DEPRESSÃO

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Encontro
DEPRESSÃO
Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011
Família, e seu papel no tratamento do paciente
Revista de Psicologia
RESUMO
Michelle Pereira Feitosa
Faculdade Anhanguera de Brasília
[email protected]
Simone Bohry
Faculdade Anhanguera de Brasília
[email protected]
Eleuza Rodrigues Machado
Faculdade Anhanguera de Brasília
[email protected]
Este estudo buscou identificar as principais dificuldades enfrentadas
por familiares no tratamento de paciente com depressão, assim como o
conhecimento que a família e o paciente têm sobre a patologia, etiologia
e forma de tratamento. Destacando a importância do apoio e
participação da família no tratamento do paciente. Bem como, o papel
do profissional de enfermagem na educação em saúde para população.
Trata-se de um estudo qualitativo, realizado no Centro de Atenção
Psicossocial e em um hospital de saúde mental no Distrito Federal. A
coleta de dados foi por meio de questionários semiestruturados. A
amostra foi de 20 famílias e 20 pacientes com idades entre 18 e 65 anos.
A pesquisa apontou que 65% dos familiares apresentam dificuldade de
entender e identificar os sinais característicos da depressão, 55% só
procuraram ajuda médica após tentativa de suicídio do paciente, 45%
após agravamento dos sintomas.
Palavras-Chave: familiares; apoio; pacientes depressivos; enfermagem.
ABSTRACT
This study sought to identify the main difficulties faced by families in
the treatment of patients with depression as well as the knowledge that
the family and patient have the pathology, etiology and course of
treatment. Highlighting the importance of support and family
involvement in patient care. And the role of nursing staff in health
education for the population. It is a qualitative study, conducted at the
Center for Psychosocial and in a mental hospital in the Federal District.
Data collection was through semi-structured questionnaires. The
sample consisted of 20 families and 20 patients aged between 18 and 65.
The survey showed that 65% of families have difficulty to understand
and identify the characteristic signs of depression; only 55% sought
medical help after the suicide attempt patients, 45% after worsening of
symptoms.
Keywords: family; support; depressive patients; nursing.
Anhanguera Educacional Ltda.
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 4266
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
[email protected]
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 20/12/2011
Avaliado em: 05/03/2011
Publicação: 1 de junho de 2012
127
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Depressão: família, e seu papel no tratamento do paciente
1.
INTRODUÇÃO
A depressão é considerada um tipo de transtorno afetivo que provoca alterações mentais,
corporais e distúrbios de humor. É um conjunto de sintomas que podem durar semanas,
meses e perdurar por anos, interferindo de forma significativa na vida pessoal, social e
profissional do indivíduo (JARDIM, 2011). Sabendo-se que esse mal envolve grande parte
da população, este trabalho pesquisou um meio de auxiliar a pessoa com depressão
através do apoio familiar.
De acordo com os dados da organização mundial de saúde (OMS) 2001, em 2020
a doença que mais vai causar inabilidade para o trabalho será a depressão, muito mais
que o câncer e as doenças cardíacas ela será a enfermidade que mais causará gastos
financeiros e sociais para os governos, devido os custos com o tratamento para a
comunidade e prejuízos na produção.
Estatísticas da OMS (2001) revelam que 121 milhões de indivíduos em todo
mundo padecem de depressão, sendo nos países em desenvolvimento identificado a
maior parte dos casos, 17 milhões são Brasileiros, 75% dos doentes não possui tratamento
apropriado e são as mulheres o gênero mais acometido pela depressão. A depressão está
relacionada a 850 mil casos de suicídios entre jovens e adultos com idade de 15 a 44 anos.
Na vida de qualquer ser humano a família desempenha um papel muito
importante. Portanto, é na família que o doente busca compreensão, ajuda e consolação.
Reconhecer todas as fases da doença permite a família a auxiliar melhor o paciente
durante os momentos de crise. Entretanto, a maior parte dos familiares e pessoas mais
próximas não tem conhecimento suficiente para fornecer assistência necessária ao
paciente, causando sofrimento em ambas as partes. Quando a família compreende que
parte das atitudes e comportamento daquela pessoa está relacionada á doença, fica mais
fácil o relacionamento entre eles (ROSA, 2010).
Esta pesquisa ocorreu no ano de 2011 e teve como público-alvo pacientes com
diagnóstico de depressão e famílias do Hospital São Vicente de Paula (HPAP) e do Centro
de Atenção Psicossocial (CAPS) de Brasília. Teve como foco levantar as principais
dificuldades enfrentadas pelos familiares no tratamento do paciente com depressão, seu
nível de conhecimento sobre a doença e conscientizar a importância da participação da
família no tratamento do paciente.
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Simone Bohry, Eleuza Rodrigues Machado, Michelle Pereira Feitosa
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1.1. Referencial teórico
A depressão é uma doença que está acometendo um grande número de pessoas, crianças,
jovens, adultos e idosos, equivalendo a um transtorno que precisa de cuidados, sendo
assim precisa-se destacar a importância de verificar as causas e suas relevâncias para
considerar um tratamento eficaz para pessoas com esse transtorno.
