a ifd gere vários produtos financeiros de apoio à atividade das

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19-01-2017
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INVESTIMENTO
Banco de Fomento
ressuscita
Nasceu quase morto, esteve ligado às máquinas, mas
vingou. O Banco de Fomento dá agora os primeiros
passos. Será através dele que entrarão, nos próximos
anos, 2,8 mil milhões de euros na economia.
Muito virado para a capitalização das empresas
e para o crescimento das startups
C E S A LT I N A P I N T O
F
oi um parto longo e difícil, mas
a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) – vulgo
Banco de Fomento – está, finalmente, a ganhar pernas para
andar. Com dotações públicas,
fundos estruturais ou financiamentos no Banco Europeu de
Investimento (BEI), está preparada para potenciar a entrada,
nos próximos anos, de 2,8 mil milhões
de euros na economia portuguesa. Deste
total, 1,1 mil milhões estavam já disponíveis no final do ano passado.
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VISÃO 19 JANEIRO 2017
A IFD GERE VÁRIOS
PRODUTOS
FINANCEIROS DE APOIO
À ATIVIDADE DAS
PEQUENAS E MÉDIAS
EMPRESAS
“Considero que este é um número
simpático para uma instituição que teve
tantas dificuldades para conseguir as
condições necessárias para arrancar”,
disse à VISÃO o presidente executivo
da IFD, José Figueiredo.
Pensada e criada em 2014, quando o
PSD/CDS governava o País – fez dois
anos em dezembro que a administração
assumiu funções –, acabou por ser no
tempo da geringonça PS/BE/PCP que
teve de mostrar o que valia. Não sem
antes ter de passar uma série de obstáculos burocráticos e de funcionamento.
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Foi também obrigado a otimizar recursos com a SPGM – Sociedade Gestora de Garantia Mútua, uma operação
facilitada pelo facto de o presidente da
comissão executiva da IFD, José Figueiredo, ser, simultaneamente, o presidente
(agora não executivo) da SPGM.
Mas, grão a grão, a IFD foi enchendo
o papo para levar a cabo a sua missão:
uma sociedade financeira pública que
tem como objetivo conceber, estruturar
e operacionalizar soluções de financiamento que permitam ajudar as pequenas
e médias empresas (PME) a capitalizarem
os balanços e a financiarem os investimentos para poderem desenvolver a
sua atividade.
A obtenção, em dezembro passado,
da licença da Direção-Geral da Concorrência da União Europeia, que permite José Figueiredo
obter financiamento diretamente no desafia o Governo
Banco Europeu de Investimento (BEI), a dar seguimento à
sustenta-lhe os horizontes e dá-lhe terceira fase da IFD.
hipóteses para que possa, efetivamen- Caso contrário, sai da
te, vir a ser “um banco promocional instituição
do investimento”, expressão que José
Figueiredo prefere.
Neste momento, a IFD gere já vários
produtos de financeiros e de dívida e
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está a negociar a criação de outros que
deverão entrar em funcionamento ao
longo deste ano (ver caixa O que já está
a gerir a IFD...).
Para atingir a plenitude da sua atividade de financiamento à economia nacional, falta-lhe ainda uma autorização
para conseguir emitir dívida.
DAR LIQUIDEZ ÀS PME
Aqui chegada, a IFD está apta a trabalhar
num dos objetivos que pressupôs a sua
criação: a capitalização das PME.
Apesar de os bancos já não estarem
(por enquanto) a braços com problemas de liquidez, estão, contudo, mais
espartilhados no rigor com que têm de
avaliar o risco de crédito concedido. E as
PME viáveis economicamente estão a ser
sufocadas pelos juros de crédito obtido.
“Particularmente grave é que uma
parte significativa do dinheiro gerado
por estas empresas está a ser gasto a
pagar juros e não a reinvestir na sua
atividade”, alerta José Figueiredo.
Esta é uma pressão enorme sobre as
empresas que, embora viáveis, acabam
por não gerar lucros. Uma pressão em
Portugal tem ainda mais relevo, pois o
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INVESTIMENTO
O QUE JÁ ESTÁ A GERIR A IFD...
Estes são os principais veículos de financiamento do Banco de Fomento
€1 000 €20
Milhões
Linha de crédito
com garantia
mútua
Destinada ao
investimento e ao
fundo de maneio
das empresas.
O máximo por
operação de crédito
pode chegar
aos 4 milhões
e 125 mil euros
€18
Milhões
€100
Milhões
Uma linha
piloto de capital
reversível só
para o Norte
Serve para
capitalizar
pequenas
sociedades.
