágio de clivagem selecionados inicialmente pela morfologia pronuclear e secundariamente
pela morfologia do dia 3 do desenvolvimento apresentaram taxas significativamente maiores de
implantação. Além disso, transferências realizadas em dia 5 do desenvolvimento embrionário
para embriões que haviam sido classificados quanto à morfologia pronuclear apresentaram
maiores taxas de implantação quando comparados a blastocistos selecionados para transferência
para os quais os critérios de morfologia do zigoto não haviam sido considerados. No presente
estudo, nenhuma das variáveis apresentou diferença significativa para a taxa de implantação de
blastocistos provenientes de zigotos nos quais alterações nos parâmetros de morfologia
pronuclear haviam ou não sido detectados. Uma queda da taxa de implantação de blastocistos
provenientes de zigotos nos quais havia sido detectada alteração de tamanho de PN foi observada,
porém sem significância estatística. O reduzido número de blastocistos selecionados para
transferência provenientes de zigotos portadores de alterações da morfologia pronuclear pode ter
sido limitante para a significância estatística.
Cabe ressaltar que estudos recentes derivados de observação de embriões em sistema
time-lapse demonstraram que a morfologia pronuclear sofre alterações significativas em curto
intervalo de tempo, sugerindo que uma simples observação pontual em microscopia de luz seria
deficiente (Azzarello, Hoest, & Mikkelsen 2012). Além disso, dentre os estudos que avaliaram o
comportamento dos PN em time-lapse (Chamayou et al. 2013, Kirkegaard et al. 2013) apenas um
88
demonstrou seu potencial como preditor de implantação (Azzarello, Hoest, & Mikkelsen 2012).
Além disso, Azzarello, Hoest, & Mikkelsen (2012) demonstraram que apenas o intervalo de
tempo de desaparecimento dos PN foi associado com o potencial de implantação dos embriões
obtidos, sendo os critérios morfológicos avaliados, incluindo o padrão de normalidade descrito
por Scott et al. (2000), o número e distribuição dos CPN não preditivos do potencial de
implantação destes embriões.
Halo citoplasmático
Diferente do esperado, a alteração do parâmetro formação do halo citoplasmático resultou
na obtenção de uma maior taxa de blastocistos formados. A ausência ou a detecção de um padrão
não homogêneo de formação do halo citoplasmático têm sido associadas a alterações na
localização de organelas, parâmetro importante para o correto desenvolvimento embrionário e
implantação. Muitos estudos confirmaram a importância do halo citoplasmático demonstrando
um aumento nas taxas de implantação de embriões para os quais o halo estava presente em
estágio de zigoto (Zollner et al. 2002, Salumets et al. 2002, Henkel et al. 2004). Por outro lado, o
efeito deste parâmetro no desenvolvimento embrionário não foi elucidado por outros autores
(Balaban et al. 2001, Demirel et al. 2001). Além disso, não existem evidências suficientes que
suportam o valor preditivo da observação do halo citoplasmático (Embryology 2011). No
presente estudo, a ausência ou o padrão anormal de formação do halo foram agrupados,
considerando-se como alteração presente quaisquer dos dois parâmetros. Uma melhor avaliação
deste parâmetro poderia resultar na ausência de correlação deste parâmetro com a taxa de
formação de blastocistos, conforme previamente relatada (Braga, Setti, Figueira, Iaconelli, et al.
2013).
89
Morfologia dos dias 2 e 3 do desenvolvimento
Número de células
No presente estudo, o ritmo de clivagem normal caracterizado pela presença de 3 a 5
células no dia 2 do desenvolvimento e 7 a 8 células no dia 3 do desenvolvimento foi
significativamente associado à taxa de formação de blastocistos e ao potencial de implantação
destes após transferência embrionária. Além disso, segundo análise quantitativa do número de
células, embriões com maior potencial de formação de blastocistos apresentam, em média, 4
células no dia 2 do desenvolvimento e 8 células nos dia 3 do desenvolvimento. Segundo
consenso, são estes os números de células que devem ser observados seguindo-se o intervalo de
tempo sugerido para avaliação após ICSI (Embryology 2011).
O comprometimento dos resultados clínicos derivado da transferência de embriões de
ritmos de clivagem lento ou rápido foi previamente reportado por diversos autores. De acordo
com Alikani et al. (2000), apenas 13,8% dos embriões com número de células menor do que 7 no
dia 3, 41,9% dos embriões com 7 a 9 células, e 27,5% dos embriões com número de células
maior do que 9 apresentam potencial para formação de blastocistos quando submetidos ao cultivo
prolongado. Avaliando retrospectivamente os resultados de transferências realizadas em dia 3 ou
5 do desenvolvimento embrionário, Racowsky et al. (2000) demonstraram que a presença de
embriões com 8 células em dia 3 é um forte critério preditivo das taxas de sucesso. Nenhum dos
embriões que apresentaram número de células menor que 8 em dia 3 implantaram quando
transferidos em dia 5 do desenvolvimento. Considerando apenas número de células, outro estudo
de Racowsky et al. (2003) demonstraram que embriões de 8 células em dia 3 apresentam maior
potencial de implantação (25%) quando comparados a outros embriões. Em ordem decrescente de
viabilidade foram classificados os embriões de mais de 8 células (18,1%), seguidos de embriões
com 7 células (10,2%) e embriões com menos de 7 células (3,0%).
O comprometimento do desenvolvimento embrionário de acordo com seu ritmo de
clivagem tem sido associado a maior ocorrência de anormalidades cromossômicas em embriões
que apresentam alteração em seu ritmo de clivagem (Magli et al. 2007, Kroener et al. 2014).
Magli et al. (2007) avaliaram o status cromossômico dos estágios de clivagem observados no dia
3 do desenvolvimento embrionário. A incidência de anormalidades cromossômicas foi
90
significativamente menor para o estágio de 7-8 células (50%) quando comparado a todos os
outros estágios. Os índices mais elevados de anomalias cromossômicas foram observados para
embriões que apresentaram 2 ou 3 células na manhã do dia 3 (94%) e para aqueles de 4 células
que apresentaram divisão de apenas um blastômero em relação ao dia 2 (85%). Proporções
similares de anormalidades cromossômicas foram observadas para embriões de clivagem lenta (4
células que apresentaram 2 células no dia 2), embriões moderadamente lentos (5 ou 6 células) e
embriões de clivagem rápida (≥9 células): 74%, 73% e 78%, respectivamente. Além disso, os
resultados demonstraram uma taxa de anormalidade de 97% para embriões que apresentam
parada de clivagem do dia 2 para o dia 3 e de 91% para embriões que apresentam clivagem de
apenas 1 blastômero do dia 2 para o dia 3. Este e outros estudos prévios que demonstraram uma
associação entre a incidência de aneuploidia e o número de células de embriões em ritmo de
clivagem determinaram o status cromossômico por meio da técnica de hibridização in situ por
fluorescência (FISH), técnica com falhas descrita na identificação de 20 a 50% de embriões
anormais quando comparado à técnica de hibridização genômica comparativa (CGH) (Fragouli et
al. 2010). Um estudo recente de Kroener et al. (2014) é apontado com o primeiro estudo que teve
como objetivo correlacionar parâmetros embrionários e o status cromossômico de embriões
determinado pela técnica de CGH. O índice de aneuploidia foi avaliado em função do número de
células em dia 3, demonstrando maior chance de aneuploidia para embriões com mais de 9
células (OD= 1.39; p=0,0294). A taxa de formação de blastocistos também foi avaliada neste
estudo em função do número de células e da constituição cromossômica embrionária. Embriões
com ritmo de clivagem acelerado (>9 células) apresentaram maior chance de formação de
blastocistos, independente da constituição cromossômica. No entanto, dentre os embriões que
atingiram o estágio de blastocisto, aqueles com ritmo de clivagem normal (6 a 9 células)
apresentaram uma menor incidência de aneuploidia (54% vs 62%, p=0,096). Desta forma, o
estudo aponta a seleção de blastocistos provenientes de embriões de 6 a 9 células em dia 3 como
relacionada a melhores taxas de sucesso quando comparada a seleção de blastocistos
provenientes de embriões com >9 células em dia 3. No entanto, apesar da maior sensibilidade e
da menor incidência de erros da técnica de CGH em relação ao FISH, o estudo foi baseado na
biópsia embrionária em dia 3 do desenvolvimento. A alta incidência de mosaicismo observada
em embriões de dia 3 (Taylor et al. 2014), bem como a possibilidade de comprometimento do
desenvolvimento embrionário decorrente da biópsia quando realizada neste dia do
91
desenvolvimento embrionário (Scott et al. 2013), sugerem ainda a necessidade de novos estudos a
fim de que se estabeleça a associação entre o ritmo de clivagem a e incidência de aneuploidias.