Mediante essa necessidade, foram levantados dados sobre a epidemiologia,
conceito, tipos de depressão, formas de tratamento, papel da família e do profissional de
enfermagem na saúde de seu enfermo.
1.2. Epidemiologia
A prevalência de depressão em mulheres até os 70 anos é de 45%, e está associada á
sobrecarga de responsabilidade e cuidados com a casa, trabalho, filhos, família, além de
fatores hormonais relacionados ao período pré-menstrual, uso de anticoncepcionais,
gestação, puerpério, aborto e menopausa. No homem a probabilidade chega a 27%.
Sentimentos de impaciência, desânimo e raiva pode caracterizar um processo de
depressão, porém no homem, passam despercebidos pelo excesso de trabalho, uso de
drogas e álcool (ANDRADE et al., 2006).
Segundo Duarte (2010), há uma prevalência de transtornos depressivos em
jovens com idade entre 20 e 40 anos. Acontece com maior freqüência em mulheres e em
indivíduos com baixa renda e menor grau de escolaridade, a pessoas viúvas, separadas,
divorciadas do que em solteiros e casados.
Associa-se a acontecimentos negativos como: traumas na infância, falecimento de
uma pessoa querida, separações, acidentes com danos físicos, doenças graves, assaltos,
desemprego, dificuldades financeiras ou começo de um novo trabalho (JARDIM, 2011).
Percebe-se que as pessoas que desenvolvem a depressão perpassam situações
decorrentes ao convívio social e familiar, fazendo com que tenham sentimentos de
ansiedade, tristeza e melancolia.
1.3. Conceito
Depressão é uma síndrome caracterizada por um conjugado de sintomas emocionais e
físicos, que altera a capacidade do indivíduo de realizar suas atividades normais. O
paciente apresenta alterações no humor, sensação de vazio, angustia irritação, agitação ou
lentidão, crises de choro, déficit de memória, sonolência ou insônia, perda ou ganho de
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apetite, desinteresse sexual, isolamento social, dentre outros sintomas (ISTILLI et al.,
2010).
A classificação internacional de Doenças (CID-10) descreve portador de
depressão como sendo uma pessoa com baixo-auto-estima, tendo uma perspectiva
negativa do futuro, vendo-se solitário e triste, com dificuldade de concentração e atenção,
cansa facilmente ao realizar pequenos esforços, não encontra força de vontade e ânimo
para realizar as atividades diárias, possui sentimentos de culpa e inutilidade,
pensamentos ou ações autodestrutivas ou suicidas.
A depressão acontece em meio a alguns fatores que envolvem o contexto social e
psicológico. Citam-se alguns meios pelo qual ocorre o procedimento da depressão:
biológicos são aqueles que envolvem transtornos do humor com desregulagens de
neurotransmissores. Os fatores Genéticos apresentam-se como uma herança genética, citase o transtorno bipolar. Os fatores psicossociais incluem acontecimentos vitais e estresse
ambiental. Consideram-se esses pontos importantes para a compreensão da depressão,
para haver um tratamento adequado (KAPLAN; SADOCK; 2007, p.494-499).
1.4. Tipos de Depressão
A Classificação Internacional das Doenças (CID-10) denomina quatro tipos de depressão:
Episódio Depressivo Leve
Há perda de interesse e fadigabilidade. Por duas semanas o paciente apresenta-se
progressivo em suas atividades rotineiras, mas envolvem sintomas somáticos como dores
vagas e imprecisas (CID 10, 1997).
Episódio Depressivo Moderado
Diversos sintomas presentes (quatro ou mais) com permanência cerca de duas
semanas. Apresenta-se com dificuldade em desenvolver atividades usuais tais como:
social, domésticas e laborais. Além de outros sintomas somáticos como cólicas e falta de ar
(CID 10, 1997).
Episódio Depressivo Grave
O paciente fica angustiado ou agitado. Tem perda da auto-estima, sentimentos de
inutilidade ou culpa; o suicídio é um risco marcante; tem também a síndrome somática
onde os sintomas estão presentes em maior gravidade. O depressivo grave não consegue
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desenvolver suas atividades diárias laborais, sociais e domésticas, podendo apresentar
sintomas psicóticos como; retardo psicomotor, alucinações e delírios (CID 10, 1997).
Transtorno Depressivo Recorrente
Há apresentação pelo paciente de episódios recorrentes de depressão sem
presença da mania, podem durar em média de seis meses. Ocorre a recuperação, mas
pode ocorrer depressão persistente na velhice (CID 10, 1997, p.123).
1.5. Tratamento
Farmacológico: Na depressão ocorre uma diminuição de neurotransmissores como
serotonina, dopamina e noradrenalina, que são substâncias químicas responsáveis pela
regulação do humor e de nossas respostas emocionais. Os antidepressivos atuam nesses
neurotransmissores objetivando uma melhora na sintomatologia do paciente (AGUIAR,
2011).