A IFD pode entrar
no capital das
empresas e, ao
fim de sete anos,
a empresa tem a
possibilidade de
fazer a reversão do
capital. Isto é, ou
recompra o capital
ou transforma-o
em dívida
Milhões
Linha de
financiamento
a entidades
veículo de
business angels
O IFD financia
sociedades de
business angels,
portuguesas ou
estrangeiras, para
que estas invistam
na capitalização
de empresas com
sede em Portugal.
Mas estas terão de
acrescentar mais
€12 milhões ao
investimento. Já
foram selecionadas
40 sociedades,
estando estas
habilitadas a
iniciar os seus
investimentos
Linha de capital
de risco
Em média,
a IFD investiu €10
milhões por fundo,
selecionando 10
em 20 candidatos.
Estes terão
de investir em
negócios já
consolidados, mas
com necessidade
de crescimento.
Este veículo
pressupõe a
entrada de
€130 milhões
por privados
... E O QUE ARRANCA EM 2017
TRABALHO CONCLUÍDO
Os projetos para o futuro
€500
Milhões
Montante de financiamento no
Banco Europeu de Investimento
Conseguida a aprovação formal
da Direção-Geral da Concorrência
no âmbito do alargamento da sua
atividade, a IFD já deu entrada com
um primeiro pedido de financiamento
junto da instituição europeia. Nuno
Ascenso Pires, chefe da divisão
de operações em Portugal do BEI,
adiantou à VISÃO que a proposta
está a ser analisada e deverá ter uma
resposta até março. Este dinheiro
passará para os bancos, que lhe terão
de acrescentar mais €500 milhões.
Serão €1 000 milhões que podem
chegar às empresas durante os
próximos quatro a cinco anos
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VISÃO 19 JANEIRO 2017
€10 €500 €18
Milhões
Gestão de
novo fundo
Foi atribuída à
IFD a gestão
financeira
de um fundo
FITEC –
Fundo de
Inovação,
Tecnologia
e Economia
Circular,
que liga
investigação
nas escolas
e empresas
nestas áreas
tecido económico nacional é dominado
por microempresas e PME.
Daí que José Figueiredo defenda
outras soluções de financiamento que
assumam a partilha de risco, como a
dos bancos promocionais.
Alavancada, agora, no BEI e mesmo
no Plano Junker, a IFD diz-se pronta
a ajudar as empresas a terem capital
próprio. Mas nem todas terão acesso
a estes fundos, como salienta o presidente do IFD: “Há que ter coragem para
perceber as que vão ser ou não viáveis.”
Cumpridas estão assim as duas primeiras fases do que era o projeto da
IFD. Falta concretizar a terceira: a
criação da holding IFD, uma superestrutura que agrupe, debaixo de um só
chapéu, as várias entidades do Estado
vocacionadas para o financiamento
da economia e internacionalização
das empresas, como a SPGM, a PME
Investimentos, a Portugal Ventures e a
SOFID (sociedade financeira que apoia
a internacionalização das empresas em
mercados emergentes ou em vias de
desenvolvimento).
“Não se pede o desaparecimento destas instituições, mas sim uma
articulação supervisionada por uma
entidade agregadora, dando coerência
e coordenação estratégica à sua atividade e otimizando os recursos públicos”,
assegura José Figueiredo.
Milhões
Linha de
financiamento no
âmbito
do Plano
Junker
Este valor
virá dos
programas
COSME e Horizonte 2020
e deverá ficar
contratualizado até ao final
do primeiro
semestre
Milhões
Segundo
concurso
para business angels
Com os
€12 milhões
dos privados,
será um
total
de €30
milhões
de capital
que ficará
disponível
no decorrer
deste ano
“Estas instituições têm de trabalhar em
articulação com a IFD. Se não, nada disto faz sentido. Andamos aqui a duplicar
esforços. Se avançarmos para a holding,
muito bem, caso contrário o meu trabalho na IFD está feito”, garante o gestor.
Em julho de 2015, o economista
Manuel Caldeira Cabral, a propósito
do nascimento tortuoso da IFD, declarava à VISÃO: “O Banco de Fomento
era suposto ser um salto em frente na
articulação de fundos comunitários
com outros vindos do BEI. E isso já
se percebeu que não vai ser. Vai afinal
ser uma sociedade gestora de fundos
comunitários, o que é uma diferença
muito substancial.”
Hoje, a IFD já faz a gestão de fundos
e pode financiar-se no BEI. E o economista Manuel Caldeira Cabral é agora
ministro da Economia. Está nas mãos
deste governo avançar ou não com mais
uma etapa para que se cumpram os
objetivos que levaram à criação desta
instituição. [email protected]
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