Além da maior chance de alteração cromossômica, o ritmo rápido de clivagem foi recentemente
correlacionado com perturbações no padrão de imprinting e no metabolismo em modelo de
embriões de camundongo (Market Velker, Denomme, & Mann 2012).
Simetria de blastômeros
A presença de blastômeros assimétricos foi significativamente associada à menor taxa de
formação de blastocistos quando presente nos dias 2 e/ou 3 do desenvolvimento. Além disso, a
assimetria de blastômeros em dia 3 do desenvolvimento teve efeito negativo significante na taxa
de implantação dos blastocistos transferidos. Apesar da redução do potencial de implantação, a
assimetria em dia 2 do desenvolvimento não apresentou efeito significante. A possibilidade da
distribuição irregular de material celular e/ou genético resultando em efeito negativo na
viabilidade embrionária tem sido pouco estudada. A maioria dos estudos considera o número de
células e a presença de fragmentação como sendo os principais critérios a serem abordados.
Porém, alguns autores demonstraram previamente o impacto negativo da assimetria de
blastômeros nos resultados obtidos (Giorgetti et al. 1995, Ziebe et al. 1997, Hardarson et al.
2001). Giorgetti et al. (1995) verificaram uma associação entre a assimetria e menores taxas de
implantação, porém não diferindo entre irregularidades da forma e do tamanho dos blastômeros.
Ziebe et al. (1997) e Hardarson et al. (2001) observaram uma queda significativa do potencial de
implantação dos embriões de acordo com alterações do padrão de simetria de blastômeros,
considerando-se o tamanho esperado a cada ciclo de divisão celular.
O comprometimento do desenvolvimento embrionário de embriões assimétricos estaria
relacionado à ocorrência de alterações na distribuição de material genético, sendo blastômeros
originados de embriões assimétricos mais afetados por alterações cromossômicas numéricas
(29,4%) quando comparados a blastômeros derivados de embriões simétricos (8,5%) (Hardarson
et al. 2001). Além disso, Hardarson et al. (2001) demonstraram que não apenas um maior número
de blastômeros destes embriões eram aneuplóides, mas também que a gravidade da aneuploidia
era maior. Além disso, especula-se que a divisão desigual de um blastômero resulte na
distribuição inadequada de proteínas, mRNA e organelas para as células-filha. Considerando a
92
ocorrência de polarização de algumas proteínas e produtos gênicos no embrião, o efeito negativo
de uma divisão celular desigual seria ainda amplificado.
Fragmentos anucleados
Alikani et al. (1999) demonstraram pela primeira vez que o grau e o padrão de
fragmentação do embrião estavam associados com as taxas de implantação embrionária.
Baseados na classificação embrionária do dia 3 de desenvolvimento, os autores relataram que as
taxas de implantação para os tipos I e IV de fragmentação diferem de 37.9% para 18.2%. A
fragmentação tipo IV apresentou um efeito negativo mesmo quando comprometido um volume
restrito do embrião, como demonstrado pelo autor em transferências nas quais apenas embriões
apresentando esse tipo de fragmentação foram transferidos. Em outro estudo do mesmo grupo, os
autores avaliaram a correlação entre as anormalidades morfológicas de embriões em estágio de
clivagem e a habilidade de formação de blastocistos (Alikani et al. 2000). A fragmentação
excessiva (>15%) apresentou um impacto negativo na chance de formação de blastocistos. O
presente estudo demonstrou o efeito negativo do tipo e do grau de fragmentação de embriões em
dia 2 e 3 do desenvolvimento na taxa de formação de blastocistos. Do mesmo modo que o
sugerido por estudos anteriores, o maior impacto negativo da ocorrência de fragmentação foi
observado para embriões apresentando fragmentação tipo IV ou >10% do volume do embrião
comprometido pela fragmentação. A ocorrência de fragmentação em dia 2 do desenvolvimento
apresentou um efeito negativo no potencial de implantação de blastocistos derivados destes
embriões. Apesar do menor potencial de implantação observado para blastocistos que
apresentaram fragmentação em dia 3 do desenvolvimento, não houve significância estatística. A
associação da ocorrência de fragmentação com outros critérios de classificação embrionária em
dia 3 do desenvolvimento poderia demonstrar o valor preditivo deste critério.
Ainda que associação entre fragmentação e a incidência de aneuploidia não tenha sido
verificada, sua relação positiva com a ocorrência de mosaicismo foi previamente observada
(Munné & Cohen 1998) sugerindo que os fragmentos pudessem conter pedaços cromossômicos
resultados de erros no funcionamento dos fusos. Estudos recentes demonstraram que a ocorrência
de fragmentação nos estágios iniciais do desenvolvimento embrionário correlaciona com a
93
ocorrência de erros mitóticos (Chavez et al. 2012, Wong et al. 2010, Stensen et al. 2015). Estas
observações justificariam o impacto deste critério no potencial de desenvolvimento embrionário.
Magli et al. (2007) avaliaram a incidência de anormalidades cromossômicas de acordo com a
porcentagem e o tipo de fragmentação, considerando o número de células do embrião no dia 3.
Os resultados demonstraram que para embriões sem fragmentação ou para aqueles apresentando
fragmentação localizada, a incidência de anomalias cromossômicas varia de acordo com o
número de células, independente do volume do embrião comprometido pela fragmentação. De
modo contrário, na presença de fragmentos não localizados, a incidência de anormalidades
cromossômicas é significativamente maior para embriões de 7-8 células comparados aqueles de
mesmo estágio celular que apresentam fragmentação localizada. Para embriões de clivagem lenta
(4 a 6 células em dia 3) não foi observada correlação entre fragmentação e anormalidade
cromossômica. Possivelmente, nestes casos, o atraso no ritmo de clivagem é o principal fator
relacionado às desordens cromossômicas, conforme previamente discutido. Desta forma, o estudo
sugere que a transferência de embriões de 8 células no dia 3 deve ser priorizada, mesmo na
presença de fragmentação e especialmente se esta estiver localizada e não distribuída por todo o
espaço perivitelínico. Estes resultados corroboram com os dados do presente estudo, sendo os
embriões de 8 células com ausência de fragmentação, ou fragmentação de tipo II ocupando
menos de 10% do volume embrionário os de maior chance de formação de blastocisto e
implantação.
Multinucleação e ausência de núcleos
A detecção de blastômeros multinucleados no momento da observação correspondeu a
22,9% e 11,2% dos embriões avaliados em dia 2 e 3 do desenvolvimento, respectivamente.
Apesar da variação considerável dentre os relatos da literatura, a incidência de blastômeros
multinucleados parece estar em cerca de 30% dos embriões obtidos. A avaliação deste parâmetro
é mais facilmente realizada no dia 2 do desenvolvimento devido à maior dimensão das células e a
melhor acessibilidade destas devido ao seu número reduzido. Segundo o consenso, a ocorrência
de multinucleação deve ser registrada para o dia 2 do desenvolvimento, dado o caráter mais
informativo deste critério para o dia 2 quando comparado ao dia 3 do desenvolvimento
94
(Embryology 2011). As variações na incidência de embriões multinucleados podem estar
relacionadas não apenas ao dia de desenvolvimento avaliado, mas também ao momento da
observação dado que apenas blastômeros em interfase apresentam núcleo visível subestimando as
taxas de multinucleação. A ocorrência de multinucleação apresentou efeito negativo significante
na taxa de formação de blastocistos quando detectada em embriões de dia 2 ou 3 do
desenvolvimento. O efeito negativo deste parâmetro no potencial de implantação dos blastocistos
transferidos foi verificado apenas quando detectado em embriões de dia 2 do desenvolvimento.