Dentre os antidepressivos mais utilizados estão: Inibidores Monoaminooxidase
(IMAO), Antidepressivos Tricíclicos (ADT), Inibidores de Recaptação de Serotonina e
Noradrenalina (IRNs) e os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRSs)
(AGUIAR, 2011).
Antidepressivos de terceira geração como Doxepina e Agomelatina têm sido
utilizados como potentes armas no combate contra insônia em processos depressivos,
além de diminuir os efeitos colaterais referentes á memória e disfunção sexual, agem em
neurotransmissores, melhorando o humor, a qualidade do sono e diminuindo o número
de despertares (SUKYS et al., 2010).
Terapia eletroconvulsiva: São utilizados em pacientes com sintomas delirantes, em alto
risco suicida, e aqueles pacientes nos quais, devido sua alteração orgânica, esteja contra
indicado o uso de fármacos antidepressivos. O método consiste em aplicar uma corrente
elétrica com a finalidade de produzir no paciente um estado convulsivo, promovendo um
relaxamento muscular e aliviando as dores, são necessários de 5-20 exposições com
duração de 1 minuto, com intervalos de 10 a 15 minutos entre cada exposição (ROMEIRO;
FRAGA, 2003).
Psicoterapia: O acompanhamento com terapeuta tem a finalidade de levar o paciente a
reconhecer, analisar e compreender as causas que geram os conflitos, procurando ajustar
os pensamentos distorcidos que ele tem de si e do mundo, buscando melhorar suas
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relações interpessoais, capacitando-o para administrar seus conflitos futuros (MELLO,
2004).
A terapia interpessoal consiste em encontrar a origem do problema, através da
história do paciente, caracterizando os pontos positivos e negativos do relacionamento
dele com as pessoas que o cerca,orientando sobre o que é depressão, seus sinais e
sintomas, e a importância do tratamento para a recuperação e prevenção de futuros casos
(MELLO, 2004).
Segundo Schestatky e Fleck (1999) dentre as causas dos conflitos mais comuns
em pacientes depressivos, destacam-se quatro áreas problemas, as quais a terapia
interpessoal busca trabalhar:
š
Luto (por morte ou perda) - a terapia incentiva o paciente a partilhar seus
sentimentos, com objetivo de encontrar novas formas de relacionamento
para superar a perda.
š
Conflitos interpessoais (com pessoas do trabalho, família, filhos e
companheiros) - a terapia busca a origem dos conflitos e as possíveis
formas de resolvê-los.
š
Mudanças de papéis (mudanças familiares, econômicas, emprego, casa,
separações, fim de estudos, aposentadoria, desemprego, surgimento de
doença grave) - o objetivo é analisar os fatores positivos e negativos dessa
mudança, criando novos hábitos de vida que auxilie na aceitação desse
novo papel.
š
Dificuldade de relacionamento interpessoal (isolamento e solidão) - o
terapeuta trabalha com o paciente seus relacionamentos passados e
futuros (SCHESTATSKY; FLECK, 1999).
1.6. Alternativas paliativas
Musicoterapia: vem sendo utilizada pelos terapeutas como uma forma alternativa para
tratar a depressão, através dos diferentes ritmos e melodias,seja no ouvir,dançar ou
simplesmente tocar um instrumento, o som musical é capaz de oferecer ao paciente um
relaxamento mental, um alívio do stress, promovendo um bem estar geral que auxilia o
paciente a livrar-se de pensamentos negativos. Proporcionando assim um equilíbrio,
manutenção e recuperação da saúde mental do paciente (PASSONI, 2006).
Atividade Física: a prática de atividade física tem sido um forte aliado no combate dos
sintomas da depressão. Realizar exercícios físicos como aeróbica, caminhada, corrida e
natação contribui para diminuir os níveis de stress, ansiedade e demais sintomas.
Aumentando o vigor e a sensação de bem estar, melhorando a qualidade do sono,
reconstruindo a auto-imagem, melhorando a auto-estima e conseqüentemente o humor
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desses pacientes, dando-lhe condições de reagir melhor frente aos fatores estressores do
dia a dia, promovendo uma melhora psicológica (GODOY,2002) .
Ter o sono regular, praticar atividade física, evitar o consumo de drogas e
bebidas, ter boas relações familiares, amizades e relacionamentos saudáveis se tornam
uma boa forma de amenizar os impactos causados pelos sintomas da depressão, o que
ajuda a superar os problemas com mais facilidade (MORENO; ALENCASTRE, 2003).
Percebe-se o quanto houve evolução para um tratamento eficaz para as variadas
formas de depressão. Sendo assim, as pessoas que trabalham com pacientes que passam
por esse transtorno precisam se especializar em busca de solucionar esse problema.
