Desde que o flex foi lançado, álcool perdeu - Cepea

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ"
Piracicaba, 14 de junho de 2006.
Desde que o flex foi lançado,
o álcool deixou de ser vantajoso só em dois meses
Abastecer um carro bicombustível com álcool realmente compensa? Quando a gasolina é a
melhor opção econômica? Para responder a essas perguntas, a pesquisadora do Cepea Dra.
Marta Cristina Marjotta-Maistro e o graduando em engenharia agronômica da Esalq/USP
Guilherme Augusto Asai fizeram análises detalhadas do histórico dos preços dos dois
combustíveis no País. Numa segunda parte do trabalho, tomaram para exames específicos os
modelos Chevrolet Celta 1.0 Flex Power e o Volkswagen Gol Plus 1.0 Total Flex.
Os resultados mostraram que na média dos quase cinco anos analisados (de julho de 2001 a abril
de 2006), somente em março e abril deste ano, o álcool custou mais de 70% da gasolina na
média do estado de São Paulo, ou seja, perdeu efetivamente a vantagem. Para os motoristas de
carros bicombustíveis, contudo, basta a análise de 2003 para cá, ano em que esses veículos
chegaram ao mercado. Na média dos 12 meses do ano passado, o álcool custou 53,34% do preço
da gasolina no mercado paulista. Para esses cálculos, foram considerados os valores divulgados
pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Em janeiro deste ano, a relação foi de 63,26% e, em fevereiro, de 64,76%, mantendo-se a
vantagem para o álcool nos modelos que têm ponto de indiferença econômica de combustível
próximo de 70%. No entanto, nos meses de março e abril, esses percentuais passaram para
72,03% e 69,95%, respectivamente e, nesses casos, a decisão de abastecimento deveria se voltar
para a escolha da gasolina. Em março, o litro da gasolina custou R$ 2,467 e o do álcool, R$
1,777; em abril, a gasolina chegou a R$ 2,469 e o álcool, a R$ 1,727.
De modo geral, especialistas em motores apontam que o álcool compensa quando seu preço está
entre 60% e 70% do valor da gasolina. Para o Celta, especificamente, os resultados dos
pesquisadores do Cepea mostram que compensa abastecer com álcool hidratado desde que este
combustível custe até 69,87% do preço da gasolina. Para o Gol, o limite é 67,55%. Na verdade,
esses percentuais são os pontos de indiferença, ou seja, quando tanto faz abastecer com um ou
outro combustível, sob o aspecto econômico.
Os percentuais foram obtidos a partir de testes de rendimento médio de cada um dos veículos
(percursos urbanos e em estrada). Para o Celta, constatou-se que percorre 15,6 km com um litro
de gasolina e 10,90 km com um litro de álcool. Para o Gol, esses valores são de 15,10 km com
um litro de gasolina e 10,20 km com um litro de álcool.
Para avaliar quais seriam os ganhos e as perdas ao fazer a escolha “errada” de combustível, os
pesquisadores compuseram uma tabela analisando as relações de preços de janeiro a abril de
2006, especificamente para os modelos Celta e Gol.
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Piracicaba, 14 de junho de 2006.
Prejuízos incorridos por abastecer com gasolina em janeiro e fevereiro e com álcool em
março e abril (exatamente o oposto que se esperaria) – trajeto de 400km.
Meses
Chevrolet Celta 1.0 Flex Power Wolkswagen Gol Plus 1.0 Total Flex
Janeiro/06
R$ 5,77
Fevereiro/06
R$ 4,45
Março/06
R$ 1,95
Abril/06
R$ 0,07
Fonte: Dados da pesquisa (Cepea)
R$ 4,00
R$ 2,60
R$ 4,34
R$ 2,32
Em maio, o álcool retomou a vantagem, com a relação entre os preços em cerca de 59% na
média do estado de SP. Para o Gol, o abastecimento com álcool proporcionaria economia de R$
7,87 e, para o Celta, de R$ 9,45, também no trajeto de 400 km.
BICOMBUSTÍVEIS: Enfim, a possibilidade de escolher
Os primeiros carros chamados bicombustíveis, ou seja, que podem rodar tanto com álcool como
com gasolina, começaram a ser produzidos no primeiro trimestre de 2003 pela Wolkswagen. Em
2005, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea),
foram vendidas cerca de 866.371 unidades de veículos bicombustíveis entre automóveis (com
exceção de caminhões), o que representou, em média, cerca de 58% do total de vendas de
automóveis e comerciais leves no País. Já os movidos exclusivamente a álcool, no ano, não
alcançaram os 2%.
Entre janeiro e maio deste ano, foram comercializadas 513.784 unidades de carros
bicombustíveis, número 159,8% maior que o do mesmo período de 2005. Em maio deste ano, o
percentual de vendas de bicombustíveis sobre o total vendido foi, em média, 76,3%.
CANA-DE-AÇÚCAR: Destino da produção
No início da década de 90, o principal destino da cana era a produção de álcool (com maior
proporção para o álcool hidratado), ainda que nesse período a euforia do carro a álcool
começasse a passar. O Programa do Álcool (Proálcool), inclusive, estava sendo duramente
criticado.
A partir de 1997 e 1999, os preços do álcool anidro e hidratado foram liberados. Naquela época,
a produção de álcool ainda era expressiva, mas as leis de um mercado concorrencial fizeram
com que os setores se ajustassem e isso não seria diferente para o setor sucroalcooleiro. Frente à
uma queda da demanda e continuidade da oferta de álcool, o mix de produção passou a ser mais
favorável para o açúcar e com tendência de maior equilíbrio a partir da safra 2001/02.
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A partir da safra 2004/05, já reflexo do maior interesse pelo combustível, o percentual de cana
para esse tipo de álcool aumentou. Espera-se que, a partir de agora, haja um equilíbrio na
alocação da cana, sendo que os agentes do setor têm em mente a preocupação em conservar e
impulsionar o mercado de álcool, reconquistado internamente com o advento do carro flex e
externamente com a preocupação ambiental no mundo.
Gráfico 1: Evolução do preço médio dos combustíveis e das vendas de veículos por tipo de combustível
2,5
120.000
100.000
2
80.000
60.000
1
40.000
0,5
dez/05
out/05
nov/05
set/05
jul/05
ago/05
jun/05
abr/05
mai/05
fev/05
0
mar/05
jan/05
dez/04
out/04
nov/04
set/04
jul/04
ago/04
jun/04
abr/04
mai/04
fev/04
mar/04
jan/04
dez/03
out/03
nov/03
set/03
jul/03
ago/03
jun/03
abr/03
mai/03
fev/03
jan/03
0
mar/03
20.000
meses
pr cons gas C (R$/l)
pr cons hidr (R$/l)
vendas flex
vendas gas
Fontes: ANP, Anfavea; elaboração: Cepea
Mais informações podem ser obtidas com os autores pelo Laboratório de Informação do CEPEA, nos
telefones 19-3429-8836/ 8837 ou [email protected]
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