Apesar da redução significativa da taxa de implantação para blastocistos provenientes de
embriões multinucleados em dia 3 (10,8% vs 20,0%, p=0,168) não houve diferença estatística,
possivelmente devido ao número reduzido de embriões multinucleados em dia 3 serem
selecionados para transferência em dia 5, até mesmo pelo fato de um número reduzido atingir o
estágio de blastocisto (22,6% vs 40,6%, p<0,001). De fato, parece existir uma correlação entre a
multinucleação e o padrão de clivagem de embriões. Van Royen et al. (2001) demonstraram que
embriões com padrão de clivagem normal, caracterizado por 4 células em dia 2 e 8 células em dia
3 apresentam os menores índices de multinucleação quando comparados a embriões com ritmo
lento ou rápido de clivagem para estes dias do desenvolvimento. Os embriões portadores de
multinucleação, associado ao padrão alterado de clivagem, apresentariam menores chances de
formação de blastocisto conforme já discutido. O impacto da multinucleção no potencial de
implantação foi demonstrado previamente (Pickering et al. 1995, Van Royen et al. 2001, Van
Royen et al. 2003, Moriwaki et al. 2004). Van Royen et al. (2003) observaram uma queda de 4,3
vezes no potencial de implantação de embriões portadores de multinucleação, quando
comparados ao potencial de implantação de embriões mononucleados sugerindo o alto valor
preditivo deste critério.
O significativo potencial negativo da ocorrência de multinucleação no desenvolvimento
embrionário pode ser explicado pelo estudo genético desses embriões, dado que a multinucleação
parece estar relacionada a erros na replicação e segregação cromossômica. De fato, embriões
multinucleados quando avaliados apresentaram aumento da incidência de aneuploidia,
anormalidades cromossômicas e defeitos na síntese de DNA conforme relatado inicialmente por
Kligman et al. (1996) e mais recentemente por Hardarson et al. (2001). A análise da constituição
cromossômica de embriões portadores de blastômeros multinucleados demonstrou que 85%
destes apresentavam anormalidades cromossômicas em mais de 50% dos seus blastômeros. O
95
número de blastômeros cromossomicamente anormais excedia em ambos os estudos o número de
blastômeros comprometidos pela multinucleação, indicando comprometimento genético de todo
o embrião. Por outro lado, alguns estudos demonstraram que nem todos os embriões
multinucleados apresentam comprometimento de sua constituição cromossômica (Staessen &
Van Steirteghem 1998). A ocorrência de blastômeros binucleados apresenta um menor impacto
no comprometimento do desenvolvimento embrionário dado que uma maior porcentagem destes
embriões é caracterizada como euplóide quando comparado com embriões apresentando 3 ou
mais núcleos em um dos blastômeros (Meriano et al. 2004). O estudo de Meriano et al. (2004)
considerou para avaliação do impacto da multinucleação na competência embrionária dois
fenótipos mais comumente encontrados: blastômeros binucleados e multinucleados. Os
resultados obtidos demonstraram que embriões mononucleados provenientes de uma coorte
comprometida por embriões binucleados não apresentam potencial de desenvolvimento
comprometido, diferente do observado para embriões mononucleados provenientes de uma coorte
comprometida pela multinucleação.
O estudo sugere que a ocorrência de blastômeros
binucleados deve ser considerada uma variável independente restrita ao embrião no qual é
detectada. Por outro lado, a multinucleação deve ser indicativa de comprometimento da
competência de toda a coorte. Além disso, análise de FISH para 5 cromossomos demonstrou que
embriões binucleados apresentam maior incidência de blastômeros normais para os cromossomos
testados quando comparados com embriões multinucleados. Dentre os embriões binucleados
avaliados 32% foram considerados normais e dentre os multinucleados apenas 3,7%. De fato, no
presente estudo observamos que o agravamento do padrão de anormalidade com relação ao
número de núcleos detectados e a incidência de blastômeros multinucleados em embriões de dia
2 e 3 foi determinante em uma queda significativa na taxa de formação de blastocistos para
embriões nos quais a multinucleação havia sido detectada. O mesmo efeito não foi observado
para o potencial de implantação dos embriões, porém as diferenças observadas podem ser
consideradas relevantes sendo de 8,5% a taxa de implantação para embriões de dia 2
multinucleados nos quais foram detectados até 2 núcleos em um mesmo blastômero e de 0% para
os quais houve detecção de mais de 2 núcleos (p=0,291). Observamos ainda uma taxa de
implantação de 7,0% para embriões multinucleados em dia 2 nos quais até 25% dos blastômeros
estavam comprometidos e de 3,4% para os quais houve comprometimento de mais de 25% dos
96
blastômeros (p=0,644). Novamente, o número amostral reduzido de embriões portadores destas
alterações e que foram selecionados para transferência pode ser apontado como fator limitante.
O impacto da observação de blastômeros sem núcleo nos dias 2 e 3 do desenvolvimento
foi significante para o potencial de formação de blastocistos, sendo este significante também para
o potencial de implantação dos blastocistos transferidos quando observado em blastômeros de
embriões em dia 2 do desenvolvimento. O estudo de Moriwaki et al. (2004) havia relatado uma
menor chance de implantação para embriões com blastômeros sem núcleo visível no momento da
observação. Porém, a significância clínica de blastômeros anucleados ainda não foi elucidada.
Segundo Palmstierna et al. (1998), considerando o fato de que o desenvolvimento do núcleo de
blastômeros envolve fases distintas nas quais este torna-se mais ou menos visível e considerandose a observação deste critério em intervalos de tempo pré-estabelecidos, o fato de o núcleo não
ser observado caracteriza um blastômero anucleado. Assim, o impacto deste critério no
desenvolvimento embrionário deve estar associado a uma assincronia do ciclo celular entre
blastômeros mononucleados e blastômeros anucleados. Desta forma, um maior comprometimento
do embrião por estes critério poderia agravar o efeito observado. De fato, os resultados do
presente estudo demonstraram uma menor chance de obtenção de blastocistos para embriões
portadores de blastômeros sem núcleos nos dias 2 e 3 do desenvolvimento, sendo este efeito
significativamente agravado com o maior comprometimento do embrião (núcleo ausente em
>25% dos blastômeros do embrião).
O presente trabalho demonstrou que os critérios de morfologia oocitária e de morfologia
embrionária avaliados isoladamente foram significativamente associados ao potencial de
formação e de implantação de blastocistos. O valor preditivo de critérios avaliados no início do
desenvolvimento embrionário em ciclos com transferência em estágio de blastocistos não foi
observado em estudo prévio (Guerif et al. 2010). Após avaliação de 2617 embriões de 511 casais
submetidos a tratamento de RHA que realizaram transferência de embrião único em dia 5 do
desenvolvimento, o autor concluiu que não houve nenhuma associação significativa entre os
critérios de morfologia dos dias 1 e 2 do desenvolvimento embrionário e o potencial de
implantação dos blastocistos. Conforme comentado previamente, a falta de consenso na forma de
avaliação dos critérios e na determinação da interdependência ou de seu peso relativo em
97
sistemas de avaliação, associada à subjetividade na avaliação, às variações inter e
intraobservadores, aos diferentes protocolos e meios de cultivo utilizados podem ser a causa da
obtenção de resultados controversos ressaltando a importância de realização de um maior número
de estudos.