1.7. Papel da família
Define-se
família
como
instituição
responsável
pelo
desenvolvimento
cultural,
educacional e social. Segundo Szymanski (2010, p.20) a família é “uma das instituições
responsáveis pelo processo de socialização realizando mediante práticas exercidas por
aqueles que têm o papel de transmissores-os-pais-e desenvolvido junto aos receptores-os
filhos”. Desse modo, a família tem um papel importante para o desenvolvimento da
pessoa, o que contribui para que esta seja ou não uma pessoa doente.
Percebe-se que é no contexto familiar que se aprende a compartilhar experiências
de alegrias e tristezas, vitórias e fracassos, a respeitar os limites, a viver em grupo, a
estabelecer vínculos e suportar perdas. Aprende-se a lidar com sentimentos de amor,
ódio, inveja, ciúmes, egoísmo, altruísmo, companheirismo, fidelidade, amizade, respeito,
solidariedade. Todas essas virtudes são acrescentadas ao indivíduo por meio da
convivência familiar, escolar e na comunidade (SANCHEZ; BAPTIST, 2009).
Atualmente a instituição família tem convivido com problemas e desafios,
levando-a a sobreviver de maneira estressante, onde o convívio com um depressivo tornase árduo ao familiar, sobretudo para o cuidador, que além de fornecer o suporte
emocional, físico e financeiro ao doente, precisa lidar com as adversidades apresentadas
pelo mesmo durante os momentos de crise, como alucinações, delírios, agressividade,
isolamento, redução nos cuidados pessoais, abuso de substâncias e recusa ao tratamento,
tornando-se uma fonte de estresse crônico (YACUBIAN; NETO, 2001).
Esse risco se acentua quando há falta de informações adequadas ou noções
errôneas sobre a doença (BUENO, 2009).
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Segundo Bueno (2009):
[...] várias são as atitudes dos pais consideradas prejudiciais, dentre elas, a indecisão,
rejeição, abandono, ansiedade, superproteção, perfeccionismo, sedução, hostilidade,
indiferença, comodidade, rigidez, superautoridade e, ainda, superpermissidade.
Existem, no entanto, algumas atitudes que podem ser descritas como úteis, opondo-se às
atitudes consideradas patológicas, seriam elas: o afeto e amor que se opõem a rejeição e
abandono; a proteção que dá cobertura nas dificuldades, a serenidade enfrentando a
ansiedade; a aceitação superando o perfeccionismo; a amizade que predispõem os pais a
ser confidente toda vez que necessário; a compreensão contra a hostilidade e também, o
interesse e atenção, ou seja, atender com consideração toda vez que é solicitado
(BUENO, 2009).
Grande parte das famílias apresenta dificuldades, necessitando esclarecimentos a
cerca da depressão e orientações sobre como se relacionar melhor com paciente,
demonstrar apoio e compreensão, pois na maioria dos casos o paciente não aceita e sofre
na solidão,pois acreditam que as pessoas o vêem como louco,fraco ou doente mental o
que acaba dificultando o tratamento (SARACENO,2004).
Verifica-se a importância da precaução ao tratamento de depressão, relacionado a
essa questão cita-se:
[...] a falta de tratamento adequado e de atenção à saúde nos estados depressivos tem
evidenciado e refletido uma conseqüência desastrosa, principalmente para a família do
deprimido, que é o suicídio. A saúde física e emocional dos membros da família ocupa
um papel muito importante no funcionamento e na dinâmica familiar, uma vez que as
pessoas estão interconectadas e são dependentes umas das outras. Ao ocorrer qualquer
alteração de saúde em um desses membros, todos os demais serão afetados, e a unidade
familiar, como um todo, sofrerá alterações. A família influencia a saúde e bem estar dos
seus membros, mas pode sofrer as influências da saúde, do bem estar e do mal estar dos
seus membros (BRASIL, 2001, p. 14-16).
Quando a família reconhece a importância do seu papel diante da manutenção
da saúde de um enfermo, acolhe, compreende, escuta, reconhece as limitações que a
patologia provoca monitora o uso de medicações, acompanha as consultas e terapias,
busca reintegrar a pessoa ao meio social. Tais ações colaboram na manutenção da saúde e
prevenção de novos episódios depressivos (MORENO; ALENCASTRE, 2003).
Portanto, a família tem um papel fundamental no tratamento da depressão, pois
a doença de um pode acarretar ao mal estar de todos, por isso que a atenção e cuidado
devem reinar numa família com esse problema para que o tratamento seja realizado com
eficácia a fim de que a cura da doença seja definitiva.
1.8. Papel da enfermagem
Andrade e Bozza (2010) afirmam que a origem da depressão está associada a traumas
familiares sofridos pelo paciente durante a infância, assim comentam que, ambiente
familiar agradável se torna o principal foco para a cura da depressão. Quando a base
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familiar não existe ou se encontra desestruturada o indivíduo se torna mais vulnerável a
distúrbios mentais, constituindo-se, portanto, fatores de risco para transtorno.
