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Revista Ceciliana Dez 2(2): 29-31, 2010
ISSN 2175-7224 - © 2009/2010 - Universidade Santa Cecília
Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana
CONTROLE DA PLACA BACTERIANA OU BIOFILME DENTAL COMO
DETERMINANTE DO SUCESSO EM TERAPIAS PERIODONTAIS CIRÚRGICAS OU NÃO CIRÚRGICAS
André Orlando Junior., Cinthia Leão Ferraz, Marina Silva Tomé, Sandra Pinto
Ramos Tavares , Vera Marcia de Oliveira Baldo
Faculdade de Odontologia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA)
Recebido em: 20/08/09
Aceito em: 05/10/09
Publicado em: 04/12/10
RESUMO
A motivação, manutenção e controle periodontal são essenciais para o controle do biofilme dental e/ou placa
bacteriana, dependendo do caso, é necessária a mudança de hábitos do paciente, instruído pelo profissional para uma
melhor higiene oral. Se a higiene oral do paciente não for adequada, pode levar a uma doença periodontal, fazendo
com que o profissional juntamente com o paciente opte por meios de limpeza e/ou controle mecânico, e se mesmo
assim não obtiver um resultado esperado, é realizada a raspagem e alisamento radicular para reduzir a intensidade da
inflamação e a profundidade de bolsa periodontal. Tendo em vista o insucesso da terapia periodontal não cirúrgica,
então é realizada a técnica de cirurgia periodontal para enfim obter os resultados adequados e esperados pelo
profissional.
Palavras-chave. Motivação; controle; terapia periodontal.
1. Introdução
A gengiva mantém com o dente uma relação de
normalidade protegendo as suas raízes e o osso, o
fator que pode alterar esta normalidade é o biofilme
que é um acúmulo de bactérias causado pela higiene
oral deficiente. Ela é formada sobre a superfície dos
dentes próximos a gengiva por determinadas bactérias, que causarão uma inflamação, chamada gengivite, sendo caracterizada pela presença de: vermelhidão, edema do tecido gengival, sangramento provocado ou espontâneo, mudanças no contorno e na consistência, presença de cálculo.
A periodontite é uma lesão inflamatória de caráter infeccioso que envolve os tecidos de suporte dos
dentes, causando perda de inserção conjuntiva, de
suporte do osso alveolar e de cemento radicular. É
decorrente do processo inflamatório gengival e pode
ser dividida em periodontite crônica e periodontite
agressiva.
Para o tratamento, o controle caseiro da placa
pelo paciente é de extrema importância, embora o
controle mecânico profissional seja essencial. Se a
doença for diagnosticada precocemente, procedimentos simples podem ser realizados para remover a placa
bacteriana e o cálculo abaixo da margem gengival.
Entretanto, se a doença avançou a um ponto onde as
bolsas periodontais estão muito profundas e o osso de
suporte foi perdido, cirurgias podem ser necessárias.
2. Revisão da Literatura
Em 1984, Magnusson afirmou que a qualidade
do programa de motivação, manutenção e controle é
tão importante quanto às terapias a serem realizadas,
assim sendo, em 1986 Saba-Chujfi, comprovou que
sessões de reforço de motivação e educação em relação à higiene bucal são indispensáveis para reduzir o
biofilme dental. Couto em 1992 concordou e afirmou
que a motivação direta é a maneira mais eficiente para
modificar o comportamento do paciente. Abegg em
1997, afirmou que os pacientes devem ter motivação
para obter melhora na redução de placa bacteriana e
sangramento gengival. Milanezi em 2003 relatou que
o profissional deve ajudar o paciente a ficar motivado,
e em 2004, Pilatti, concorda que o profissional deve
sim estimular o paciente a ter uma boa higiene bucal.
Cochran(1996) afirmou que cabe ao profissional selecionar os instrumentos e os meios de limpeza, assim
como Garcia que em 1997 diz que o profissional tem
que se lembrar que a educação do paciente deve ser
realizada a longo prazo, e que a motivação não resulta
em mudanças de hábitos e sim atitudes que o paciente
deve ter.
Orlando Junior et al., Revista Ceciliana Dez 2(2): 29-31, 2010
Lascala(1997) observa que os pacientes devem
colaborar com o controle mecânico caseiro, mas também a necessidade de alteração de hábitos de higiene
bucal já adquirido pelo paciente, em 2000, o autor
Buischi relatou que o uso freqüente da escova não é
sinônimo de limpeza e nem evita a perda dental, o
mais importante é a qualidade da escovação. Isso foi
mencionado pelo autor Esteves em 2001, que complementou que além da qualidade da limpeza deve ser
considerada a quantidade de biofilme dental. Pilatti em
2004, diz que este controle diário ajuda a evitar ou
retardar a colonização do meio gengival por espécies
bacterianas.