Modelos preditivos
Faltam estudos na literatura sugerindo de que forma classificar e selecionar embriões
apresentando diferentes tipos e graus de variações do padrão ideal de morfologia. Desta forma,
podemos afirmar que não está claro, por exemplo, se um blastocisto que apresentou ritmo de
clivagem lenta ou rápida e ausência de fragmentação nos estágios iniciais de clivagem deve ser
selecionado para transferência em detrimento de outro que apresentou ritmo de clivagem normal
porém com presença de fragmentação moderada. Ou ainda, se uma variação no tamanho dos
blastômeros pode inferir um prognóstico pior do que a ausência de núcleo visível em determinada
proporção de blastômeros do embrião. Devemos ressaltar que algumas variáveis podem ser
caracterizadas como preditoras independentes do potencial de formação e implantação de
blastocistos, porém outras poderão apresentar significância apenas em uma avaliação univariada,
perdendo sua significância em modelos multifatoriais. Algumas variáveis sem significância
biológica podem demonstrar associação com outras variáveis de real importância resultando em
uma falsa impressão de seu valor preditivo. Um modelo baseado em análises estatísticas
multifatoriais nas quais as variáveis relevantes irão competir é apontado como a melhor maneira
de se evitar uma classificação subjetiva dos embriões. O modelo irá incluir apenas os fatores que
apresentarem de forma independente um impacto nas variáveis de sucesso, além de fornecer o
correto peso de cada critério. Conforme abordado, poucos estudos optam por uma estratégia de
avaliação multi-dimensional apesar da necessidade crescente de classificação de embriões
baseada em observações diárias pontuais (Scott 2003, Holte et al. 2007, Racowsky et al. 2009,
Sjöblom et al. 2006, Guerif et al. 2007, Rehman et al. 2007, Ahlström et al. 2011, Fauque et al.
2013).
Tendo como base os resultados da análise bivariada de todos os critérios avaliados no
presente estudo, 43 potenciais fatores preditivos para obtenção de blastocisto no dia 5 do
desenvolvimento e 20 potenciais fatores preditivos de potencial de implantação embrionária
98
foram selecionados para obtenção de um modelo de predição utilizando regressão logística
binária múltipla. No modelo final de predição de formação de blastocisto foram incluídos 14
fatores: idade da mulher, taxa média de oócitos recuperados, presença de espaço perivitelineo
aumentado no oócito, ritmo de clivagem em dia 2 e 3, número de células em dia 3, simetria de
blastômeros em dia 2 e 3, ocorrência de fragmentação em dia 3, número de núcleos presentes nos
blastômeros multinucleados em dia 2, porcentagem de blastômeros comprometidos pela
multinucleação em dia 2, ocorrência de blastômeros anucleados em dia 2, número de blastômeros
multinucleados e número de blastômeros anucleados em dia 3. O modelo ajustado poderá ser
utilizado na rotina laboratorial para determinação da chance de formação de blastocistos para
embriões em dia 3 do desenvolvimento, com taxa de acerto de 71,1%. A determinação da
probabilidade de obtenção de embriões em estágio de blastocisto para cada um dos embriões de
uma paciente poderá auxiliar de forma significativa a troca de informações entre a equipe clínica
e laboratorial no que se refere à definição do momento mais indicado para realização da
transferência embrionária.
Para o modelo de predição de implantação destes embriões quando selecionados para
transferência 4 fatores foram incluídos: idade da mulher, simetria de blastômeros em dia 2,
ocorrência de multinucleação e/ou ausência de núcleo em blastômeros de embriões em dia 2. A
predição do modelo obteve uma taxa de acerto de 80,1%, porém alta probabilidade de acerto está
associada à baixa probabilidade de implantação embrionária pré-teste de aproximadamente 25%.
Ou seja, sendo a taxa de implantação embrionária baixa existe boa possibilidade de acerto
daqueles embriões que não irão implantar após a transferência. A capacidade do método em
identificar embriões com potencial de implantação foi de apenas 3,2% (sensibilidade). Dessa
forma, os critérios apontados poderão ser utilizados na seleção embrionária dadas as
significâncias estatísticas obtidas nas análises de associação, porém novos estudos com uma
maior casuística deverão ser realizados para determinação do modelo de implantação
embrionária.
Dois estudos recentes incluindo mais de 6000 embriões transferidos tiveram como
objetivo a obtenção de um modelo de classificação de embriões de acordo com seu potencial de
implantação (van Loendersloot et al. 2014, Rhenman et al. 2015). No entanto, apesar da grande
casuística algumas limitações podem ser apontadas. O estudo de Rhenman et al. (2015) incluiu
apenas transferências realizadas em dia 2 do desenvolvimento, sendo que o cultivo prolongado
99
até o estágio de blastocisto teria fornecido maior acurácia na seleção embrionária. Por outro lado,
o estudo de van Loendersloot et al. (2014) incluiu apenas parâmetros de morfologia embrionária
do dia 3 do desenvolvimento. No entanto, modelos de implantação que incluem variáveis de
ambos os dias 2 e 3 têm demonstrado melhor valor preditivo (Racowsky et al. 2009). Além disso,
o objetivo do estudo de van Loendersloot et al. (2014) foi classificar embriões obtidos no ciclo de
tratamento de um casal de acordo com seu potencial de implantação, e não determinar o potencial
de implantação de um embrião de modo individual. Desta forma, as características dos pacientes
seriam todas idênticas para estes embriões que eram provenientes de um mesmo casal, excluindo
a inclusão de parâmetros como idade no modelo.
Os resultados obtidos neste e em outros estudos devem ser de modo geral aplicados com
cautela principalmente pelo fato de serem obtidos e validados a partir de um mesmo banco de
dados. O poder estatístico do estudo parece não ser afetado se aplicados testes estatísticos
adequados, porém os modelos devem ser validados em populações independentes (Steyerberg,
Harrell, et al. 2001, Steyerberg, Eijkemans, et al. 2001, te Velde et al. 2014). A validação externa
resulta em um refinamento do modelo a partir de um reajuste do peso de cada variável.
As variáveis caracterizadas no presente estudo como tendo poder preditivo independente
poderão ser utilizadas por embriologistas como ferramenta para a classificação de embriões de
acordo com o potencial de formação de blastocisto, bem como de acordo com o potencial de
implantação do blastocisto obtido, auxiliando na seleção de embriões para transferência. A
otimização da seleção embrionária por meio da utilização dos algoritmos nos quais tais variáveis
foram incorporadas representa um grande potencial de aumento das taxas de sucesso do
tratamento, além de possibilitar a realização da transferência de um número reduzido de
embriões, minimizando os riscos derivados de gestações múltiplas. Além disso, o melhor
entendimento do valor preditivo dos critérios de avaliação embrionária poderá auxiliar no
estabelecimento de uma estratégia mais uniforme de seleção embrionária entre os diferentes
laboratórios.
100
6) CONCLUSÕES
Considerando-se a análise do valor preditivo de critérios morfológicos na obtenção de
embriões em estágio de blastocisto podemos concluir que:
 Variáveis do perfil populacional e da resposta do EOC estão associadas ao potencial de
formação de blastocistos;
 O perfil dos casais submetidos ao tratamento que apresentam maior taxa de formação de
blastocistos é caracterizado por: menor média de idade da mulher, menor número médio
de UI de FSH administradas, menor número médio de oócitos recuperados, menor taxa
média de oócitos recuperados, maior taxa média de oócitos MII, maior taxa média de
oócitos injetados e maior taxa média de 2PN;
 A presença de dismorfismos oocitários está associada com o potencial de formação de
blastocistos;
 O aumento do EP está associado a uma chance significativamente menor de formação de
blastocisto para embriões derivados de oócitos portadores deste dismorfismo;
 Critérios avaliados nos dias 1, 2 e 3 do desenvolvimento estão associados com o potencial
de formação de blastocistos;
 A alteração do tamanho dos PN, a detecção de PN periféricos ou mesmo a detecção de um
padrão
anormal
de
morfologia
pronuclear
estão
associados
a
uma
chance
significativamente menor de formação de blastocisto;
 Alteracões no ritmo de clivagem ou no padrão de simetria de blastômeros em embriões
em dia 2 e/ou 3 do desenvolvimento estão associadas a uma chance significativamente
menor de formação de blastocistos;
 A ocorrência de fragmentos anucleados, blastômeros multinucleados ou anucleados em
embriões de dia 2 e/ou 3 do desenvolvimento estão associadas a uma chance
significativamente menor de formação de blastocistos;
 Embriões multinucleados em dia 2 e/ou 3 do desenvolvimento com até 2 núcleos
detectados em um mesmo blastômeros apresentam maior chance de formação de
blastocisto quando comparados àqueles nos quais mais de 2 núcleos forem detectados em
um mesmo blastômero;
101
 Embriões em dia 2 e/ou 3 do desenvolvimento nos quais a ocorrência de multinucleação
compromete até 25% dos blastômeros apresentam maior chance de formação de
blastocisto quando comparados àqueles nos quais a multinucleação for detectada em mais
de 25% dos blastômeros;
 Embriões em dia 2 e/ou 3 do desenvolvimento nos quais a não visualização de núcleo
compromete até 25% dos blastômeros apresentam maior chance de formação de
blastocisto quando comparados àqueles nos quais a ausência de núcleo for detectada em
mais de 25% dos blastômeros;
 Os critérios independentes preditivos de formação de blastocisto são: idade da mulher,
taxa média de oócitos recuperados, presença de EP aumentado no oócito, ritmo de
clivagem em dia 2 e 3, número de células em dia 3, simetria de blastômeros em dia 2 e 3,
ocorrência de fragmentação em dia 3, número de núcleos presentes nos blastômeros
multinucleados
em
dia
2,
porcentagem
de
blastômeros
comprometidos
pela
multinucleação em dia 2, ocorrência de blastômeros anucleados em dia 2, número de
blastômeros multinucleados e número de blastômeros anucleados em dia 3.