Segundo Silva et al. (2003), os profissionais de enfermagem são habilitados para
perceber as necessidades afetivas dos pacientes ao assumirem um papel de cuidadores,
contribuindo significamente na manutenção do equilíbrio familiar, sendo assim, precisa
considerar as dúvidas, as opiniões e a atuação da família na proposição de suas ações e
incentivar as mudanças e estratégias, encorajando a mesma para lidar com seu familiar
enfermo.
Yacubian e Neto (2001) afirmam que a ajuda da família é imprescindível tanto
para a busca de tratamento, quanto para a afetividade e atenção empregada ao doente,
mas também a desmistificação e a quebra de preconceito. A educação em saúde visa á
capacitação de pais e responsáveis a reconhecer e identificar sinais e sintomas da
depressão, colaborando para monitorização da doença e prevenção de novos episódios.
Deve-se educar o paciente e família na utilização de antidepressivos.
Informando-os que o transtorno de humor, é a combinação de fatores biológicos e
psicológico, que o antidepressivo não torna o paciente dependente, contudo em caso de
não haver avanços, o paciente deve procurar um médico e verificar a dosagem do
medicamento. Verifica-se a atenção ao paciente para que não haja superdosagem, para
isso necessita-se de uma explicação sobre os efeitos colaterias e nota-se a importância de
perceber se há riscos do paciente pensar em suicídio (ARANTES, 2007).
A família ou cuidador deve atentar-se em formar-se continuamente a fim de que
saiba responder aos anseios, dificuldades e dúvidas do paciente. A prevenção de
transtornos mentais indica estratégias de enfermagem para que as famílias tenham um
alicerce em casos de problemas mentais. Visitas domiciliares, grupos de auto-ajuda,
psicoterapias, cartazes, folhetos, livros são instrumentos eficazes na transmissão de
informação e capacitação de familiares e pacientes como agentes preventivos e
multiplicadores de conhecimento (YACUBIAN; NETO, 2001).
Faz-se necessário que os profissionais de saúde saibam reconhecer os sinais e
sintomas da depressão, bem como qual a melhor conduta no momento da assistência,
para que na falta de um profissional especializado na área de psiquiatria, ele possa
auxiliar na identificação desses pacientes, na orientação dos familiares e quando
necessário encaminhamento do mesmo ao profissional especializado (ISTILLI et al., 2010).
Por isso, ao examinar um paciente com sinais característicos de depressão, deve
procurar cuidadosamente a presença de desejos de morte, de ameaças explicitas de
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Depressão: família, e seu papel no tratamento do paciente
suicídio, e de antecedentes de tentativas de auto-extermínio, a fim de prevenir eventuais
causas que podem ser fatais (KATO; EDILBIA, 2008).
2.
OBJETIVO
Identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos familiares no tratamento de um
portador de transtorno de humor unipolar.
3.
METODOLOGIA
O estudo referido foi desenvolvido por meio de uma pesquisa descritiva, de levantamento
qualitativo, por meio de dois questionários, um para familiares de pacientes portadores
de depressão e outro para pacientes com diagnóstico de depressão.
Para análise dos dados foram elaborados dois questionários semiestruturados,
com objetivo de identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos familiares no
tratamento de um paciente com depressão, bem como o nível de conhecimento de famílias
e pacientes sobre a patologia, etiologia, sinais e sintomas e tipos de tratamento.
Este estudo foi realizado na cidade de Taguatinga/DF, com vinte famílias e vinte
pacientes diagnosticados com transtorno de humor unipolar que fazem acompanhamento
médico no Hospital São Vicente de Paula (HPAP) e no Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS). Como critério de inclusão era necessário que os entrevistados tivessem idade
acima de 18 anos e terem diagnóstico de depressão. Os familiares e os pacientes que
expressaram o desinteresse ou negação em responder o questionário, ou deram respostas
incompletas, ou não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foram
excluídos da amostra.
A aplicação do questionário foi feita por meio de abordagem direta, com os
familiares. Foram realizados ao final de cada reunião de família. Com os pacientes os
questionários foram aplicados durante os intervalos das atividades no Centro de Atenção
Psicossocial. No Hospital São Vicente de Paula, o questionário foi aplicado em pacientes
que se encontravam nas unidades de internação e hospital dia. Famílias e pacientes
receberam a devida informação sobre a pesquisa, e após autorização verbal, foi entregue o
TCLE e em seguida o questionário.
No que se refere aos aspectos éticos, este estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da instituição nº 0289/2011, ao qual foi submetido à observância
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de todos os aspectos éticos previstos na Resolução n.º 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde – Ministério da Saúde, no que se refere a pesquisas com seres humanos.
4.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Tabela 1 apresenta o perfil dos 20 pacientes e 20 familiares entrevistados, através de
dados demográficos relacionados a sexo, estado civil e idade. Os resultados apontam que
dos pacientes diagnosticados com depressão, 65% (13) eram do sexo feminino, 35% (7) do
sexo masculino, 70 % (14) tem a idade entre 18 e 40 anos, 40% (8) dos entrevistados
possuem o nível médio completo, 35% (7) nível superior e 15% (3) o nível fundamental
incompleto. A pesquisa corrobora com achados de Duarte (2010) que afirma que há uma
prevalência de transtornos depressivos em jovens com idade entre 20 e 40 anos, com
maior freqüência em mulheres. Entretanto, ao contrário que afirma Duarte (2010), que a
depressão acomete indivíduos com menor grau de escolaridade e baixa renda,na pesquisa
foi observado que 50% dos entrevistados possuem o nível médio completo.
