Profa Dra Alessandra Menezes Campos – Farmacêutica Clínica CRF-­‐DF 1721 Brasília, 28 deAbril de 2010. Parecer Farmacêutico: Polimixina B 1. Indicações terapêuticas1 As polimixinas são caracterizadas por sua ação antimicrobiana contra bacilos Gram-­‐negativos. Sua atuação contra microrganismos Gram-­‐positivos, anaeróbios e fungos é desprezível.1 2. Perfil de sensibilidade dos microrganismos à polimixina B2 O espectro de ação, segudo o perfil de sensibilidade, inclui as seguintes bactérias: Microrganismo Perfil de sensibilidade Pseudomonas aeruginosa, Intrinsecamente susceptível Acinetobacter baumanii, Intrinsecamente susceptível Stenotrophomonas maltophilia Normalmente sensível, apesar de existir cepas resistentes Enterobactérias (Enterobacter sp., Klebsiella sp., Escherichia sp., Salmonella sp., Shigella sp., Normalmente sensíveis Citrobacter sp.) Proteus sp., Providencia sp., Morganellamorganii e Serratiamarcescens Haemophilus influenzae, Bordetella pertussis e Legionella pneumophila Neisseria sp., Moraxella catarrhalis, Helicobacter pylori, Vibrio sp. e Brucella sp. Intrinsecamente resistentes Intrinsecamente susceptíveis Intrinsecamente resistentes 3. Esquema posológico em adulto2, 3, 4, 5 3.1. Pacientes com função renal normal (ClCr> 80 mL/min) Administração IV: A dose recomendada é de 1,5 a 2,5 mg/Kg/dia IV dividida em 2 doses (12/12 horas) ou 15.000 a 25.000 unidades/Kg/dia IV dividida em 2 doses (12/12 horas), sendo a dose máxima igual a 25.000 unidades/Kg/dia.2,3 Profa Dra Alessandra Menezes Campos – Farmacêutica Clínica CRF-­‐DF 1721 Administração IM: A dose recomendada é de 25.000 a 30.000 unidades/Kg/dia IM a cada 4 ou 6 horas. Não deve ser feita rotineiramente devido à dor no local da injeção.3,4 Administração intratecal: A dose recomendada é de 50.000 unidades/dia por 3 a 4 dias consecutivos, seguido por, pelo menos 2 aplicações semanais. Ou uma aplicação diária de 5mg durante 3 a 4 dias, seguido por dias alternados durante 2 semanas.1, 4 Conversão de unidadesdapolimixina B 1,0mg de sulfato de polimixina B = 10.000 UI.5 Observação: Concentração sérica > 5μg/mL é tóxica em adultos! 3.2. Pacientes com disfunção renal (ClCr < 80 mL/min) Recomenda-­‐se administrar 2,5 mg/Kg no primeiro dia de tratamento, seguido por doses ajustadas segundo o clearance de creatinina ilustrado na Tabela 1:5 Tabela 1: Ajuste de dose da polimixina B segundo o clearance de creatinina. Clearance de creatinina Dose de polimixina B Entre 80 e 30 mL/min 1,0 a 1,5 mg/Kg/dia < 30 mL/min 1,0 a 1,5 mg/Kg a cada 2 a 3 dias Pacientesanúricos 1,0 mg/Kg a cada 5 a 7 dias A polimixina B é um fármaco não-­‐dialisável. Não havendo necessidade de reposição da dose após sessão de hemodiálise.5 4. Diluição, compatibilidade,estabilidade e infusão da polimixina B, 3, 4 Diluição3 • Administração IV: dissolva 500.000 unidades em 300 a 500 mL de soro glicosado 5%. • Administração IM: dissolva 500.000 unidades em 2 mL de água para injeção, soro fisiológico ou solução 1% procaína em soro glicosado 5%. Profa Dra Alessandra Menezes Campos – Farmacêutica Clínica CRF-­‐DF 1721 • Administração intratecal: dissolva 500.000 unidades em 10mL de soro fisiológico 0,9% (concentração final = 50.000 unidades/mL). A polimixina B é estável com soro glicosado 5% e soro fisiológico 0,9%. Não se conhece a estabilidade da polimixina B em: soro glicosado 10%, Ringer lactato 5%, soro glicosado 5% + NaCl 0,9%, soro glicosado 5% + NaCl 0,45% e soro fisiológico 0,45%.3 Compatibilidade4 • Administração em Y: compatível com esmolol. • Em seringa: compatível com penicilina G sódica e compatibilidade variável com ampicilina. • Incompatível com: anfotericina B, cloreto de cálcio, gluconato de cálcio, cefazolina, cloranfenicol, clorotiazida, heparina, sulfato de magnésio. Estabilidade3, 6 Antes da reconstituição, a polimixina B pode ser armazenada em temperatura ambiente (15 a 30oC). Deve ser protegida da luz. Após reconstituição, deve ser refrigerada (2 a 8oC) até 72 horas. Infusão2, 4 A polimixina B deve ser infundida IV gota a gota durante 1 hora. A infusão IV deve ser cuidadosamente monitorada, porque o extravasamento pode causar lesões graves com possível necrose tecidual. Sugere-­‐se rodízio de sítios de aplicação. Farmacocinética4 • Absorção: Boa absorção peritoneal. Mínima absorção gastrointestinal (exceto em neonatos), em membranas mucosas ou pele intacta. Absorção insignificante após irrigação da bexiga intacta. Entretanto, a absorção sistêmica pode ocorrer caso a mucosa da bexiga esteja lesionada. Profa Dra Alessandra Menezes Campos – Farmacêutica Clínica CRF-­‐DF 1721 Pequenas quantidades podem ser absorvidas sistemicamente após instilação oftálmica. • Distribuição: mínima distribuição no líquor. Volume de distribuição de 71 a 194 mL/Kg. • Ligação à proteína plasmática: 79 a 92% (sendo crítico em pacientes com hipoalbuminemia). • Meia-­‐vida de eliminação: 6 horas, podendo chegar a 2-­‐3 dias em pacientes anúricos. • Excreção: urinária, sendo<1% do fármaco eliminado intacto. Referências literárias 1. TAVARES W. Antibióticos e quimioterápicos para o clínico. 2a ed, Atheneu, São Paulo, 2009. 2. ZAVASCKI AP et al. Polymyxin B for the treatment of multidrug-­‐resistant pathogens: a critical review. Journal of Antimicrobial Chemotherapy 2007:60, 1206–1215. 3. MICROMEDEX – Thomson Reuters, 2010. Acessado em 28/04/2010. 4. Uptodate, Inc. 2010. Acessado em 28/04/2010. 5. MENDES CACet al. Polimixinas – revisão com ênfase na nefrotoxicidade. Rev. Assoc. Med. Brás 2009:55(6);752-­‐759. 6. Drug Information Handbook. American Pharmacists Association, 18a Ed. 2009-­‐2010.