Disciplina: Economia & Negócios Líder da Disciplina: Ivy Jundensnaider Professora: Rosely Gaeta NOTA DE AULA 02 O SISTEMA ECONÔMICO SEMANA E DATA __/__/____ As questões centrais: o quê, como e para quem produzir Como, afinal, administrar os recursos escassos de forma a atender às necessidades ilimitadas? Quer dizer, estamos perguntando como dar resposta ás seguintes questões: o quê e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? Em primeiro lugar vamos lembrar que o problema econômico fundamental origina-se da escassez de recursos que é o objeto de investigação da Ciência Econômica. Dessa forma, a sociedade como um todo deve ser capaz de organizar um sistema que assegure a produção de bens e serviços suficientes para a sua sobrevivência. Mais: a sociedade deve ser capaz de ordenar os frutos de sua produção de forma a permitir a continuidade da produção e de forma a distribuir o resultado da produção de forma equitativa entre todos os membros dessa sociedade. Como a procura de recursos para a produção significa a distribuição dos próprios frutos da produção, a tarefa é monumental. A questão referente ao quê e quanto produzir diz respeito a quais mercadorias devem ser produzidas pelas empresas de um país e em quais quantidades. A questão referente ao como produzir diz respeito à mobilização de esforços, ou seja, diz respeito a qual técnica de produção utilizar na produção de determinadas mercadorias. A questão referente ao para quem produzir diz respeito às opções políticas que, necessariamente, devem ser feitas. A quem priorizar? A qual segmento da sociedade deve-se atender? De todas as demandas feitas por uma sociedade, qual deve ser prioritária e qual deve ser postergada? Quem precisa de mais serviços de saúde: a população dos centros urbanos ou da periferia? Deve-se construir escolas de primeiro ou de segundo grau? Quais são, afinal, as necessidades mais prioritárias e a quem devemos atender primeiro? Assim, reencontramos o foco da investigação econômica dirigido ao estudo das instituições humanas dedicadas à produção e distribuição de riqueza. Formas de organização: livre iniciativa, planificação central e sistemas mistos Vamos agora analisar as formas de organização da sociedade econômica. Estabeleceremos aqui duas formas de organização da atividade econômica: uma forma centralizada, predominantemente no caso cubano (um dos últimos exemplos de economias centralizadas que temos à disposição) e uma forma descentralizada, predominante nas economias ocidentais. A forma centralizada pressupõe uma intervenção total do Estado na economia. O Estado é planejador e produtor: não apenas normatiza o mercado, mas é o único agente a tomar as decisões pela sociedade como um todo. Apenas para dar um exemplo: desde a revolução que destituiu Batista e levou Fidel Castro ao poder, é o governo quem decide o que cada um deve produzir e o que cada agente deve consumir. O principio que norteia essas decisões é o do princípio socialista, que prevê que cada um deve contribuir/consumir de acordo com sua capacidade e de acordo com seu trabalho. Do ponto de vista prático, as vendas são realizadas através de libretas, criadas em 1962, e que representam o conjunto de mercadorias que podem ser consumidas por cada pessoa. "A quantidade e tipos de produtos foram os seguintes: Em todo o território nacional, 2 libras de gordura comestível, óleo ou banha de porco ao mês; 6 libras de arroz por pessoa ao mês; 13 libras e meia de feijões de qualquer tipo, grão-de-bico, ervilhas ou lentilhas por pessoa nos nove meses seguintes. Na cidade de Havana, (...) uma barra de sabão por pessoa ao mês; um pacote médio de detergente por pessoa ao mês; um sabonete por pessoa ao mês; um tubo grande de creme dental para cada duas pessoas ao mês. Na cidade de Havana, três quartos de libra de carne de gado por pessoa por semana; 2 libras de frango por pessoa ao mês; meia libra de peixe de escama, limpo e em posta, por pessoa ao mês; cinco ovos por pessoa ao mês; um litro de leite diário para cada criança de menos de sete anos e um litro diário para cada 5 pessoas maiores de 7 anos" (Piñeda, 2001 apud Carcanholo e Nakatani, 2001, p. 142)[1] A forma descentralizada, também chamada de economia de mercado, reúne três elementos principais: livre iniciativa, presença do Estado e elementos de uma economia capitalista. Vamos examinar detidamente cada um destes elementos. No caso da livre iniciativa, nenhum agente econômico – empresas como produtoras ou vendedoras de mercadorias ou famílias como fornecedoras de fatores de produção e consumidores de mercadorias – se preocupa em desempenhar o papel de gerenciar o bom funcionamento do sistema de preços. Preocupam-se em resolver, isoladamente, seus próprios negócios. Você já deve ter percebido: temos raríssimos casos de economias que funcionam apenas contando com o sistema de livre iniciativa. Na maioria das sociedades modernas, o Estado cumpre com suas funções alocativas, distributivas e estabilizadoras, planejando e intervindo no mercado. Afinal, cabe a ele corrigir as falhas do mercado e agir mediante ações corretivas (sistema misto). Fluxos fundamentais: real e monetário Podemos identificar, numa economia, dois fluxos fundamentais: o fluxo real, que é o Fluxo do Produto; e o fluxo monetário, que é o Fluxo Circular da Renda. Na figura