Em 1996, Genco, afirma que conforme a calcificação prossegue, fica evidente uma estrutura laminada. O cálculo gengival pode ser encontrado nas superfícies próximas das raízes, como continuidade do cálculo supra gengival, já Kormam e Loe em 1993 observam que a presença de cálculo supra gengival não é
pré-requisito para a formação do cálculo sub gengival,
apesar de que quando há ocorrência de ambos, o
cálculo supra gengival deve ter criado condições necessárias para subseqüente formação do cálculo sub
gengival.
Waerhaug em 1978 relata a importância da remoção da placa bacteriana na terapia mecânica incluindo meios de higiene bucal e raspagem e alisamento
radicular, em 1993 Ranney disse que além da raspagem e alisamento, a remoção de depósitos mineralizados e não mineralizados resultam em profundidade de
sondagem reduzida e manutenção dos níveis de inserção.
Wilder-Smith(1995) afirma que a remoção da
placa, cálculo e cemento alterado é parte integrante do
tratamento peridodontal obtendo-se uma superfície
radicular limpa e reduzindo a inflamação.
Greene(1995) concorda que debridamento da
superfície radicular é a modalidade básica de tratamento mecânico, diferente de Waerhaug que em 1978
afirmou que bolsas acima de três mm são difíceis de
debridar corretamente e que depois de um debridamento incompleto a gengiva pode parecer estar em
boa condição, mas os microorganismos vão se proliferar e resultam em perda adicional de inserção.
Fujimura(1995) observou que a cicatrização
após raspagens ocorre no prazo de uma a duas semanas dependendo da extensão da inflamação e da profundidade de bolsa. Caffesse (1968) relata que a cicatrização pode ser por primeira ou segunda intenção,
dependendo da adaptação do retalho ao dente e ao
osso. Izidor (1984) em seu estudo, concluiu que o
ganho de inserção foi obtido com as três modalidades,
mas a raspagem e o alisamento ganharam maior inserção comparando com as técnicas cirúrgicas; já em
1981, Becker para bolsas profundas, ocorreu maior
redução inicial após eliminação de bolsa cirurgicamente. Porém, não houve diferença significativa nos resultados entre os quatro métodos.
Becker e Kerry (1988) fizeram estudos comparando cirurgia óssea, retalho de Widman modificado e
raspagem e alisamento radicular e concluíram que
tiveram maior redução de bolsas com procedimentos
cirúrgicos. Em 1988 Becker realizou outro estudo em
que foi observado em bolsas rasas redução, em bolsas
moderadas redução pelos três procedimentos, e em
bolsas profundas, cirurgia óssea e Widman Modificado
houve maior redução comparando com raspagem em
bolsas rasas, com cirurgia óssea houve maior perda de
inserção clínica comparando com a raspagem, em
bolsas moderadas, os três procedimentos ganharam
ligeiro nível de inserção clínico, tendo resultados se-
melhantes em bolsas profundas. Em 1982 Lindhe realizou estudos com tratamento cirúrgico e não cirúrgico
e comparou após a reavaliação que a raspagem e o
alisamento radiculares usados sozinhos foram tão
efetivos quanto aquele usado em combinação com a
técnica de retalho de Widman modificado, e demonstrou que após a cirurgia o grau de redução de bolsa foi
maior. Já em 1987, Lindhe aprovou a técnica cirúrgica
do retalho de Widman modificado, pois em estudos
houve a diminuição da profundidade de sondagem com
ganho de inserção principalmente em bolsas profundas, e o grau de recessão gengival foi menor.
3. Conclusão
Baseado nos diferentes estudos mencionados
em nossa revisão bibliográfica, concluímos que:
A terapia periodontal, quer seja cirúrgica ou
não, é efetiva para controlar a doença periodontal
prevenindo a continuidade do problema;
Em bolsas rasas (1 a 3 mm) haverá maior perda de inserção quando procedimentos cirúrgicos são
realizados;
Procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos apresentam resultados comparáveis quando avaliados em
longo prazo;
O controle da placa bacteriana é muito mais decisivo nos resultados ao longo do tempo do que o tipo
de técnica terapêutica utilizada.
O fator determinante para o sucesso de qualquer terapia periodontal é o controle de placa exercido
pelo binômio paciente-profissional.
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