 A aplicação dos critérios preditivos em modelo de regressão multifatorial resulta em uma
taxa de acerto de 71,7% na chance do embrião atingir o estágio de blastocisto quando
submetido ao cultivo prolongado.
Considerando-se a análise do valor preditivo de critérios morfológicos no potencial de
implantação dos blastocistos transferidos podemos concluir que:
 Variáveis do perfil populacional e da resposta do EOC estão associadas ao potencial de
implantação de blastocistos;
 O perfil dos casais submetidos ao tratamento que apresentam maior potencial de
implantação de blastocistos é caracterizado por: menor média de idade da mulher, menor
média de idade do homem; menor número médio de UI de FSH administradas;
 A presença de dismorfismos oocitários está associada com o potencial de implantação de
blastocistos;
102
 A presença de aglomerados de REL está associada a uma chance significativamente
menor de implantação para blastocistos derivados de oócitos portadores deste
dismorfismo;
 Critérios avaliados no dia 1 do desenvolvimento não estão significativamente associados
com o potencial de implantação dos blastocistos derivados destes zigotos;
 Critérios avaliados nos dias 2 e 3 do desenvolvimento estão associados com o potencial de
implantação de blastocistos;
 Alteracões no ritmo de clivagem em embriões em dia 2 e/ou 3 do desenvolvimento estão
associadas a uma chance significativamente menor de implantação dos blastocistos
obtidos;
 Alterações no padrão de simetria de blastômeros em embriões em dia 3 do
desenvolvimento estão associadas a uma chance significativamente menor de implantação
dos blastocistos obtidos;
 A ocorrência de fragmentos anucleados em embriões em dia 2 do desenvolvimento está
associada a uma chance significativamente menor de implantação dos blastocistos
obtidos;
 A ocorrência de blastômeros multinucleados ou anucleados em embriões de dia 2 do
desenvolvimento estão associadas a uma chance significativamente menor de implantação
dos blastocistos obtidos;
 Os critérios independentes preditivos do potencial de implantação dos blastocistos obtidos
são: idade da mulher, simetria de blastômeros em dia 2, ocorrência de multinucleação
e/ou ausência de núcleo em blastômeros de embriões em dia 2, porém apresentando baixo
valor de sensibilidade.
103
7) ANEXO
Anexo 1 - Manual de Procedimentos Operacionais Padrão (POP) do Centro de Fertilização
Assistida - Fertility
AVALIAÇÃO DA MORFOLOGIA OOCITÁRIA
OBJETIVOS
Identificar as alterações morfológicas intracitoplasmáticas e extracitoplasmáticas de
oócitos submetidos à ICSI com o objetivo de selecionar os gametas que poderão originar
embriões com alto potencial de implantação.
AMOSTRAS
Oócitos maduros (MII) submetidos à ICSI obtidos após estímulo ovariano controlado e
punção folicular aspirativa.
PROCEDIMENTO
Avaliação da morfologia oocitária em microscópio de luz invertido e identificação de
alterações morfológicas intracitoplasmáticas e extracitoplasmáticas. Registrar a detecção de
cada uma das alterações no respectivo prontuário de classificação oocitária imediatamente
após o procedimento de ICSI, evitando a exposição prolongada dos gametas.
MORFOLOGIA OOCITÁRIA NORMAL
• Forma esférica
• Corpúsculo polar único e intacto
• Espaço perivitelínico pequeno e ausência de granulações
• Zona pelúcida clara e intacta
104
• Citoplasma translúcido de coloração homogênea, livre de inclusões
DISMORFISMOS OOCITÁRIOS
Os dismorfismos oocitários possíveis de serem detectados na avaliação morfológica em
microscópio de luz invertido estão descritos abaixo exemplificados através de
fotomicrografias.
EXTRACITOPLASMÁTICOS
AZ – Alteração de forma e/ou espessura e/ou coloração da zona pelúcida
AF – Alteração de forma do oócito
105
EP - Espaço perivitelineo aumentado e/ou
DP - Granulações no espaço perivitelineo
CF – 1º corpúsculo polar fragmentado e/ou de tamanho aumentado
106
INTRACITOPLASMÁTICOS
CG – Granulosidade citoplasmática excessiva
CL – Granulosidade citoplasmática em cluster
107
CE – Citoplasma enegrecido
IN – Inclusões citoplasmáticas
PV – Presença de vacúolos
108
RE - Retículo endoplasmático liso agregado
MR – Membrana resistente
Necessidade de aspiração para rompimento do oolema após formação do cone de
injeção.
MSR – Membrana sem resistência
Não formação do cone de injeção e rompimento imediato do oolema.
109
Esquema representativo da avaliação da morfologia oocitária. (a) Normal, (b) 1o CP
aumentado, (c) 1o CP fragmentado, (d) 1o CP diminuído, (e) Granulação citoplasmática
homogênea, (f) Granulação citoplasmática centralizada, (g) VAC, (h) Corpo refrátil, (i) Agregado
de REL, (j) EPV aumentado, (k) EPV com granulações e (l) Alteração de forma.
110
REGISTRO DAS ALTERAÇÕES – PRONTUÁRIO DIA +1
CLASSIFICAÇÃO OOCITÁRIA
INTRA
Injeção
CG
CL
CE
PV
EXTRA
RE
IN
CF
DP
EP
AZ
AF
MR
MSR
OBSERVAÇÃO
Inserir marcação (X) para cada alteração observada nos oócitos submetidos à ICSI.
Legenda:
CG
CE
PV
RE
CL
IN
CF
MORFOLOGIA OOCITÁRIA
DP Debris no espaço perivitelino
Citoplasma enegrecido
EP Espaço perivitelíneo aumentado
Presença vacúolos
AZ Alteração em zona pelúcida
Retículo endoplasmatico agregado
AF Alteração de Forma
Granulação em cluster
MSR Menbrana sem resistência
Inclusões citoplasmáticas
MR Membrana resistente
Citoplasma Granular
Corpúsculo fragmentado
Observação:
O oócito classificado na linha de número 1 deve corresponder ao número 1 da placa de
cultivo na qual estes serão mantidos em cultivo após a ICSI e avaliados após intervalo de cerca de
17h para checagem da fertilização. Desta forma, as características oocitárias de cada um dos
embriões resultantes estarão disponíveis para utilização como parâmetro de seleção embrionária
para transferência.
111
CLASSIFICAÇÃO EMBRIONÁRIA
OBJETIVOS
Avaliar parâmetros da morfologia embrionária durante cultivo in vitro com o objetivo de
selecionar embriões com alto potencial de implantação.
AMOSTRAS
Embriões humanos obtidos a partir da fertilização de oócitos maduros (MII) através das
técnicas de Fertilização in vitro clássica ou ICSI.