Tabela 1. Perfil dos indivíduos pesquisados.
Sujeitos
Sexo
Masculino
Estado Civil
Feminino
Casado
Solteiro
Idade
Divorciado
Viúvo
18 a 25
anos
26 a 40
anos
Acima de
40 anos
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
Paciente
7
35
13
65
4
20
13
65
2
10
1
5
7
35
7
35
6
30
Familiar
4
20
16
80
13
65
2
10
4
20
1
5
2
10
5
25
13
65
Duarte (2010) também afirma, que pessoas viúvas, separadas, divorciadas
desenvolvem mais depressão do que solteiros e casados, já a pesquisa revelou que 65%
(13) dos pacientes depressivos são solteiros e 20% (4) casados.
Conforme a Tabela 1, a maioria dos familiares entrevistados, 80% (16) eram o
sexo feminino (mãe, irmã, namorada, esposa e filha), 20% (4) do sexo masculino (pai,
irmão, esposo e filho), 65% (13) são casados e tem idade acima de 40 anos. Dos familiares
entrevistados, 75% (15) alegaram que o paciente teve uma infância com dificuldades
(brigas, separações, carência afetiva, rejeição, isolamento, falta de atenção e amor, perda
de um ente querido, alcoolismo e dificuldades financeiras), 25% (5) sem grandes
dificuldades.
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4.1. Conhecimento do paciente a cerca da patologia
Com o intuito de verificar o nível de conhecimento do paciente em relação à doença,
foram realizadas perguntas englobando a questão da etiologia, sinais, sintomas e formas
de tratamento. Ao avaliar esse conhecimento, foi percebido que a maioria não
compreende direito as características da depressão, mas conhece a etiologia, algumas
formas de tratamento e alguns sinais e sintomas.
Dos 20 pacientes entrevistados, 75% (15) pontuaram os agentes causadores da
depressão.
“... Falta de diálogo no casamento, filho doente, dívidas, ver faltar às coisas e não poder
fazer nada, falta de interesse dos filhos em estudar, falta de trabalho e baixa autoestima...”
“... Separação dos pais, não arrumar um emprego e não encontrar uma pessoa que gosta
de mim de verdade...”
“... Abuso sexual na infância, mãe abandonou quando criança...”
Dentre entrevistados, 15% (3) citaram algumas formas de tratamento e 10% (2)
explicaram a patologia por meio dos sintomas (tristeza, insônia, variação de humor,
ansiedade, cansaço, pensamentos de morte, agressividade e confusão mental).
Tabela 2. Etiologia da depressão segundo os pacientes pesquisados.
Categorias
Respostas
N
%
Conflitos interpessoais
Separação; Brigas. Traição. Falta de diálogo.
Problemas Conjugais. Fim de relacionamentos
17
85%
Fatores Pessoais
Vícios (cigarro. álcool. drogas). Abuso Sexual na
infância. Baixa auto-estima. Rejeição. Fracasso.
Assalto. Agressão. Ciúme. Possessividade.
Insegurança. Egoísmo. Estética (negro / gordo).
17
85%
Mudanças de Papeis
Desemprego. Problemas Financeiros. Filho Doente.
Gravidez auto Risco. Filho excepcional. Trabalho.
Falta de qualificação.
12
60%
Luto
(por perda ou morte)
Pai/Mãe. Irmãos. Tios. Primos. Avó/Avô. Amigos.
11
55%
Dificuldade relacionamento
interpessoal
Solidão. Isolamento. Tristeza.
4
20%
De acordo com Schestatky (1999), a etiologia da depressão pode ser caracterizada
por quatro áreas problemas, as quais foram utilizadas para classificação dos pacientes
pesquisados conforme Tabela 2. Algumas respostas não se adequaram dentro das quatro
categorias citadas pelo autor, foi necessário criar uma quinta subcategoria relacionada a
fatores pessoais, que identifica as dificuldades próprias do sujeito em lidar com a própria
vida e suas contingências.
Os pacientes entrevistados pontuaram mais de uma resposta para a etiologia da
depressão, que foram agrupadas em cinco categorias. Dentre os pesquisados 85% (17)
afirmaram que a depressão teve inicio pelos conflitos interpessoais relacionado a
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problemas familiares (pela falta de diálogo, por brigas, separações, problemas conjugais,
traições e fim de relacionamentos), e também a fatores pessoais (traumas como abuso
sexual na infância, agressão, assalto, rejeição, baixa auto-estima, não se aceitarem
fisicamente, uso de cigarro, álcool, drogas, por sentimentos negativos como o ciúme,
egoísmo, insegurança, possessividade, sonhos estranhos). Dos pesquisados 60% (12)
apresentaram a patologia após mudanças de papéis relacionados a desemprego,
problemas financeiros, não qualificação profissional, dificuldade no trabalho, filhos
doentes e gravidez de auto-risco. Por luto, 55% (11) iniciaram a depressão após perda de
um ente querido (pai, mãe, irmãos, avô, avó, tio, primos e amigos). Apenas 20% (4)
relataram apresentar dificuldade de relacionamento interpessoal com sentimentos de
tristeza, solidão e isolamento.