abaixo, podemos ver o modelo esquemático desses dois fluxos. Figura 1: Fluxo circular da renda Fonte: disponível em http://www.mises.org.br/images/articles/2008/Novembro%2008/figure1.jpg, acesso em 01 de novembro de 2010. O fluxo circular da renda acima representa o funcionamento de uma economia de mercado, e essa representação está bastante simplificada já que deixa de fora o governo, os bancos, os mercados de ações e outras partes do sistema financeiro. Outra questão de vital importância: nosso modelo pressupõe uma economia “fechada", sem contato com o exterior e auto-sustentável do ponto de vista dos recursos naturais. Estudemos, portanto, nosso modelo simplificado. As empresas destinam bens e serviços às famílias. Como as famílias consomem os bens e serviços que são destinados pelas empresas, as famílias também destinam algo às empresas. Neste caso, as famílias geram as receitas das empresas. As receitas representam as formas de pagamento dos bens e serviços que são efetuados pelas famílias. Para que as empresas produzam bens e serviços que serão destinados às famílias, as empresas necessitam empregar fatores de produção. As empresas necessitam então adquirir terra, trabalho, capital, tecnologia e capacidade empresarial, recursos esses que são providos pelas famílias. As famílias destinam fatores de produção às empresas e como as empresas precisam remunerar a utilização destes fatores de produção, também há a contrapartida: as empresas fazem a remuneração dos fatores de produção que foram destinados às famílias. O total desta remuneração é denominado renda. Vejamos então que na linha interna do fluxo circular da renda há o destino de bens e serviços das empresas às famílias, ao mesmo tempo em que há também o destino de fatores de produção das famílias às empresas. À essa linha interna chamaremos Fluxo Real. Na linha externa do fluxo da renda há a geração de receitas, por parte das famílias, às empresas, ao mesmo tempo em que há a geração, por parte da empresas, de rendas às famílias. Esses movimentos são chamados de Fluxo Monetário. Percebemos então que o fluxo monetário complementa o fluxo real, sendo válido também o contrário. Setores de produção: primário, secundário e terciário Veja os quadros abaixo. O primeiro mostra, em termos mundiais, o comportamento dos setores agropecuário, industrial e de serviços. O segundo mostra a distribuição da população brasileira por setor da economia. Quadro 1 - Setores da Economia Fonte: disponível em http://www.klickeducacao.com.br/conteudo/referencia/content/632/images/acge1214.jpg acesso em 01 de novembro de 2010. Quadro 2 – População brasileira por setor da economia Fonte: disponível em http://4.bp.blogspot.com/_eMvdTkJQxOk/THnHRUZrc6I/AAAAAAAAH50/P3IWgcN dajo/s1600/distrib+pop.jpg acesso em 01 de novembro de 2010. Vejamos, inicialmente, o que são esses setores: eles são o resultado da divisão da economia em setores e, para isso, são utilizados os critérios de produtos produzidos e os modos de produção associados à essa produção. O setor primário reúne a produção realizada por meio da exploração dos recursos da natureza. Assim, ele envolve a agricultura, a mineração, o extrativismo vegetal e a pecuária. Como você pode perceber, é o setor responsável pela matéria-prima que será utilizada pela indústria. Ter uma economia baseada, em grande parte, no setor primário representa riscos: em primeiro lugar, é o setor que produz mercadorias que agregam menos valor; em segundo, é um setor que depende das condições naturais para que possa se desenvolver; em terceiro, é o setor mais vulnerável à flutuação de preços nos mercados internacionais, já que normalmente envolve commodities. O setor secundário é o da indústria. É o setor de transformação, responsável pela produção de todos os produtos industrializados que consumimos. Geralmente, uma proporção elevada desse setor em um país revela desenvolvimento econômico, já que a exportação dos produtos industrializados é favorecida pelo elevado valor agregado que esses produtos costumam apresentar. O setor terciário é o de serviços. São os bens intangíveis sobre os quais já falamos anteriormente: serviços de educação, de saúde, bancários, do comércio, entre outros. Costumamos distinguir, nesse setor, três subáreas: a) o terciário inferior, que representa o comércio varejista e o serviço doméstico; b) o terciário superior, que representa os serviços de bancos e seguros, quer dizer, os serviços que envolvem um maior nível técnico; e, c) o terciário tecnológico, que envolve serviços tecnológicos e de ensino. É evidente que, quanto maior o setor de serviços de uma economia, mais desenvolvida e mais aparelhada do ponto de vista tecnológico ela é. O que os quadros nos mostram? O quadro 1 nos mostra que o setor primário vem caindo em termos de participação, desde o século XIX. Também revela que o setor secundário percebeu um crescimento até a década de 1960, passando a perder importância a partir dessa data. Em contrapartida, percebe-se que o setor de serviços vem crescendo cada vez mais. O quadro 2 repete, com algumas poucas diferenças, a situação descrita no primeiro. Aqui no Brasil, a diminuição de participação do setor primário e a transferência do setor secundário, em termos de importância, para o setor terciário, que vem crescendo de forma consistente e sistemática.