PROCEDIMENTO
Avaliação da morfologia embrionária em microscópio de luz invertido e registro de cada
uma das alterações no respectivo prontuário de classificação embrionária, evitando a
exposição prolongada dos embriões.
CLASSIFICAÇÃO EMBRIONÁRIA - DIA+ 1
Fase de pronúcleo (2PN, 2CP).
Avaliação realizada de16-18h após inseminação ou ICSI.
Parâmetros avaliados:

Número de pronúcleos visualizados (No PN)
Critério de normalidade = 2PN (fertilização normal)
Alterações observadas 1PN, >3PN (fertilização anormal)

Número de corpúsculos polares visualizados (No CP)
Critério de normalidade = 2
112

Morfologia dos pronúcleos
Tamanho
Critério de normalidade = diâmetro de 15-25µm
Identificar caso seja detectada alteração de tamanho de um ou ambos os pronúcleos.
Localização
Critério de normalidade = centralizados
Identificar caso seja detectada localização periférica em relação ao ooplasma.
Justaposição
Critério de normalidade = pronúcleos justapostos
Identificar caso seja detectada distância entre os centros dos pronúcleos maior que 25µm.

Morfologia dos nucléolos (corpos precursores de nucléolos)
Distribuição
Critério de normalidade = polarizados ou dispersos em ambos os pronúcleos (Z1, Z2 –
Scott, 2000).
Identificar caso seja detectada assincronia de posição dos corpos precursores de nucléolos
entre os pronúcleos.
Número
Critério de normalidade = de 4 a 11 corpos precursores de nucléolos em cada um dos
pronúcleos.
Identificar caso seja detectado número de corpos precursores de nucléolos fora do
intervalo de normalidade. Além disso, a diferença entre o número de corpos precursores
de nucléolos entre os pronúcleos deve ser menor que 3.
113

Halo citoplasmático periférico
Critério de normalidade = presente
Identificar caso não seja detectado.

Vacúolos
Critério de normalidade = ausência de vacúolos.
Prontuário para registro das abservações:
CLASSIFICAÇÃO DIA + 1
PN
Nº PN
Nº CP
TAMANHO
PERIFERICOS
NUCLÉOLO
NÚMERO (0,
AFASTADOS
1 e 2)
TAMANHO
POLARIZAÇÃO
HALO
VAC
FORMA
Inserir marcação (X) para cada alteração observada nos embriões em estágio de pronúcleo.
Fotomicrografia exemplificando embrião de Dia 1 apresentando todos os critérios de
normalidade.
ZP
OBSERVAÇÃO
114
CLASSIFICAÇÃO EMBRIONÁRIA - DIA+ 2
Avaliação realizada de 43-45h após inseminação ou ICSI.
Parâmetros avaliados:
 Número de blastômeros detectados
 Simetria entre os blastômeros
Classificação para embriões de 2, 4 ou 8 células:
A simetria é representada pela observação de blastômeros de tamanho idêntico.
Simétricos (Si) – blastômeros de tamanho idêntico;
Assimétricos (As) – diferença maior que 20% entre o blastômero de menor e o de maior
tamanho;
Semelhantes (Se) – existe diferença de tamanho entre os blastômeros, porém a diferença entre
o menor e o maior blastômero não excede 20%.
Classificação para embriões de 3, 5 6 ou 7células:
Diferença de tamanho entre os blastômeros é representativa de assincronia no processo de
clivagem.
115
CLASSIFICAÇÃO EMBRIONÁRIA - SIMETRIA
O DE
NNo
DECÉLULAS
CÉLULAS
SIMETRIA ESPERADA
2
2 CEL =
3
1 CEL GDE
2 CEL MENORES =
4
4 CEL =
5
3 CEL GDE
2 CEL MENORES =
6
2 CEL GDE
4 CEL MENORES =
7
1 CEL GDE
6 CEL MENORES =
8
8 CEL =
116
 Fragmentação
Quantitativo
Estimar a porcentagem do volume do embrião comprometida pela fragmentação. A
porcentagem deve ser equivalente ao tamanho do blastômero. (Exemplo: embrião de 4
células, 25% de fragmentação deve equivaler ao volume de um blastômero).
Valores utilizados: 5%, 10%, 15%, 20%, 25%, 35%, >50%
Qualitativo
Classificar o tipo de fragmentação segundo Alikani, 1999.
Tipo I
Volume mínimo, fragmentos associados a um blastômero
Tipo II
Fragmentos localizados e predominantemente no espaço
perivitelínico
Tipo III
Fragmentos pequenos dispersos entre os blastômeros, no
espaço perivitelínico ou em ambos
Tipo IV
Fragmentos grandes semelhantes a blastômeros, distribuídos
randomicamente, associados a blastômeros desiguais
Tipo V
Fragmentos necróticos, granulosidade e contração
citoplasmática característica
 Presença de núcleo
Critério de normalidade = (1) núcleo / blastômero
Verificar a presença de núcleo em cada um dos blastômeros.
Identificar número de blastômeros nos quais o núcleo não foi visualizado.
 Multinucleação
Critério de normalidade = (1) núcleo / blastômero
117
Verificar a presença de núcleo em cada um dos blastômeros.
Identificar número de blastômeros comprometidos e número de núcleos visualizados em cada
um dos blastômeros comprometidos.
 Outras alterações
Granulosidade citoplasmática excessiva.
Presença de vacúolo.
Alteração da zona pelúcida resultando em alteração do formato esférico do embrião.
Alteração de coloração e/ou espessura da zona pelúcida.
Prontuário para registro das abservações:
CLASSIFICAÇÃO DIA+2
Nº
EMBRIÃO
Frag
gdes
CG VAC FORMA
ZP
BL s/ N
MULTINUCLEAÇÃO
OBSERVAÇÃO
Inserir marcação (X) para cada alteração observada nos embriões no dia 2 do desenvolvimento.
Legenda:
EMBRIÃO: Descrever no de blastômeros e classificação quanto à simetria e fragmentação
embrionária.
Frag. gdes: Descrever no de fragmentos anucleados grandes (tipo IV) observados.
CG: Granulosidade excessiva no citoplasma.
VAC: Presença de vacúolos.
FORMA: Alteração da forma esférica do embrião.
ZP: Alteração de coloração e/ou espessura da zona pelúcida.
BL s/ N: Número de blastômeros sem núcleo.
MULTINUCLEAÇÃO: Descrever número de blastômeros que apresentam mais de um núcleo e
o número de núcleos detectados.
118
Fotomicrografia exemplificando embrião de Dia 2 de boa qualidade, apresentando 4
blastômeros semelhantes, ausência de fragmentos anucleados, presença de um núcleo visível em
cada um dos blastômeros e ausência de alterações citoplasmáticas.
CLASSIFICAÇÃO EMBRIONÁRIA - DIA+ 3
Avaliação realizada de 67-69h após inseminação ou ICSI.
Parâmetros avaliados:
 Número de blastômeros detectados
 Simetria entre os blastômeros
Classificação para embriões de 2, 4 ou 8 células:
A simetria é representada pela observação de blastômeros de tamanho idêntico.
Simétricos (Si) – blastômeros de tamanho idêntico;
119
Assimétricos (As) – diferença maior que 20% entre o blastômero de menor e o de maior
tamanho;
Semelhantes (Se) – existe diferença de tamanho entre os blastômeros, porém a diferença entre
o menor e o maior blastômero não excede 20%.
Classificação para embriões de 3, 5 6 ou 7células:
Diferença de tamanho entre os blastômeros é representativa de assincronia no processo de
clivagem.
CLASSIFICAÇÃO EMBRIONÁRIA - SIMETRIA
O DE
NNo
DECÉLULAS
CÉLULAS
 Fragmentação
Quantitativo
SIMETRIA ESPERADA
2
2 CEL =
3
1 CEL GDE
2 CEL MENORES =
4
4 CEL =
5
3 CEL GDE
2 CEL MENORES =
6
2 CEL GDE
4 CEL MENORES =
7
1 CEL GDE
6 CEL MENORES =
8
8 CEL =
120
Estimar a porcentagem do volume do embrião comprometida pela fragmentação. A
porcentagem deve ser equivalente ao tamanho do blastômero. (Exemplo: embrião de 4
células, 25% de fragmentação deve equivaler ao volume de um blastômero).