Com base nesses resultados é possível observar que a depressão é desencadeada
pela soma de vários fatores internos e externos, conforme Tabela 2. É dentro das relações
familiares que se encontra a raiz de muitos problemas que originam a depressão,
confirmando o achado de Andrade e Bozza (2010) que afirma que se base familiar não
existe ou se encontra desestruturada o indivíduo se torna mais vulnerável a distúrbios
mentais. Daí a importância de promover a educação em saúde a esses familiares e
pacientes, pois conhecendo seu papel e sua importância na saúde dos entes, irá dessa
forma contribuir para a prevenção de doenças.
Quanto ao tratamento, 50% (10) dos pacientes afirmaram fazer acompanhamento
médico e psicoterápico no CAPS e no ambulatório do hospital, 25% (5) fazem uso da
medicação apenas para controle dos sintomas, e 25% (5) nunca fizeram acompanhamento
médico, porém no momento da entrevista estavam internados no hospital por sucessivas
tentativas de suicídio.
Esses dados revelam a importância da família e do paciente serem orientados
sobre a doença e suas formas de tratamento, para assim evitar que a doença leve os
pacientes a atitudes tão drásticas como a tentativa de suicídio. Sendo bem orientados,
essas famílias irão colaborar muito no tratamento e reduzirá as chances de morte por
suicídio.
Além do tratamento medicamentoso e psicoterapêutico, 85% (17) dos pacientes
afirmaram também que podem se livrar da depressão com a ajuda, amor, carinho e apoio
dos familiares e amigos, tendo fé e confiança em Deus, mudando os hábitos de vida e
buscando evitar pensamentos negativos. Ocupar a mente e o corpo lendo um livro,
ouvindo música, assistindo TV, mexendo no computador, fazendo artesanato,
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Depressão: família, e seu papel no tratamento do paciente
trabalhando, jogando (dominó, baralho ou vídeo game) ou praticando alguma atividade
física, ajudam a aliviar o stress, a esquecer os problemas e diminuir os sintomas.
Essas
respostas
apontam
para
a
importância
do
acompanhamento
multiprofissional especializado que permita esses pacientes ampliarem as possibilidades e
formas paliativas de tratamento. Além da medicação, esses pacientes precisam encontrar
novas alternativas que ajudem a combater os sinais e sintomas da depressão, aumentando
a perspectiva de vida, dando a ele a oportunidade de voltar a ter uma vida normal.
Os pacientes relataram 60% (12) que a prática de atividade física ajuda a aliviar o
stress o que contribui muito para o tratamento, porém apenas 35% (7) praticam
regularmente alguma atividade física. Isso demonstra o pouco conhecimento dos
pacientes a cerca dos benefícios que a atividade física trás para o corpo e mente.
4.2. Conhecimento da família sobre depressão
Com relação ao nível de conhecimento dos familiares sobre depressão, 65% (13) dos
familiares afirmaram que não conhece e apresentam grande dificuldade de entender e
identificar os sinais característicos da depressão.
“... doença complicada, minha mãe (portadora de depressão) fica triste, vive numa
montanha russa, um dia está ótima, animada, no outro não quer levantar da cama...”
“... doença que o paciente não tem vontade de viver uma vida normal se isola num
cantinho, não gosta de ter contato...”
“... doença ruim, difícil, a família não sabe como lidar e acaba isolando o paciente...”
“... falta entendimento entre todos (os familiares) por não saber lidar com a doença...”
De acordo com as falas, fica evidente que os familiares não compreendem os
sinais e comportamentos característicos da depressão. Essa incompreensão, como cita
Bueno (2009), geram atitudes negativas e prejudiciais nos familiares e amigos, que por não
saberem como lidar com o paciente, tratam com indiferença e preconceito, não aceitam,
ignoram, excluem, acham que o paciente quer chamar atenção para si, que está fingindo,
que é “frescura”.
Dentre os entrevistados, 20% (4) dos familiares conseguem identificar os sinais e
sintomas apresentados pelo paciente.
“... sofrimento, desespero, angustia e choro...”
“... sensação de medo, impotência, sem capacidade de tomar decisão, isolamento e
tentativa de suicídio...”
“... Irritabilidade, desânimo, sono descontrolado, medo, complexo de inferioridade...”
Apenas 10% (2) dos familiares compreendem que é uma doença,que precisa ser
tratada, apóia, acolhe, trata com carinho, atenção, paciência, respeito, amor, tenta animar e
estar próximo.