Valores utilizados: 5%, 10%, 15%, 20%, 25%, 35%, >50%
Qualitativo
Classificar o tipo de fragmentação segundo Alikani, 1999.
Tipo I
Volume mínimo, fragmentos associados a um blastômero
Tipo II
Fragmentos localizados e predominantemente no espaço
perivitelínico
Tipo III
Fragmentos pequenos dispersos entre os blastômeros, no
espaço perivitelínico ou em ambos
Tipo IV
Fragmentos grandes semelhantes a blastômeros, distribuídos
randomicamente, associados a blastômeros desiguais
Tipo V
Fragmentos necróticos, granulosidade e contração
citoplasmática característica
 Presença de núcleo
Critério de normalidade = (1) núcleo / blastômero
Verificar a presença de núcleo em cada um dos blastômeros.
Identificar número de blastômeros nos quais o núcleo não foi visualizado.
 Multinucleação
Critério de normalidade = (1) núcleo / blastômero
Verificar a presença de núcleo em cada um dos blastômeros.
Identificar número de blastômeros comprometidos e número de núcleos visualizados em cada
um dos blastômeros comprometidos.
121
 Outras alterações
Granulosidade citoplasmática excessiva.
Presença de vacúolo.
Alteração da zona pelúcida resultando em alteração do formato esférico do embrião.
Alteração de coloração e/ou espessura da zona pelúcida.
Blastômero dominante, presença de blastômero de maior tamanho que apresenta diferença
maior que 50% em relação ao menor blastômero do embrião.
Prontuário para registro das abservações:
CLASSIFICAÇÃO DIA + 3
EMBRIÃO
Frag
gdes
CG VAC FORMA
ZP
BL s/ N
MULTINUCLEAÇÃO
BD
Inserir marcação (X) para cada alteração observada nos embriões no dia 3 do desenvolvimento.
Legenda:
EMBRIÃO: Descrever no de blastômeros e classificação quanto à simetria e fragmentação
embrionária.
Frag. gdes: Descrever no de fragmentos anucleados grandes (tipo IV) observados.
CG: Granulosidade excessiva no citoplasma
VAC: Presença de vacúolos
FORMA: Alteração da forma esférica do embrião.
ZP: Alteração de coloração e/ou espessura da zona pelúcida.
BL s/ N: Número de blastômeros sem núcleo.
MULTINUCLEAÇÃO: Descrever número de blastômeros que apresentam mais de um núcleo e
o número de núcleos detectados.
BD: Blastômero dominante.
122
Fotomicrografia exemplificando embrião de Dia 3 de boa qualidade, apresentando 8
blastômeros semelhantes, ausência de fragmentos anucleados, presença de um núcleo visível em
cada um dos blastômeros e ausência de alterações citoplasmáticas.
CLASSIFICAÇÃO EMBRIONÁRIA - DIA+ 4
Avaliação realizada de 90-94h após inseminação ou ICSI.
Parâmetros avaliados:
 Número de blastômeros detectados
Critério de normalidade = 4º ciclo de clivagem
 Evidência de compactação
Morfologia
Regular
Difícil identificação dos limites celulares.
123
Irregular
Possível distinção de limites celulares.
Compromete apenas parte dos blastômeros do embrião.
Prontuário para registro das abservações:
CLASSIFICAÇÃO DIA+4
Nº
EMBRIÃO
CG VAC FORMA
ZP
BL s/ N
MULTINUCLEAÇÃO
DESTINO
1
Inserir marcação (X) para cada alteração observada nos embriões no dia 3 do desenvolvimento.
Legenda:
EMBRIÃO: Descrever evidência de compactação e/ou no de blastômeros e classificação quanto
à simetria e fragmentação embrionária.
CG: Granulosidade excessiva no citoplasma
VAC: Presença de vacúolos
FORMA: Alteração da forma esférica do embrião.
ZP: Alteração de coloração e/ou espessura da zona pelúcida.
BL s/ N: Número de blastômeros sem núcleo.
MULTINUCLEAÇÃO: Descrever número de blastômeros que apresentam mais de um núcleo e
o número de núcleos detectados.
AH
Nº
1
124
Fotomicrografia exemplificando embrião de Dia 4 de boa qualidade, apresentando evidência de
compactação regular e ausência de alterações citoplasmáticas.
CLASSIFICAÇÃO EMBRIONÁRIA - DIA+ 5 E DIA +6
Parâmetros avaliados (Gardner & Schoolcraft, 1999):
 Grau de expansão da blastocele
BLASTOCISTO JOVEM
Início de cavitação. Cavidade ocupando menos de 50% do volume.
BLASTOCISTO
Cavidade ocupando mais de 50% do volume do embrião.
BLASTOCISTO COMPLETO
Cavidade ocupa 100% do volume do embrião.
BLASTOCISTO EXPANDIDO
Aumento significativo do volume embrionário. Diminuição da espessura da
zona pelúcida.
BLASTOCISTO EM HATCHING
Início da saída do trofoectodema através da zona pelúcida.
BLASTOCISTO COM HATCHING COMPLETO
Blastocisto completamente fora da zona pelúcida.
125
 Massa celular interna (MCI)
Critério de normalidade: proeminente, facilmente discernível, consistindo de muitas células
compactadas e fortemente aderidas.
Identificar caso esteja ausente, não compacta e/ou presença de células degeneradas.
 Trofoectoderma (TRF)
Critério de normalidade: muitas células formando um epitélio coesivo.
Identificar presença de poucas células, irregularidade na formação do epitélio coesivo e/ou
presença de células degeneradas.
Prontuário para registro das abservações:
CLASSIFICAÇÃO DIA+5
MCI
EMBRIÃO
NÃO
AUSENTE
COMPACTA
TRF
CG
CEL
POUCAS
IRREG
DEG
CEL
CG
CEL
DEG
Inserir marcação (X) para cada alteração observada nos embriões no dia 5 ou 6 do
desenvolvimento.
Legenda:
EMBRIÃO: Descrever o grau de expansão da blastocele.
MCI: Massa celular interna.
TRF: Trofoectoderma.
126
Fotomicrografias exemplificando blastocistos de dia 5 apresentando diferentes grau de expansão
da cavidade e critérios de normalidade para MCI e TRF.
127
Anexo 2 - Prontuários laboratoriais do Centro de Fertilização Assistida - Fertility
20
20
Corpúsculo fragmentado
19
19
□ ICSI ALTA MAGNIFICAÇÃO
18
18
OBSERVAÇÃO:
17
17
CG
CE
PV
RE
CL
IN
CF
16
16
INDICAÇÃO:
15
15
Nº
14
OBSERVAÇÃO
13
MEMB
IRREG
14
CG
13
ZP
12
FORMA
12
VAC
11
POLARIZAÇÃO HALO
10
TAMANHO
NUCLÉOLO
11
NÚMERO
(0, 1 e 2)
10
MORFOLOGIA OOCITÁRIA
Citoplasma Granular
DP Debris no espaço perivitelino
Citoplasma enegrecido
EP Espaço perivitelíneo aumentado
Presença vacúolos
AZ Alteração em zona pelúcida
Retículo endoplasmatico agregado
AF Alteração de Forma
Granulação em cluster
MSRMenbrana sem resistência
Inclusões citoplasmáticas
MR Membrana resistente
PN
PERIFERICOS AFASTADOS
9
TAMANHO
8
Nº CP
9
Nº PN
8
OBSERVAÇÃO
7
MSR
6
MR
7
AF
6
AZ
5
EP
EXTRA
DP
INCUBADORA:
4
CF
CLASSIFICAÇÃO DIA + 1
)_______
5
IN
EMBRIOLOGISTA CHECAGEM:
(
4
RE
)Roto
3
PV
(
2
CE
INTRA
)NF
3
CL
(
2
CG
)3PN
HORÁRIO DA CHECAGEM:
(
DATA DA CHECAGEM:
)2PN
Roto/2N:
1
Injeção
CLASSIFICAÇÃO OOCITÁRIA
MÉDICO:
(
OBS:
Hialino:
Nº Oócitos:
TÉRMINO INJEÇÃO:
)1PN
Intactos:
PI:
HORÁRIO INJEÇÃO:
(
MI:
CRIO:
INTERVALO INJEÇÃO:
)Injetados
ICSI:
HORÁRIO PUNÇÃO:
(
Injetados:
Grau Maturação MII:
Nº Folículos:
DEN:
1
Nº
EMBRIOLOGISTA ICSI:
ETIQUETA MARIDO
ETIQUETA ESPOSA
FORMULÁRIO DE ICSI
128
15
16
17
18
19
20
15
16
17
18
19
20
OBSERVAÇÃO:
□ Criopreservação □ dia +3 □ dia +5
□ Outro:
□ Transferência □ dia +3 □ dia +5
14
14
Motivo:
13
13
□ SIM □ NÃO
□ SIM □ NÃO
12
12
AUTORIZA DOAÇÃO DE EMBRIÃO
11
11
AUTORIZA CONGELAMENTO
9
10
9
8
10
7
8
Nº
6
AH
7
DESTINO
6
OBSERVAÇÃO
5
BD
4
MULTINUCLEAÇÃO
5
BL s/ N
3
ZP
CLASSIFICAÇÃO DIA + 3
CG VAC FORMA
4
EMBRIÃO
Frag
gdes
3
OBSERVAÇÃO
INCUBADORA:
TOTAL DE FERTILIZADOS:
2
BL s/ N
OBS:
1
ZP
TOTAL DE INJETADOS:
2
EMBRIÃO
CG VAC FORMA
HORÁRIO DA CHECAGEM:
EMBRIOLOGISTA:
DATA DA CHECAGEM:
TOTAL DE OÓCITOS:
1
Nº
INDICAÇÃO:
D1
Frag
gdes
MULTINUCLEAÇÃO
EMBRIOLOGISTA:
HORÁRIO DA CHECAGEM:
CLASSIFICAÇÃO DIA+2
MÉDICO:
DATA DA CHECAGEM:
ETIQUETA MARIDO
ETIQUETA ESPOSA
FORMULÁRIO DE ICSI
129
OBS
DESTINO
AH
Nº
13
14
15
16
17
18
19
20
12
13
14
15
16
17
18
19
20
OBSERVAÇÃO:
□ Criopreservação dia +5/6
□ Outro:
□ Transferência dia +5
12
11
AUTORIZA DOAÇÃO DE EMBRIÃO
11
10
INDICAÇÃO:
9
10
9
8
CEL
DEG
8
CG
7
□ SIM □ NÃO
□ SIM □ NÃO
TRF
CEL
POUCAS
IRREG
DEG
CEL
6
CG
7
AUTORIZA CONGELAMENTO
MCI
NÃO
COMPACTA
6
AUSENTE
5
EMBRIÃO
5
OBS
4
CEL
DEG
3
CG
4
CEL
POUCAS
IRREG
DEG
CEL
3
CG
INCUBADORA:
TOTAL DE FERTILIZADOS:
2
NÃO
COMPACTA
CLASSIFICAÇÃO DIA + 6
OBS:
1
AUSENTE
TRF
TOTAL DE INJETADOS:
2
EMBRIÃO
MCI
HORÁRIO DA CHECAGEM:
EMBRIOLOGISTA:
DATA DA CHECAGEM:
TOTAL DE OÓCITOS:
1
D1 D2 D3 Nº
EMBRIOLOGISTA:
HORÁRIO DA CHECAGEM:
CLASSIFICAÇÃO DIA+5
MÉDICO:
DATA DA CHECAGEM:
ETIQUETA MARIDO
ETIQUETA ESPOSA
FORMULÁRIO DE ICSI
130
131
8) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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145
FONTES CONSULTADAS
Normatização para apresentação de dissertações e teses – Pós-graduação –
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, 2013.
146
RESUMO
Com o objetivo de aumentar as taxas de sucesso das pacientes que são submetidas a técnicas de
RHA, numerosos estudos apresentam como foco a identificação do embrião com maior potencial
de implantação. Apesar dos avanços tecnológicos significativos da medicina reprodutiva
baseados no advento da era da genômica, proteômica e metabolômica (OMICS), técnicas
rotineiramente aplicáveis ainda não estão disponíveis. Desta forma, laboratórios de Fertilização in
vitro de todo o mundo selecionam para transferência embriões humanos cultivados in vitro
baseados em parâmetros morfológicos avaliados em microscopia de luz. Diversos parâmetros
morfológicos podem ser avaliados desde o estágio pronuclear até o estágio de blastocisto para
embriões humanos cultivados in vitro. De modo geral, independente do dia da transferência, tais
critérios parecem apresentar valor preditivo de viabilidade embrionária quando avaliados
individualmente ou coletivamente. No entanto, a subjetividade da avaliação morfológica, bem
como a ampla diversidade de sistemas de classificação embrionária aplicados por diferentes
clínicas, implica em resultados contraditórios tornando extremamente difícil a implementação de
um consenso do valor preditivo dos diferentes parâmetros morfológicos avaliados. O presente
estudo teve como objetivo a determinação do valor preditivo dos critérios morfológicos utilizados
para seleção de embriões humanos cultivados in vitro de pacientes submetidas a procedimentos
de RHA no Centro de Fertilização Assistida - Fertility no período de Julho 2011 a Junho de 2014.
Tendo como base os resultados da análise bivariada de todos os critérios avaliados, 43 potenciais
fatores preditivos para obtenção de blastocisto no dia 5 do desenvolvimento e 20 potenciais
fatores preditivos de potencial de implantação embrionária foram selecionados para obtenção de
um modelo de predição utilizando regressão logística binária múltipla. No modelo final de
predição de formação de blastocisto foram incluídos 14 fatores, sendo 4 o número de fatores
incluídos no modelo de predição de implantação destes embriões quando selecionados para
transferência. O modelo poderá ser utilizado por embriologistas como ferramenta para a
classificação de embriões de acordo com o potencial de formação de blastocisto, bem como de
acordo com o potencial de implantação do blastocisto obtido, auxiliando na seleção de embriões
para transferência. A otimização da seleção embrionária representa um grande potencial de
aumento das taxas de sucesso do tratamento além de possibilitar a realização da transferência de
um número reduzido de embriões, minimizando os riscos derivados de gestações múltiplas.
147
ABSTRACT
In order to increase the success rate of in vitro Fertilization cycles, several studies have focused
on the identification of the embryo with higher implantation potential. Despite recent advances in
the reproductive medicine, based on the OMICs technology, routinely applicable methodologies
are still needed. Thus, in most Fertilization Centers embryo selection for transfer is still based on
morphological parameters evaluated under light microscopy. Several morphological parameters
may be evaluated, ranging from the pronuclear to blastocyst stage. In general, despite the day of
transfer, some criteria are suggested to present a predictive value for embryo viability when
analyzed independently or combined. However, the subjectivity of morphological evaluation, as
well as the wide diversity of embryo classification systems used by different fertilization centers
show contrasting results, making the implementation of a consensus regarding different
morphological criteria and their predictive value a difficult task. The present study aimed to
determine the predictive value of morphological criteria used for selection of embryos derived
from patients submitted to infertility treatment in the Fertility - Assisted Fertilization Center from
July 2011 to June 2014. Based on the bivariate analysis of all selected criteria, 43 potential
predictive factors for the achievement of blastocyst (day 5) and 20 potential predictive factors for
blastocyst implantation potential were selected for the establishment of a prediction model using
binary multiple logistic regression. The final model of blastocyst rate included 14 factors,
whereas the final prediction model for implantation included 4. This model provides a helpful
tool for embryologists in order to classify embryos according with their potential to develop into
blastocyst, as well as according with the potential of implantation of the resulting blastocyst,
improving embryo selection for transfer. The optimization of embryo selection represents a large
potential to increase treatment success rates, allowing the transfer of a reduced number of
embryos and minimizing the risks of multiple pregnancy.
148
LISTAS E APÊNDICE
- Documento de aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa
149
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