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“... Se for muito profunda, precisa de medicamento, se for leve, pode ser tratado com
apoio da família, e com vontade própria, com mudança do estilo de vida...”
Quando questionados sobre quando sentiram a necessidade de buscar ajuda, 55%
(11) dos familiares só procuraram ajuda médica após tentativa de suicídio do paciente, e
45% (9) após perceber um agravamento dos sintomas.
“... quando começou a chorar diariamente e ficar várias noites sem dormir...”
“... quando a situação estava bem acentuada...”
“... quando se fechou para o mundo...”
A falta ou a demora na busca de tratamento adequado para a depressão pode
gerar perdas irreversíveis aos familiares, como o suicídio do paciente conforme dados
Brasil (2001). Se a família tem conhecimento suficiente, ela ajudará a prevenir o suicídio.
Dentre os pacientes entrevistados, 85% (17) afirmaram que não possuíam perspectiva para
o futuro, se sentia incapaz e sem motivação para viver.
“... por falta de motivação para viver, a vida perdeu o sentido, via a morte como solução
dos problemas para quem ficasse...”
“... porque queria esquecer os problemas e deixar de dar problemas para minha
família...”
“... várias vezes tentei me matar pelas decepções no casamento, tentei me jogar da ponte,
depois tomei uma cartela de medicamentos...”
Dos pacientes pesquisados, 15% (3) responderam que não teriam coragem de
atentar contra a própria vida, porque acreditavam em Deus.
A pesquisa corrobora com que Saraceno (2004) vem apontando, que as famílias
apresentam grandes dificuldades pela falta de conhecimento a cerca etiologia, sinais e
sintomas e tratamento da doença, sendo esses os principais motivos que impossibilitam
esses familiares a compreender, colaborar e participar do tratamento.
Esse achado destaca a responsabilidade que o profissional de saúde tem na
identificação dos sinais e sintomas da doença, como afirma Silva (2003), bem como a
necessidade de uma educação continuada para a transmissão de conhecimento a
familiares e pacientes a cerca da patologia, colaborando assim para prevenção de
complicações e manutenção dos sintomas conforme afirma Arantes (2007).
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo verificou que as famílias entrevistadas apresentaram grande dificuldade em
compreender a patologia por falta de conhecimento. Sabendo a importância de seu papel
na saúde dos membros que a compõe, se esse familiar não possui o conhecimento
necessário a cerca da patologia, etiologia, sinais e sintomas e formas de tratamento, como
poderão compreender, ajudar e apoiar o paciente?
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Depressão: família, e seu papel no tratamento do paciente
É possível que os profissionais de saúde estejam falhando na identificação desses
pacientes bem como na transmissão de informações a cerca da doença, ou seja, os
profissionais de saúde não estão dando as orientações necessárias a esses familiares e
pacientes sobre a patologia e formas de tratamento. Isso requer medidas emergenciais que
visam habilitar esses profissionais a identificar e educar a população.
A depressão é uma doença séria, que vem crescendo a cada dia e não estamos
dando à devida importância as drásticas conseqüências que ela pode provocar. Se essas
famílias são educadas, orientadas para identificar os sinais e sintomas da depressão, as
fases da doença, suas formas de tratamento (medicamentoso, psicoterápico e mudanças
nos hábitos de vida), os efeitos colaterais das medicações, e a importância do apoio e
participação ativa no tratamento, estaremos preenchendo essa lacuna que falta e que é
essencial para a recuperação do paciente.
Além de destacar a importância da família no tratamento de um paciente
depressivo, este trabalho também contribui para orientar familiares, profissionais de
saúde e população geral sobre a importância do apoio emocional, físico, social aos
pacientes que sofrem desse mal. Bem como incentivar novas pesquisas que foquem na
importância do papel da família com paciente depressivo, já que existem poucos artigos
que abordam sobre esse tema.
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Michelle Pereira Feitosa
Curso de Enfermagem, Faculdade Anhanguera de
Brasília, Distrito Federal.
Simone Bohry
Graduada em Psicologia pela Universidade
Católica de Brasília, Distrito Federal (2003) e
Mestrado em Psicologia Clínica e Cultura pela
Universidade de Brasília (2007). Professora da
Faculdade Anhanguera de Brasília (2010).
Eleuza Rodrigues Machado
Graduada em Biologia pela Universidade Federal
de Urbelândia, Minas Gerais, Especialização em
Ciências Biológicas pela Universidade de
Uberlândia, Minas Gerais, Mestrado em
Imunologia e Parasitologia Aplicada pela
Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 127-144
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Depressão: família, e seu papel no tratamento do paciente
Universidade Federal de Uberlândia, PósDoutorado em Parasitologia pela Universidade de
São Paulo de Ribeirão Preto, São Paulo, PósDoutorado em Imunologia pela Harvard/Tuft’s
University for Medicine, Boston, USA, Pósdoutorado
em
Biologia
Molecular
pela
Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF.
Professora da Faculdade Anhanguera de Brasília
(2010).
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